Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy
Meu corpo estava cansado, exausto. O ar me parecia pesado. Abri meus olhos, assustada. Pareciam ter enfiado facas em meus olhos. Eu aspirava e respirava forte. Estava sentada. Os borrões estavam tomando vida. Christopher dormia na poltrona no canto do quarto, enquanto Ivalu mechia no celular. A mesma deixou o celular cair quando me viu levantar num impulso. Chistopher acordou assustado com o som do aparelho se chocando contra o chão. E ambos ficaram me olhando. Ivalu veio até mim, seus olhos estavam marejado. Mas ela não olhava para mim. Agora pude ouvir o som contínuo do aparelho que marcava os meus batimentos. Christopher correu para fora. Fechei meus olhos. Isso não estava acontecendo. Não. Não. Não. - Gritei. Mais uma vez abri meus olhos. Agora tudo estava realmente calmo. Christopher agora estava sentado ao lado da maca segurando minha mão. Ele dormia. Movi minha mão na esperança de que eu estivesse acordada de verdade. Agora eu tinha a certeza de que não queria morrer. Era a pior sensação do mundo. Soltei minha mão da dele, mas dessa vez não tinha um corpo sem vida no lugar da minha mão. Acariciei-lhe o rosto. Aos poucos ele acordou. Talvêz ainda estivesse atônito. Ele me olhava, seus olhos estavam marejados.
Baixinha. - Ele acariciou meu rosto. Tentei falar algo. Minha boca até que se mecheu, mas a voz não saiu. - Você acordou. - Ele apertou minha mão contra seu rosto e eu assenti. - Nunca mais faça isso comigo. - Ele enxugou o rosto. - Nunca mais, está me ouvindo? - Ele ordenou e eu sorri. Tentei falar alguma coisa, mas sem êxito. - Tudo bem. Descansa. Você precisa descansar. - Segui a mão dele com os olhos e vi que ele apertara um botão ao lada da maca. Já havia visto um daqueles em algum filme ou novela. É daqueles que se usa para chamar o médico. Christopher me olhava. - Pensei que não iria conseguir.
Eu queria falar. Perguntar quanto tempo eu estava ali. Onde estava meu pai. Mas minha voz insistia em não sair. Peguei a mão dele e usando meu dedo indicador comecei a usá-lo como se fosse lápis. Primeiro fingi escrever a palavra “voz”
Não consegue falar? - Assenti. - Está fraca de mais, o médico disse que isso poderia acontecer. Mas vai passar logo. - Ele sorriu terno, acreditando no que ele dizia. Depois escrevi “Tempo?” e ele engoliu seco. Assenti dando a ideia de que estava tudo bem. - Não quero falar sobre isso. A ultima vez que falei você quase morreu Dulce. - Levei minha mão e acariciei-lhe o rosto depois voltei a escrever. “Por favor” - Ele suspirou e por fim respondeu: - Dezessete dias. - Suspirei. Dezessete dias inconsciente, indo para o além e voltando à terra. Mais uma vez a morte havia ido de mãos vaizas para a casa. Não foi dessa vez. Tive vontade de dizer a ela. “Ivalú” Escrevi e ele custou entender, mas entendeu. - Seu pais os levou hoje cedo pra casa. Estavam cansados. Meu irmão ficou aqui de manhã, a Annie ficou à tarde e eu estou agora à noite. Seu pai ficou de vir pra ficar de madrugada. Houve um tempo de silêncio. Suspirei frustrada. Queria poder ver todos, queria que vissem que eu estou bem. Acariciei-lhe a palma da mão, como se estivesse apagando algo. E então escrevi. “Me beije”. A primeira reação foi arregalar os olhos, a segunda sorrir, a terceira acariciar meu cabelo e a quarta be beijar. Foi uma beijo totalmente calmo e leve. Não envolveu língua, até porque não deu tempo.
