Fanfics Brasil - 6 Paixão sem limites/Tentação sem limites(Adaptada) Mayte & Christian

Fanfic: Paixão sem limites/Tentação sem limites(Adaptada) Mayte & Christian | Tema: MyC Hot e Romance


Capítulo: 6

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Quando estávamos fora do alcance dos seus ouvidos, olhei para Bethy.


– Por que você disse aquilo sobre eu ser a principal inimiga dela?


Bethy se remexeu no assento.


– Para ser bem sincera, não sei exatamente. Mas Nan é muito possessiva em relação ao Christian. Todo mundo sabe disso...


Ela interrompeu a frase no meio e não conseguiu me encarar. Parecia saber de alguma coisa, mas o quê? O que eu estava deixando passar?


Havia alguns carros parados em frente à casa de Christian quando cheguei do trabalho. Pelo menos eu não iria surpreendê-lo transando. Agora que sabia como os seus beijos eram bons e como era gostoso sentir as suas mãos em mim, não tinha certeza se conseguiria aguentar vê-lo fazer isso com outra pessoa. Era ridículo, mas era verdade.


Abri a porta da frente e entrei. Uma música sexy tocava bem alto no sistema de som com caixas em todos os quartos. Bem, exceto no meu. Comecei a caminhar em direção à cozinha quando ouvi uma mulher gemendo.


Meu estômago embrulhou. Tentei ignorar aquilo, mas os meus pés estavam firmemente plantados no chão de mármore. Eu não conseguia me mexer.


– Isso, gatinho, isso, Christian, assim mesmo. Mais forte. Chupa mais forte – gritava a mulher.


Senti ciúmes na hora e isso me deixou com raiva. Eu não deveria ligar. Ele tinha me beijado uma vez e ficado com tanto nojo que saíra correndo.


Eu avançava em direção ao som mesmo sabendo que aquilo era algo que eu não queria ver. Era como um acidente de trem. Mesmo que não quisesse aquela imagem gravada no meu cérebro, não conseguia deixar de testemunhar.


– Hummm, isso, toque em mim, por favor – implorava a mulher.


Tentei recuar, mas continuei andando naquela direção. Ao entrar na sala, encontrei-os no sofá.


Ela estava sem blusa e com um dos mamilos na boca dele, que movia a mão entre as suas pernas. Eu não conseguia ver aquilo. Precisava sair dali. Imediatamente.


Girei nos calcanhares e saí correndo pela porta da frente, sem me importar se estava sendo discreta ou não.


Subiria na picape e sairia dali antes de qualquer um dos dois conseguir se acalmar o suficiente para perceber que foram vistos. Ele estava transando bem ali no sofá para qualquer um entrar e ver. Sabia que eu chegaria em casa a qualquer momento. A verdade era que ele queria que eu os visse. Estava me lembrando de que aquilo era algo que eu jamais iria experimentar. E, nesse momento, eu nem queria mesmo.


Fui até a cidade com raiva de mim mesma por desperdiçar gasolina. Precisava economizar.


Procurei um telefone público, mas não encontrei nenhum. Telefones públicos eram coisa do passado. Quem não tinha celular se dava mal. De toda forma, eu não sabia muito bem para quem poderia ligar. Poderia ligar para Cain; não falava com ele desde que fora embora, na semana anterior. Em geral nos falávamos pelo menos uma vez por semana. Mas sem um telefone público isso não era possível.


Eu tinha o telefone de Grant guardado na mala. Mas, pensando bem, por que ligaria para ele?


Seria estranho. Na verdade eu não tinha nada a lhe dizer. Entrei no estacionamento do único café da cidade e parei a picape. Podia ir tomar um café e passar algumas horas folheando revistas. Quem sabe a essa altura Christian já teria encerrado a festinha na sala.


Se ele estivesse tentando me mandar um recado, eu o recebera em alto e bom som. Não que precisasse de um: já havia me resignado ao fato de que caras endinheirados não eram para mim.


Gostava da ideia de arrumar um cara do bem, com emprego fixo, que soubesse dar valor ao meu vestido vermelho e meus sapatos de salto prateados.


Saltei da picape e comecei a andar na direção do café quanto vi Bethy lá dentro com Jace. Os dois estavam no meio de uma discussão acalorada em uma mesa afastada, no canto, mas dava para vê-los através da vitrine. Pelo menos ela o tinha levado para um lugar público. Só me restava deixá-la em paz e torcer para que ela fizesse a coisa certa. Eu não era mãe daquela garota. Ela muito provavelmente era mais velha do que eu.


