Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

É diferente Annie. Ele... esle estuprou você. - Essa palavra me deu náuseas. Fechei meus olhos e suspirei fundo. Um ardor subiu por meu esôfago e parou por minha faringe.

Está tudo bem? - Ela secou os olhos com as costas da mão e me encarou.

Sim. - Suspirei e abri meus olhos.

Você ficou pálida. - Ela mordeu o lábio inferior.

Sim. Eu só quero um copo com água.

Eu vou pegar pra você. - Ela desceu da maca. - Espera... eu não posso te deixar sozinha aqui.

Está tudo bem.

NÃO, NÃO ESTÁ DULCE. - Ela disse, ou melhor, gritou. Isso me assustou. - Desculpa.

Tudo bem. Eu... eu posso ir com você. - Mordi meu lábio inferior e depois desci da maca procuranco meu tênis. Ele estava bem embaixo dela. Abaixei, peguei e os calcei com pressa. - Vamos. - Levantei-me e me virei na mesma hoora em que a porta se abriu com tanta rapidez que imaginei que fosse se partir.

Filha. - Meu pai praticamente voou até mim me abraçando. - Está tudo bem? Meu Deus, eu vim o mais rápido que pude. - Ele apartou-se de mim me analizando.

Sim, eu estou bem. - Olhei para o lado.

Você já conversou com o diretor?

Eu precisava ver você primeiro, e ter a certeza que estava bem. - Ele acariciou meu rosto. - Está um pouco pálida. Precisa comer alguma coisa filha.

Eu sei. - Abaixei a cabeça. - Preciso te contar uma coisa. Uma coisa que vem acontecendo faz algum tempo.

O quê é? - ele me olhou preocupado e eu mordi meu lábio inferior olhando para o lado.

Estava sentada no sofá de espera, no corredor ao lado da sala da direção. Estou escutando os berros do meu pai e do pai de Anahí, que chora descontroladamente ao meu lado enquanto a mãe tenta acalmá-la. Apesar da situação, invejo Anahí. Seus pais podem ser o que for, mas pelo menos ainda são uma família. Estou desejando, mais do que nunca que minha mãe estivesse aqui. O que ela estaria dizendo pra mim agora?

Um dos policiais apareceu no fim do corredor. Sua cara não era das melhores.

E aí. - A mãe de Anahí se levantou rapidamente. - Prenderam o desgraçado? Eu quero que ele apodreça na cadeia. - Sua voz estava carregada de ódio.

Minha cabeça estava latejando à medida que os gritos de nossos pais ecoavam pelo ambiente. Eu só queria fechar os olhos e dormir.

Na minha cama.

Eu sinto muito, mas ele conseguiu escapar.

O quê? - Ela gritou e eu arregalei meus olhos. - Como vocês permitiram isso. Estão dizendo que tem um psicopata à solta?

Acredito que tenha fugido com o barulho da sirene, senhora. - Ele disse calmamente. - Já colocamos nossos homens em busca dele. Esperamos encontrá-lo em breve. Colocaremos viatura para a proteção de todos vocês enquanto não o encontrarmos. - Ele continuou.

Christopher saiu calado da sala do diretor. Havia me esquecido de sua presença. Ele me olhou com um olhar tão piedoso que senti vergonha de mim. Me encolhi na cadeira e envolvi meus próprios braços ao meu redor com tanta força, que pensei que eles sairiam do lugar.

Percebendo meu desespero, ele fechou a porta atrás de si e veio até mim.

Está tudo bem agora. - Ele se abairou na minha frente posicionando suas mãos sobre minhas pernas.

Eu quero sair daqui. - Disse antes de começar a chorar. - Eu estou com medo.

Está tudo bem. - Ele passou as costas dos dedos por minha bochecha. - Está segura agora, eu prometo. - Ele abaixou a cabeça. - Eu fui um estupido aquele dia, eu sinto muito. Se eu... se eu soubesse, juro que ele estaria paraplégico agora.

Você foi mais que um estúpido Christopher. - Soltei uma sequencia de três soluços.

Me perdoa? - Seus olhos estavam mareados e encaravam os meus. - O que eu posso fazer pra você me perdoar?

Nada vai mudar isso. Não adianta. Eu posso te perdoar, mas eu sempre vou lembrar das mãos dele em mim, e de como você me olhou aquele dia. Eu precisei tanto de você e você me tratou daquela forma. - Tive que desviar o olhar.

Eu sinto tanto por isso. Me arrependo tanto, tanto. - Ele apertou minhas pernas e se levantou.

Me abraça? - Pedi. Apesar de tudo, eu precisava de um abraço. Sem hesitar, ele me levantou e me abrraçou. Forte. Exatamente como eu precisava.

Quer ir pra casa? - Ele perguntou depois de um bom tempo, quando viu que eu estava me acalmando.

E o meu pai? - Escondi meu rosto no pescoço dele. Eu amava o seu cheiro. Me fazia tão bem.

Estamos em carros separados. - Ele acariciou minhas costas. - Já fizemos o B.O, você pode ir. Seu pai vai cuidar de tudo.

Eu estou com medo.

Haverá duas viaturas vigiando a casa, e eu ficarei com você.

Tudo bem. - Suspirei e me afastei. Eu precisava mesmo ir.

Quando cheguei em casa tomei um banho, enquanto Christopher preparou uma sopa para mim. Depois de comê-la, nós dois ficamos no meu quarto. Deitados na minha cama.

Abraçados.

Acabei adormecendo em seus braços, com a cabeça enterrada em seu pescoço para poder sentir seu cheiro. Era o que me deixava mais tranquila.

Acordei assustada. Estava envolta a um edredom e meu quarto estava escuro. Eu estava sozinha.