Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

Voltei baixinha. - Aquela voz rouca voltou a invadir aquele ambiente me fazendo me arrepiar.

Abri meus olhos e o olhei se sentar ao meu lado com uma caixinha nas mãos. - O que é isso?

Fotos. - Ele abriu a caixa e pude ver as fotos que haviam ali.

De quem? - Me arrumei no sofá olhando a caixinha.

Veja você mesmo. - Ele pegou a pilha de fotos e entregou a mim. Peguei aquelas fotos e comecei a olhar. A maioria estava em sépia ou preto e branco. Haviam umas crianças em algumas. Analisei uma por uma e depois de um tempo o olhei sem dizer nada. - Ainda não se lembra né? - Ele perguntou com a voz um pouco desanimada.

Não. - Mordi meu lábio inferior voltando meu olhar para uma fotografia.

Olha. - Ele pegou a foto que estava por cima. - Esta é você. - Apontou uma menina de uns três anos que usava um vestido branco.

Eu? - Franzi o cenho. - Não tenho fotos de quando era criança.

Não?

Não de antes de me mudar daqui.

Acho que sua mãe não levou nenhuma.

E esses comigo quem são?

Bom. Esse sou eu. - Apontou um garotinho loiro. - E este meu irmão.

Ah sim. Então já nos conhecemos.

Sim.

Posso te fazer uma pergunta?

Claro.

Por que Meu Chris?

Vai mesmo querer saber? - Ele sorriu terno.

Acho que sim.

Você me chamava assim. Costumava a dizer que eu era seu namorado. - Senti minhas bochechas corarem. - Mas era praticamente um bebê, nem sabíamos o que significava isso direito.

Como lembra disso tudo? Você mesmo disse que eu era praticamente um bebê.

Eu tinha 6 anos quando você foi embora.

E eu?

Ia fazer 4 anos quando foi embora.

E você quer que eu me lembre de algo que aconteceu quando eu se quer falava direito? - Ergui minha sobrancelha. - Eu era uma pirralha.

É. - Ele mantinha um meio sorriso na boca.

Tem fotos de quando eu era bebe?

Não. Bom, não consegui recuperá-las.

Recuperá-las?

É.

Por que o que houve?

Quando fui pegar pra guardar já tinham queimado.

Por que queimaram minhas fotos?

Prefiro não comentar sobre isso baixinha.

Será que dá para parar de me chamar de baixinha? - Cruzei meus braços fazendo bico.

Baixinha birrenta. - Ele riu debochado. - Não mudou muita coisa.

Idiota. - Virei-me um pouco de costas pra ele, afinal ele continuava sendo um estranho para me chamar daquela forma.

Porque não começamos de novo? - O olhei de lado -  Porque não foi uma boa forma de te nos “conhecermos” - ele gesticulou aspas me fazendo sorrir.

Meu nome é Dulce. - Estendi minha mão a ele. - Dulce Maria mas meus amigos costumam me chamar de Dul ou Maria. - Ele fez uma careta depois riu. - Que foi?

É que você odiava que te chamassem de Dul. Mas em fim. Meu nome é Christopher Alexander Luis. - Arregalei meus olhos.

E porque te chamam de Ucker?

Christopher Alexander Luis Casillas Von Uckermann. - Imagino ter feito uma cara de retardada porque a gargalhada que ele dera de mim fora das boas.

Tá e aí acabou a tinta da caneta na hora do registro né? - Ergui uma sobrancelha.

Meus pais tinham um sério problema de cabeça baixinha. - O fitei com um olhar de que queria matá-lo e ele riu.

Para de me chamar assim.

Por que?

Por que eu não sou baixinha.

Ah não? - Ele se levantou ficando em pé na minha frente.

Não. - Me levantei e o olhei. - Não em cima do sofá. - Subi no sofá ficando mais alta que ele.

Mas assim não vale.

Vale sim anão. - Mostrei língua. - Você trouxe meu chocolate?

