Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

Já entendi. - Ele soltou minha outra mão. - Pode colocar as cartas na mesa. Você não vai terminar com ele. - Tentei responder mas todas as palavras do dicionário minha boca. - É isso que você quer?

Pensei em dizer que não. Mas eu teria que explicar tudo a ele e o não poderia acabar com a vida dele.

Não posso explicar. - Puxei todo o ar que coube em meu pulmão.

Tem alguma coisa muito errada nessa história.

Se você já sacou isso, porque ainda pergunta? - Cruzei meus braços tentando me fazer a durona. Iriamos discutir mais uma vez.

Porque eu não consigo te entender. Não consigo Dulce. Uma hora está tudo bem entre nós, na outra você só falta me crucificar. Você sofre de algum problema psíquico é isso?

Vai se ferrar Uckermann.

Estou perguntando, porque isso não é normal não é normal, a maneira como está agindo não é normal. Dulce, eu não quero brincar. Não quero que brinque comigo.

Apenas confie em mim. - Disse com a voz baixa. Não queria discutir. Já havia sofrido de mais pela tarde.

Eu confio em você. Mas não confio no seu outro você.

Como assim?

Você tem duas personalidades, e não sei com qual eu estou lidando.

Está dizendo que eu sou bipolar? Eu não sou bipolar.

É o que me parece.

Não tem que parecer nada. Eu sou assim, aceite você ou não. - Fui até o closet e busquei algumas peças de roupa.

Olha, se você vai continuar com esse jogo, me avisa pra eu saber se devo ou não entrar nele. Não quero ser feito de idiota. - Ele disse com a voz um pouco alta. Jogo? Isso não era um jogo. Ou talvêz fosse. Um jogo que eu precisaria perder para deixá-lo viver. Será que eu não estaria exagerando em tudo isso? E se Rodrigo tivesse falado tudo aquilo apenas para me assustar? Mas, e se ele realmente fizesse algo contra o meu Chris? Eu não me perdoaria nunca.

Isso não é um jogo Christopher.

Ah não. O que é então? - Olhei para ele. O que era? Eu também queria uma resposta concreta. - Dulce, na boa. Olha só pra isso. Olha o que acabamos de fazer aqui. Eu não te entendo, juro que não entendo.

Não tem que me entender.

Eu sei. Mas não é por isso que você tenha que tentar me confundir ainda mais. Eu não sou homem de servir de amante ok. Ou você termina com aquele imbecil do Lius Rodrigo, ou nunca mais fala comigo.

Eu não quero deixar de falar com você Christopher.

Ah não? Porque? Ele não é homem para te satisfazer quando você está mal?

Ei, assim você me ofende.

E quer que eu fale o quê? Não se esqueça que aquele dia você- Ele me apontou o dedo e continuou. - foi até minha casa me procurar.

E você não resistiu. Poderia ter dito não e ponto. Mas preferiu fazer sexo comigo e depois me jogar para fora da sua casa como se fosse uma qualquer?

E não é? - Arregalei meus olhos.

Claro que não. - Senti meus olhos arderem.

Então deve ser super normal lá em Nova York as meninas da sua idade namorarem um e procurarem outro para transar. Só que aqui não é assim e eu não vou me permitir fazer parte disso. - Ele saiu em passos firmes.

Idiota. Eu não sou assim ok. Se eu... Se eu me deitei com você, não é por diversão ou apenas prazer. - Gritei. Idiota. Um eterno idiota, e eu uma eterna imbecil. Onde fui me meter? Eu não queria perdê-lo. Não queria que ele pensasse isso de mim, mas por enquanto, apenas por enquanto eu não posso fazer nada.

Fiquei sentada na minha cama olhando pela janela e com o pensamento a mil por hora. Eles foram interrompidos mais ou menos umas duas horas depois com meu pai entrando no quarto. Junto dele havia um senhor, que pelas vestimentas acredito ser Cherife da cidade.

Dulce, esse é o Cherife Chavez.Ele veio te fazer algumas perguntas.

Não quero falar com ninguém, será que não entende Fernando? - Voltei a olhar a janela abraçando minhas pernas.

Deixe-me a sós com ela Fernando.

Tudo bem. - Ouvi a porta ser fechada poucos segundos depois.

E então. - Ele puxou a cadeira e se sentou. - Gostando da cidade? É muito diferente de onde você morava não é mesmo?

Principalmente pelo fato de que ninguém se metia na minha vida privada.

Olha querida, eu não tenho a intenção de me meter na sua vida, porém o seu pai está desesperadamente preocupado com você.

Eu não quero falar, será que não dá pra respeitar isso?