Ou, pelo menos, parecia ser. Podia decidir sozinha com quem queria desperdiçar o seu tempo. A maresia fez cócegas no meu nariz. Atravessei a rua e, em vez de ir para o café, segui na direção da praia. Lá poderia ficar sozinha.


As ondas que batiam na praia escura me acalmaram. Comecei a caminhar e me lembrei da minha mãe. Eu me permiti até me lembrar da minha irmã, coisa que eu raramente fazia, porque a dor às vezes era demais. Mas nessa noite eu queria essa distração. Precisava me lembrar de que já tinha sofrido muito mais antes. Uma atração idiota por um cara que não fazia o meu tipo não era nada.


Deixei as recordações de dias melhores inundarem os meus pensamentos... e caminhei.


Quando tornei a encostar com a picape em frente à casa de Christian, já passava da meia-noite e não havia nenhum carro do lado de fora. Quem quer que tivesse estado lá já tinha ido embora. Fechei a porta da picape e subi os degraus da frente. A luz da entrada estava acesa, tornando a casa alta e intimidadora no céu escuro.


Igualzinha a Christian.


A porta se abriu antes de eu chegar lá e Christian ocupou a soleira. Estava ali para me mandar embora.


Eu já esperava mesmo por isso. Nem pestanejei. Em vez disso, olhei em volta à procura da minha mala.


– Onde você estava? – perguntou ele com voz grave, rouca.


Encarei-o de novo.


– Que importância isso tem?


Ele deu um passo para fora da porta, diminuindo o pequeno espaço que nos separava.


– Eu estava preocupado.


Ele estava preocupado? Dei um suspiro e prendi atrás da orelha os cabelos que não paravam de ser soprados para cima do meu rosto.


– Acho isso bem difícil de acreditar. Você estava ocupado demais com a sua amiga para perceber qualquer coisa.


Não consegui impedir que a amargura transparecesse na minha voz.


– Você chegou mais cedo do que eu esperava. Não era a minha intenção fazer você assistir àquilo.


Como se isso melhorasse a situação. Balancei a cabeça, inquieta:


– Eu cheguei na mesma hora em que chego todos os dias. Acho que você queria que eu o visse. Só não sei muito bem por quê. Eu não estou a fim de você, Christian. Só preciso de um lugar para ficar por mais alguns dias. Vou sair da sua casa e da sua vida muito em breve.


Ele resmungou um palavrão e olhou para o céu com raiva antes de tornar a me encarar.


– Tem coisas sobre mim que você não sabe. Eu não sou um daqueles caras que você pode tratar feito um cachorrinho. Tenho bagagem. Muita. Bagagem demais para alguém como você. Imaginava uma pessoa muito diferente, levando em conta que conheço o seu pai. Você não é como ele. Você é tudo aquilo de que um cara como eu deve ficar longe. Eu não sou a pessoa certa para você.


Deixei escapar uma risada. Essa era a pior desculpa para o seu comportamento que eu já tinha escutado.


– Sério? Isso é o melhor que você consegue? Eu nunca lhe pedi nada além de um quarto. Não espero que você me deseje. Nunca esperei. Sei que você e eu jogamos em campos diferentes. Eu nunca posso aspirar a fazer parte da sua divisão. Não tenho a linhagem certa. Uso vestidos vermelhos vagabundos e tenho muito apego a um par de sapatos prateados de salto porque a minha mãe os usou no dia do casamento. Não preciso de coisas de marca. E você, Christian, é de marca.


Ele estendeu o braço para pegar a minha mão e me puxou para dentro. Sem dizer nada, empurrou-me contra a parede e me prendeu ali.


– Eu não sou de marca. Enfie isso na sua cabeça. Não posso tocar em você. Quero tanto fazer isso que está doendo, mas não posso. Não vou magoar você. Você é... perfeita, intocada. E no final nunca me perdoaria.


Meu coração batia tão forte que chegava a doer. A tristeza nos olhos dele não era algo que eu tivesse conseguido ver lá fora. Ali dentro, podia enxergar emoção naquelas profundezas cor de prata. A testa dele estava cheia de vincos, como se algo o estivesse machucando.


– E se eu quiser que você toque em mim? Talvez eu não seja tão intocada assim. Talvez já esteja maculada.


Meu corpo era praticamente intocado, mas, encarando os olhos de Christian, tudo o que eu queria era aliviar a sua dor. Não queria que ele ficasse longe de mim. Queria fazê-lo sorrir. Aquele rosto lindo não devia parecer tão atormentado.


