Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

Não Ivalú. – Respondi antes que ela pudesse prosseguir. – Já basta o Pablo. Eu já disse que não estou e tenho certeza disso.

Absoluta?

Sim. Acha que se eu tivesse iria esconder? Pelo contrário, eu iria me aproveitar disso pra poder ficar.

Está certo. – Revirou os olhos. – De qualquer jeito você não pode viajar dessa forma. Olha pra você, está mais branca que um papel Dulce.

E o que posso fazer? Fingir um desmaio? Porque não vejo motivo algum para aquele cara acreditar em mim.

Vamos lá pra fora. – A vi suspirar. – Vem lavar o rosto aqui.

Ok! – Fui até a pia com a ajuda dela e lavei meu rosto. Peguei minha escova de dentes que sempre levo em minha bolsa e escovei os dentes para tentar tirar o gosto horrível que estava em minha boca, depois fomos para a sala de espera, onde estavam meus amigos e aquele senhor. Há poucos passos deles senti minhas pernas perderem a força porém somente não caí porque Ivalú me segurou. Olhei para o chão já esperando todos perguntarem o que eu tinha. Dito e feito. Como esperado Pablo fora o primeiro a chegar até mim e me tomar dos braços de Iavlú.

O que ela tem Ivalú? – Me abraçou pela cintura e me levou até a cadeira.

Ela vomitou muito lá dentro. – A olhei com repulsa e ela ignorou.

De novo Dulce?

Como assim de novo? – Fernando perguntou me olhando.

Pablo. – O repreendi. – Não era pra falar.

Dulce, você não está nada bem. – Ele me olhou preocupado. – Olha pra você, está pálida, e chega a estar fria.

Eu estou bem, é apenas estresse.

Harrram. E eu vou fingir que acredito. – Fuzz falou e a olhei.

O que quer dizer com isso?

Eu nada Dulce.

Espero bem que nada Fuzz. – A fitei e ela deu um sorriso maléfico, mas fechou a cara quando ouviu a primeira chamada do meu vôo. Apenas fechei meus olhos tentando evitar que minhas lágrimas caíssem.

Precisamos ir Dulce. – Pude sentir a forma fria com que Fernando dissera aquilo.

Não quero ir. – Sussurrei.

Mas precisamos ir. Espero você na fila do embarque. – Abri meus olhos e o vi se retirar do local em que estava.

Vai ficar tudo bem baixinha. – Pedro me olhou abraçando Ivalú. – Um ano vai passar logo, e estaremos aqui esperando você.

E quem sabe quando terminar as aulas a gente não vá visitar você.

Parem. Nada do que disserem vão me fazer aceitar.

Dulce. – Pablo pegou minha mão e o mirei. – Você é forte, e vai aguentar ok?

Eu sei. – O abracei em um impulso.

Vamos deixar vocês dois sozinhos. – Ivalú falou acariciando minha cabeça. – Mas antes me dá um abraço forte. Solta ela Pablo. – Consegui dar um sorriso sem graça e me levantei com a ajuda de Pablo. – Te amamos muito e não vamos te esquecer ok? Vamos nos falar todos os dias, e mesmo quando não der a gente não vai perder contato. Nem que eu tenha que ir atrás de você. – Ela falou enquanto me abraçava forte.

É Dulce, vamos estar sempre aqui. Se precisar de alguma coisa é só falar com a gente. Ligar, mandar e-mail, mandar carta, você quem sabe. – Ela abraçou a mim e a Iva.

Eu não sei nem o que dizer. – Pedro se pronunciou me olhando. – Mas também não vamos morrer né?! Você vai ver, logo logo estaremos aqui esperando você no aeroporto. Isso se você não encontrar ninguém lá que você sabe. – Ele riu divertido da cara que Pablo fizera. – Isso se ele deixar.

Isso não vem ao caso Pedro. – Me pronunciei olhando Pablo que se mantinha calado.

Iliana. – Olhei a mesma que estava quieta.

Estava esperando todos se despedirem. – Ela se levantou e me abraçou. – Vou sentir saudades Dulce.

E eu de você. – Suspirei.

Eu vou indo, não gosto de despedidas.

Dá um abraço na Zora pra mim?

Claro que dou. – Ela sorriu.- Escreve pra gente, e nos conte tudo ok?

Ok! Obrigada por tudo. – Abracei Pablo de lado e eles deram o último adeus e saíram sem falar mais nada.