Respiração boca a boca, acho que não é permitido aqui dentro. - A medica disse tentando ser séria. Era a mesma voz que queria desligar meus aparelhos sabe-se lá quando tempo antes. De um sorriso minha cara fechou. - Será que poderia nos dar licença Uckermann? - Ela disse. - Precisamos examiná-la agora.
Tudo bem. - Christopher se levantou. - Eu volto, vê se não sai daí viu. - Ele beijou minha testa e eu assenti sorrindo. - Ela não está conseguindo falar. - Ele deu um passo para trás e eu segurei sua mão. Queria escrever a ultima coisa. Escrevi. “Eu te amo” Ele me olhou por um instante. Seus olhos se encheram de lágrimas. Ele sussurou “Eu também” e se retirou.
Depois de ser examinada acabei dormindo novamente e quando acordei já não estava mais no mesmo lugar. Provavelmente haviam me levado da UTI para o quarto. Notei que ali estavam todos. Meu pai, Ivalú, Pablo, Annie e Alfonso. Ou quase todos. Christopher não estava. Tentei me sentar mas logo me impediram.
Oi. - Disse sem graça, e minha voz saiu quase imperceptível. Mas pelo menos dessa vez saiu. Todos me olhavam como se eu fosse um defunto. Meu pai veio até mim e beijou minha testa.
Até que em fim. - Ele sussurrou. - Nunca mais faça isso.
Fazer o quê? Eu não fiz nada. - Fiz bico e todos riram.
Me deixar. Eu teria enlouquecido sabia?
Eu estou aqui agora. - Suspirei. - 17 dias morrendo e vivendo, isso é sinistro. - Mordi o lábio inferior.
E como é isso? - Olhei Anahí que estava sentada ao lado de Alfonso.
É igual nos filmes mesmo, que a alma sai do corpo e vê tudo? - Pablo perguntou divertido. - Eu juro ter visto sua alma passar atrás de mim pelo espelho. - Ele veio até mim e me abraçou. Aquele cheiro. Aquele abraço me deixaram sem fôlego. - Você nos deixou de cabelo em pé dona Dulce. - Ele pincelou meu nariz.
Dul. - Iva veio até mim e me abraçou começando a chorar em seguida.
Iva, está tudo bem, não chora. - Ela soluçou.
Não sei o que seria de mim se minha melhor amiga fosse embora pra sempre.
Eu estou aqui agora, é isso que importa não é?
É sim. Como está se sentindo?
Pronta pra outra.
Nem sob sentença de morte diga isso Mari. - A voz de Christopher invadiu o ambiente. Olhei para o lado. Para a porta e pude ver um buquê de rosas azuis e um urso panda de palúcia gigante. Meu queixo caiu. Olhei Pablo de relance. Ele sorria. E isso foi reconfortante. Talvêz Christopher tivesse conversado com ele e eles tivessem selado um acordo de paz.
O que é isso Christopher? - Perguntei sentindo minhas bochechas corarem.
Um urso de pelúcia e um buquê de rosas para você. Bom, bem vinda de volta. - Ele me entregou o buquê e depois colocou o urso que era quase do meu tamanho em cima de mim.
Obrigada. - Senti minhas bochechas corarem e cheirei as flores.
É bom poder ouvir a sua voz. - Ele sussurrou no meu ouvido. Ouvi a porta se fechar e olhei em volta. O urso me impediu de ver todos se retirarem silenciosamente. - Como se sente?
Bem. Só um pouco cansada, mas bem.
Fico feliz por isso. - Ele tirou o urso de cima de mim e o colocou no chão.
Que parque você assaltou?
Nenhum. Eu comprei, oras. - Ele deu de ombros. - Gostou?
É lindo. - Sorri. - Quanto tempo eu dormi?
Desde ontem a noite.
Já é dia?
Sim. Quando voltei pra te ver você já não estava mais na UTI. Tive um pequeno surto até me dizerem que tinham te trago pra cá.
