Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy
Chegou o dia da formatura. Depois do que aconteceu, tive apenas que fazer um teste escrito, que foi bem fácil.
Estou sentada baixo ao sol escaldante no campo de futebol, com essa maldita beca e esse chapéu que juntos parecem pesar tres toneladas. Estou suando horrores em baixo dele.
Depois do orador da turma dizer tantas coisas que eu se quer prestei atenção, vejo Anahí subir no palco. Por ser em ordem alfabética, ela foi a segunda, depois de Ana. Uma menina que eu nunca dirigi a palavra na minha turma. Ela tem um sorriso orgulhoso no rosto e agora encara alguém na plateia. Provavelmente seus pais, que não paravam de falar como estavam orgulhosos antes de começar. Mais alguns nomes e lá fui eu, em direção ao palco. Confesso que há uma ponta de alegria em mim. Acabar o colegial é o sonho de qualquer um. Mas por outro lado, me parte o coração lembrar que por tantas vezes sonhei com algo que agora não irá se cumprir. Sempre me imaginei com meus amigos, todos vestidos com essa roupa que sinceramente, não é bonita. Comemorando, fazendo planos de irmos para a mesma faculdade. Imagino que todos estão juntos, já que Ivalú me mandou uma mensagem no dia anterior falando que a formatura seria no mesmo dia que a minha. Encarei a multidão à minha frente e lá estava meu pai, aplaudindo com força e orgulho. Um misto de amor e odio percorreu meu corpo. Eu não queria estar ali. Ao lado dele estava Christopher, que também aplaudia. Rodrigo também estava próximo a eles, porém um pouco atrás.
Recebi meu diploma, e desci o mais rápido que pude dali. Em seguida voltei para o meu lugar.
Esperei que terminassem de chamar todos os nomes, e no final, disseram mais uma série de baboseiras que nem prestei atenção. Uma pontada no peito surgiu quando todos se levantaram jogando seus chapéus para cima. Eu não o fiz. Simplesmente saí correndo daquele local.
Havíam combinado de todos irem almoçar em um restaurante, mas eu não queria. Não queria que todos ficassem lá comemorando algo que eu não estou a fim de comemorar. E com certeza ficariam lembrando de todo o passado.
Fui para o mais longe possível daquela multidão. Deixei meu chapéu cair no meio do caminho, mas se quer me importei. Senti meu telefone vibrar em algum lugar. Mas que droga! Comecei a me contorcer até conseguir tirar essa beca de mim. Quando por fim terminei, peguei meu celular que estava dentro do meu sutiã. (eu estava com um vestido sem bolso por baixo) Sequei a tela que estava toda molhada de suor, desbloqueei e abri a mensagemque chegara. Era uma foto com todos os meus amigos vestido quase iguais a mim, sorrindo, em frente à minha antiga escola, com a legenda “só faltou você aqui”. Será que não sabem o quanto isso está me machucando?
Joguei meu celular e o meu canudo que continha meu diploma com toda a força que consegui obter contra a parede e comecei a chorar. Me sentei em baixo da árvore tentando fugir do sol.
Dulce? - Era a voz que eu menos queria ouvir naquele instante. - Está tudo bem?
Vai embora. - Disse enquanto virava o rosto na direção contrária.
Estão todos te procurando.
Rodrigo, eu não quero ver ninguém, será que não entendem? Eu... eu odeio todos vocês por me fazerem passar por isso. - Gritei enquanto ele ia até meu celular quebrado no chão, e depois apanhou meu canudo.
Por que está falando isso? Você acabou de se formar, deveria estar feliz.
Vai se ferrar. - Gritei ainda mais.
Vocês todos só apareceram na minha vida para estragá-la. Eu não queria nada disso. Eu não queria estar aqui.
Você teve a chance de voltar. - Ele veio até mim. - Mas você não quis.
Não me culpe por isso Rodrigo. Você não sabe as minhas razões. Você não faz ideia do que eu estou sentindo.
