Fanfic: Paixão sem limites/Tentação sem limites(Adaptada) Mayte & Christian | Tema: MyC Hot e Romance
– Não posso mais conversar. Hoje não. Não sozinho aqui com você.
A tristeza na voz dele deixou o meu coração um pouco apertado. Então ele saiu e fechou a porta.
Recostei-me na cabeceira e grunhi de tanta frustração. Por que o deixara entrar ali no quarto?
Aquele joguinho de quente e frio que ele estava fazendo era demais para mim. Perguntei-me para onde ele iria agora. Havia muitas mulheres lá fora que ele poderia beijar. Mulheres que ele não via problema em beijar caso lhe suplicassem.
Os passos de pessoas subindo a escada soavam acima da minha cabeça. Eu não iria dormir tão cedo. Não queria ficar ali e Woods estava me esperando. Não havia motivo nenhum para lhe dar um bolo. Eu não estava com disposição para conversar com ele, mas poderia pelo menos lhe dizer que tinha mudado de ideia.
Saí para a cozinha. Grant estava de costas para mim e imprensava uma menina contra a bancada.
As mãos dela se emaranhavam nos seus cachos castanhos revoltos. Os dois pareciam bem entretidos.
Saí discretamente pela porta dos fundos, torcendo para não dar de cara com mais uma sessão de amassos.
– Achei que você não fosse aparecer – disse Woods; sua voz vindo da escuridão.
Eu me virei e o vi apoiado no guarda-corpo, olhando para mim. Senti-me culpada por não ter ido logo lá e avisado que não viria encontrá-lo. Não conseguia tomar nenhuma decisão sensata quando Christian estava envolvido.
– Desculpe. Surgiu um imprevisto.
Estava sem vontade de explicar.
– Vi Christian sair do cubículo em que deixa você dormir, lá atrás – retrucou ele.
Mordi o lábio. Tinha sido desmascarada. Melhor admitir logo.
– Ele não ficou muito tempo. Foi uma visita amigável ou estava expulsando você?
É... tinha sido uma visita amigável. Nós conversamos, de fato. Até eu pedir para ele me beijar, fora divertido.
Eu gostei de sua companhia.
– Foi só uma conversa entre amigos – expliquei.
Woods soltou uma gargalhada sem humor e balançou a cabeça.
– Por que será que eu não acredito?
Porque ele era esperto. Dei de ombros.
– Nosso passeio na praia ainda está de pé?
Fiz que não.
– Não, estou cansada. Vim respirar um pouco de ar fresco e estava torcendo para encontrar você e poder explicar.
Ele me deu um sorriso desapontado e se afastou do guarda-corpo.
– Bom, tudo bem. Não vou implorar.
– Não imaginava que fosse – respondi.
Ele tornou a andar em direção às portas. Esperei ele entrar na casa antes de soltar um suspiro de alívio. Não tinha sido tão ruim. Talvez agora ele me desse um pouco de espaço. Até eu entender o que fazer com aquela atração que sentia por Christian, não precisava de ninguém para me confundir mais ainda.
Esperei alguns minutos, então me virei e entrei na casa atrás de Woods. Grant não estava mais no balcão com a garota. Aparentemente, os dois tinham se recolhido a um lugar mais reservado.
Comecei a andar em direção à porta da despensa quando Christian saiu da cozinha seguido por uma morena aos risos. Pendurada no braço dele, ela estava fingindo que não conseguia andar direito.
Das duas uma: ou tinha bebido ou então era por causa dos 15 centímetros de salto.
– Mas você falou – disse ela com a voz arrastada, beijando o braço que segurava.
É: ela estava bêbada.
Christian olhou para mim. Ele a beijaria nessa noite. Ela nem sequer teria que implorar. E também estaria com gosto de cerveja. Será que ele ficava excitado com isso?
– Eu tiro a calcinha aqui embaixo, se você quiser – disse ela, sem nem ao menos reparar que os dois não estavam sozinhos.
– Babs, já falei que não. Não estou interessado – respondeu ele, sem tirar os olhos de mim.
Estava dispensando a menina. E queria que eu soubesse.
– Vai ser bem safado – disse ela em voz alta antes de explodir em mais um acesso de riso.
