Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

Mas já? - Ele se levantou fazendo uma careta de dor. - Acho que estou ficando velho.

Sim. Precisa de mais alguma coisa?

Fica pra jantar conosco?

Não. Vou comer algo lá em casa quando meu irmão chegar, por enquanto estou sem fome.

Tudo bem. Amanhã a gente se vê então. Qualquer coisa estaremos aqui.

Ok. Boa noite. - Ele disse e depois se retirou. Ele continuava me ignorando e eu estava odiando isso.

Preferia quando você brigava apenas comigo. - Fernando me estendeu a mão para me ajudar a levantar.

Eu não fiz nada. Não tenho culpa se ele está fingindo que eu não estou aqui. - Me levantei dando de ombros. - Acho melhor a gente ir comer né?

Sim.

Fomos até a cozinha e jantamos por lá mesmo. Não havia motivo algum para comermos na sala de jantar, já que seríamos apenas ele e eu. Depois do jantar lavamos a louça juntos enquanto falávamos mais sobre minha mãe.

Nunca pensei que meu pai, o qual eu reneguei por anos pudesse me distrair tanto. Me fazer esquecer minhas perdas, meus problemas, minhas decepções.

Ficamos conversando até tarde e ele me contava tudo sobre ela. E cada palavra que ele usava, servia para eu poder revê-la em meus pensamentos. Eu se quer tinha algum vídeo para poder me lembrar de sua voz. Lembro que ela cantava pra mim ou lia histórias na hora de dormir, mas já faziam quase dez anos e eu mal me lembrava do tom de sua voz.

Peguei no sono enquanto ele falava e eu imaginava cada cena. Ela era perfeita. Era minha mãe.

No dia seguinte passei a manhã e a tarde tentando decidir ir ou não na festa da escola. Entreguei o convite que Anahí havia mandado para Alfonso na hora do almoço, e junto com ele o meu convite extra. Talvêz ele soubesse o que fazer com ele.

Oito horas em ponto, e lá estávamso nós. Christopher, Alfonso e eu esperando Anahí na porta da escola. Não demorou muito para que ela chegasse.

Entramos os quatro na escola e assim que pude me afastei deles. Não estava nem um pouco a fim de ficar ali, com Christopher ignorando a minha existência o tempo todo. Afastei-me o máximo que pude da festa. Fiquei sentada por quase duas horas no gramado que tinha atrás do prédio principal olhando as estrelas.

Alguém se sentou ao meu lado me estendendo um copo. Olhei para o lado e lá estava ele. - Eu me pergunto o que uma garota tão bonita faz aqui sozinha. - Meu corpo gelou. Bonita e sozinha na mesma frase saindo da boca do professor Guilhermo. Lembrei-me do alerta de Anahí no dia anterior.

Estou esperando uma pessoa. - Menti. Talvêz assim ele saísse.

Bom, já faz um tempo que vi você vir para cá, e pelo que sei as únicas pessoas que você conversa estão lá dentro se divertindo.

Anda me vigiando?

Bom, eu sou professor. É meu trabalho vigiar os alunos.

Acho que não preciso de ninguém me vigiando. Não tem o porque disso.

É, talvêz não mesmo. - Ele tomou um gole do outro copo. - Você está bonita.

Origada. Mas acho que você deveria ir vigiar os alunos. - Fiz menção de me levantar mas ele segurou minha mão. Um cala frios percorreu meu corpo.

Acho que podemos ser bons amigos. - Ele me olhou e eu me arrepiei.

Bom, eu acho que não tenho intenção alguma de ser amigo de qualquer professor meu. - Dei de ombros.

Eu não sou qualquer um. Eu sou o professor Memo.

Guilhermo. - O corrigi. - E para mim não passa de mais um professor na minha lista dos que não quero ver além das aulas.

Acho que você não me entendeu. - Ele negou. - Sabia que algumas alunas caem por mim?

Seria uma pena se eu não fosse essas alunas.

Não sabe o que está perdendo. - Ele mordiscou a borda do copo.

Ah, eu sei sim. - Me levantei e ele se levantou junto.

Quer dar uma volta?

Claro que não. - Me afastei. - Fique longe de mim, ou eu vou gritar. - Fiz menção de gritar e ele tapou minha boca.

Não precisa disso. - Ele me puxou contra seu corpo e eu tremi.

Eu tenho nojo de tipos como você, então é melhor ficar longe ou eu faço um escândalo aqui. Você não me conhece.

E você não me conhece. Independente do que você diga, em quem você acha que vão acreditar? Em uma aluna que vive dizendo que odeia os professores dessa escola ou num professor que trabalha aqui há quatro anos?

Bom, sabendo que existe uma lei que protege menores de idade, e que considerarriam qualquer ato contra mim, ou violência contra mulher ou pedofilia... O que você acha? - Peguntei tentando controlar as lágrimas e ele me soltou. 

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