Dulce. – Ouvi Pablo pronunciar meu nome de forma doce e ergui minha cabeça para olhá-lo.

Não diga nada. – Me virei de frente pra ele.

Eu não quero que você vá. – O vi deixar escapar a primeira lágrima, o que me deixou surpresa. Apesar de sermos amigos de infância nunca o havia visto chorar.

E eu não quero ir.

Vou sentir sua falta baixinha. – Ele me abraçou forte.

E eu a sua. Olha Pablo. – Mordi meu lábio inferior e me soltei dele. – Não se preocupe ok? É você quem me disse que passa logo.

Ainda continuo com minha teoria, mas vou ter muita saudade de você.

Logo você se apaixona, e nem vai lembrar de nossos momentos. – Sorri sem graça. – Passarei a ser só mais uma na sua lista.

Ei, olha como fala. – Ele ficou sério. – Você não é dessas ok?

Ah não? Você nem é meu namorado Pablo, e mesmo assim fui pra cama várias vezes com você.

E só comigo, mais ninguém. Amigos com benefícios. – Ele abriu um sorriso safado.

Idiota. – Senti minhas bochechas corarem.

Eu gosto de você Dulce. – O olhei agora ainda mais séria.

Bom, amigos costumam gostar um do outro né Pablo.

Não Dulce. Não como amigo, entende?

Pablo. – Suspirei.

Tudo bem, acho que aguento. – Ele abaixou a cabeça.

Eu também gosto de você Pablo. – Ele me olhou surpreso. – Mas prometemos não nos apaixonar. E agora, com isso tudo é complicado. – Fechei meus olhos me sentindo um pouco tonta.

Dulce. – Ele me segurou pelos braços. – Olha pra mim. – Abri meus olhos e o olhei. – Isso não é normal. – O vi olhar em volta. – Senta aqui. – Ele me fez sentar na cadeira e saiu correndo sabe-se lá pra que direção. Senti meu estômago queimar, e me encolhi na cadeira fechando meus olhos. Fiquei algum tempo parada até alguém me tocar.

Dulce. – Abri meus olhos e o olhei. – O que você tem?

Não interessa. – Desviei o olhar. – Por que chamou ele Pablo?

Pra ele ver seu estado. Dulce isso não é normal. Nunca te vi assim. – Pablo me olhava preocupado.

Não posso cancelar o vôo. – Ele me olhou.

Tudo bem. – Abaixei a cabeça. – Você deve estar pensando que é de propósito mesmo, não faz diferença.

Ei, não fale isso. Estou vendo que você não está bem. – Ele me repreendeu.

Não é melhor levá-la ao médico?

Não! Eu não vou a medico algum.

E porque não? Está escondendo alguma coisa? – Pablo perguntou desconfiado.

Não Pablo. Eu não estou escondendo nada. – O olhei nos olhos. Mesmo que ele não acreditasse em mim eu realmente estava dizendo a verdade. – É melhor a gente ir logo. – Suspirei buscando força e me levantei. – A gente se vê Pablo.

Dulce. – Ele me olhou.

Eu vou esperar você ali. Não vou deixar você entrar sozinha no avião. Licença. – Fernando falou e se retirou.

Por que você insiste nisso Pablo? – O olhei.

Eu não sei. Você está tonta, está vomitando.

Já te disse que não estou. – Suspirei e abri minha bolsa. – Aí está. – Entreguei um teste a ele e ele o olhou.

Que pena. – Arregalei meus olhos. – Bom, não pena pena. – Ele respondeu sem jeito. – Mas é que assim ele não iria poder te levar sabe.

Não fala isso ok? Sou nova pra isso Pablo, ainda nem terminei os estudos.

Não importa. Eu iria adorar ter um filho com você.

Mas não tem, se algum dia isso tiver que acontecer vai ser. – Pincelei o naríz dele. – Preciso ir, já estão fazendo a última chamada.

Vem cá. – Ele me puxou e me abraçou. – Te cuida.

Vou tentar. – Afastei meu rosto procurando pelo dele e o beijei. Não fora um beijo muito longo, mas com certeza ficaria em minha mente por um bom tempo. Depois do beijo o abracei muito forte, e sem dizer nada apenas lhe roubei um selinho e saí rumo ao portão de embarque. Antes de entrar pela porta de acesso ao embarque vi que ele ainda estava no mesmo lugar me olhando, e que seu rosto estava molhado. Aquilo me machucou muito, mas infelizmente não me deixaram opção alguma.