Sei como é. - Mordi o lábio inferior. - Chris, eu acho que vi minha mãe. - Falei baixo. Ele provavelmente riria de mim.
Como assim?
Não sei bem quando foi. Mas eram ela e minha avó. Elas diziam que não era minha hora, que eu tinha que ser forte.
Que precisava ser forte e que ia conseguir. - Ele completou e eu assenti. - Foi eu quem te disse isso Dulce. - Ele suspirou. - Desculpa. Você pode ter sonhado mas estava ouvindo a mim.
Mas... mas elas estavam sentadas lá naquele banco do lado de fora de casa. Foi real Christopher. - Insisti. - Eram elas.
Meu amor, eu sei que você passou por momentos difícieis. Mas não acho que esse tipo de coisa seja possível. Não acredito nisso.
Não acredita em quê?
Em almas que ficam vagando por aí. Aliás você nem esteve perto daquele banco.
Eu também não sei se acredito. Mas... Mas eu vi o dia que estava você e a Ivalú e que o aparelho simplesmente parou. Eu estava sentada e meu corpo não.
Dulce. - Ele suspirou. - Seu aparelho não parou em momento algum. E na UTI nunca foi permitido mais de uma pessoa, isso é impossível. Você esteve sonhando por muito tempo. Apenas isso. - Me encolhi. Talvêz fosse melhor que fosse apenas um sonho.
É. Pode ser. - Mordi o lábio inferior. - Talvêz ter visto meu corpo sem vida fora apenas um sonho.
Um pesadelo né? Eu teria ficado louco. - Ele selou meus lábios. - Sabe o que eu acho?
O quê?
Que você esteve o tempo todo lutando pra viver e seu cérebro formou imagens que não existem. Que nunca existiram. Não era sua hora de partir Baixinha. Deve ser por isso que seu cérebro mostrou sua mãe e sua avó dizendo que não era hora. E depois mostrou como seria seu corpo sem vida. Tão nova, tanta coisa pra fazer. Aposto como você lutou pra viver quando viu seu corpo sem vida.
É... De certa forma sim. Eu entrei em desespero e aí tudo apagou. Quando acordei você estava lá. Dormindo. Tive tanto medo de ainda estar naquele vai e volta. Mas quando você falou comigo eu me senti tão aliviada. Porque você estava me vendo de verdade.
Quando acordei e senti você tocando meu rosto, pensei que estava tendo um sonho. Mas aí seus olhos estavam com vida. Me olhando. Só então tive certeza que tudo estava bem. - Ele beijou minha testa.
Me diz uma coisa?
O quê?
E a pizza?
Pizza Dulce? - Ele me olhou incrédulo.
É, acho que é por isso que eu voltei. Pra onde eu ía não tinha pizza. - Dei um sorriso sapeca e ele riu. Depois me beijou.
Não teve pizza. Nós ligamos pro seu pai bem depois que ligamos pra emergência. Acho que ele estava quase chegando na cidade. E a ambulância já estava vindo pra cá, então ele chegou e os enfermeiros já estavam te colocando na ambulância. Sabe bem como eles correm quando é emergênca né.
É, sei sim. Eu tentei te dizer pra me dar algum doce, mas eu não consegui. E você me sacudindo como se fosse fazer todos os meus problemas pularem para fora de mim. - Dei uma risada fraca.
Você estava consciente?
Mais ou menos né. Acho que de inicio eu desmaiei mesmo, acordei com o Poncho mandando você parar de me balançar.
É, acho que te balançar não ajudou muito. Mas eu queria que você acordasse. Foi tudo tão rápido. Você me parecia bem e do nada desmaiou.
Minha diabetes está muito forte?
Sim. O medico disse que os cuidados deverão ser dobrados. Mas tudo bem. Eu vou cuidar de você. Se você deixar, claro.
Eu deixo. - Sorri. - Estou com sono.