Ele contornou a lateral do meu rosto com um dos dedos e acompanhou a curva da minha orelha, em seguida acariciou o meu queixo com o polegar.


– Eu já fiquei com muitas meninas, Mayte. Acredite, nunca conheci nenhuma tão perfeita quanto você. A inocência nos seus olhos grita para mim. Minha vontade é tirar cada centímetro das suas roupas e me enterrar dentro de você, mas não posso. Você me viu hoje mais cedo. Eu sou um filho da puta doente e pervertido. Não posso tocar em você.


Eu o vira mais cedo nessa noite. Vira-o algumas noites antes também. Ele trepava com muitas garotas, mas em mim não queria tocar. Eu era “perfeita demais”. Eu estava em cima de um pedestal e ele queria me manter lá. Talvez devesse mesmo. Eu não seria capaz de ir para a cama com ele sem lhe dar um pedacinho do meu coração. Ele já estava se insinuando lá para dentro. Se eu o deixasse ter o meu corpo, ele poderia me machucar de um jeito que ninguém jamais conseguira. Minha guarda estaria baixada.


– Tudo bem – falei. Não iria discutir. Aquela era a coisa certa a fazer. – Será que podemos pelo menos ser amigos? Não quero que você me odeie. Gostaria de ser sua amiga.


Meu discurso era patético. Eu me sentia tão sozinha que estava me rebaixando a implorar por amigos.


Ele fechou os olhos e respirou fundo.


– Ok, vou ser o seu amigo. Vou dar o melhor de mim para tentar ser o seu amigo, mas tenho que tomar cuidado. Não posso chegar perto demais. Você me faz querer coisas que eu não posso ter. É incrível a sensação desse seu corpinho delicioso imprensado no meu. – Ele baixou a voz e aproximou a boca da minha orelha. – E o seu gosto... é viciante. Tenho sonhado com isso. Tenho tido fantasias. Sei que você vai ser igualmente deliciosa em... outros lugares.


Apertei-me contra ele e fechei os olhos, sentindo que a sua respiração ficava ofegante no meu ouvido.


– Não dá. Puta que pariu. Não dá. Amigos, doce Mayte. Apenas amigos – sussurrou antes de se afastar de mim e de caminhar a passos largos em direção à escada.


Recostei-me na parede e fiquei olhando ele se afastar. Não estava pronta para me mexer ainda.


Meu corpo ardia com as suas palavras e proximidade.


– Não quero você debaixo dessa porcaria dessa escada. Detesto isso. Mas não posso passá-la aqui para cima. Eu nunca conseguiria manter a distância. Preciso que você fique bem escondida – disse ele sem olhar para mim.


Suas mãos apertaram o corrimão até os nós dos dedos ficarem brancos. Ele passou mais um minuto ali parado antes de se empurrar para longe do corrimão e subir correndo o resto da escada.


Quando ouvi uma porta bater, desabei no chão.


– Ai, Christian. Como é que a gente vai fazer isso? Preciso de uma distração – sussurrei para o hall de
entrada vazio.


Se nós dois íamos ser amigos, eu tinha que encontrar alguma outra pessoa em quem me concentrar. E logo.


Alguém que estivesse disponível. Era a minha única chance de não chegar ao fundo do poço.


Darla não tinha ficado contente com a minha mudança para o salão de jantar. Queria que eu continuasse no campo. Também queria que eu supervisionasse Bethy. Segundo a própria, Jace e ela não estavam mais saindo. Ela o havia encontrado para um café porque ele lhe telefonara vinte vezes naquela tarde. Dissera-lhe que, se ela fosse ser o seu segredinho safado, estava tudo acabado. Ele implorou e suplicou, mas continuava se recusando a assumi-la no seu círculo de amigos, então ela lhe dera um pé na bunda. Eu estava muito orgulhosa.


O dia seguinte era a minha folga e Bethy já tinha me procurado para confirmar se o bar de country ainda estava de pé. É claro que estava. Eu precisava de um homem para tirar Christian da cabeça.


Passei o dia inteiro seguindo Jimmy. Ele estava me treinando. Era bonito, carismático e supergay.


Só que os sócios do clube não sabiam. Ele paquerava as mulheres descaradamente; e elas acreditavam.


Quando uma delas sussurrava alguma safadeza no seu ouvido, ele olhava para mim e piscava o olho. Era um verdadeiro playboy e tinha talento para a coisa.


