Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

 Oi filha. – Falou o homem sério. Filha? Aquele cara era o meu pai? Fernando Saviñon? Como ele havia engordado e como ele estava velho. Fiquei sem reação e desviei o olhar a Pablo que vinha em minha direção.

Bom dia. – Ele selou meus lábios. – O que foi? Está se sentindo bem?

Dói todo o meu corpo. – Sussurrei e logo em seguida soltei uma série de três espirros.

Você gripou. – Ele disse enquanto sentia minha temperatura do pescoço e testa. - Está com um pouco de febre.

O que esse cara faz aqui? – Perguntei ignorando o que ele havia dito.

Veio para o velório da sua avó.

Ele não é bem vindo aqui. – Falei entre dentes.

Ele é seu pai Dulce. – Olhei de relance aquele senhor.

Não. – Alterei um pouco a voz. – Ele é só o senhor que doou o espermatozoide para minha mãe. – Falei encarando Fernando que ficara sem reação assim como todos ali presentes.

Dulce. – Falou Ivalú vindo em minha direção. – Depois vocês conversam. – Ela falou me levando para dentro novamente.

Eu não o quero aqui. – Falei enquanto entrava no quarto praticamente sendo empurrada por ela.

Dulce dá um tempo. Hoje não é dia pra você fazer birra. – Ivalú revirou os olhos enquanto nos sentávamos na cama de Pablo. – Olha... – Ela mordeu o lábio inferior enquanto corava a nuca. – Não, é melhor esperar o enterro.

Revirei os olhos e ignorei. – Já descobriram do que ela... Ela morreu? – Perguntei com dificuldade, aliás, ainda era difícil pronunciar isso.

Dulce, eles encontraram uma série de remédios no quarto dela. Você não me disse que ela estava doente.

Doente? – Franzi o cenho sem entender. – Ela não estava.

Dulce, sua avó... – Vi-a suspirar fundo. – Ela morreu da mesma doença que sua mãe.

Mas minha mãe morreu em um acidente. – Arregalei os olhos.

Foi o que eu pensava até seu pai... Digo o Fernando falar.

Não acredito no que aquele cara disse. – Levantei-me e saí dali em direção à sala. Aproximei-me de Fernando e o empurrei sem êxito. – Minha mãe não era doente e nem a minha avó ok? – Ele arregalou os olhos surpreso. – Ela morreu em um acidente enquanto voltava do trabalho. O único doente aqui é o senhor. – Apontei meu dedo no peito dele. – Então some daqui antes que eu pegue uma faca e enfie em você. – Falava alterada deixando todos assustados.

Dulce, isso não é verdade. – Ele suspirou enquanto me segurava pelos ombros. – Sua mãe estava doente e só fomos descobrir quando ela morreu. Ela morreu num acidente, mas foi por que seu corpo parou de funcionar e ela não pode controlar o carro. Ela tinha câncer Dulce. E já haviam tomado parte dos órgãos dela. – Naquele instante senti meu rosto encharcar-se com minhas lágrimas quentes.

Isso não é verdade. – Gritei deixando meu corpo cair. – Por que minha avó nunca me disse? Por quê?

Dulce, eu não sei. – Ele se abaixou à minha altura e me abraçou. – Talvez ela quisesse te poupar sofrimento.

Ela não tinha o direito de esconder isso. Eu ia cuidar dela. – Soltei alguns soluços.

Não tinha cura Dulce. – Ergui minha cabeça e o olhei, não conseguia acreditar naquelas palavras, aliás, ele não teria o porquê me dizer a verdade. Olhei para Pablo que estava próximo e implorei que ele me tirasse dali com os olhos. Ele aproximou-se e me estendeu a mão, mas ao ver que eu permanecia imóvel ele me pegou no colo e me levou para o quarto, me deitando na cama.

Calma Dul. – Ele se sentou ao meu lado me abraçando forte.

Que horas é o velório?

Já deve estar começando.

Quero ir pra lá.

Mas você não está bem Dulce.

Que se dane. Quero ir despedir da minha avó.

Tudo bem. – Ele suspirou se soltando de mim. – Vou trocar de roupa e te levo até seu apartamento para você se arrumar.

Assenti e esperei ele se arrumar. Logo ele me levou até meu apartamento onde me arrumei e depois ele me levou até onde minha avó estava sendo velada. Cheguei até a porta e vi o caixão. Não consegui seguir em frente, tudo ainda parecia um pesadelo, e tinha a esperança de que acordaria logo. Pablo ficara comigo parado na porta e eu se quer conseguia prestar atenção nos amigos dela que estavam no local.