Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

Sim. Um irmão mais velho. - Hum... Irmão mais velho, se ele é assim imagina o irmão. - Mas ele trabalha na fazenda vizinha então ele vem apenas para dormir, e fica aqui nos fins de semana. Bom... mais ou menos isso, porque nos fins de semana ele sempre vai para a cidade encontrar com os amigos e algumas vezes vou com ele.

Entendi. - Informação de mais para um primeiro dia Dulce. - Onde é o meu quarto?

Não se lembra? - Neguei, afinal, eu não ia naquela casa há muitos e muitos anos. - Quer que eu te leve?

Preciso tomar um banho, tirar esse monte de roupa e descansar um pouco. Não dormi a viagem inteira.

Ok! - Ele se levantou. - Vamos. - Ele me estendeu a mão e eu segurei a mão dele. Um toque em sã consciência fora necessário para fazer meu corpo se arrepiar por completo. - O que foi?

Acho que é o frio. - Falei completamente sem graça.

Consegue andar?

Acho que não. - Mordi meu lábio inferior o olhando. Talvez eu até conseguisse, mas já que eu era obrigada a estar ali, porque não aproveitar um pouco da boa vontade do nosso Ucker. É, esse nome é estranho. Ele me ajudou a levantar e me abraçou pela cintura.

É no segundo andar. - Ele falou enquanto caminhávamos lentamente em direção à escada que ficava no cômodo ao lado da sala. Acho que era o hall de entrada, pois nesse mesmo cômodo haviam várias portas e uma que dava acesso à saída. - Acho que vou precisar te carregar, ainda me parece fraca.

Eu consigo. - Respondi rapidamente e acho que ele percebeu, já que um sorriso quase imperceptível brotara nos lábios dele. Ele não disse nada, apenas me ajudou a subir a escada com cuidado. Quando chegamos no fim da escada viramos e seguimos até a porta à direita, que estava aberta.

É aqui. - Vi o quarto todo decorado com a cor rosa, e os moveis brancos. Estranhei que ainda tinha um berço nele, e uma cama em baixo da janela. Tanto o berço quanto a cama tinham lençóis de cor branca com corações cor de rosa. Havia uma prateleira com bonecas e uma poltrona de cor branca virada pra janela. O guarda-roupa também era branco, e tinha uma penteadeira no meio dele com uma cadeira.

Tem um bebê aqui? - Perguntei achando tudo muito estranho.

Não. Acho que você foi a última criança que entrou nessa casa. Bom, tem eu e meu irmão, mas não conta. - Ele disse enquanto me levava para dentro do quarto e me ajudava a sentar na cama.

Porque tem um berço aqui? - Olhei cada canto do quarto tentando entender. Era como se eu conhecesse tudo aquilo, mas algo me fazia ter um bloqueio.

Olá querida. - Vi aquela senhora entrar no quarto. - Seu pai já está vindo com seus medicamentos ok? - Assenti sem dar muita importância.

Sabe por que esse quarto está decorado para um bebê?

Bom, esse quarto sempre foi seu. Seu pai nunca deixou ninguém entrar aqui, até anteontem que ele ligou parar trocar todas as roupas de cama. - A olhei sem entender, afinal porque ele ainda deixava meu quarto de quando eu era bebe intacto? Pensei em perguntar mais sobre isso, mas a dor na minha cabeça pedia um pouco de paz. Talvez umas horas de sono me fizesse bem.

Preciso tomar um banho. - Falei baixo mudando de assunto.

Claro. Vai te fazer bem menina. - Ela sorriu terna para mim. - Tem toalha limpa no banheiro. - Ela apontou uma porta no canto do quarto. Quer que eu encha a banheira pra você?

Não. Tomo uma ducha mesmo, vai me fazer bem. Depois quero dormir.

Vamos deixá-la um pouco sozinha, filho. - Ela mirou Ucker que estava calado.

Ok! - Ele me olhou. - Se precisar de algo é só chamar ok?

Ok! - Sorri. - Acho que já me ajudou o bastante.

Estaremos lá em baixo. Consegue tomar banho sozinha? - Perguntou a senhora ainda preocupada comigo.

Acho que sim, eu me viro não se preocupem. Juro que se eu me sentir mal eu dou um jeito de chamar vocês.

Tudo bem. Vamos filho. - Ela saiu sendo seguida por ele que não dissera mais nada. Depois que saíram me esforcei um pouco e fui até o banheiro. Incrível como tudo era decorado com coisas rosa e com decorações para bebês. Até mesmo na parede tinham adesivos decorativos. Tentei ignorar aquilo e comecei a tirar os milhões de roupas que eu vestia. Procurei pela toalha que estava dobrada em cima da pia e vi que a mesma tinha meu nome bordado. Ignorei aquilo e entrei debaixo da ducha quente. Meu corpo sentira alívio com a pressão da água quente caindo sobre ele. Deixei a água percorrer por todo meu corpo. Demorei mais ou menos meia hora para sair do banho e me vestir com um pijama de frio. Depois sequei meu cabelo com um secador e me joguei na cama. Estava com frio, embora o quarto estivesse aquecido. Já estava quase dormindo quando bateram à porta. Não respondi apenas olhei Fernando abrir um pouco a porta.

Não quero te incomodar, apenas vim trazer seus medicamentos. - Ele caminhou até mim e me entregou uma sacola.

Obrigada. - Agradeci pegando a sacola sem se quer me levantar.

