Fanfic: Paixão sem limites/Tentação sem limites(Adaptada) Mayte & Christian | Tema: MyC Hot e Romance
Ficar longe de Christian não era exatamente fácil, já que estávamos morando sob o mesmo teto. Ainda que ele tentasse manter distância, continuávamos a nos esbarrar. Ele também evitava cruzar olhares comigo, mas isso só fazia aumentar o meu fascínio.
Dois dias depois da nossa conversa na praia, entrei na cozinha após comer o meu sanduíche de manteiga de amendoim e fui cumprimentada por mais uma mulher seminua. Ela estava descabelada, mas mesmo assim, era atraente. Eu detestava garotas desse tipo.
Ela se virou para me olhar. Sua expressão de surpresa logo se transformou em irritação. Piscou os olhos castanhos e levou a mão ao quadril.
– Você acabou de sair da despensa?
– Sim. E você, acabou de sair da cama do Christian? – retruquei.
As palavras saíram antes que eu conseguisse me controlar. Christian já me dissera que a sua vida sexual não era da minha conta. Eu precisava calar a boca.
A garota ergueu as sobrancelhas muito bem-feitas e então um sorriso atravessou os seus lábios; ela estava achando graça.
– Não. Não que eu fosse recusar se ele me deixasse, mas não diga isso ao Grant. – Ela fez um gesto como quem espanta uma mosca. – Deixe estar. Ele já deve saber mesmo.
Fiquei sem entender.
– Quer dizer que você acabou de sair da cama do Grant? – perguntei, percebendo que aquilo tampouco era da minha conta.
Mas Grant não morava ali, então eu estava confusa.
A garota correu os dedos pelos cachos castanhos descabelados e deu um suspiro.
– É. Ou pelo menos da antiga cama dele.
– Antiga? – estranhei.
Um movimento na porta chamou minha atenção e o meu olhar cruzou com o de Christian. Ele me observava com um sorriso de ironia. Que ótimo. Ele tinha me ouvido bisbilhotar. Quis desviar os olhos e fingir que não acabara de perguntar a uma garota se ela havia dormido com ele. O brilho do seu olhar me informou que era inútil: ele já sabia.
– Mayte, desculpe se a interrompi. Pode continuar a interrogar a amiga do Grant. Tenho certeza de que ele não vai se importar – falou Christian com a sua voz arrastada.
Ele cruzou os braços na frente do peito e se apoiou no batente da porta como se estivesse se acomodando.
Abaixei a cabeça e andei até a lixeira para limpar as migalhas de pão das mãos enquanto pensava no que fazer. Não queria continuar aquela conversa enquanto Christian estivesse escutando; isso me faria parecer interessada demais nele. Coisa que ele não queria.
– Bom dia, Christian. Obrigada por nos deixar ficar aqui ontem à noite. Grant tinha bebido demais para voltar dirigindo para a casa dele – falou a garota.
Ah. Então era isso. Que droga. Por que eu tinha me deixado vencer pela curiosidade?
– Grant sabe que o quarto é dele sempre que quiser – disse Christian.
Pelo canto do olho, pude ver quando ele se afastou do batente e andou até a bancada. Tinha os olhos pregados em mim. Por que ele não deixava aquela história por isso mesmo? Eu iria embora discretamente.
– Bom, hã, então eu acho que vou voltar lá para cima. – A voz da garota soou insegura.
Christian não disse nada e não olhei para nenhum dos dois. A garota aproveitou a deixa para se retirar e eu aguardei até ouvir os passos dela na escada antes de olhar para Christian.
– Mayte, querida, a curiosidade matou a gatinha – sussurrou ele, aproximando-se de mim. – Pensou que eu tivesse trazido mais alguém para dormir? Humm? Estava tentando saber se essa daí tinha passado a noite na minha cama?
Engoli em seco, mas não falei nada.
– Com quem eu vou para a cama não é assunto seu. A gente já não falou sobre isso?
Consegui concordar. Se ele me deixasse ir embora, nunca mais falaria com qualquer outra mulher que aparecesse na sua casa.
Christian estendeu a mão e enrolou uma mecha dos meus cabelos no dedo.
– Você não quer me conhecer. Talvez ache que quer, mas não quer. Juro que não.
Se ele não fosse tão gato nem estivesse tão perto de mim, seria mais fácil acreditar nisso. Mas quanto mais ele me pressionava, mais intrigada eu ficava.
– Você não é o que eu imaginava. Preferiria que fosse. Seria bem mais fácil – disse ele com uma voz grave antes de soltar o meu cabelo e se afastar.