– Não, vai ser chato. Você está bêbada e a sua voz esganiçada está me deixando com dor de cabeça – retrucou ele.
Continuava com os olhos pregados nos meus.
Olhei para baixo e comecei a andar em direção à porta da despensa quando Babs finalmente notou a minha presença.
– Ei, aquela menina vai roubar a sua comida – sussurrou ela bem alto.
Meu rosto corou. Que droga. Por que é que esse comentário me deixava envergonhada? Eu estava sendo idiota. A menina estava caindo de bêbada. Que importância tinha o que ela achava?
– Ela mora aqui, pode comer o que quiser – retrucou Christian.
Tornei a erguer o rosto e ele ainda estava me encarando.
– Ela mora aqui? – repetiu a menina.
Christian não respondeu. Franzi o cenho para ele e pensei que a única testemunha que tínhamos não se
lembraria daquela conversa no dia seguinte.
– Não deixe ele mentir para você. Eu sou a hóspede indesejada que mora debaixo da escada. Já quis algumas coisas, mas ele só me diz não.
Não esperei a resposta dele. Abri a porta e entrei na despensa. Um ponto para mim.
Terminei de comer o meu sanduíche de manteiga de amendoim, limpei as migalhas do colo e me levantei. Em breve precisaria passar no mercado e comprar mais comida. Estava enjoada de sanduíches como aquele.
Era o meu dia de folga, e eu não sabia muito bem o que iria fazer. Passara a maior parte da noite deitada na cama pensando em Christian e em como eu era idiota. O que o cara precisava fazer para me convencer de que só queria ser o meu amigo? Ele dissera isso mais de uma vez. Eu precisava parar de tentar fazê-lo me ver como algo mais. Tinha feito isso na noite passada e não deveria. Ele não queria me beijar. Eu não conseguia acreditar que havia implorado para que o fizesse.
Abri a porta da despensa e entrei na cozinha. Senti cheiro de bacon e, se Christian não estivesse em pé na frente do fogão usando apenas uma calça de pijama, eu teria me deixado levar completamente por aquele aroma delicioso. Mas a visão das costas nuas dele me distraiu do bacon.
Ele olhou por cima do ombro e sorriu.
– Bom dia. Hoje deve ser a sua folga.
Respondi que sim e fiquei parada me perguntando o que uma amiga diria. Não queria mais desrespeitar as nossas regras. Iria segui-las à risca. De toda forma, logo logo me mudaria daquela casa.
– Que cheiro bom – comentei.
– Pode pegar dois pratos. Eu faço um bacon incrível.
Desejei não ter comido o sanduíche de manteiga de amendoim.
– Já comi, mas obrigada.
Christian pousou o garfo e se virou para mim.
– Como assim, já comeu? Você acabou de acordar.
– Tenho manteiga de amendoim e pão lá no quarto. Comi antes de sair.
Ele franziu a testa e me observou.
– Por que você tem manteiga de amendoim e pão no quarto?
Porque não quero que o seu fluxo incessante de amigos coma a minha comida. Só que eu não podia dizer exatamente isso.
– Esta cozinha não é minha. Eu guardo tudo que é meu no quarto.
Christian pareceu tenso ao ouvir a minha resposta. O que tinha dito para fazê-lo se zangar?
– Está me dizendo que só come manteiga de amendoim e pão quando está em casa? É isso? Você compra, guarda no quarto e só come isso?
Balancei a cabeça, sem saber muito bem por que aquilo era importante.
Christian deu um tapa na bancada e se virou outra vez para o fogão resmungando um palavrão.
– Pegue as suas coisas e se mude lá para cima. Pode escolher qualquer quarto que quiser do lado esquerdo do corredor. Jogue fora essa porcaria de manteiga de amendoim e coma tudo o que quiser da minha cozinha.
Não me mexi. Não sabia muito bem de onde tinha vindo a reação dele.
– Mayte, se quiser ficar nesta casa, mude-se lá para cima agora. Depois desça e venha comer alguma coisa da porra da minha geladeira na minha frente.
Ele estava bravo. Comigo?
– Por que você quer que eu me mude lá para cima? – perguntei, cautelosa.
Christian depositou a última fatia de bacon sobre um papel-toalha e apagou o fogo antes de me encarar.