E você Dulce? Faz ideia do que as pessoas ao seu redor sentem? Acha mesmo que seu pai faz isso pra te ver chorar? Eu nunca o vi tão feliz e tão orgulhoso em toda a vida dele, quanto eu o vi agora pouco ao te ver em cima daquele maldito palco.
Escondi meu rosto em minhas mãos e soltei alguns soluços. Isso estava doendo tanto. - Eu quero ir pra casa. - sibilei após algum tempo.
Mas e o almoço? Estão todos esperando você. Já fizeram a reserva Dulce... e você não pode faltar ao seu almoço de formatura.
Para de ficar dizendo o que eu devo ou não fazer Rodrigo, eu não tenho mais dez anos de idade. - Bufei enxugando as lágrimas. - Quer saber, esqueçam que eu existo, eu me viro.
Onde vai?
Não te interessa. - Me levantei arrumando o vestido.
Mas eu me preocupo. - Ele se levantou também. Uma risada fria e sarcástica escapou da minha garganta.
Até parece. - Rolei os olhos e comecei a andar.
Espera. - Ele segurou meu braço. - E se fosse pra minha casa? Só nós dois. - Ele passou a mecha de cabelo que caía em meu rosto para trás. Eu poderia até ir, se eu tivesse me esquecido que ele é um doente mental.
Prefiro ficar sozinha. - Dei de ombros.
E por quê? Olha, somos namorados. Não há nada que nos impeça de ficar sozinhos. Você nunca foi lá em casa.
Ah não?
Bom, uma vez só, mas aquela vez você nem quis ficar. Ficou tão pouco. - Ele abaixou a cabeça, parecendo triste. - É... é por causa do meu pai não é? Aquilo te incomoda.
Como ele ousa? Arregalei meus olhos. - Claro que não! -Exclamei. - Seu pai não tem nada a ver com isso. - Como um senhor naquela situação podeira incomodar alguém?!
Então por que é? Você tem me evitado já faz muito tempo. - O que eu ia dizer? Droga. Pensa, pensa, pensa...
Eu... Rodrigo, eu sou virgem – Menti. Essa foi a pior mentira que já contei em toda a minha vida. - E eu não acho certo ficar enfiada na sua casa.
Virgem? - Ele me pareceu surpreso. - Isso quer dizer, que você será apenas minha?
É. - Afirmei. Quando a gente se casar. Eu quero me guardar para depois do casamento. - Desviei o olhar. Tive vontade de rir de minha própria mentira.
Oh Dulce. - Ele abriu um sorriso e depois me beijou. Ou tentou, porque eu não quis corresponder. Afastei-o de mim e abaixei a cabeça.
Eu só quero ficar sozinha, tá bom? Depois eu te ligo.
Você despedaçou seu celular.
Eu me viro. - Dei um sorriso fraco.
Tudo bem. - Ele beijou minha testa. - Eu vou conversar com seu pai.
Apenas diga a ele que estou esperando no carro. Tenho certeza que sem mim ele não vai a lugar algum. - Dei de ombros e saí caminhando em direção ao estaicionamento.
Quando cheguei no estacionamento, me recostei no carro apoiando meu rosto sobre o braço. A impressão que tive, é que desmaiaria a qualquer momento. Minhas pernas começaram a tremer, como se fossem perder o equilibrio a qualquer instante. Falharam não só uma vez. Eu queria me sentar.
Epa! - A voz de meu pai surgiu do nada atrás de mim e senti seus braços agarrarem minha cintura. - O que você tem?
Acho que é o calor. - Falei baixo e ele me virou de frente.