Há quanto tempo tem diabetes Dulce? - Ele me olhava com um semblante frio.

Descobri com sete anos, porque? Você não sabia?

Não. - Ele se limitou. - De quanto em quanto tempo você toma?

Geralmente de dois em dois dias, mas dependendo da minha alimentação tenho que tomar todos os dias, ou então chego a tomar até de uma em uma semana. É relativo.

Entendi. - Ele deu de ombros. - Comprei algumas doses pra você, mas quase que não me venderam. Depois tenho que levar você ao médico para conseguir uma receita daqui.

Mentira né? Eu não vou a medico algum.

Vai sim. É para o seu bem mocinha. - Bufei sabendo que não teria escolha. - Vai descer pra almoçar?

Não. - Dei de ombros.

Vou pedir a Alexandra que te traga ago pra comer. Tem alguma coisa que não possa comer? Alergia a alguma coisa?

Não. Apenas não posso comer açúcar em exagero ou ficar sem comer. - Dei de ombros.

Dulce, sei que está chateada comigo, mas te peço que se tiver alguma coisa pra falar fale. Eu não sou um inimigo pra você ok? - Não respondi e depois de alguns segundos me olhando ele saiu do quarto fechando a porta. Me sentei na cama suspirando e depois peguei a insulina na sacola e apliquei em mim. A dor da agulha era o que menos me incomodava. Depois de aplicada, guardei tudo na sacola, e me deitei encolhida até adormecer.

Devo ter dormido horas seguidas. Acordei com o sol batendo em meu rosto. Tudo estava em silêncio então resolvi me levantar. Fui até o banheiro e lavei meu rosto que provavelmente estava todo marcado, depois segui até o andar de baixo. Fui até a sala de estar onde eu acordei horas atrás mas não havia ninguém. Depois resolvi procurar a cozinha já que estava faminta. Senti um cheirinho gostoso e segui até entrar por uma porta.

Boa tarde querida. - Vi aquela senhora tirar um bolo do forno. Alexandra, acho que esse era o nome dela. -Está melhor? - Eu assenti. - Está com fome?

Sim. - Mordi meu lábio inferior procurando um lugar para me sentar.  - Fui até seu quarto levar comida pra você, mas estava em um sono tão profundo que preferi te deixar dormir. O que quer comer?

Não sei.  - Me sentei em uma cadeira perto dela.

Tem suco natural, você pode tomar?

De quê?

Laranja com cenoura.

Sem açúcar?

Sim. Fiz sem açúcar pra você. Fernando disse que o que no que eu pudesse reduzir açúcar era pra reduzir. - A vi ir em direção à geladeira. - O que quer comer?

 Tanto faz. Sendo algo que me encha, eu como.

Vou fazer um sanduíche pra você, e mais tarde você janta ok?

Não costumo jantar. Só em ocasiões especiais.

Tudo bem, mas hoje você janta porque depois de como você ficou hoje precisa comer coisas saudáveis.

Tudo bem.  - Dei de ombros. - Onde está aquele garoto?

Ucker? - Ela me olhou de relance enquanto me servia um copo de suco.

Acho que é esse o nome dele. - Falei mirando a janela.

Está na nossa casa. Ele não parava de perguntar se você estava bem, e me fazia ir de 10 em 10 minutos ver como você estava então tive que mandar ele ir pra lá. Acho que ficou preocupado com você.

Ah. - Fiquei completamente sem graça naquele momento. - Sinto muito não queria preocupar ninguém.

Você não teve culpa. - Ela sorriu para mim novamente. Tinha um sorriso aconchegante e confiante. Ela preparou dois sanduíches pra mim e colocou uma jarra de suco sobre a mesa. - Preciso ir até a cidade comprar umas coisas para o jantar. Precisa que eu compre alguma coisa?

Não. - Eu a olhava organizar as coisas da cozinha. - Acabei de fazer um bolo, não sei se pode comer mas como sei que seu pai ama bolo de chocolate fiz pra ele. Fique à vontade, a casa é sua. - Ela veio até mim e depositou um beijo na minha testa. - Vou dizer a Ucker para vir ficar aqui com você, pra você não ficar sozinha. Seu pai teve que sair e só voltará pela noite.

Tudo bem. - Dei de ombros enquanto pegava um dos sanduíches e dava uma mordida.

Vou indo minha flor. - Ela deu um tchau com a mão e depois saiu pela porta que dava acesso ao fundo da casa. Terminei de comer e fui conhecer o restante da casa. Saí da cozinha e entrei na porta da frente, que dava acesso há uma enorme sala de jantar. Tinha uma mesa enorme e uma adega ambos de estilo rústico. Depois saí dali e fui até a porta ao lado que estava fechada, abri e vi que era um banheiro, não muito grande. Fechei a porta novamente e fui até uma porta ao lado da cozinha, onde tinha uma enorme biblioteca, e duas poltronas com uma mesinha entre as duas. Livros, amo livros talvez o ano que eu fosse passar ali fosse o suficiente para eu ler pelo menos os mais interessantes dali. Entrei na biblioteca e comecei a mexer em alguns livros, que estavam até empoeirados. Talvez ninguém entrasse ali por muitos anos. Um livro me chamou a atenção e o peguei. Estranhei por não ter nome então o abri para olhá-lo. Estava escrito a mão. Estranho. Talvez ele fosse o primeiro de muitos em minha lista.

Acho que não deveria estar aqui. - Falou uma voz rouca atrás de mim e eu me assustei.