Quando a porta que conduzia à varanda dos fundos se fechou, soltei a respiração que estava prendendo.
O que ele queria dizer? O que tinha imaginado?
Nessa noite, quando voltei do trabalho, Christian não estava em casa.
Abri os olhos e me virei para olhar o pequeno despertador sobre a mesa de cabeceira. Já passava das nove da manhã. Eu realmente tinha dormido até mais tarde. Espreguicei-me e estendi a mão para acender a luz. Tinha tomado banho na noite anterior, então estava limpa. Havia ganhado mais de mil dólares naquela semana.
Decidi que podia começar a procurar apartamentos naquele dia, para conseguir logo um lugar para morar.
Passei as mãos pelos cabelos e tentei domá-los antes de me levantar. De manhã, queria passar um tempinho deitada na praia. Ainda não fizera isso. Iria aproveitar o mar e o sol.
Puxei a minha mala embaixo da cama e procurei lá dentro o meu biquíni rosa. Era o único que eu tinha. Para falar a verdade, quase não fora usado. O estampado de renda branca com detalhes em cor-de-rosa caía bem com o meu tom de pele.
Quando o vesti, pensei que o biquíni era menor do que eu me lembrava. Ou isso ou o meu corpo tinha mudado desde a última vez em que eu o usara. Tirei da mala uma camiseta sem manga para usar por cima e peguei o protetor solar que havia comprado depois do meu primeiro dia de trabalho. Protetor era obrigatório no meu emprego.
Apaguei a luz, saí da despensa e entrei na cozinha.
– Caramba. Quem é essa? – perguntou um cara mais jovem, assustando-me quando entrei no espaço iluminado.
Olhei para aquele desconhecido sentado no bar, me encarando com a boca escancarada, e em seguida para a geladeira onde Grant estava em pé, sorridente.
– Você sai desse quarto vestida assim todo dia de manhã? – perguntou Grant.
Eu não imaginava que fosse encontrar alguém ali.
– Não. Geralmente estou com a roupa do trabalho – respondi enquanto o menino no bar dava um assobio. Ele não devia ter mais do que 16 anos.
– Pode ignorar esse idiota cheio de hormônios. O nome dele é Will. A mãe dele é irmã de Georgianna.
Portanto, de um jeito bem indireto, ele é o meu primo mais novo. Apareceu aqui ontem à noite depois de fugir de casa pela centésima vez. Christian me ligou para vir buscá-lo e levá-lo de volta para aquela sua casa de doidos.
Christian. Por que ouvir o nome dele fazia o meu coração disparar? Porque ele era perfeito; tanto que chegava a ser injusto. Só por isso. Balancei a cabeça para espantá-lo dos meus pensamentos.
– Prazer, Will. Eu sou a Mayte. Christian teve pena e me acolheu até eu conseguir arrumar um lugar para morar.
– Ué, pode vir para casa comigo. Não vou obrigar você a dormir debaixo da escada – ofereceu Will.
Não pude reprimir um sorriso. Esse tipo de azaração inocente eu entendia.
– Obrigada, mas não acho que a sua mãe vá gostar muito disso. Estou bem debaixo da escada. A cama é confortável e não preciso dormir armada.
Grant deu uma risadinha e Will arregalou os olhos.
– Você anda armada? – perguntou ele, assombrado.
– Pronto, agora você conseguiu. É melhor eu tirar esse menino daqui antes que ele se apaixone mais ainda – falou Grant, pegando a xícara que acabara de encher de café. Seguiu falando enquanto se encaminhava para a porta. – Vamos lá, Will, antes que eu vá acordar Rush e você tenha que lidar
com aquele coisa ruim.
Will olhou para ele e logo em seguida para mim, como se encarasse um dilema. Foi uma graça.
– Agora, Will – disse Grant em um tom mais autoritário.
– Ei, Grant? – chamei antes de ele chegar à porta.
Ele se virou de novo e olhou para mim.
– Fala.
– Obrigada pela gasolina. Vou te pagar assim que receber o meu salário.
Ele fez que não com a cabeça.
– Não vai pagar, não. Eu ficaria ofendido. Mas de nada. – Ele deu uma piscadela, depois olhou para Will com um ar severo antes de sair da cozinha.
Acenei para me despedir de Will. Depois pensaria em um jeito de pagar Grant sem ofendê-lo.
Devia haver um jeito. Por enquanto, os meus planos eram outros. Fui até as portas que davam para fora.