Quando o turno dele terminou, voltamos para a sala dos funcionários e penduramos os aventais pretos compridos que tínhamos que usar por cima do uniforme.


– Mayte, você vai ser incrível. Os homens a adoram e as mulheres ficam impressionadas com você.


Sem querer ofender, meu doce, mas meninas de cabelos louros platinados como os seus em geral não conseguem sequer andar em linha reta sem rir.


Sorri para ele.


– Ah, é? Esse comentário me ofende.


Jimmy revirou os olhos e estendeu a mão para acariciar minha cabeça.


– Ofende, nada. Você sabe que é uma gata loura muito da esperta.


– E aí, Jimmy, já está dando em cima da nova garçonete? – perguntou uma voz conhecida.


– Você sabe que não. Eu tenho um gosto específico – respondeu ele com um sorriso confiante, deixando a voz se transformar em um sussurro sensual enquanto descia os olhos pelo corpo de Woods.


Tornei a olhar para Woods, que exibia uma careta de desconforto, e não pude evitar uma risada. Jimmy riu junto comigo.


– Adoro deixar os héteros encabulados – sussurrou ele no meu ouvido.


Em seguida, me deu um tapa na bunda e saiu pela porta.


Woods revirou os olhos e se aproximou depois de Jimmy ir embora. Parecia saber sobre as preferências sexuais de Jimmy.


– Seu dia foi bom? – perguntou, educado.


Meu dia tinha sido bom. Ótimo, na verdade. O trabalho era bem mais fácil do que ficar suando naquele calor e passar o dia inteiro lidando com velhotes babões.


– Foi, foi ótimo. Obrigada pela chance aqui dentro.


– De nada. Agora, que tal sairmos para comemorar a sua promoção no melhor restaurante mexicano do litoral?


Lá estava ele me chamando para sair outra vez. Eu deveria aceitar. Seria uma distração. Ele não era
exatamente o tipo de homem da classe trabalhadora que eu estava procurando, mas quem disse que eu iria me casar com ele e ser mãe dos seus filhos?


Uma imagem de Christian me passou pela cabeça: a expressão atormentada que ele exibira na véspera.


Eu não conseguia me forçar a sair com um conhecido seu. Se ele realmente tivesse falado sério, então eu precisava manter o seu mundo, ao qual eu não pertencia, bem longe de mim.


– Pode ser outro dia? Não dormi bem ontem à noite e estou pregada.


A expressão de Woods desmoronou, mas eu sabia que ele não teria dificuldade nenhuma em encontrar alguém para preencher o meu lugar.


– Hoje à noite tem festa na casa do Christian, mas imagino que você já soubesse – disse ele, observando
atentamente a minha reação.


Eu não sabia sobre a festa, mas Christian nunca me avisava mesmo.


– Posso dormir com festa e tudo. Já me acostumei.


Era mentira. Eu só iria dormir depois de ouvir os passos da última pessoa subindo a escada.


– E se eu for junto? Você poderia passar um tempinho comigo antes de ir para a cama?


Woods era determinado. Isso eu tinha que admitir. Estava prestes a responder que não quando me ocorreu que Christian estaria comendo alguma mulher nessa noite. Iria levá-la para a cama e fazê-la sentir as coisas que jamais me permitiria sentir. Eu precisava me distrair. Com certeza já estaria com a tal mulher no colo quando eu chegasse em casa.


– Você e Christian não parecem muito próximos. Talvez a gente pudesse passar um tempinho lá fora, na praia, que tal? Não sei se é uma boa ideia você estar dentro da casa, onde ele possa vê-lo.


Woods concordou.


– Por mim, tudo bem. Mas tenho uma pergunta, Mayte – disse ele, observando-me com atenção.


Aguardei. – Por quê? Até a outra noite, na casa dele, Christian e eu éramos amigos. Crescemos juntos,
frequentamos as mesmas rodas. Nunca tivemos problema nenhum. O que o fez mudar de ideia? Tem alguma coisa acontecendo entre vocês dois?


Como responder a essa pergunta? Não, porque ele não permite e porque é mais seguro para o meu coração se formos apenas amigos.


– Nós somos amigos. Ele é protetor.


Woods balançou a cabeça devagar, mas pude ver que ele não tinha acreditado.


– Não ligo para competição. Só gosto de saber quem estou enfrentando.


Ele não estava enfrentando nada, porque tudo o que haveria entre nós era amizade. Eu não estava procurando um cara do círculo de Christian.