– Porque sim. Detesto ir para a cama à noite pensando que você está dormindo debaixo da minha escada.
Agora fiquei com a sua imagem comendo esses malditos sanduíches de manteiga de amendoim sozinha lá dentro e isso é demais para mim.
Tudo bem. Quer dizer que, de alguma forma, ele se importa comigo.
Não discuti. Voltei para o meu quartinho debaixo da escada e peguei a mala sob a cama. Meu pote de manteiga de amendoim estava lá dentro. Abri a mala, peguei o pote quase vazio e o saco ainda com quatro fatias de pão dentro. Deixaria os dois na cozinha e subiria para escolher um quarto.
Meu coração batia descompassado. Aquele quarto acabou se tornando o meu porto seguro. Estar no andar de cima acabava com o meu isolamento. Eu não estaria sozinha lá.
Saí da despensa e pus o pote de manteiga de amendoim e o pão em cima da bancada. Segui na direção do corredor sem encarar Rush. Em pé diante do balcão, ele segurava as bordas com força, como se estivesse se contendo para não bater em alguma coisa. Estaria pensando em me mandar de volta para a despensa? Eu não me importava em ficar lá.
– Não preciso ir lá para cima. Eu gosto do quartinho – expliquei, mas a tensão nas mãos dele só fez aumentar.
– O seu lugar é em um dos quartos lá de cima, não debaixo da escada. Nunca foi.
Ele me queria lá em cima. Eu só não entendia aquela súbita mudança de atitude.
– Pelo menos me diga que quarto escolher. Não me sinto à vontade para decidir sozinha. Esta casa não é minha.
Christian finalmente largou a bancada e se virou para me encarar.
– Os quartos da esquerda são todos de hóspedes. São três. Acho que você vai gostar da vista do último, que dá para o mar. O do meio é todo branco com detalhes rosa-claro. Ele me lembra você.
Vá lá escolher. Pegue o que preferir. E depois desça aqui para comer.
Lá estava ele querendo que eu comesse outra vez.
– Mas eu não estou com fome. Acabei de...
– Se me disser de novo que comeu essa maldita manteiga de amendoim eu vou arremessar o pote na parede.
– Ele se calou e respirou fundo. – Por favor, Mayte. Venha comer alguma coisa, por mim.
Até parece que alguma mulher no planeta conseguiria recusar… Aceitei a proposta e segui para a escada.
Tinha um quarto para escolher.
O primeiro não era muito atraente. Todo em cores escuras, dava para o pátio da frente. Sem falar que era o mais próximo da escada e seria difícil ignorar o barulho das festas. Fui até o seguinte e encontrei a cama coberta de babados brancos e almofadas cor-de-rosa graciosas. Um lustre também rosa pendia do teto.
Aquilo era uma graça; não era o tipo de coisa que eu esperasse encontrar na casa de Christian. Mas, pensando bem, sua mãe morava naquela casa durante a maior parte do tempo.
Abri a última porta à esquerda. Enormes janelas do chão até o teto davam para o mar. Um espetáculo. A cartela de cores azul-clara e verde era realçada por uma cama king-size que parecia feita de troncos de madeira, pelo menos a cabeceira e o pé. O clima bem litorâneo me agradava.
Mais do que isso: eu amava aquele quarto. Coloquei a minha mala no chão e fui até a porta que conduzia a um banheiro exclusivo. Grandes toalhas brancas felpudas e sabonetes caros decoravam o mármore branco. Havia toques de azul e verde, mas o ambiente era quase todo branco.
A banheira era grande, redonda, com pequenos jatos nas laterais. Embora eu nunca tivesse visto uma banheira assim antes, sabia que era uma hidromassagem. Talvez eu tivesse entrado no cômodo errado. Com certeza aquilo não era um quarto de hóspedes. Se eu morasse naquela casa, iria querer aquele quarto.
No entanto, ele ficava do lado esquerdo do corredor; tinha que ser um dos quartos que Christian havia
mencionado. Saí do banheiro. Iria descer e dizer a ele que escolhera aquele. Se houvesse algo errado, ele me diria. Deixei a mala junto à parede bem ao lado da porta e desci de novo até o térreo.