Está bem quente mesmo. E você chega a estar meio cinza de tão pálida. - Seu cenho se franziu enquanto me analisava. Ele abriu a porta do carro na parte do carona e me sentou. - Espera. - Ele se esticou e abriu alguma coisa atrás de mim. Um friozinho gostoso chegou às minhas costas mas logo desapareceu. - É sempre bom ter uma garrafinha de água do refrigerador do carro. - Ele disse e depois abriu a garrafinha. - Vem cá. -Ele me ajudou a levantar novamente. - Curve-se um pouco pra frente. - Não entendi nada, mas o fiz. Ele mecheu em meu cabelo, e o juntou todo para cima, e logo em seguida senti um líquido gelado cair sob meu pescoço. Aquilo foi tão bom, mas durou tão pouco. - Pronto.
Obrigada. - Suspirei prendendo meu cabelo em um coque no alto da cabeça.
Já vai se sentir melhor. Agora bebe um pouco. - Ele me entregou a garrafinha com pelo menos metade ainda de água.
Eu quero ir pra casa. - Pedi com a voz falha depois de tomar toda a água.
Mas e o almoço.
Por favor, eu não estou me sentindo bem. - Cambaleei um pouco, porém propositalmente. Seus olhar era de preocupado. - Vem. - Ele me segurou novamente. - Entra aí. - Ele ligou o ar condicionado e olhou em volta. - Eles estão vindo. Eu vou falar com eles que você não está se sentindo bem. Amanhã você precisa estar bem, então é melhor ir pra casa. - Apenas assenti e fechei meus olhos. Pouco tempo depois ouvi a voz de Christopher bem próxima. Abri meus olhos.
O que você tem hein?
Não te interessa. - Dei de ombros.
Está com uma cara péssima.
Filha, os pais da Annie tiveram uma ideia. - Ele chegou por trás de Christopher.
O quê?
De irem todos lá pra casa. Pelo menos lá você vai se sentir mais a vontade. - Ele me olhou esperançoso. Seus olhos brilhavam tanto que eu cedi.
Pode ser. - Suspirei.
Segui em silêncio para a casa. Tudo que eu mais queria, era me enfiar em meu quarto e só sair de lá quando não aguentasse mais. A cada segundo que se passava eu tinha ainda mais odio por esse lugar. Eu odeio calor, se não posso ir à praia. Saudades das nevascas de Nova York. Saudades de ficar patinando na neve com meus amigos no parque.
Nem percebi quando chegamos em casa. Foi preciso alguém abrir a porta para mim e um vapor muito quente invadir o interior do carro. Fiquei sem saber o que fazer.
Eu odeio calor. - Murmurei enquanto saia do carro. Minhas pernas falharam e os braços de Alfonso rodearam minha cintura.
O que é que você tem hein? Isso não pode ser apenas o calor. Está tomando suas insulinas direito? Você está muito pálida.
Ham? - Perguntei tentando trazer sentido às suas palavras. Virei meu rosto e o encarei com dificuldade.
Ai meu Deus. - Senti seus braços me tirarem do chão. - Vou te levar pra dentro. - Deitei minha cabeça em seu ombro.
Você está cheiroso. - Falei baixinho. -Eu estou com fome.
Pronto. - Senti uma coisa macia em baixo de mim.
O que ela tem? - Era a voz de Annie.
Eu não sei. Pega aquela bolsinha ali em cima da escrivaninha, por favor? - Em uma visão turva, o vi ir até meus pés e arrancar meus sapatos. - Tem alguma coisa errada com ela. - Ele se sentou ao meu lado e pegou uma coisa que eu não conseguia identificar. - Chama o Fernando lá em baixo. - Vi que ela saíra. Tinha mais alguém no quarto, em silêncio. Estava perto da janela. Um cheirinho de alcool invadiu minha narina mas logo passou. Depois senti massagearem meu dedo indicador e logo em seguida uma picada.
Au. - Gritei e puxei a mão. (Eu acho)
Já passou. - Ele disse. Ele colocou meu dedo em algum lugar. Eu reconhecia aquilo, mas não me lembrava o que era.
Está alta? - A voz rouca de Christopher surgiu de algum lugar.