– Eu não faço nem nunca farei parte da sua turma. Não pretendo namorar a sério com ninguém que faça parte da elite.


Não esperei que ele argumentasse. Em vez disso, rodeei-o e saí pela porta. Precisava chegar em casa antes de a festa ficar selvagem demais. Não queria ver Christian enganchado com alguma garota.


Não era uma festa de arromba, eram só umas vinte pessoas. Passei por várias delas a caminho da despensa.


Havia uma dupla na cozinha preparando bebidas e sorri para eles antes de entrar na despensa e no meu quartinho.


Se os amigos dele até então ignoravam que eu dormia debaixo da escada, agora sabiam. Tirei o uniforme e peguei um vestido sem mangas azul-gelo para vestir. Como estava com os pés doloridos de tanto ficar em pé, fiquei descalça. Enfiei a mala de novo debaixo da cama e, quando saí da despensa, dei de cara com Christian.


Ele estava encostado no batente da cozinha com os braços cruzados em frente ao peito e o cenho franzido.


– Christian? O que houve? – perguntei quando ele não disse nada.


– O Woods está aqui – respondeu ele.


– Que eu saiba, ele é seu amigo.


Christian fez que não com a cabeça e passou os olhos rapidamente pelo meu corpo.


– Não. Ele não veio por mim. Veio encontrar outra pessoa.


Cruzei os braços sob os seios e assumi a mesma postura defensiva.


– Talvez tenha vindo mesmo. Algum problema os seus amigos se interessarem por mim?


– Ele não é bom o suficiente. É um babaca. Não deveria ter o direito de tocar em você – disse ele num tom duro e zangado.


Talvez Woods fosse mesmo todas essas coisas. Eu duvidava, mas talvez fosse. Pouco importava. Eu não o deixaria tocar em mim. A proximidade dele não me revirava o estômago nem me provocava aquela aflição entre as pernas.


– Não estou interessada em Woods desse jeito. Ele é meu chefe e, talvez, um amigo. Só isso.


Christian passou a mão na cabeça e o anel chato de prata no seu polegar chamou a minha atenção. Era a primeira vez que o via usando aquilo. Quem lhe dera aquele anel?


– Não consigo dormir com tanta gente subindo e descendo a escada. Fico acordada. Em vez de ficar no quarto sozinha me perguntando quem você está comendo hoje lá em cima, pensei em conversar com Woods na praia.


Bater um papo com alguém. Eu preciso de amigos.


Christian se retraiu como se eu tivesse lhe batido.


– Eu não quero você conversando com Woods lá fora.


Aquilo era ridículo.


– Bom, talvez eu não queira você comendo uma garota qualquer, mas você vai comer. Christian se afastou da porta e veio na minha direção, fazendo-me recuar para dentro do meu quartinho até estarmos os dois lá dentro. Mais uns dois centímetros e eu cairia na cama.


– Não quero trepar com ninguém hoje. – Ele fez uma pausa e me deu um sorriso irônico. – Não é bem verdade.


Deixe eu esclarecer: não quero trepar com ninguém fora deste quarto. Fique aqui e converse comigo. Juro que também sei conversar. Eu disse que podíamos ser amigos. Você não precisa de Woods.


Pus as duas mãos no seu peito para empurrá-lo, mas não consegui me obrigar a fazer isso depois de tocá-lo.


– Você nunca conversa comigo. Eu faço a pergunta errada e você vai embora puto.


Christian balançou a cabeça.


– Agora não. Nós somos amigos. Eu vou falar e não vou embora. Mas, por favor, fique aqui.


Olhei para o ambiente em volta que mal tinha espaço para a minha cama.


– Não tem muito espaço aqui dentro – falei, olhando para ele e forçando as mãos a ficarem espalmadas sobre o seu peito, tentando não agarrar a sua camisa justa e puxá-lo mais para perto.


– Podemos sentar na cama. Não vamos nos tocar, só conversar. Como amigos – garantiu.


Suspirei e concordei. Não conseguiria dizer não. Além do mais, havia muitas coisas sobre ele que eu queria saber.


Afundei na cama apoiada na cabeceira. Recostei-me e cruzei as pernas.


– Então vamos conversar – falei, com um sorriso.


Christian se sentou na cama e também se recostou na parede. E eu vi um sorriso de verdade se abrir no seu rosto.


– Não consigo acreditar que acabo de implorar a uma mulher para se sentar e conversar comigo.


Sinceramente, eu também não conseguia.