Quando entrei na cozinha, Christian estava sentado à mesa com um prato de bacon e ovos mexidos na sua frente. Ergueu os olhos na hora para me encarar.
– Escolheu? – perguntou.
Respondi que sim e fui me postar do outro lado da mesa.
– Sim, acho que escolhi. Aquele que você disse que tinha uma vista maravilhosa... verde e azul, né?
Christian sorriu.
– É.
– E tudo bem eu ficar lá? É muito legal. Se esta casa fosse minha, eu iria querer aquele quarto.
Christian abriu mais ainda o sorriso.
– Você ainda não viu o meu.
O dele devia ser ainda melhor.
– Fica no mesmo andar?
Christian espetou um pedaço de bacon.
– Não, o meu ocupa o último andar inteiro.
– Todas aquelas janelas? Aquilo tudo é um quartão só?
Visto de fora, o último andar mais parecia feito de vidro. Eu sempre me perguntara se aquilo era uma ilusão ou se havia vários cômodos.
Christian assentiu.
– É.
Eu queria ver o seu quarto, mas como ele não convidou, não pedi.
– Já arrumou as suas coisas? – perguntou ele, dando uma mordida no bacon.
– Não, queria confirmar com você antes de desfazer a mala. Talvez o melhor seja deixar tudo lá dentro. No final desta semana vou estar pronta para me mudar. As gorjetas que ganhei no clube foram boas e poupei quase tudo.
Christian parou de mastigar e a expressão dos seus olhos endureceu ao fitar com raiva alguma coisa do lado de fora. Acompanhei o seu olhar, mas não vi nada a não ser a praia vazia.
– Mayte, você pode ficar aqui o tempo que quiser.
Desde quando? Ele tinha me dito um mês. Não respondi.
– Sente-se aqui do meu lado e prove um pouco deste bacon.
Ele puxou a cadeira ao lado da sua e eu me sentei sem discutir. O bacon estava mesmo com um cheiro bom, e eu bem que precisava de algo que não fosse manteiga de amendoim.
Christian deslizou o prato na minha direção.
– Coma.
Peguei um pedaço de bacon e dei uma mordida. Estava crocante e gorduroso, do jeito que eu gostava. Comi a fatia inteira e Christian tornou a empurrar o prato na minha direção.
– Coma outro.
Reprimi uma risada diante daquela sua súbita necessidade de me alimentar. Que bicho o teria mordido?
Saboreei uma segunda fatia de bacon.
– Quais são os seus planos para hoje? – indagou Christian depois que comi o último pedaço.
Dei de ombros.
– Ainda não sei. Pensei em talvez procurar apartamento.
O maxilar de Christian se contraiu e, mais uma vez, seu corpo ficou tenso.
– Pare de falar em se mudar, ok? Eu não quero que você se mude antes dos nossos pais voltarem.
Você tem que falar com o seu pai antes de sair correndo para morar sozinha. Não é muito seguro.
Você é nova demais.
Dessa vez eu ri de verdade. Ele estava sendo ridículo.
– Não sou, não. Qual é o seu problema com a minha idade? Tenho 19 anos, já sou bem grandinha.
Posso morar sozinha com toda a segurança. Além disso, consigo acertar um alvo em movimento melhor do que a maioria dos agentes de polícia. Meu talento para atirar é bem impressionante.
Então pode parar com esse papo de insegurança e de que sou nova demais.
Christian levantou uma das sobrancelhas.
– Quer dizer que você tem mesmo uma pistola?
Confirmei com a cabeça.
– Pensei que Grant estivesse brincando. O senso de humor dele às vezes é horrível.
– Não. Eu apontei a pistola para ele na minha primeira noite aqui.
Christian deu uma risadinha, recostou-se na cadeira e cruzou os braços em frente ao peito largo.
Forcei-me a manter os olhos no seu rosto e a não olhar para baixo.
– Adoraria ter visto isso.
Não falei nada. Aquela noite tinha sido muito ruim para mim. Eu não estava disposta a relembrá-la agora.
– Não quero que você fique aqui só porque é nova. Entendo que consegue cuidar de si mesma, ou pelo menos acha que consegue. Quero você aqui porque... gosto de tê-la aqui. Não vá embora.
Espere o seu pai chegar. Pelo que parece, vocês dois precisam conversar. Aí você pode resolver o que fazer.
