Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy
Não sei exatamente por quanto tempo eu dormi. Acordei e estava completamente escuro. A porta do quarto estava apenas encostada e um feixe de luz invadia o mesmo. Sentei-me na cama com um pouco de dificuldade, meu corpo estava suado e meu estômago doía. Talvez o fato de eu estar vomitando feito uma condenada à morte estivesse afetando meu estômago. Parecia que tinha uma pedra sobre minha barriga. Levante-me e fui até o corredor. Ouvi umas vozes, talvez umas duas. Uma eu reconhecia, parecia ser a de Fernando. A outra, não fazia ideia de quem provinha. Era grossa e meio rouca. Na verdade, nada tão sexy como a de Christopher. Fiquei curiosa, e fui até a escada. Desci em passos de gato e segui para onde vinha aquelas vozes. Jurava que o local que estava não daria para me verem, se não fosse o fato de terem um enorme espelho que fizesse com que ambos vissem minha pessoa.
Filha. – Ouvi a voz de Fernando e quis sair correndo naquele momento. Quis sair correndo, mas nem se quer tive força e tempo pra isso. Em questão de segundos ele se veio até mim. – Está pálida. Se sente melhor? A febre passou? – E todo esse blá blá blá.
“Não sou mais criança Fernando.” – Pensei em dizer isso, mas meu outro instinto falou mais alto. – Meu estômago dói. – Acredite, não faço ideia de onde as lágrimas que inundaram meus olhos saíram! Pude ver um homem se aproximar. Ele não era alto, mas também não era baixo. Ele não era o cara mais lindo do mundo e nem era um cara musculoso, mas até que era charmoso. Vestia-se muito bem.
O que ela tem? – Perguntou o mesmo com um tom preocupado e eu desviei meu olhar.
Está assim desde antes de viajar, mas pelo que me disseram ela começou a dar febre pela tarde. – Respondeu Fernando me guiando até um sofá. – Sente-se aqui, vou pegar um antitérmico pra você.
Não precisa. – Falei baixo me encolhendo.
O que sente? – Aquele cara perguntou se sentando ao meu lado, mas fiquei calada.
Acho que ela não é muito sociável. – Fernando falou e o mirei como quem gostaria de mata-lo. – Já volto. – Ele depositou um beijo em minha cabeça e se retirou.
O que sente? – Ele tornou a perguntar-me e eu o mirei.
Não é nada de mais. – Falei o mais baixo que consegui.
Mas o que sente? – Ele insistiu.
Já disse que não é nada. – Falei nervosa. Odeio que insistam as coisas.
Dulce. – Ouvi aquela voz que me fez arrepiar e pude ver que aquele cara que eu se quer sabia o nome se retirar.
Christopher. – Dei um sorriso fraco vendo-o se aproximar. – Quem é ele?
Luis Rodrigo. – Ele revirou os olhos.
Não gosta de você. – Mordi o lábio inferior.
Eu sei. – Ele deu de ombros se sentando ao meu lado. – Seu pai me disse que você está sentindo dor no estômago. Está muito forte?
Um pouco, mas eu aguento. – Suspirei me deitando encolhida no sofá e ele se ajoelhou próximo a mim levando uma de suas mãos à minha testa.
Ainda está com febre baixinha. – Ele falou calmo.
Vai passar. – Falei sem dar importância.
Vai sim. – Ele me olhou nos olhos.
Você me parece preocupado. – Tentei quebrar a tensão do momento, mas acho que sem êxito.
E estou. – Ele respondeu rápido. Até parecia que já queria dizer isso. Conhecendo os garotos como conhecia, parecia que ele iria me beijar a qualquer instante. Apenas fechei meus olhos e pude sentir a respiração dele próxima e logo em seguida uma voz. Abri os olhos assustada e vi que ele se afastara. Fiquei completamente sem graça e vi que ele também ficara.
Aqui está. – Fernando se aproximou de mim com uma cartela de comprimidos e um copo d’agua.
Disse que não precisava. – Bufei enquanto me sentava e pegava o copo.
Amanhã irá me agradecer por isso. – Peguei um comprimido na cartela e tomei em seguida juntamente com a água, que descera como fogo dentro de mim. – Preciso dar uma saída. Christopher vai ficar aqui com você.
Você nunca para em casa? – Ele apenas depositou um beijo em minha testa e se retirou levando consigo o copo.
Terá que se acostumar. – Christopher se pronunciou ao fundo.
Ele nunca fica em casa?
Às vezes só vem para dormir. Trabalha muito sabe.
Entendi. – Voltei a me deitar.
Não está nada bem hein. – Ele me olhou preocupado. – Vai passar ok! – Ele voltou a se aproximar e se sentou na beirada do sofá.
Isso aqui é um tédio. – Resmunguei.
Até te levaria no centro da cidade, mas no seu estado isso seria impossível.