Estava na hora de aproveitar o meu primeiro dia de verdade na praia.
Estiquei-me sobre a toalha que pegara emprestada no banheiro. Teria que lavá-la à noite. Era a única que eu tinha para me secar e agora iria ficar cheia de areia. Mas valeria muito a pena.
A praia estava tranquila. As outras casas ficavam afastadas, de modo que aquele trecho era bem vazio.
Sentindo-me corajosa, tirei a camiseta e a embolei debaixo da cabeça. Então fechei os olhos e deixei o barulho das ondas me ninar até adormecer.
– Por favor, me diga que passou protetor.
A voz grave se derramou sobre mim e inclinei o corpo em sua direção. Seu cheiro másculo era uma delícia.
Precisava chegar mais perto.
Quando abri os olhos, pisquei por causa da luz forte do sol e vi Christian sentado ao meu lado. Ele estava me observando. Qualquer calor ou bom humor que eu pudesse ter imaginado na sua voz havia desaparecido.
– Está usando protetor, não está?
Respondi que sim e me levantei até ficar sentada.
– Ótimo. Detestaria ver essa pele lisinha e branca ficar vermelha.
Ele achava a minha pele lisinha e branca. Soava como um elogio, mas não tive certeza se era adequado agradecer.
– Eu, hã, passei antes de sair.
Ele continuou a me encarar. Lutei contra o impulso de pegar a camiseta e vesti-la por cima do biquíni. Eu não tinha o mesmo corpo das meninas com quem o vira. Não gostava de sentir que ele estava me comparando.
– Não vai trabalhar hoje? – perguntou ele, por fim.
Fiz que não com a cabeça.
– Estou de folga.
– Como vai o emprego?
Até que ele estava sendo educado. Pelo menos não estava me evitando. Por mais bobo que parecesse, eu queria a sua atenção. Sentia uma atração por ele que não conseguia explicar. Quanto mais ele mantinha distância, mais eu queria me aproximar. Ele inclinou a cabeça e levantou uma das sobrancelhas, como se estivesse esperando que eu dissesse alguma coisa.
Ah, sim. Ele me fizera uma pergunta. Culpa daqueles seus olhos prateados: era difícil me concentrar.
– Desculpe, o quê? – perguntei, sentindo o meu rosto ficar quente.
Ele deu uma risadinha.
– Como vai o emprego? – perguntou devagar.
Eu precisava parar de parecer uma idiota sempre que estava perto dele.
– Bem. Estou gostando.
Christian sorriu e olhou na direção do mar.
– Aposto que está.
Passei alguns segundos refletindo sobre esse comentário.
– Como assim? – perguntei.
Christian deixou os olhos passearem pelo meu corpo, depois tornou a me encarar. Eu estava arrependida de não ter posto a camiseta de novo.
– Você sabe que é bonita, Mayte. Sem falar nesse seu sorriso encantador. Os golfistas lá do clube estão lhe pagando uma nota.
Ele estava certo em relação às gorjetas. Também estava me deixando sem ar ao olhar para mim daquele jeito.
Queria que ele gostasse do que via, mas ao mesmo tempo me sentia apavorada com o que poderia acontecer.
E se ele mudasse de ideia quanto a manter distância? Será que eu estaria à altura?
Passamos algum tempo sentados em silêncio; ele manteve os olhos fixos à frente. Pude ver que estava pensando em alguma coisa. Tinha o maxilar contraído e uma expressão sombria. Repassei tudo o que tinha dito, mas não consegui pensar em nada que pudesse tê-lo deixado chateado.
– Quanto tempo faz que a sua mãe morreu? – perguntou ele, tornando a olhar para mim.
Eu não queria falar sobre a minha mãe, não com ele. Mas ignorar a pergunta seria uma grosseria.
– Trinta e seis dias.
Ele trincou o maxilar como se estivesse com raiva de alguma coisa e o seu semblante ficou mais carregado.
– Seu pai sabia que ela estava doente?
Mais uma pergunta que eu não queria responder.
– Sabia, sim. Também liguei para ele no dia em que ela morreu. Ele não atendeu. Deixei recado.
O fato de ele nunca ter retornado a ligação era doloroso demais para admitir.
– Você odeia o seu pai? – Christian quis saber.
Queria odiar. Desde o dia em que a minha irmã tinha morrido, ele só me causara dor. Mas era difícil. Ele era o único parente que eu tinha.
– Às vezes – respondi, sincera.