Por enquanto, que tal ir lá para cima e desfazer a mala? Pense em todo o dinheiro que pode economizar morando aqui. Quando se mudar, já vai ter uma conta no banco bem recheada.
Ele queria que eu ficasse. O sorriso bobo que repuxou os meus lábios foi incontrolável. Eu ficaria, sim, e ele estava certo: seria uma baita economia. Quando papai voltasse, eu conversaria com ele e então me mudaria.
Não havia por que sair se Christian me queria na casa.
– Está bem. Se estiver mesmo falando sério, então, obrigada.
Christian balançou a cabeça e se inclinou para a frente, apoiando os cotovelos na mesa. Seu olhar prateado estava cravado em mim.
– Estou falando sério. Mas isso também quer dizer que aquele papo de a gente ser amigo tem que continuar valendo, totalmente.
Ele tinha razão, claro. Morarmos juntos e termos qualquer tipo de envolvimento seria complicado. Além do mais, quando o verão terminasse, ele iria se mudar para outra casa em algum lugar. Eu não precisava desse tipo de sofrimento.
– Combinado – retruquei.
Os ombros dele não relaxaram e o seu corpo continuou contraído.
– E você também vai começar a comer a comida daqui quando estiver morando lá em cima.
Fiz que não com a cabeça. Não, eu não faria isso. Não era uma aproveitadora.
– Mayte, não discuta. Estou falando sério. Coma a porcaria da minha comida.
Empurrei a cadeira para trás e me levantei.
– Não. Vou comprar comida e comer. Eu não sou... não sou igual ao meu pai.
Christian resmungou alguma coisa, então também empurrou a sua cadeira e se levantou.
– Acha que eu já não sei disso a esta altura? Você tem dormido dentro de um armário de vassouras sem reclamar. Limpa tudo o que eu sujo. Não come direito. Dá para ver que não tem nada em comum com o seu pai. Mas você é hóspede aqui na minha casa e quero que coma na minha cozinha e que a trate como se fosse sua.
Aquilo seria um problema.
– Vou pôr a minha comida na sua cozinha e comê-la aqui. Fica melhor assim?
– Se você só pretende comer manteiga de amendoim e pão, não. Quero que coma direito.
Comecei a balançar a cabeça em negativa quando ele estendeu a mão e segurou a minha.
– Mayte, ficarei feliz se souber que você está comendo. Henrietta faz compras uma vez por semana e abastece a casa supondo que eu vá receber vários convidados. Tem comida mais do que suficiente.
Por. Favor. Coma. A. Minha. Comida.
Mordi o lábio inferior para me impedir de rir da sua expressão de súplica.
– Está rindo de mim? – perguntou ele e um sorrisinho repuxou os seus lábios.
– Estou. Um pouco – admiti.
– Isso quer dizer que vai comer a minha comida?
Suspirei.
– Só se você me deixar pagar toda semana.
Ele começou a fazer que não com a cabeça e eu retirei as mãos da sua e comecei a me afastar.
– Para onde você vai? – perguntou ele atrás de mim.
– Cansei de discutir com você. Vou comer a sua comida se puder pagar a minha parte. É o único acordo que aceito. É pegar ou largar.
– Tudo bem – rosnou ele.
Olhei de volta para ele.
– Vou tirar as minhas coisas da mala e depois vou tomar um banho naquela banheirona. Depois disso não sei.
Não tenho plano nenhum até de noite.
Um vinco marcou a testa dele.
– Com quem?
– Com a Bethy.
– Bethy? A menina do country club? Aquela que o Jace come?
– Comia. A menina que o Jace comia. Ela ouviu a razão e partiu para outra. Hoje à noite a gente vai a um bar de música country para arrumar uns trabalhadores de macacão que suem a camisa.
Não esperei pela sua reação. Fui depressa até a escada e subi correndo. Quando cheguei ao meu quarto novo, fechei a porta atrás de mim e dei um suspiro de alívio.
Eu podia não ter as roupas adequadas para as festas de Christian, mas tinha tudo de que precisava para ir a um bar com música country. Fazia algum tempo que não punha a minha minissaia jeans. Era mais curta do que eu me lembrava, mas funcionava. Ainda mais com as minhas botas.