É, esqueci. - O vi coçar a nuca como atrapalhadamente.

Vai deixar meu filho nascer com cara de chocolate Uckermann? - Ele arregalou os olhos ficando boquiaberto e dessa vez fui eu a rir da cara dele.

 Você está grávida? - Continuei rindo. - Agora faz sentido você vomitar meus sapatos que aliás eu comprei ontem Saviñon.

Saviñon teu c. - Ele tapou minha boca.

Baixinha, Saviñon. Como quer que eu te chamo? - Ele sorriu maleficamente. - Anã.

Não sou anã para. - Falei com a voz de bebe e ele riu.

Awn. - Corei o que fez ele rir ainda mais. - Fica linda com vergonha. Suas bochechas ficam vermelhinhas que bebe.

Não sou bebe.

Não mesmo. Se já está grávida é uma adulta. Quem foi o maluco que te engravidou hein?

E você ainda acredita. - Revirei os olhos me jogando no sofá.

Então não está?

Não.

Por que vomitou?

Não sei. Já estava me sentindo mal desde ontem à tarde.

E mesmo assim viajou?

Sim. Não me deixaram escolha.

Não queria vir? - Ele me olhava ainda parado na minha frente.

Claro que não. Acha que eu deixaria Nova York pra vir viver nesse fim de mundo, sem meus amigos sem o Pablo?

Quem é Pablo.

Meu namorado. Bom, acho que agora meu ex né. - Suspirei.

Gostava dele?

Sei lá. Acho que sim.

Sinto muito.

Ele disse que se for para ficarmos juntos isso vai acontecer. Confio nele. E você tem namorada?

Namorada? - Assenti. - Só uma ficante.

Como ela chama?

Alejandra.

Hum. - Dei de ombros.

Quer que eu vá buscar seu chocolate?

Não precisa. Acho que vou dormir.

De novo?

Sim. Não tem nada pra fazer aqui nesse fim de mundo e está frio de mais.

Não gosta de filmes?

Gosto por quê? - O olhei sem muito interesse.

Podemos ver. - Ele se sentou na beirada do sofá me olhando.

Você não tem nada pra fazer?

Não.

Hum. - Mordi meu lábio inferior. Seria uma boa ideia ver um filme com o bonitão, mas ao mesmo tempo queria ficar sozinha. Meditar um pouco. - Não sei.

Por quê?

Porque não sei.

Mas porque não, não é resposta baixinha.

Para de me chamar de baixinha.

Mas você é baixinha anã.

Já te disse que não sou baixinha. - Me sentei ficando próxima a ele.

A não?

Não. - Bufei. - Quer saber eu vou para aquele quarto de bebê que tem lá em cima.

Seu quarto.

Meu quarto é lá em Nova York.

Mari. Seu lugar é aqui. Você nasceu aqui e passou parte da sua infância aqui.

E o resto dela em Nova York. Eu não pertenço a esse mundinho. É pequeno demais para mim. Olha só pra isso não tem nada além de um imenso mar de montanhas. Meu negócio é shopping, parques e essas coisas que qualquer cidade com pessoas de verdade têm.

Quer dizer que não existem pessoas aqui?

Acho que deve existir mais animais né?

Está nos ofendendo Saviñon.

Tanto faz. - Dei de ombros e me levantei. Não sei o que aconteceu mas naquele momento tudo começou a rodar então para não cair tive que me apoiar no ombro dele.

O que foi? - Fechei meus olhos mas sabia que aquele olhar de preocupação de horas antes havia voltado.

Estou tonta. - Sussurrei enquanto senti ele se levantar e me segurar pela cintura.

Abre os olhos. - Abri meus olhos e topei com os dele. - Está sentindo alguma dor? - Neguei.

Eu acho que vou vomitar.

De novo? - Ele arregalou os olhos.

Banheiro. - Me soltei dele e saí procurando um banheiro.