Christian assentiu, estendeu a mão e enganchou o dedo mindinho no meu. Não falou nada, mas nessa hora nem precisava. Aquela única pequena conexão dizia tudo. Eu podia não conhecer Christian muito bem, mas estava me afeiçoando a ele.
– Vou dar uma festa hoje à noite. É aniversário da minha irmã Nan. Sempre dou uma festa para ela. Pode não ser a sua praia, mas está convidada, se quiser.
Irmã? Ele tinha uma irmã? Pensei que fosse filho único. Nan não era a menina que tinha sido grossa na noite da minha chegada?
– Você tem irmã?
Christian deu de ombros.
– Tenho.
Por que Grant tinha dito que ele era filho único? Esperei a explicação, mas ele não deu mais detalhes. Então decidi perguntar.
– Grant falou que você era filho único.
Senti o corpo de Christian ficar tenso. Ele balançou a cabeça enquanto desenganchava o mindinho do meu e se virava para o mar.
– O Grant não devia ficar contando as minhas coisas. Por mais que ele queira levar você para a cama.
Ele se levantou e não tornou a olhar para mim enquanto se virava e tomava novamente o rumo da casa.
Havia algo de proibido em relação a Nan. Eu não fazia a menor ideia do que fosse, mas com certeza era proibido. Eu não deveria ter sido tão intrometida. Levantei-me e fui até o mar. Estava calor e eu precisava de algo que me distraísse. Sempre que baixava um pouquinho a guarda em relação a Christian, ele me lembrava por que era melhor mantê-la bem firme no lugar. Que cara estranho. Gostoso, lindo e delicioso, mas estranho.
Sentada na cama, fiquei ouvindo os risos e a música que tomaram conta da casa. Passara o dia inteiro mudando de ideia quanto a ir àquela festa. Da última vez em que tinha decidido ir, pusera o único vestido bonito que ainda possuía. Era vermelho, justo no peito e nos quadris, com uma saia curta e reta que chegava à metade das coxas. Eu o havia comprado quando Cain me convidara para o baile de formatura do colégio. Aí ele fora indicado para rei do baile e Grace Ann Henry tinha sido indicada para rainha. Ela quisera ir à festa com ele e ele me telefonara para perguntar se estava tudo bem ir com ela em vez de ir comigo. Todo mundo dizia que eles iriam ganhar e achava legal os dois irem juntos. Então eu concordei e pendurei o vestido de volta no armário. Naquela noite, mamãe e eu assistimos a comédias românticas e nos entupimos de brownie.
Pelo que eu me lembrava, aquela fora uma das últimas vezes em que ela pôde comer bobagens sem passar mal por causa da quimio.
Nesta noite, eu tinha tirado o vestido da mala. Pelos padrões daquelas pessoas, não era um vestido caro. Na verdade, era bem simples. O tecido vermelho era um chiffon macio. Baixei os olhos para os sapatos prateados de salto da minha mãe que eu havia guardado. Ela os calçara no dia do seu casamento. Eu sempre amara aqueles sapatos. Ela nunca mais tornara a usá-los, mas os guardava dentro de uma caixa muito bem embrulhados.
Eu corria um risco enorme de ir à tal festa e ser humilhada. Não me encaixava no meio daquela gente.
Tampouco me encaixara no ensino médio. Minha vida era apenas um eterno constrangimento. Eu precisava aprender a me encaixar, a me afastar da garota desengonçada que era excluída no ensino médio porque tinha problemas mais graves.
Levantei-me e alisei o vestido para remover qualquer amassado produzido pelo tempo que passara sentada ali pensando se iria ou não à festa. Decidi sair do quarto. Quem sabe pegar uma bebida e ver se alguém falava comigo. Se fosse um desastre completo, eu sempre poderia voltar correndo ali para dentro, vestir o meu pijama e me encolher na cama. Aquele seria um passo pequeno, mas muito bom para mim.
Abri a porta da despensa e entrei na cozinha, grata por não ter ninguém ali. Sair da despensa seria um pouco difícil de explicar. Pude ouvir a voz de Grant rindo alto e conversando com alguém na sala. Ele falaria comigo, poderia até me ajudar a me enturmar naquela festa. Respirei fundo, saí da cozinha e desci o corredor até o hall. As rosas brancas e fitas prateadas espalhadas pela casa toda me fizeram pensar em um casamento, não em um aniversário. A porta da frente abriu e eu me assustei.
Parei e vi olhos escuros conhecidos encararem os meus. Senti o meu rosto ficar quente enquanto Woods me dava uma longa e vagarosa olhada de avaliação.
