Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

Você devia ter visto a cena, eu quase me mijei de rir. Mas ao mesmo tempo deu pena dela. Ele segurando ela pendurada longe do corpo com nojo. - Revirei os olhos.

Dulce, é impressão minha ou ele estava com os olhos vermelhos? Estava chorando?

Tentando não chorar. É um bobão. Só porque a Luna estava rindo com o que ele falou ele ficou todo bobo. - Dei de ombros.

Homens. - Ela pegou a mãozinha de Luna. -Está gostoso meu amor?

Aposto que está. - Falei. Isso é nojento, a cor sabe.

É verdade, mas a gente não pensava isso quando era bebê. - Ela soltou a mão de Luna e foi se sentar no sofá cama. - Dulce, e você e o Ucker...Conversaram?

Não dá pra ter uma conversa de verdade com ele. - Arrumeu meu braço que estava ficando dormente.

Sério? Porque me pareceu que estavam muito bem quando eu cheguei.

Não vou discutir com ele na frente da minha filha. - Dei de ombros olhando Luna começar a fechar os olhinhos.

Você baixou o tom de voz. Não é só isso, é? Pode falar.

Pergunte a ele, talvêz você consiga entendê-lo, porque eu não consigo. - Minha voz falhou.

Do que é que está falando?

Ele vai embora Annie. Embora.

O quê? - Ela arregalou os lhos azuis. - Ele é maluco de deixar a Luna? O tiro não acertou a cabeça dele, ele não pode ter ficado louco assim não.

Ele quer se afastar de mim. - Passei a mão pelo olho. - Fala que quer seguir a vida, pensar um pouco, mas sei que é apenas prarocc se afastar de mim. Mas não é justo minha filha crescer com um pai ausente por um erro meu, não é.

Oh Dulce, não fica assim. Dê mais algum tempo e duvido que ele vá querer se afastar dela.

Será Annie? Tenho por mim que ele não suporte nem olhar na minha cara.

Mas isso não dá direito a ele, de abandonar a Luna assim. Ela não vai ser um bebê pra sempre, e se ele fizer isso, com certeza ela vai o odiar quando crescer.

Eu sei bem como é crescer sem um pai, não queria que ela passasse pelo mesmo que eu.

Não deixa ele ir Dulce.

Eu não posso impedir.

Pode sim, dá um jeito.

Annie, ele não quer saber de mim. Não vai dar certo, a última vez que o ameacei resultou nisso. - Arrumei minha blusa ao ver que Luna já não mamava e a arrumei em meus braços. - É a escolha dele, mas tudo bem, eu não quero mais falar nisso. Quero aproveitar minha princesinha cada segundo.

Tá certo. - Ela suspirou. - Posso pegar nela?

Claro que pode. - Sorri entregando-a para Annie. - Eu vou dar um jeito aqui nessa bagunça enquanto isso.

Você não deveria estar de repouso?

Talvêz. - Dei de ombros me levantando.

Ah meu Deus, ela é muito linda. Posso morder?

Se quiser que eu arranque seus órgãos com minhas mãos, você pode.

Ai, que má você. É só uma mordidinha de leve.

Não.

Chata. - A vi se sentar. - Ei mocinha, como você está? Já se acostumou com sua mamãe maluca?

Eu não sou maluca. -Falei de costas guardando as coisas que Ivalú usou para trocá-la e colocando a roupa suja no cesto.

Ela é sim. - Annie sussurrou. - Ela está cuidando bem de você? Qualquer coisa você corre lá pra minha casa tá? Está com soninho meu amor?

Voltei.- A voz de Christopher irrompeu pelo quarto. - Lavou as mãos? - Olhei para Anahí e ela negou. - quer passar bactérias pra minha filha Anahí? Está maluca? Vai lavar essas mãos, e passa alcool também. - Christopher foi até ela e tomou Luna dos braços dela.

Uckermann. - O repreendi.

O que foi? Quer que ela adoeça?

Não, mas também não precisa exagerar.

Deixa Dulce, ele só está protegendo ela. Eu deveria ter lavado as mãos mesmo, acabei de chegar da rua e...

Tá. Mas não é preciso exagerar né? - Suspirei.

Não estou exagerando. -Ele deu de ombros saindo com Luna no colo.

Do que adianta ser um super protetor se logo vai embora? - Perguntei baixo.

Ele é um chato, mas deixa ele aproveitar. Porque é que não vamos lá em baixo? Deve estar todo mundo lá.