Tanto faz.
Como tanto faz? Lá é legal, tem uns bares, umas boates. Mas você não pode beber, ainda é menor. – Não pude evitar uma gargalhada.
Vocês aqui estão parados nos anos 50 ou o quê?
Ou vocês que viajaram no tempo né?
Apenas evoluímos.
Evoluíram de que forma?
Quer que eu te explique física ou verbalmente? - Ergui uma sobrancelha.
Da forma que achar melhor. – Ele molhou os lábios sem entender o que eu queria dizer.
Não tem nada legal pra fazer nessa casa? – Mudei de assunto evitando rir. Inocente? Talvez sim, talvez não.
Pra agora não. Mas quem sabe para amanhã.
Montar um cavalo, ou tocar harpa para ovelhas?
Você vai insistir nisso né! – Ele bufou. – Você é bem chatinha, por um lado não mudou muito.
Sou chata mesmo, algum problema?
Não. – Ele deu de ombros. Ficamos em silêncio por alguns minutos. bem constrangedores. – Quer comer alguma coisa?
Não.
Você não pode ficar muito tempo sem comer.
Não tenho fome.
Mas precisa.
Vai me forçar?
Se eu quiser.
E vai me fazer engolir como? – Olhei-o vencedora.
Ok! – Ele sorriu.
Quero tomar um banho. – Mordi o lábio inferior.
Quer que eu te dê um banho ou é capaz de fazer isso sozinha?
Engraçadinho. – Mostrei língua a ele e ele riu.
Vem, eu te ajudo. – Arregalei os olhos. – A levantar sua boba. – Ele se levantou estendendo-me a mão e eu me levantei.
Posso te perguntar uma coisa? – Perguntei baixo.
Claro. Faça todas as perguntas que quiser, só não sei se terei respostas.
O Fernando tem namorada? - Tentei não demonstrar tanto interesse mas fora inevitável.
Não se preocupe, você não tem uma madrasta. Ele não tem tempo para isso.
Entendi. Mas ele não ficou com ninguém durante esses anos?
Olha Mari, não é que eu esteja sendo mal educado, mas não costumo me meter na vida do seu pai.
Ok né. Isso também nem me interessa. Depois que completar a maioridade eu vou voltar pra onde eu nunca deveria ter saído.
Vai mesmo voltar?
Eu não nasci pra viver aqui Christopher. - Nesse momento percebi que ele estava tentando não mostrar decepção.
Eu fiquei tão feliz que você voltou.
Não era pra se lembrar de mim. Éramos crianças.
Nunca me esqueci de você. Do seu jeito, do seu sorriso. Passávamos o dia inteiro juntos. Eu sei que você era um bebe praticamente. Um bebê esperto até. - Ele sorriu provavelmente se lembrando.
Não é possível que se lembre tanto assim de mim, e eu não consiga me lembrar de nada. Exatamente nada. - Suspirei. - É melhor eu subir. - Massageei a barriga sentindo uma dor que se assemelhavam a facadas.
Está tudo bem?
Claro! - Falei irônicamente.
Vem, eu te ajudo a chegar no quarto. - Senti aquele braço envolver minha cintura puxando-me para perto do corpo dele. Fiquei em silêncio. Ambos ficamos, e era um silêncio minimamente constrangedor. Ele me ajudou a chegar até o meu quarto e sem dizer nada se retirou.
Após tomar um banho relaxante, voltei a me deitar. Aquela dor estava se tornando insuportável. Quando estava quase adormecendo, alguém bateu na porta e a mesma se abriu lentamente. Vi que era Christopher novamente, e ele trazia consigo uma caneca.
Toma isso, talvez ajude. - Ele estendeu para mim.
Não quero. - Resmunguei com a voz falha.
Olha, se não fizer bem, mal também não faz. - Ele puxou uma cadeira de balanço e se sentou. - Toma vai. - Voltou a estender-me a caneca.
Já disse que não quero. - Senti uma lágrima traçar meu rosto e pingar no travesseiro.
Está doendo muito? - Apenas assenti.
Olha, eu não posso te medicar, pois não sei o que você tem e nem que remédios você pode tomar. Toma esse chá, por favor. Está tarde para sair agora, se não eu te levava no hospital.
Eu só quero voltar pra Nova York, mais nada ok.