– Mayte – disse ele quando os seus olhos finalmente voltaram ao meu rosto. – Não achei que fosse possível você ficar mais gata. Estava errado.
– Caramba, menina, é mesmo. Você fica ótima depois de um banho. – O rapaz de cabelos louros
encaracolados e olhos azuis sorriu para mim. Não conseguia me lembrar do nome dele. Será que ele tinha me dito?
– Obrigada – consegui articular.
Estava sendo tímida mais uma vez. Aquela era a minha oportunidade de me enturmar. Eu precisava aproveitar a chance.
– Não sabia que Christian tinha voltado a jogar golfe. Ou você veio com outra pessoa?
Fiquei confusa e levei alguns segundos para entender o que Woods queria dizer. Quando percebi que ele achava que eu estava ali com alguém que conhecera no trabalho, sorri. Não era nem de longe o caso.
– Eu não vim com ninguém. Christian é... bom, a mãe dele é casada com o meu pai.
Pronto, estava explicado.
O lento sorriso descontraído de Woods se abriu mais um pouco enquanto ele se aproximava de mim.
– É mesmo? Ele está obrigando a irmã postiça a trabalhar no country club? Ora, ora. Esse rapaz não tem modos mesmo. Se eu tivesse uma irmã bonita como você, manteria ela trancada... o tempo todo. – Ele parou de falar e ergueu a mão para acariciar a minha bochecha com o polegar. – Eu ficaria com você, é claro. Não iria querer que se sentisse sozinha.
Não havia dúvida: ele estava me cantando. Pesado. Aquele ali estava em um nível muito acima do meu. Era experiente demais. Eu precisava de um pouco de espaço.
– Essas suas pernas deviam vir com um aviso. Impossível não tocar.
A voz dele ficou um tom mais baixa e quando olhei por cima do ombro dele vi que o lourinho não estava mais ali.
– Você... você é amigo do Christian ou da, hã, da Nannette? – perguntei, lembrando-me do nome que Grant havia usado para nos apresentar na primeira noite.
Woods deu de ombros.
– Nan e eu temos uma amizade complicada. Já Christian e eu nos conhecemos a vida inteira. – Woods levou a mão às minhas costas. – Mas posso apostar que a Nan não é sua fã.
Eu não sabia se era. Não tivemos contato nenhum desde aquela primeira noite.
– Na verdade a gente não se conhece.
Woods franziu o cenho.
– Sério? Que estranho.
– Woods! Você chegou – guinchou uma mulher ao entrar no recinto.
Ele virou a cabeça e deparou com uma ruiva de longos cabelos cacheados e um corpo cheio de curvas mal coberto por uma roupa de cetim preto. Aquela seria a sua distração. Comecei a me afastar e a voltar na direção da cozinha. Meu momento de coragem tinha passado.
Mas Woods segurou o meu quadril com força, mantendo-me firme onde eu estava.
– Laney – foi tudo o que ele disse em resposta.
Os grandes olhos castanhos da garota se desviaram dele e pousaram em mim. Observei sem poder fazer nada quando ela viu a mão dele pousada no meu quadril. Aquilo não era o que eu queria. Eu precisava me encaixar.
– Quem é essa? – disparou a menina, agora olhando para mim com raiva.
– Esta é Mayte. A nova irmã do Christian – respondeu Woods com um tom entediado.
A menina estreitou os olhos e, em seguida, riu.
– Não é, nada. Ela está usando um vestido vagabundo e sapatos mais vagabundos ainda. Não sei quem essa menina é, mas ela está mentindo para você. Mas, enfim, você sempre foi fraco diante de um rostinho bonito, não é, Woods?
Eu realmente deveria ter ficado no quarto.
– Por que você não volta para a festa e encontra algum homem idiota em quem afiar as suas garras, Laney?
Ainda segurando firme o meu quadril e me obrigando a ir com ele, Woods andou em direção à porta, onde a maior parte da festa estava acontecendo.
– Acho que eu deveria voltar para o meu quarto. Não deveria ter vindo aqui hoje – falei, tentando impedir a nossa entrada na festa. Eu não precisava entrar lá com Woods. Algo me dizia que isso era má ideia.
– Por que não me mostra onde fica o seu quarto? Eu também gostaria de fugir.
Fiz que não com a cabeça.
– Não cabemos os dois lá dentro.