Pode ser. - Respondi desanimada. - Vai andando, preciso fazer uma coisa.
Tá. Te vejo lá em baixo. - Ela deu as costas e saiu e logo em seguida eu fui para o meu quarto. Fuzz e Ivalú ainda estavam lá.
- Ei meninas. O que estão fazendo?
- Oi Dulce. - Ivalú me olhou.
- Estão arrumando as malas? - Elas assentiram. - quando vocês vão voltar.
- Amanhã. - Ela desviou o olhar.
- Amanhã? - Perguntei incrédula. - Como assim?
- Não tivemos coragem de contar a você antes. Desculpa.
- Vocês não tinham esse direito. Não tinham. - Gritei fazendo-as se assustarem. - Eu tinha direito de saber antes. Mas que droga. - Saí do quarto batendo a porta. Comecei a chorar quase que instantâneamente. Voltei para o quarto de Luna e me tranquei lá. Se era para ser assim, que fossem sem me avisar, e não que me avisassem um dia antes de ir.
- Dulce? - Ouvi a voz de Fuzz e logo ela começou a bater. - Abre aqui. - Eu não respondi. Me sentei encolhida na poltrona. - Por favor, vamos conversar. Eu sei que está chateada, mas por favor, não faz assim.
- Me deixa em paz. - Gritei.
- Por favor. - A voz dela estava falha. - Desculpa a gente, por favor. Não faz assim.
- O que está acontecendo? - Ouvi outra voz, bem mais baixa.
- Ela está chateada com a gente Fernando. E agora se trancou aí. Não quer abrir.
- Dulce, abre essa porta agora. - Meu pai ordenou dando batidas na porta, mas eu se quer me movi ourespondi. - Filha, por favor, abre a porta.
- Ela não vai abrir. Não adianta. - Era a voz de Ivalú agora.
- Dulce María, eu estou mandando abrir essa porta. Se não fizer isso eu irei arrombá-la. - Me levantei de imediato e fui abrir a porta.
- Me deixem em paz. - Falei entredentes e passei por eles. Desci a escada, fui até o hall de entrada, peguei o primeiro casaco que encontrei e saí da casa. Estava muito frio, e quando digo muito, é muito mesmo.
Senti uma sensação de choque ao passar pela porta e pisar na neve. Senti uma mão me puxar para trás logo em seguida. - A Luna pode viver sem um pai, mas não a faça viver sem uma mãe. - Era a voz de Christopher. - Volta pra dentro.
- Por quê? Por quê ninguém leva em conta os meus sentimentos? Eu estou cansada de que brinquem comigo.
- Não precisa fazer drama. Vem, vamos entrar.
- Drama? Drama Christopher? - Me soltei dele. - Olha só a minha vida.
- Muitos gostariam de ter a sua vida.
- Claro. Perder a mãe, perder a avó, ser odiada pelos avós, ser praticamente obrigada a viver longe dos amigos, quase perder o cara que eu amo depois de tentar protegê-lo e ainda sim ser odiada. De que importa eu morrer? Você vai embora Christopher, e a partir do momento que você entrar no carro pra ir embora, você estará morto pra mim. Você não tem o direito de me dizer o que devo ou não fazer, não tem.
- Terminou, ou tem mais alguma coisa pra falar? Quer que eu te beije agora? Isso não é um filme ou uma novela Dulce. E nada do que você disse aí é novidade pra mim. Nem pra mim, nem pra ninguém lá dentro. - Ele apontou a porta. - Seu pai, seus amigos, todos nós nos preocupamos com você independendo do que você pense da gente. Você e eu temos uma filha juntas, e não vou permitir que por um capricho seu ela cresça sem a mãe ou com uma mãe irresponsável que não sabe cuidar de si. Prefere que eu vá e a leve comigo?

- Você não faria isso, eu jamais permitiria.
- Ah eu faria sim, acredite você ou não. Eu quero ir, mas tendo a certeza de que a minha filinha, minha pequena, minha princesa está em boas mãos. Sabendo que você pode cuidar bem dela e que não terá mais um de seus surtos, principalmente na frente dela. Ela não tem culpa disso.
- Só me responde uma coisa Christopher. - O encarei. - O que é que direi a ela quando ela me perguntar onde você está, por que é que nunca está em casa ou vai às reuniões escolares dela?
- A gente vai dar um jeito.
- Eu não vou mentir pra minha filha, e se ela quiser te odiar por abandoná-la, eu não vou tentar impedir. Saiba disso. - Virei de costas e segui meu caminho até o celeiro.
- Dulce espera. - Ele gritou.
- Me deixe em paz Uckermann. - Bati a porta do celeiro e fui me sentar no canto do celeiro sob algumas palhas. Logo em seguida a porta se abriu.
- Vai pra casa, está frio aqui.
- Eu estou bem.
- Deveria estar deitada na sua cama. - Ele veio até mim e se sentou ao meu lado.
- Estou bem aqui, já disse.
- Pelo menos veste esse casaco, o seu não é tão quente. - Ele tirou o casaco dele e pôs sob meus ombros.
- Não precisa, você vai ficar com frio.
- Não importa. - Ele deu de ombros. - Como eu disse, ainda me preocupo contigo.
- Não se preocupa não. - Abaixei minha cabeça.
- Eu me preocupo sim.
- Você vai me deixar Uckermann. Deixar a mim e a minha filha, então não diga que se preocupa. - Tirei o casaco do meu ombro e o joguei em cima dele. - Você é um estúpido Christopher, um estúpido. - Me levantei e fui caminhando novamente para a saída do celeiro. Tive a sensação de que a porta estava se movendo.

- Droga Dulce. - Ouvi a voz de Christopher lá no fundo depois de sentir meu corpo se chocar contra o chão. - Acorda Mari. O que você tem? Olha pra mim. - Pude ver o rosto dele meio borrado. - Vou te levar pra dentro. Espera. - O vi sair e ir até onde estávamos sentados, e logo voltar com o casaco nas mãos. Senti o casaco cair sobre mim e meu corpo ser tirado do chão. - Está tudo bem, está tudo bem Mari.
- O que houve? - Era a voz de meu pai. Christopher não respondeu. - Você não me ouviu Christopher? O que houve com ela? - Senti algo macio em baixo de mim agora.
- Ela simplesmente caiu, não fala. - Ele tinha a voz nervosa.

- Dulce, filha, fala comigo.

- Ela parecia bem em um instante e no outro simplesmente caiu.
- Ela está pálida. - Era a voz de Anahí.
- Deve ser por causa do frio que pegou.
- Não Fernando, ela não está com os lábios roxos. - Alfonso falou. - É como se ela tivesse perdido o sangue do rosto.
- Filha, olha pra mim. Me diz o que está sentindo, pra gente poder ajudar você. - Fechei meus olhos e não me liguei em mais nada.