Um pouco. Acho que precisamos aplicar nela.
Eu já disse que não toco naquilo novamente. - Ele gemeu.
Alguém de nós precisa fazer isso Christopher.
Ótimo, que não seja eu.
Eu não sei aplicar isso.
E eu sei? Eu quase a matei a ultima vez.
Vocês são tão lesados e medrosos. - Falei e eles se calaram. - Eu estou ouvindo vocês. Ainda estou acordada.
Filha. - A voz preocupada de meu pai estava bem próxima.
Eu estou com fome. Eles não querem me dar comida. - Cruzei os braços.
O que está acontecendo com ela? - Ele perguntou aos dois.
Eu estou me fazendo essa mesma pergunta.
Talvêz um banho frio resolva o problema dela.
Talvêz. Christopher, vai chamar a mamãe pra ajudar a darum banho nela. - Ele disse autoritário e me pegou. Eu o agarrei pelo pescoço.
Eu gosto do seu perfume. - Dei uma cheirada forte em seu pescoço.
Você já disse isso. - Ele deu de ombros e caminhou comigo até o banheiro me colocando de pé logo em seguida. - Olha pra mim. - Ele segurou meu rosto. - O que é que você está sentindo?
Fome. - Insisti. - E o cheiro gostoso do seu pergume.
Isso eu já sei. - Notei que ele dera um passo para trás. - O que mais?
Autor(a): LaPersefone
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 135
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LaPersefone Postado em 12/12/2015 - 15:00:39
Lêh, milly_vondy e vondyforever180, passando só pra agradecer vocês :0 Fico contente por terem gostado. Um bj
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vondyforever180 Postado em 11/12/2015 - 17:39:57
Uaaaal ,Li Sua Web Terminei Hoje Owwn Amei <3 Parabens
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milly_vondy Postado em 09/12/2015 - 13:52:56
Perfeita, adorei! Parabéns!!!!!
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Lêh Postado em 24/11/2015 - 11:58:24
Menos de 3 dias pra ler, passou rapido.. amei a historia uma pena não ter acompanhado, pelomenos não sentii... VELE MUITO A PENA LAR
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stellabarcelos Postado em 29/09/2015 - 21:03:10
Amei muito essa fanfic envolvente, não dá pra parar de ler!! Você escreve muito bem! Parabéns!
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jucinairaespozani Postado em 14/09/2015 - 00:29:29
Amei parabéns a fic foi maravilhosa, não gostei da Dulce ter pedido pra ele ficar mas enfim, sua fic foi incrível
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aamanda_as Postado em 11/09/2015 - 12:42:04
Parabéns Pela Fanfic , Muita Linda, Até Que Enfim Christopher Esqueceu Essa Ideia De Ir Embora Amei o final Luna esperta sapequinha e baby ponny , noivos vondy, amei amei , todos felizes no final
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anny_freitas Postado em 10/09/2015 - 22:35:50
Perfeito o final amei demais.Essa fic foi perfeita . Parabéns!
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sabrina_sassoto Postado em 10/09/2015 - 21:58:35
Aquele momento que bate um vazio por ter acabado uma das fics que eu mais amo. Dani esse final ficou maravilhoso, finalmente a Dul é feliz. Essa fic foi perfeita do começo ao fim. Parabéns!
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LaPersefone Postado em 10/09/2015 - 20:36:58
Pessoal, a fic chegou ao fim. Demorou mas chegou rsrs... Gostaria de agradecer todos os leitores. Os que comentaram pelo site, os que comentaram pelo facebook e até mesmo os que não comentaram. Espero vê-los em alguma de minhas outras fanfics... De início deixo o link de Meu Guarda Costas aqui. Se alguém quiser, dá uma passadinha lá. Beijos e foi um prazer ter vocês por aqui. E se alguem quiser, pode me seguir no meu twitter. É @LaPersefone LINK: http://fanfics.com.br/fanfic/49002/meu-guarda-costas-vondy