Woods riu e abaixou a cabeça para dizer alguma coisa no meu ouvido. Nesse instante, os meus olhos cruzaram com os olhos prateados de Christian. Ele me observava com atenção. Não parecia contente. Será que o seu convite para essa noite tinha sido por cortesia? Será que eu entendera errado?
– Preciso ir embora. Não acho que Christian me queira aqui.
Eu me virei, ergui os olhos para Woods e me afastei do seu abraço.
– Que bobagem. Tenho certeza de que ele está ocupado demais para se preocupar com o que você está fazendo. Além disso, por que não iria querer que você fosse à festa da sua outra irmã?
Outra vez aquela história de irmã. Por que Grant me dissera que Christian era filho único? Era óbvio que Nan era irmã dele.
– Eu, hã... Na verdade, ele não me assume como membro da família. Eu sou só uma parente indesejada do marido novo da mãe dele. Eu só estou aqui por mais uns quinze dias, até conseguir algum lugar para morar.
Não sou uma hóspede querida nesta casa.
Forcei um sorriso na esperança de que Woods entendesse a situação e me deixasse ir embora.
– Nada em você é indesejado. Nem mesmo Christian é tão cego assim – disse ele, aproximando-se de mim outra vez enquanto eu recuava.
– Mayte, venha cá. – A voz autoritária de Christian veio de detrás de mim enquanto a sua mão grande
segurava o meu braço e me puxava para perto de si. – Não imaginava que você fosse vir hoje. – O tom de alerta na sua voz me informou que eu havia entendido mal o seu convite. Ele não falara sério.
– Desculpe. Pensei que você tivesse dito que eu podia vir – sussurrei, constrangida, pensando que Woods estava ouvindo aquela conversa.
E que outras pessoas também a estavam assistindo. Na única vez em que eu decido ser corajosa e sair da minha concha, vejam o que acontece.
– Eu não imaginava que você fosse aparecer vestida assim – retrucou ele com uma calma inabalável.
Ainda estava olhando para Woods. O que havia de tão errado com a minha roupa? Minha mãe tinha se sacrificado para eu poder ter aquele vestido e eu nunca chegara a usá-lo. Na época, 60 dólares era muito dinheiro para nós. Eu estava de saco cheio daquele bando de meninas e meninos mimados e idiotas que agiam como se eu estivesse vestida com algo repugnante. Eu adorava aquele vestido. Adorava aqueles sapatos.
Meus pais um dia tinham sido felizes e apaixonados. Os sapatos faziam parte disso. Eles que fossem todos para o inferno.
Eu me esquivei de Christian com um tranco e voltei para a cozinha. Se ele não me queria ali e tinha vergonha do que os seus amigos pensariam, deveria ter dito. Em vez disso, me fez passar por boba.
– Porra, cara, qual é o seu problema? – perguntou Woods, zangado.
Não olhei para trás. Torci para eles começarem uma briga. Torci para Woods quebrar aquele nariz perfeitinho do Christian. Mas duvidava que isso fosse acontecer porque, embora Christian fosse um deles, parecia um pouco mais rude.
– Espera, Mayte – chamou Grant e, apesar de eu querer ignorá-lo, ele era a coisa mais próxima de um amigo que eu tinha naquele lugar. Diminuí o passo quando cheguei ao corredor, longe de todos os olhos curiosos, e deixei Grant me alcançar. – O que aconteceu ali não foi o que você pensou – disse ele, chegando por trás de mim.
Tive vontade de rir. Ele era cego mesmo no que dizia respeito ao irmão.
– Não tem importância. Eu não deveria ter aparecido. Deveria ter entendido que o convite dele não fora sincero. Queria que ele simplesmente tivesse me dito para ficar no quarto, como queria que eu ficasse. Não entendo esses joguinhos de palavras – rebati e atravessei a cozinha a passos largos em direção à despensa.
– Ele tem problemas. Isso eu admito, mas do jeito torto dele o Rush estava protegendo você –
disse Grant quando a minha mão tocou a fria maçaneta de latão da porta da despensa.
– Continue acreditando no melhor dele, Grant. É isso que os bons irmãos fazem – respondi,
abrindo a porta com um tranco e fechando-a atrás de mim.
Depois de respirar fundo algumas vezes para aliviar a dor no peito, entrei no meu quarto e desabei
na cama.
Festas não eram a minha praia. Aquela era a segunda à qual eu ia e a primeira não tinha sido muito melhor. Na verdade, foi muito pior. Eu fora fazer uma surpresa para Cain e acabara tendo eu própria uma surpresa.