Então dorme. São os medicamentos que estão usando em você. Mas logo você vai pra casa e isso vai passar.
Bastaram alguns poucos e longos dias para eu ir pra casa. Quando por fim voltei, nem Ivalú nem Pablo estavam mais em Williams. Eles tinham que voltar para casa, pois tinham aula. Conversei com Pablo sobre o Christopher e ele disse que estava tudo bem. Que havia gostado dele e que confiava nele. Disse que também achava que estava apaixonado por uma garota cujo nome eu nem me lembro.
Era um fim de semana, quando acordei e a primeira coisa que vi, fora um envelope branco escrito a palavra “Baixinha”. Uma carta de Christopher. Sorri tentando imaginar o que ele teria me escrito em uma carta mesmo morando perto de mim. Tudo que ele quisesse me dizer ele poderia até mesmo da janela do quarto dele. Abri rapidamente o envelope e comecei a ler. A carta dizia o seguinte:
Autor(a): LaPersefone
Este autor(a) escreve mais 8 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
“Bom dia Baixinha. Espero que tenha acordado bem hoje. Na segunda você já poderá voltar às aulas e isso talvêz ocupe mais o seu tempo. Não sou muito bom com cartas, mas espero que possa me entender. Talvêz você me ache um idiota por não ter coragem de te dizer isso frente a frente, mas eu realmente ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 135
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LaPersefone Postado em 12/12/2015 - 15:00:39
Lêh, milly_vondy e vondyforever180, passando só pra agradecer vocês :0 Fico contente por terem gostado. Um bj
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vondyforever180 Postado em 11/12/2015 - 17:39:57
Uaaaal ,Li Sua Web Terminei Hoje Owwn Amei <3 Parabens
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milly_vondy Postado em 09/12/2015 - 13:52:56
Perfeita, adorei! Parabéns!!!!!
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Lêh Postado em 24/11/2015 - 11:58:24
Menos de 3 dias pra ler, passou rapido.. amei a historia uma pena não ter acompanhado, pelomenos não sentii... VELE MUITO A PENA LAR
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stellabarcelos Postado em 29/09/2015 - 21:03:10
Amei muito essa fanfic envolvente, não dá pra parar de ler!! Você escreve muito bem! Parabéns!
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jucinairaespozani Postado em 14/09/2015 - 00:29:29
Amei parabéns a fic foi maravilhosa, não gostei da Dulce ter pedido pra ele ficar mas enfim, sua fic foi incrível
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aamanda_as Postado em 11/09/2015 - 12:42:04
Parabéns Pela Fanfic , Muita Linda, Até Que Enfim Christopher Esqueceu Essa Ideia De Ir Embora Amei o final Luna esperta sapequinha e baby ponny , noivos vondy, amei amei , todos felizes no final
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anny_freitas Postado em 10/09/2015 - 22:35:50
Perfeito o final amei demais.Essa fic foi perfeita . Parabéns!
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sabrina_sassoto Postado em 10/09/2015 - 21:58:35
Aquele momento que bate um vazio por ter acabado uma das fics que eu mais amo. Dani esse final ficou maravilhoso, finalmente a Dul é feliz. Essa fic foi perfeita do começo ao fim. Parabéns!
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LaPersefone Postado em 10/09/2015 - 20:36:58
Pessoal, a fic chegou ao fim. Demorou mas chegou rsrs... Gostaria de agradecer todos os leitores. Os que comentaram pelo site, os que comentaram pelo facebook e até mesmo os que não comentaram. Espero vê-los em alguma de minhas outras fanfics... De início deixo o link de Meu Guarda Costas aqui. Se alguém quiser, dá uma passadinha lá. Beijos e foi um prazer ter vocês por aqui. E se alguem quiser, pode me seguir no meu twitter. É @LaPersefone LINK: http://fanfics.com.br/fanfic/49002/meu-guarda-costas-vondy