Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

-Pronto, pronto. - Senti um ardor no meu nariz. - Ela já está acordando. - Abri meus olhos e vi Christopher, meu pai e um médico na minha frente.

- O que houve? - Tentei me sentar mas o médico me impediu. - Onde eu estou? Onde está minha filha?

- Vamos com calma ok?

- Calma? Por q uê?

- Ela vai passar essa noite em observação, e amanhã veremos se já pode receber alta. - O medico concluiu.

- Tudo.

- qualquer coisa, estou na minha sala, com licença. - Vi o medico se retirar.

- O que eu estou fazendo aqui?

- Você não prestou atenção em nada do que o médico disse antes de sair do hospital Dulce?

- Hã?

- Ele disse que deveria repousar. - Revirei os olhos. - E prestar atenção em alguns sintomar pós parto. Será que é tão difícil assim? Está tentando se matar, é isso?

- O dia que tentei você me impediu, lembra? - Dei de ombros encarando Christopher. - Onde está a minha filha?

- Em casa, onde devria estar.

- E eu também. Não vou passar a noite nesse lugar. - Me sentei analisando meu braço.

- Nem pense em tirar isso senhorita.

- Mas...

- Mas nada. Se tentar sair vamos mandar sedar você. Deixe de ser teimosa.

- O que aconteceu?

- Você apagou. Ficamos preocupados.

- Mas o que eu tenho? Eu não estava me sentindo mau.

- Estava com hemorragia. Porque não disse nada?

- Pensei que era normal. - Encarei a parede do outro lado do quarto. - Minha filha não pode ficar sem mim.

- Já demos um jeito nisso, não se preocupe. Alexandra vai cuidar dela essa noite, e se tiver melhor amanhã você volta pra casa.

- Eu quero minha filha. - Cruzei os braços.

- Deixa de ser birrenta Dulce. - Christopher falou.

- Vai se ferrar Christopher. Não tinha nem que estar aqui.

- Ah é? Se quiser eu vou embora agora. Minha filha precisa mais de mim do que você.

- Jura? - Ri sem vontade. - Você diz isso agora, mas vai embora depois.

- Já vai começar. - Ele revirou os olhos e foi se jogar na poltrona no canto do quarto.

- Estou pensando aqui. Luna nunca saberá da sua existência se você for embora.

- Você não tem esse direito.

- Ah, e você tem o direito de ir embora? Direi a ela o quanto você foi um imbecil de ir embora quando ela não sabia nem se sentar direito. Já fez as malas?

- Para seu conhecimento, já fiz sim. - Me calei. Senti um aperto no peito. Ele se levantou e saiu batendo a porta. Meu pai me encarou também em silêncio. Me virei de

costas pra ele e me encolhi. Fechei meus olhos e me mantive o mais quieta possível até pegar no sono. 

Acordei com meus amigos me chamando. Cedo de mais pra falar a verdade.

- Acorda Dul. - Ouvi Ivalú.

- Ei, como está se sentindo?

- O que estão fazendo aqui? Que horas são? - Esfreguei meus olhos.

- Viemos nos despedir.

- Já? - Me sentei na maca os olhando.

- Sim. Poncho está esperando a gente lá fora. Ele vai nos levar ao aeroporto. Não temos muito tempo. - Explicou Pedro.

- Eu não gosto de despedidas, vocês sabem disso. - Falei com a cabeça baixa.

- Não podíamos ir sem nos despedir Maria. - Fuzz se sentou na maca. - Não fica brava com a gente, por favor.

- Vocês tinham que me contar antes. Não horas antes de irem embora.

- Desculpa a gente, por favor. - Ela me abraçou apertado.

- Tudo bem. Façam uma boa viagem, e se virem a Zora dêm um abraço nela por mim.

- Dou sim, pode deixar.

- Precisamos ir gente. Já saímos tarde da fazenda. Espero que você vá nos visitar e levar a Luna pra conhecer Nova York logo viu. - Ele beijou minha testa. - E você, vê se se cuida. 

- Vou tentar.

- E para de fazer birra, você não é mais um bebê. Agora você tem um bebê. - Fuzz pulou da maca. - Se cuida mamãe. - Ela abraçou Dulce. Os três se despediram de mim e depois saíram do quarto. A única coisa que fiz depois disso foi deitar e voltar a dormir.

Acordei algumas poucas horas depois com alguém mechendo em meu braço. Agora o uarto estava claro.

- Bom dia querida. - Desejou a enfermeira que retirava a agulha de meu braço. - Não queria te acordar.

-Cadê o meu pai?

-Está assinando sua alta. - Ela respondeu arrumando tudo em uma bandeija.

- Eu vou poder ir pra casa? - Me sentei me espreguiçando.

- O que as pessoas têm contra hoospital?
- Acho que o cheiro, a comida, o fato de que você mau pode ir ao banheiro sozinho, e tem que ficar deitado o tempo todo. Sem contar as agulhas. - Ela fez uma careta. - Aliás quero ver minha filha logo. Ela deve estar sentindo minha falta.

- Tem uma filha?

- Sim. Não sabia? - Ela negou.

- Eu acabei de começar meu turno, e me pediram para vir retirar o soro de você.

- Ela não tem nem uma semana.

- Ela está aqui?

- Não. Está em casa me esperando.

- Ela deve ser linda.

- Ela é linda. - Sorri. - Parece uma bonequinha.

- Imagino que sim. Bom, eu preciso ir agora. Espere aqui que seu pai já deve vir buscar você.

- Posso pelo menos me trocar?

- Pode sim. Precisa de ajuda?

- Não. Eu posso fazer isso sozinha. - Me sentei na maca e depois desci da mesma. - É, eu posso. Minhas pernas estão bem firmes.

- Tudo bem querida. Qualquer coisa chame algum enfermeiro. Eu vou indo.

- Ta. Tchau. - Dei de ombros e ela saiu fechando a porta. - Eu não sou sua querida. - Peguei minha roupa dobrada em cima do criado mudo e fui para o banheiro. Lavei meurosto e depois comecei a me vestir. Eu estava horrível. 

- Dulce? - Ouvi a voz do meu pai atrás da porta.

- Oi.

- Está tudo bem aí?

- Está, só estou me trocando.

- Estou esperando pra gente ir embora.

- O Chris já foi?

- Está esperando lá no carro.

- Eu já estou indo. - Terminei de me vestir e depois fiz uma tentativa de um coque malfeito no cabelo. - Pronto. - Abri a porta. - Vamos?

- Vamos sim. Está tudo bem?- Ele passou o braço pelo meu ombro.

- Sim. Só estou parecendo um monstro desse jeito. Preciso de um banho. Lavar minha cabeça, passar meus hidratantes.

- Mulheres. - Ele riu. - Os antigos costumavam dizer que não se podia lavar o cabelo em resguardo.

- Por quê?

- Algo com o sangue subir pra cabeça e deixar a mulher doida ou matá-la.

- Nossa, quanta superstição. Posso imaginar o monte de mulher com o cabelo ceboso naquela época. Que nojo.

- É por aí mesmo.