Encontrei-o no quarto de Jamie Kirkman chupando o peito dela. Eles não estavam transando, mas estavam quase lá. Fechei a porta sem fazer barulho e saí pelos fundos.
Algumas pessoas me viram e souberam o que eu tinha flagrado. Uma hora mais tarde, Cain apareceu na minha casa chorando e implorando perdão de joelhos.
Eu o amava desde os 13 anos e foi nele que dei o meu primeiro beijo. Era incapaz de odiá-lo.
Simplesmente o deixei ir. Esse foi o fim do nosso relacionamento. Aliviei a sua consciência e continuamos amigos. Algumas vezes ele tinha perdido a linha e me dito que me amava e queria voltar comigo, mas na maior parte do tempo tinha uma garota diferente no banco de trás do Mustang a cada fim de semana. Eu era apenas uma lembrança da infância.
Nessa noite, ninguém tinha me traído. Eu simplesmente fora humilhada. Estendi a mão para tirar os sapatos da minha mãe e guardá-los direitinho na caixa em que eles sempre estiveram. Em seguida, coloquei a caixa dentro da minha mala. Não deveria ter usado aqueles sapatos. A próxima vez em que os calçasse seria especial. Seria para alguém especial.
O mesmo valia para aquele vestido. Quando eu tornasse a usá-lo, seria para alguém que me amasse e me achasse linda. O preço na etiqueta não teria importância. Levei a mão às costas para abri-lo quando a porta se abriu e o pequeno vão foi preenchido pela forma de Christian. Estava muito zangado.
Ele não disse nada e deixei as minhas mãos caírem junto ao corpo. Não iria tirar o vestido ainda.
Ele entrou e fechou a porta. Mal cabia naquele quartinho. Tive que recuar e sentar na cama para ele poder ficar ali sem nos tocarmos.
– De onde você conhece Woods? – perguntou com um rosnado.
Sem entender, ergui os olhos para ele e me perguntei por que o fato de eu conhecer Woods o incomodava tanto. Eles não eram amigos? Seria por isso? Ele não me queria perto dos seus amigos?
– O pai dele é dono do country club. Ele joga golfe. Eu sirvo bebidas para ele.
– Por que você pôs essa roupa? – perguntou ele com uma voz fria e dura.
Isso foi a gota d’água. Tornei a me levantar e fiquei na ponta dos pés para falar bem na cara dele.
– Porque a minha mãe comprou para eu usar. Eu levei um bolo e acabei não usando. Hoje à noite você me convidou e eu queria me encaixar, então pus a melhor roupa que tinha. Sinto muito se não é boa o suficiente.
Mas sabe de uma coisa? Estou cagando para o que você pensa. Você e os seus amigos mimados e arrogantes precisam descer do salto.
Cutuquei o peito dele com o dedo e o encarei, irada, desafiando-o a dizer qualquer outra coisa sobre o meu vestido.
Christian abriu a boca, em seguida fechou os olhos com força e balançou a cabeça.
– Puta que pariu – rosnou.
Então seus olhos se abriram depressa e, antes que eu percebesse, suas mãos estavam nos meus cabelos e a sua boca sobre a minha. Eu não soube como reagir. Sua boca era macia, mas firme, e ele lambeu e mordiscou o meu lábio inferior. Então abocanhou o meu lábio superior e chupou bem de leve.
– Queria provar esse lábio delicioso e carnudo desde que você apareceu na minha sala – murmurou antes de enfiar a língua na minha boca enquanto eu arquejava ao ouvir as suas palavras.
A boca de Christian tinha gosto de hortelã. Meus joelhos enfraqueceram e eu estendi a mão para segurar os seus ombros e me equilibrar. Sua língua então acariciou a minha como se me pedisse para entrar na brincadeira. Fiz um pequeno movimento com a língua dentro da boca dele, depois mordi de leve o seu lábio inferior. Um fraco grunhido escapou da sua garganta e, quando percebi, ele já estava me deitando sobre a pequena cama atrás de mim.
O corpo de Christian caiu por cima do meu e algo duro, que eu sabia ser uma ereção, pressionou o espaço entre as minhas pernas. Meus olhos se reviraram nas órbitas e ouvi um gemido incontrolável escapar da minha boca.
– Delícia – murmurou Christian junto à minha boca antes de se afastar e dar um pulo para longe de mim.
Ele cravou os olhos no meu vestido. Percebi que a roupa estava agora embolada em volta da minha cintura, e que a calcinha estava aparecendo.