– Sobre o que nós vamos falar? – perguntei, querendo que ele começasse. Não queria que sentisse que aquilo era uma inquisição.


Eu tinha tantas perguntas rodopiando na cabeça que sabia que poderia atropelá-lo com a minha curiosidade.


– Que tal: por que raio você ainda é virgem aos 19 anos? – perguntou ele, virando aquelas duas piscinas prateadas na minha direção.


Eu nunca tinha dito a ele que era virgem. Na outra noite, ele me chamara de inocente. Seria tão óbvio assim?


– Quem disse que eu sou virgem? – perguntei, com o tom mais irritado de que fui capaz.


Christian sorriu.


– Eu sei identificar uma virgem quando a beijo.


Eu não queria nem discutir sobre isso, pois só iria tornar mais óbvio ainda o fato de que era mesmo virgem.


– Eu já me apaixonei. O nome dele é Cain. Ele foi o meu primeiro namorado, primeiro beijo, primeiro amasso, por mais recatado que tenha sido. Dizia que me amava e afirmava que eu era a mulher da sua vida. Mas a minha mãe adoeceu. Passei a não ter mais tempo para sair e me dedicar a Cain nos fins de semana. Ele precisava se libertar. Precisava de liberdade para conseguir esse tipo de relacionamento com outra pessoa.


Então eu o deixei ir embora. Depois dele, não tive tempo para sair com mais ninguém.


Christian franziu o cenho.


– Ele não ficou do seu lado quando a sua mãe adoeceu?


Aquela conversa não me agradava. Se alguma outra pessoa apontasse o dedo para o que eu já sabia, ficaria difícil não sentir raiva de Cain. Eu o tinha perdoado muito tempo antes. Havia aceitado. Não precisava me sentir amargurada com ele a essa altura do campeonato. De que iria adiantar?


– A gente era jovem. Ele não me amava, só achou que amasse. Simples assim.


Christian suspirou.


– Você ainda é jovem.


Não tive certeza se gostei do tom de voz dele ao dizer isso.


– Tenho 19 anos, Christian. Cuidei da minha mãe por três anos e a enterrei sem ajuda nenhuma do meu pai.


Pode acreditar, na maior parte dos dias eu me sinto com 40.


Christian estendeu a mão por cima da cama e cobriu a minha.


– Não deveria ter passado por tudo isso sozinha.


Não, não deveria, mas não tive alternativa. Eu amava a minha mãe. Ela merecia muito mais do que recebeu. A única coisa que aliviava a dor era lembrar que mamãe e Valerie agora estavam juntas.


Elas tinham uma à outra. Eu não queria mais falar sobre a minha história. Queria saber algo sobre Christian.


– Você tem um emprego? – perguntei.


Christian deu uma risadinha e apertou a minha mão, mas não soltou.


– Você acha que todo mundo tem que arrumar um emprego quando sai da faculdade?


Dei de ombros. Sempre achara que as pessoas trabalhassem com alguma coisa. Ele devia ter algum objetivo na vida, mesmo que não precisasse do dinheiro.


– Quando me formei na faculdade, tinha dinheiro suficiente no banco para passar o resto da vida sem trabalhar, graças ao meu pai. – Ele me olhou com aqueles olhos sensuais encimados por grossos cílios pretos. – Depois de algumas semanas sem fazer nada a não ser festas, percebi que precisava de uma vida.


Então comecei a brincar no mercado financeiro. Acabei descobrindo que tenho muito talento para a coisa.


Sempre fui bom com números. Também dou apoio financeiro ao programa Habitat para a Humanidade. Durante uns dois meses por ano, meto a mão na massa e vou trabalhar in loco. No verão, me afasto de tudo o que posso e venho para cá relaxar.


Eu não imaginava isso.


– A surpresa na sua expressão é um pouco ofensiva – disse ele com um traço de provocação na voz.


– É que eu não esperava essa resposta – respondi, sincera.


Ele deu de ombros e tornou a pousar a mão do seu lado da cama. Quis estender a minha e pegá-la, mas não o fiz. Ele não queria mais me tocar.


– Quantos anos você tem? – perguntei.


Christian sorriu.


– Sou velho demais para estar neste quarto com você e, com certeza, velho demais para o jeito como penso em você.


Ele devia ter 20 e poucos anos. Com certeza. Não parecia mais velho do que isso.


– Lembre-se de que eu tenho 19 anos. Vou fazer 20 daqui a seis meses. Não sou um bebê.