Christian saíra de manhã enquanto eu estava no banho e ainda não voltara. Perguntei-me se os amigos dele podiam entrar naquele quarto quando ele dava uma festa. Não gostava da ideia de algum desconhecido transando na minha cama. Na verdade, não gostava da ideia de ninguém transando na cama em que eu dormia, a não ser eu própria. Queria ter certeza, mas não sabia muito bem como perguntar uma coisa dessas.
Sair antes de Christian chegar significava que eu não saberia o que esperar. Será que deveria me preparar para lavar a roupa de cama quando chegasse? Fiz uma careta ao pensar nisso. Quando pisei no último degrau da escada, a porta da frente se abriu e Christian entrou. Ao me ver, ele congelou onde estava e correu os olhos lentamente pelo meu visual. Eu não estava vestida para impressionar o seu grupo, mas havia outro que talvez prestasse alguma atenção em mim.
– Caraca – resmungou ele, fechando a porta depois de entrar.
Não me mexi. Estava tentando bolar um jeito de abordar o assunto dos desconhecidos transando na minha cama.
– Você, hã, vai sair para a boate vestida assim? – perguntou ele.
– Não vou à boate, vou a um bar de música country. Tenho certeza de que é totalmente diferente – corrigi.
Christian passou a mão nos cabelos curtos e deu um suspiro que soou em parte frustrado, em parte bem-humorado. Se ele começasse a fazer piadas com as minhas roupas, eu seria capaz de jogar uma bota em cima dele.
– Posso ir com vocês? Nunca fui a um bar desses.
Como assim? Será que eu tinha escutado direito?
– Você quer ir com a gente? – perguntei, sem entender.
Ele respondeu que sim e tornou a descer os olhos pelo meu corpo.
– É, quero.
Imaginei que ele pudesse ir. Se éramos amigos, deveríamos poder fazer coisas juntos.
– Está bem. Mas a gente tem que sair daqui a dez minutos. Bethy está esperando eu ir buscá-la.
– Fico pronto em cinco – disse ele e subiu correndo a escada de dois em dois degraus.
Aquilo não era de forma alguma o que eu esperava. Estranho desenrolar dos acontecimentos.
Sete minutos depois, Christian tornou a descer a escada usando um jeans justo e uma camiseta preta
também justa com Slacker Demon escrito na frente em letras góticas brancas. O mesmo símbolo que ele tinha tatuado no ombro também enfeitava a camiseta. Ele tinha posto outra vez o anel de prata no polegar e, pela primeira vez desde que eu o conhecera, estava usando duas argolinhas na orelha.
Parecia mais do que nunca o filho de um célebre astro do rock mundial. Seus cílios pretos davam a impressão de que ele estava o tempo inteiro usando delineador e isso só aumentava o efeito.
Quando voltei os olhos para o seu rosto, ele pôs a língua para fora, mostrou-me o piercing prateado e deu uma piscadela.
– Imaginei que, se estava indo a um bar cheio de caras de botas e chapéus de caubói, precisava me manter fiel às minhas raízes. O rock corre nas minhas veias. Não posso fingir que me encaixo em nenhum outro lugar.
Ri do seu sorriso torto.
– Você vai ficar tão fora do seu ambiente hoje quanto eu fico nas suas festas. Vai ser divertido.
Vamos lá, filho de roqueiro – provoquei, me dirigindo para a porta.
Christian abriu e se afastou para eu poder passar. Ele podia ser bem esquisito quando queria.
– Já que a sua amiga também vai, por que não pegamos um dos meus carros? Vai ser mais confortável do que a sua picape.
Parei e olhei para trás na sua direção.
– Mas a gente se encaixaria melhor se fosse na minha picape.
Christian sacou um pequeno controle remoto do bolso e uma das portas da garagem de quatro carros se abriu.
Um Range Rover preto com detalhes metalizados e uma pintura perfeita e lustrosa estava parado sob a luz.
Não pude discordar. Ficaríamos bem mais confortáveis naquele carro.
– Com certeza é bem vistoso – falei.
– Quer dizer então que podemos ir no meu? Não fico muito à vontade dividindo o mesmo banco com a Bethy.
Aquela menina gosta de tocar nas coisas sem permissão – disse ele.