– Puta que pariu – xingou ele antes de dar um tapa com força na parede, abrir a porta com violência e sair do quarto como se estivesse sendo perseguido.
A parede chegou a tremer, tamanha a força com que ele bateu a porta. Não me mexi. Não conseguia me mexer. Meu coração estava disparado, e eu sentia uma aflição entre as pernas. Já tinha ficado excitada vendo sexo na TV antes, mas nunca com aquela intensidade. Estava quase gozando.
Ele não queria gostar do que fizera, mas tinha gostado. Eu sentira isso, mas também o vira transando com outra menina. Além do mais, sabia que na noite passada ele havia transado com outra garota e depois a mandara embora. Deixar Christian de pau duro não era um grande feito. Na verdade, eu não tinha conquistado nada. Ele só estava bravo porque fui eu quem o deixara excitado.
Aquilo doía. Saber que eu o desagradava tanto que ele não queria pensar que eu era bonita. O latejar entre as minhas pernas foi diminuindo aos poucos conforme a realidade se firmava. Christian não queria me tocar.
Ficara furioso por ter feito isso. Mesmo excitado, tinha conseguido se afastar de mim. Eu tinha a sensação de pertencer a uma minoria. A maioria das meninas que o queria conseguia. Mas comigo ele não era capaz de se forçar a transar. Eu era a pobretona que ele precisava aguentar até conseguir dinheiro suficiente para se mudar dali.
Rolei para o lado e me encolhi em posição fetal. Talvez nunca mais voltasse a usar aquele vestido.
Ele agora carregava ainda mais lembranças tristes. Estava na hora de guardá-lo para sempre. Mas esta noite eu dormiria com ele. Aquele seria o meu adeus a um sonho. O sonho de que eu era boa o suficiente para algum homem me querer.
Autor(a): jessica_ponny_steerey
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vondy4everponny Postado em 18/09/2014 - 00:05:37
Como assim? :O ELES NÃO FICARAM JUNTOS? Quero o segundo livro já, agora! Anda, to esperando dona Jess! Chris implorando por ela, ai ai Maite, agarra ele!
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vondy4everponny Postado em 16/09/2014 - 01:42:09
Meu Deus, não consigo não odiar a Nan, que filha da p***, literalmente! O pai da Maite é um ridiculo, podre tanto pra uma familia quanto pra outra. Tadinho do Chris, ta todo apaixonado :/ MEGA apaixonado coitado, pena que ele tenha causado isso tudo :/
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vondy4everponny Postado em 13/09/2014 - 22:56:43
Ponto para o Woods! Christian do lado da Maite na festa ... aaaaaaaaaaawn *------* Toma Nan, sua bitch! u.u EITA, já entendi tudo, meu Deus, Maite e a Nan são irmãs! O pai dela abandonou a mãe do Chris quando a bitch-mãe tava grávida :O E agora?
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vondy4everponny Postado em 11/09/2014 - 23:28:32
Acho que ainda tem muita coisa pra acontecer nesse baile...Ou ao menos terá consequências depois porque a Mai já ta toda pensativa, e o Chris tbm, ah não! Feliz pela Bethy u.u E eu gosto do Woods, na boa KKKKKK! Beijos Jess
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vondy4everponny Postado em 10/09/2014 - 00:45:11
PQP, o trem ta feio u.u Que hot foi esse durante a festa :O Maite não é a santa que eu pensava KKKKKKK! O Chris ta sendo perfeito, aaaaaah *----* Espero que a vaca da Nan não atrapalhe. Achei lindo ele indo atras dela no clube kk
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vondy4everponny Postado em 09/09/2014 - 20:39:09
Ai ai, quero logo hot na bagaça u.u kkkkkkkkkk Chris todo fofo com ela, awn *------* Já posso matar a Nan? Que fdp, tadinha da Maite, osh!
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chaverroni_eternamente Postado em 09/09/2014 - 10:56:47
Cont ta incrivel
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vondy4everponny Postado em 09/09/2014 - 02:05:53
Na boa, a Maite nao devia ter dito isso, ela da mole demais pro Christian, osh! Amor proprio? Cade?
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vondy4everponny Postado em 06/09/2014 - 00:01:22
Quero mais capitulos. Anda Jess, to esperando! RUM kkkkk Amaaaaando. O Grahan , sei la como escreve, é um fofo *-----* Curti ele!
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vondy4everponny Postado em 05/09/2014 - 20:18:11
Chegueeeeeeeeeeei mana Jess. Mais uma fic chaverroni sua *---------* Rainha das adaptações u.u KKKKKK