Meu Deus. - Ele colocou a caneca em um criado mudo próximo a nós. - Dulce, você costuma sentir essas dores? Digo, tem algum problema intestinal? Tem gastrite ou algo parecido? - Neguei. - Você comeu algo diferente antes de viajar? - Neguei novamente. - Isso deve ser emocional. - Ele mordeu o lábio inferior enquanto se movia da cadeira de balanço até a minha cama. - Vem cá. - Ele me levantou sem dificuldade alguma. - Tenta ficar calma, relaxar. Sei que os últimos dias pra você não foram bons, mas ficar chorando, ficar com raiva do seu pai, não vai te ajudar. Olha só como você está. - Ele enxugou meu rosto. - Pensa que aqui pode ser um lugar legal, que você vai conhecer pessoas legais na escola. Eu quero ser seu amigo se me permitir, e prometo ficar contigo quando precisar. Sei que vai gostar do meu irmão também, ele é divertido. - Não sei o que deu em mim, pois em um impulso eu me vi envolvida nos braços dele. Eu mal o conhecia, e já me sentia segura com ele. O jeito como ele falava me dava uma certa segurança. Fechei meus olhos e apenas ouvi aquela voz rouca me consolar. Não sei quanto tempo ele falou, mas consegui pegar no sono nos braços dele. Me senti calma e segura.
Acordei mais uma vez. Senti que algo me envolvia. Abri meus olhos e vi que ele ainda estava lá. Metade de mim quis dar um salto para fora da cama, a outra metade quis permanecer naqueles braços. Ele era tão lindo dormindo. Tentei me levantar sem acordá-lo. Sem muito êxito. Fiquei completamente sem graça quando ele abriu os olhos.- Está melhor? - Essa foi a primeira coisa que ele disse enquanto eu o olhava sentada.
Sim. - Assenti ainda envergonhada. - Você dormiu aqui.
Você não me deixou ir. - Arregalei os olhos e ele riu enquanto se sentava. - Quando tentei deitar você novamente você acordou e me pediu pra não ir.
Não me lembro disso.
Acho que não estava dentro de si.
Não mesmo. - Mordi o lábio inferior.
Sua febre ficou muito alta depois que você dormiu. Ainda sente alguma dor? Fiquei preocupado.
Não, me sinto bem.
Que bom. Acho que agora já posso ir né?
Você quem sabe. - Me levantei e fui para o banheiro.
Quando voltei ele já não estava mais lá. Passei o dia sem vê-lo, e isso foi minimamente chato. Nada pra fazer, não tinha lugar nenhum pra ir. Fiquei vagando pela casa o dia inteiro. A noite chegou e também não o vi. Será que eu havia feito algo errado? Falei algo que não devia? Ou melhor, até falei mas não para ofendê-lo.
Autor(a): LaPersefone
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 135
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LaPersefone Postado em 12/12/2015 - 15:00:39
Lêh, milly_vondy e vondyforever180, passando só pra agradecer vocês :0 Fico contente por terem gostado. Um bj
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vondyforever180 Postado em 11/12/2015 - 17:39:57
Uaaaal ,Li Sua Web Terminei Hoje Owwn Amei <3 Parabens
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milly_vondy Postado em 09/12/2015 - 13:52:56
Perfeita, adorei! Parabéns!!!!!
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Lêh Postado em 24/11/2015 - 11:58:24
Menos de 3 dias pra ler, passou rapido.. amei a historia uma pena não ter acompanhado, pelomenos não sentii... VELE MUITO A PENA LAR
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stellabarcelos Postado em 29/09/2015 - 21:03:10
Amei muito essa fanfic envolvente, não dá pra parar de ler!! Você escreve muito bem! Parabéns!
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jucinairaespozani Postado em 14/09/2015 - 00:29:29
Amei parabéns a fic foi maravilhosa, não gostei da Dulce ter pedido pra ele ficar mas enfim, sua fic foi incrível
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aamanda_as Postado em 11/09/2015 - 12:42:04
Parabéns Pela Fanfic , Muita Linda, Até Que Enfim Christopher Esqueceu Essa Ideia De Ir Embora Amei o final Luna esperta sapequinha e baby ponny , noivos vondy, amei amei , todos felizes no final
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anny_freitas Postado em 10/09/2015 - 22:35:50
Perfeito o final amei demais.Essa fic foi perfeita . Parabéns!
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sabrina_sassoto Postado em 10/09/2015 - 21:58:35
Aquele momento que bate um vazio por ter acabado uma das fics que eu mais amo. Dani esse final ficou maravilhoso, finalmente a Dul é feliz. Essa fic foi perfeita do começo ao fim. Parabéns!
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LaPersefone Postado em 10/09/2015 - 20:36:58
Pessoal, a fic chegou ao fim. Demorou mas chegou rsrs... Gostaria de agradecer todos os leitores. Os que comentaram pelo site, os que comentaram pelo facebook e até mesmo os que não comentaram. Espero vê-los em alguma de minhas outras fanfics... De início deixo o link de Meu Guarda Costas aqui. Se alguém quiser, dá uma passadinha lá. Beijos e foi um prazer ter vocês por aqui. E se alguem quiser, pode me seguir no meu twitter. É @LaPersefone LINK: http://fanfics.com.br/fanfic/49002/meu-guarda-costas-vondy