Sorri.
– É, gosta mesmo. Ela dá mole, né?
Christian levantou uma das sobrancelhas.
– “Dar mole” é um eufemismo no caso dela.
– Está bem. Claro. Podemos ir no supercarro matador de Christian Chavez, se ele insiste.
Christian me lançou um sorriso confiante e eu o segui em direção à garagem. Ele abriu a porta para mim, um gesto educado, mas que fez aquilo parecer um encontro. Só faltava ele começar a me confundir. Eu havia estabelecido com firmeza que éramos só amigos. Ele tinha que jogar conforme as regras.
– Você abre a porta do carro para todas as suas amigas? – perguntei, olhando para ele.
Queria que ele entendesse o quanto aquele seu gesto educado era impróprio.
O sorriso descontraído que ele exibia desapareceu e uma expressão séria tomou o seu lugar.
– Não – respondeu ele, recuando para ir até a porta do motorista.
Eu me senti uma completa idiota. Deveria simplesmente ter agradecido e deixado passar. Por que deveria ser eu a lembrá-lo das suas próprias regras?
Dentro do Range Rover, Christian deu a partida e saiu sem dizer nada. Detestei aquele silêncio. Era eu quem tinha estragado o clima.
– Desculpe. Não quis ser grossa.
Ele deu um suspiro e relaxou os ombros. Então balançou a cabeça.
– Não, você tem razão. É que eu não tenho nenhuma amiga mulher, então não sei distinguir muito bem o que devo ou não fazer.
– Quer dizer que você abre a porta para as garotas com quem sai? Que cavalheiro. Sua mãe criou você muito bem.
Senti uma pontinha de inveja. Havia meninas que recebiam aquele tipo de tratamento de Christian.
Meninas com as quais ele queria sair e de quem pretendia ser mais do que amigo.
– Na verdade, não. Eu... você... é que você parece ser o tipo de garota que merece esse tipo de gesto.
Pareceu ser a coisa certa a fazer. Mas entendo o que está dizendo. Se vamos ser amigos, preciso estabelecer um limite e não ultrapassá-lo.
Meu coração derreteu mais um pouco.
– Obrigada por abrir a porta para mim. Foi gentil.
Ele deu de ombros e não disse mais nada.
– Temos que pegar Bethy lá no clube. Ela deve estar no escritório atrás da sede do campo de golfe.
Teve que trabalhar hoje. Vai tomar banho e se arrumar lá.
Christian virou na direção do country club.
– Como vocês duas ficaram amigas?
– Trabalhamos juntas um dia. Acho que nós duas estávamos precisando de uma amiga. Ela é divertida e cheia de energia. Tudo que eu não sou.
Christian soltou uma gargalhada.
– Você fala como se isso fosse uma coisa ruim. Acredite: você não iria querer ser como a Bethy.
Ele tinha razão. Eu não queria ser como a Bethy, mas era divertido conviver com ela.
Fiquei sentada quietinha enquanto Christian manipulava o sistema de som, que parecia ser bem caro e
complexo. Percorremos a curta distância da sua casa até o country club ouvindo “Lips of an Angel”, do Hinder, e a música me fez sorrir. Eu quase esperava ouvir algo do Slacker Demon.
Quando o Range Rover parou em frente ao escritório do clube, abri a porta e desci. Bethy não estaria esperando aquele carro. Iria procurar a minha picape.
A porta do escritório se abriu e ela saiu de lá vestida com um minúsculo short de couro vermelho, um top branco que deixava a barriga de fora e botas de couro branco até os joelhos.
– Que papo é esse? Por que você veio em um dos carros do Christian? – perguntou ela, toda sorrisos.
– Ele vai com a gente. O Christian também quer dar uma conferida nesse tal bar. Daí... – interrompi a frase e olhei para o carro.
– Isso vai prejudicar seriamente as suas chances de pegar alguém. Só um toque – disse Bethy enquanto descia a escada e dava uma conferida rápida na minha roupa. – Ou não. Você está uma gata. Quero dizer, já sabia que era linda, mas está muito gata com essa roupa. Eu quero umas botas de cowgirl de verdade. Onde arrumou essas daí?