– Não, doce Mayte, você com certeza não é nenhum bebê. Eu tenho 24 anos e estou cansado. Não tive uma vida normal e, por causa disso, tenho algumas questões bem bizarras. Já lhe disse que tem coisas que você não sabe. Não posso me permitir tocar em você. Seria errado.


Ele tinha só cinco anos a mais do que eu. Não era tão ruim assim. Doava dinheiro para a Habitat para a Humanidade e fazia até trabalhos in loco! Como podia ser um cara tão ruim? Ele tinha bom coração. Tinha me deixado morar ali quando tudo o que queria era me mandar embora.


– Acho que você está se subestimando. Eu vejo algo de especial em você.


Christian contraiu os lábios com força, então balançou a cabeça.


– Você não está vendo quem sou de verdade. Não sabe tudo que eu fiz.


– Pode ser – respondi, inclinando-me para a frente. – Mas o pouco que eu vi não é de todo mau.


Estou começando a pensar que talvez você tenha outra camada.


Christian ergueu os olhos e me encarou. Minha vontade era me enroscar naquele colo e passar horas só fitando aqueles olhos. Ele abriu a boca para dizer alguma coisa, depois fechou... mas não antes de eu ver algo prateado lá dentro.


Fiquei de joelhos na cama e cheguei mais perto dele.


– O que é isso na sua boca? – perguntei, olhando para os seus lábios e esperando que ele tornasse a abri-los.


Ele abriu a boca e esticou a língua para fora devagar. Havia um piercing de prata na ponta.


– Dói? – perguntei, estudando a sua língua de perto. Nunca tinha visto ninguém com piercing na língua.


Ele tornou a pôr a língua para dentro e sorriu.


– Não.


Eu me lembrei das tatuagens nas suas costas da noite em que ele estava transando com aquela garota.


– Que tatuagens são essas nas suas costas?


– Uma águia de asas abertas na base das costas e o símbolo do Slacker Demon. Quando eu tinha 17 anos, meu pai me levou para assistir a um show em Los Angeles e depois fiz a minha primeira tatuagem. Queria a marca dele gravada no meu corpo. Todos os integrantes do Slacker Demon têm a mesma tatuagem no mesmo lugar. Logo atrás do ombro esquerdo. Papai estava doidaço nessa noite, mas mesmo assim é uma ótima lembrança. Não tive muita oportunidade de conviver com ele quando era pequeno. Mas sempre que o via ele acrescentava mais uma tatuagem ou mais um piercing ao meu corpo.


Ele tinha outros piercings? Estudei o seu rosto e baixei os olhos para o seu peito. Uma risadinha discreta me espantou, e percebi que ele tinha me visto olhar.


– Nenhum piercing aí, doce Mayte. Os outros são nas orelhas. Eu dei um tempo nos piercings e nas tatuagens quando fiz 19.


O pai dele era coberto de tatuagens e piercings como todos os outros integrantes do Slacker Demon. Será que aquilo era algo que Rush não quisera fazer? Será que seu pai o havia forçado?


– O que foi que eu disse para deixar você com a testa franzida? – perguntou ele, pondo um dedo sob o meu queixo e movendo a minha cabeça até eu encará-lo.


Eu não queria responder a verdade. Estava gostando daquele nosso tempo juntos. Sabia que, se fosse fundo demais e depressa demais, ele sairia correndo.


– Quando você me beijou ontem à noite, eu não senti esse negocinho de prata.


Christian baixou as pálpebras e inclinou o corpo para a frente.


– É que eu não estava usando.


Mas agora estava.


– E quando você, hã, beija alguém, dá para sentir?


Christian sorveu uma inspiração rápida e aproximou a sua boca da minha ainda mais.


– Mayte, me diga para ir embora. Por favor.


Se ele estava a ponto de me beijar, eu não iria lhe dizer nada desse tipo. Queria que ele ficasse ali.


Também queria beijá-lo com aquele negócio na boca.


– Você teria sentido. Em todos os lugares que eu quisesse beijá-la, você sentiria. E adoraria – sussurrou ele no meu ouvido antes de me beijar no ombro e inspirar fundo. Será que ele estava me cheirando?


– Você... você vai me beijar outra vez? – perguntei quase sem ar, enquanto ele afundava o nariz no meu pescoço e inspirava.


– Eu quero. Quero muito, mas estou tentando ser legal – murmurou ele contra a minha pele.


– Daria para não ser legal só por um beijo? Por favor? – pedi, chegando mais perto. Faltava pouco para subir no seu colo.