Estão te ameaçando, é isso?

Não, não tem ninguém me ameaçando, e se a preocupação dele é que alguém encoste em mim, ele pode ficar despreocupado, porque eu não corro nenhum perigo. Olha, eu conheço meus direitos de ficar calada, e já tenho idade o suficiente pra saber o que eu quero, e nesse momento eu só quero espaço. Eu estou bem e não preciso de ninguém querendo saber o que aconteceu.

Sabe que se alguém tiver lhe ameaçando pode nos dizer. Você terá nossa total proteção. - O olhei. Como se quem precisasse de proteção fosse eu. Suspirei.

Eu já entendi, agora será que posso ficar sozinha? Estou cansada.

Tudo bem. Se precisar, a delegacia fica a menos de três quadras do colégio onde você estuda. Pode ir lá quando quiser. - Ele se levantou e se retirou.

Você não comeu nada Dulce. - anahí disse enquanto me observava passar o garfo em movimentos circulares pelo prato. Eu nem sei porque é que eu havia pego um prato de comida se eu odiava a comida do refeitório. - Come pelo menos um pouco, vai.

Não estou com fome. - Falei tão baixo que ela quase nem escutou.

Você comeu hoje? - Assenti e ela suspirou. - Como foi ontem? Conversou com ele? E o Christopher? Não se acertaram?

Não quero falar sobre isso, pode ser? - Empurrei a bandeja de comida para a frente, me levantei e saí.

Não faltavam mais que quinze minutos para tocar o sinal do fim da hora do almoço. Passei no meu armário, peguei o material da aula seguinte e fui para a sala. Queria ficar sozinha e não queria ninguém me perguntando o que eu tinha. Fiquei sentada apenas olhando para a lousa rabiscada por alguns alunos.

A aula começou e eu continuei calada. Notei quando Anahí sentou ao meu lado mas nem me movi. A professora falava, falava, falava, mas nada do que ela falava fazia sentido para mim. Tudo que eu ouvia eram as palavras de Christopher insinuando que eu fosse uma qualquer e as de Rodrigo ameaçando a vida de Christopher. O que fazer?

Senhorita Saviñon, está tudo bem? - A professora parou a aula e todos me olharam. Senti que meu rosto estava encharcado. A que momento eu havia começado a chorar?

Não. - Enxuguei meu rosto. - Será que posso me retirar um momento? Não estou me sentindo bem.

Tudo bem. Precisa que alguém te acompanhe?

Não. - Me levantei.

Tudo bem. Só não fique andando por aí. - Ela me entregou a permissão para sair da sala e eu me retirei sem falar mais nada.

Fui para o pavilhão de educação física. A probabilidad ede haver aula ali no primeiro horário após o almoço é zero. Entrei com cuidado para que nenhuma pessoa me visse e fui direto para a área de ginástica. Eu queria ficar o mais escondida possível. Haviam alguns colchões empilheirados na parede e me escondi atrás dele, já que na parte superior ficava um vão entre o colchão e a parede. Fiquei ali, por segundos, minutos, horas. A sala estava pouco iluminada e era a segunda mais isolada do pavilhão.

Ouvi o ranger da porta e a luz se acender.

Dulce? - Era a voz de Anahí. - Eu sei que está aí. - Me mantive em silêncio. Como ela tinha me achado. - Estão todos te procurando. - Ela veio até os colchões e os derrubou. - Você está péssima. - Se sentou ao meu lado. - Quer conversar? - Neguei. - Seu pai está te procurando.

Como você me achou? - Enxuguei o rosto.

Existem câmeras nos corredores desse pavilhão.

Eu não quero ir pra casa Anny. - Me joguei em seus braços.

O que está acontecendo? Me diz.

Não quero ir pra casa. Não quero ver ninguém. - Insisti ignorando a pergunta dela.

Mas pra onde você vai? Não pode ficar aqui.

Não sei. Eu não posso ir pra sua casa?

Bom.. pode. Acho que meus pais não vão se importar.

Depois de me acalmar um pouco Anahí me levou até seu carro, depois foi até meu pai dizer que eu ficaria em sua casa essa noite. Ela pegou meus materiais e depois fomos para a casa dela. Já em casa, Anahí explicou aos pais dela que eu passaria a noite lá e que no dia seguinte iríamos juntas para a escola.

Expliquei a ela, depois de fazê-la prometer que guardaria um segredo de estado. Prieiro ela raciocinou, depois quis me matar, e só depois deixou pra lá. Ela me parece o tipo de pessoa que só se mete onde realmente é chamada e eu gosto disso.