Gostei dos elogios. Fazia muito tempo que não tinha amigas. Quando Valerie morrera, as meninas de quem éramos próximas meio que sumiram da minha vida. Era como se não conseguissem estar comigo sem se lembrar dela. Cain tinha se tornado o meu único amigo.
– Obrigada. Quanto às botas, ganhei de Natal da minha mãe dois anos atrás. Eram dela. Eu adorava as botas desde que ela as tinha comprado, e depois que ela... que ela ficou doente... acabou dando para mim.
Bethy franziu o cenho.
– Sua mãe ficou doente?
Eu não queria jogar um balde de água fria no clima da noite, então apenas fiz que sim com a cabeça e forcei um sorriso radiante.
– Ficou. Mas isso é outra história. Venha, vamos arrumar uns caubóis.
Bethy retribuiu o meu sorriso e abriu a porta de trás do meu lado do Range Rover.
– Vou deixar você ir na frente porque tenho um palpite de que é lá que o motorista quer que você sente.
Não tive tempo de reagir antes de Bethy entrar e fechar a porta do carro. Tornei a me sentar no banco do carona e sorri para Christian, que me observava.
– Hora de ouvir música country – falei.
Autor(a): jessica_ponny_steerey
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Bethy ensinara Christian a chegar a seu bar de música country preferido, que ficava a quarenta minutos de Rosemary. Não era exatamente uma surpresa: a única coisa country que havia em Rosemary era o clube, que não se parecia em nada com o lugar no qual entramos. O bar era grande e todo feito do que pareciam ser tábuas de madeira. ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 10
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vondy4everponny Postado em 18/09/2014 - 00:05:37
Como assim? :O ELES NÃO FICARAM JUNTOS? Quero o segundo livro já, agora! Anda, to esperando dona Jess! Chris implorando por ela, ai ai Maite, agarra ele!
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vondy4everponny Postado em 16/09/2014 - 01:42:09
Meu Deus, não consigo não odiar a Nan, que filha da p***, literalmente! O pai da Maite é um ridiculo, podre tanto pra uma familia quanto pra outra. Tadinho do Chris, ta todo apaixonado :/ MEGA apaixonado coitado, pena que ele tenha causado isso tudo :/
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vondy4everponny Postado em 13/09/2014 - 22:56:43
Ponto para o Woods! Christian do lado da Maite na festa ... aaaaaaaaaaawn *------* Toma Nan, sua bitch! u.u EITA, já entendi tudo, meu Deus, Maite e a Nan são irmãs! O pai dela abandonou a mãe do Chris quando a bitch-mãe tava grávida :O E agora?
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vondy4everponny Postado em 11/09/2014 - 23:28:32
Acho que ainda tem muita coisa pra acontecer nesse baile...Ou ao menos terá consequências depois porque a Mai já ta toda pensativa, e o Chris tbm, ah não! Feliz pela Bethy u.u E eu gosto do Woods, na boa KKKKKK! Beijos Jess
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vondy4everponny Postado em 10/09/2014 - 00:45:11
PQP, o trem ta feio u.u Que hot foi esse durante a festa :O Maite não é a santa que eu pensava KKKKKKK! O Chris ta sendo perfeito, aaaaaah *----* Espero que a vaca da Nan não atrapalhe. Achei lindo ele indo atras dela no clube kk
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vondy4everponny Postado em 09/09/2014 - 20:39:09
Ai ai, quero logo hot na bagaça u.u kkkkkkkkkk Chris todo fofo com ela, awn *------* Já posso matar a Nan? Que fdp, tadinha da Maite, osh!
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chaverroni_eternamente Postado em 09/09/2014 - 10:56:47
Cont ta incrivel
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vondy4everponny Postado em 09/09/2014 - 02:05:53
Na boa, a Maite nao devia ter dito isso, ela da mole demais pro Christian, osh! Amor proprio? Cade?
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vondy4everponny Postado em 06/09/2014 - 00:01:22
Quero mais capitulos. Anda Jess, to esperando! RUM kkkkk Amaaaaando. O Grahan , sei la como escreve, é um fofo *-----* Curti ele!
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vondy4everponny Postado em 05/09/2014 - 20:18:11
Chegueeeeeeeeeeei mana Jess. Mais uma fic chaverroni sua *---------* Rainha das adaptações u.u KKKKKK