Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

- Como assim Anahi Portilla? Que tipo de brincadeira é essa? - A voz de Christian ecoou porta fora, gelando meus nervos.

Suspirei, buscando ar. Andando em círculos pela semi-sala de espera. Eu estava mais próxima do que esperava, da mesma forma que imaginei estar, durante todos esses anos.

- Senhora, me desculpe. - A voz da secretaria veio em sussurro, ao mesmo tempo em que seu rosto surgiu na porta. - Eu... preciso de uma identificação.

- Ele não está acreditando que sou eu, não é mesmo?

- O senhor Chavez não está em um dos seus melhores dias, talvez... se voltar outra hora.

- Sinto muito, mas eu já esperei dez anos por isso.

Prossegui até a porta, em passos firmes, causando desespero na mulher que, inultimente, tentou me barrar. Christian estava sentado em sua mesa, com as mãos escorando a cabeça baixa. Sem presenciar minha entrada.

- É assim que você recebe seus amigos, senhor Chavez?

Ele ergueu os olhos, lentamente, cruzando com os meus. E de repente, foi como se os anos não houvessem passado.

- Senhora, por favor, se retire, o senhor Chavez não quer lhe receber. 

A voz da secretária ecoava em um fundo distante, apagado pela imagem de um reencontro inesperado. Christian mantinha a boca semi aberta, os olhos arregalados deslizando sobre a minha face, reconhecendo os traços perdidos e os desconhecidos, apalpando minha pele, queimando minhas feridas.

Da mesma forma intensa em que meus olhos desdobravam sobre eles, fixos. Dividido entre a saudade e o medo de um perdão. Foi preciso alguns minutos para que a voz conseguisse sair, muda, andando a passos trôpegos, embriagados.

- Anahi...

Assenti, cruzando os braços e mãos trêmulas diante de sua cadeira. A secretária analisou nossos rostos, confusa. Se retirando em seguida, com um aval silencioso em nossos semblantes.

- Não é possível... - Sussurrou, perdendo a voz.

- Tão possível que estou aqui. Christian... você está tão mudado.

Ele abriu e fechou os olhos, freneticamente, firmando-os em seguida sobre meu rosto. Sua face gélida pareceu corar, enquanto suas mãos tímidas se erguiam sobre a minha. Tocando, conhecendo. Da mesma forma que as minhas o tocavam. A barba fina ameaçou cortar, os olhos verdes fizeram o mesmo. O cabelo escuro, mal cortado. Pareceu engolir todos os meus medos.

- Você está viva...

Encolhi os ombros, assustada. Pela primeira vez então eu percebi, que a minha ausência foi cercada de mistérios.

- Sim, eu estou viva...

Christian assentiu, se afastando. Os olhos se fecharam, as mãos cerraram-se em punho. E antes que eu pudesse o abraçar, seu corpo caiu no chão.

- Espera, nós precisamos conversar. - Gritei, seguindo os passos assustados daquele homem que acabara de saltar do chão. - Christian, me escuta.

- Você é um delírio, suma daqui, suma. - Retrucou, com as mãos coladas no ouvido, os passos fugindo dos meus.

- Que idiotice, eu estou aqui. Pare de andar e me escute.

- Vá embora. - Gritou, se trancando em uma sala. - A Anahi morreu, você não é ela.

Suspirei, analisando os rostos assustados dos funcionários a minha volta. Talvez aquele fosse mesmo um péssimo momento.

- Então, eu sou um fantasma por acaso? Christian... eu não morri.

- Um fantasma, uma sombra, seja o que você for, suma.

- Eu não entendo seu medo. - Gritei, perdendo a postura. - Não haja dessa forma, droga, deixa eu me explicar.

Sua voz sumiu, o único barulho que restava agora era o sussurro das pessoas. Suspirei, ouvindo alguém me convidar a sair dali. Não havia escolhas, dez anos são muita coisa para um momento só.

- Está bem. - Exclamei, em voz alta. - Pelo menos você sabe que eu voltei, até breve.

Assenti, me retirando. Deixando uma parte de mim em paz.