– Mayte, como você é doce – disse ele e os seus lábios tocaram a curva do meu pescoço e ombro. Se ele continuasse com aquilo, eu iria começar a implorar.


Ele pôs a língua para fora e deu uma lambida rápida na pele macia do meu pescoço, depois seguiu beijando a linha do meu maxilar até ficar com a boca bem por cima da minha. Comecei a pedir outra vez, mas ele me deu um selinho de leve e me impediu. Então recuou, mas só uns poucos centímetros. Ainda podia sentir nos lábios o seu hálito quente.


– Mayte, eu não sou um cara romântico. Não beijo e fico abraçadinho. Para mim, tudo que importa é o sexo.


Você merece alguém que beije e fique abraçadinho. Não eu. Eu só trepo, gata.


Você não foi feita para alguém como eu. Eu nunca neguei a mim mesmo nada que quisesse, mas você é doce demais. Desta vez tenho que dizer não a mim mesmo.


À medida que ia registrando o que ele dizia, comecei a gemer de tão eróticas que soavam aquelas palavras que se derramavam da sua língua. Foi só quando ele se levantou e segurou a maçaneta que entendi que ele iria me deixar ali. De novo. Iria me deixar ali daquele jeito.



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Autor(a): jessica_ponny_steerey

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– Não posso mais conversar. Hoje não. Não sozinho aqui com você. A tristeza na voz dele deixou o meu coração um pouco apertado. Então ele saiu e fechou a porta. Recostei-me na cabeceira e grunhi de tanta frustração. Por que o deixara entrar ali no quarto? Aquele joguinho de quente e frio que ele estava fa ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 10



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  • vondy4everponny Postado em 18/09/2014 - 00:05:37

    Como assim? :O ELES NÃO FICARAM JUNTOS? Quero o segundo livro já, agora! Anda, to esperando dona Jess! Chris implorando por ela, ai ai Maite, agarra ele!

  • vondy4everponny Postado em 16/09/2014 - 01:42:09

    Meu Deus, não consigo não odiar a Nan, que filha da p***, literalmente! O pai da Maite é um ridiculo, podre tanto pra uma familia quanto pra outra. Tadinho do Chris, ta todo apaixonado :/ MEGA apaixonado coitado, pena que ele tenha causado isso tudo :/

  • vondy4everponny Postado em 13/09/2014 - 22:56:43

    Ponto para o Woods! Christian do lado da Maite na festa ... aaaaaaaaaaawn *------* Toma Nan, sua bitch! u.u EITA, já entendi tudo, meu Deus, Maite e a Nan são irmãs! O pai dela abandonou a mãe do Chris quando a bitch-mãe tava grávida :O E agora?

  • vondy4everponny Postado em 11/09/2014 - 23:28:32

    Acho que ainda tem muita coisa pra acontecer nesse baile...Ou ao menos terá consequências depois porque a Mai já ta toda pensativa, e o Chris tbm, ah não! Feliz pela Bethy u.u E eu gosto do Woods, na boa KKKKKK! Beijos Jess

  • vondy4everponny Postado em 10/09/2014 - 00:45:11

    PQP, o trem ta feio u.u Que hot foi esse durante a festa :O Maite não é a santa que eu pensava KKKKKKK! O Chris ta sendo perfeito, aaaaaah *----* Espero que a vaca da Nan não atrapalhe. Achei lindo ele indo atras dela no clube kk

  • vondy4everponny Postado em 09/09/2014 - 20:39:09

    Ai ai, quero logo hot na bagaça u.u kkkkkkkkkk Chris todo fofo com ela, awn *------* Já posso matar a Nan? Que fdp, tadinha da Maite, osh!

  • chaverroni_eternamente Postado em 09/09/2014 - 10:56:47

    Cont ta incrivel

  • vondy4everponny Postado em 09/09/2014 - 02:05:53

    Na boa, a Maite nao devia ter dito isso, ela da mole demais pro Christian, osh! Amor proprio? Cade?

  • vondy4everponny Postado em 06/09/2014 - 00:01:22

    Quero mais capitulos. Anda Jess, to esperando! RUM kkkkk Amaaaaando. O Grahan , sei la como escreve, é um fofo *-----* Curti ele!

  • vondy4everponny Postado em 05/09/2014 - 20:18:11

    Chegueeeeeeeeeeei mana Jess. Mais uma fic chaverroni sua *---------* Rainha das adaptações u.u KKKKKK


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