Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

Eu não estou enxergando quase nada. - Mordi o lábio inferiro. - E não estou entendendo quase nada do que estão falando. - Pensei um pouco. - Já disse que estou com fome? Ai meu Deus, eu não arrumei a mala.

E ainda tem a viagem. Ela não vai sair daqui. - Meu ai disse atrás dele.

Ah eu vou. Você me forçou agora eu vou.

Ah minha menina. -Agora uma voz feminina invadiu o banheiro. - Ela precisa comer. Olha como está fraca.

Eu falei, eles não querem me alimentar. - Dei de ombros.

Vamos tomar um banho e depois você vai comer, está bem? - Assenti. - Agora me dêm licença vocês. - Ela os empurrou para fora do banheiro e fechou a porta.

Eu não queria sair do chuveiro. Aquela agua fria caindo sobre meu corpo er tão boa. Tia Ale me ajudou a me vestir e depois fui para minha cama esperar minha comida. Eu já tinha voltado completamente ao meu corpo e a meu estado normal, mas ainda estava com fome. Talvêz porque eu não tenha comido nada pela manhã. Eu estava sem apetite.

Agora consegue aplicar? - Olhei para a porta e vi Alfonso segurar um dos frascos que continha minha insulina.

É, agora consigo. - Mordi meu lábio inferior e ele entrou no meu quarto, sentou-se a uma distância razoável entre a gente. - Eu não mordo.

Annie ficou com ciúmes do que você fez. - Senti minhas bochechas corarem.

Desculpa. Eu... eu não estava em mim. - Peguei a siringa que estava no criado mudo, desinfetei-a, e depois apliquei-a em meu braço.

Eu sei. Humm. Eu fiquei preocupado com você. Essas coisas te acontecem sempre?

Bom. - Me arrumei na cama. - Eu já fiquei com a visão turva algumas vezes. Isso é um tanto normal pra quem tem diabetes. Mas ficar nesse estado que fiquei, nunca. Deve ter sido por ficar exposta naquela roupa infernal em baixo do sol por tanto tempo. Eu não sou muito fã do calor. Não me sinto bem sabe. Além do mais, aqui é muito mais quente que em Nova York.

Você está deixando todo mundo preocupado Dulce. Precisa se cuidar mais.

Eu sei. Não foi minha intenção, é só que eu não estou em um bom dia. - Dei de ombros. - Eu ainda vou na viagem?

Não sei. Seu pai está preocupado.

Eu sei mas eu já me sinto melhor. - Cruzei os braços e ele riu. - Eu só estou um pouco fraca, mas nada que um bom prato de comida resolva meu problema. E eu prometo me cuidar, eu juro. Tomarei todas as minhas doses diárias, e também vou me alimentar bem.

Eu não duvido disso. Aliás, eu estarei lá pra assegurar de que você não se esqueça de tomar nem um copo de água. - Rolei os olhos e ele apertou minhas bochechas.

Para.

Ficou vermelhinha.

Vai se ferrar. - Peguei o travesseivo e bati na cabeça dele.

Ei isso doi. - Ele puxou minha perna e começou a fazer cócegas em mim. Instintivamente comecei a rir e me debater enquanto pedia com dificuldade para ele parar. Depois de um tempo ele parou. E aí nossos olhos se cruzaram. Seus olhos verdes acinzentados fez com que uma energia atravessasse todo meu corpo. Apenas ouvia nossas respirações.

O... o que é que vocês pensam que estão fazendo? - A voz de Tia Alê surgiu do além e ele saltou de cima de mim. - Vocês... vocês dois estão ficando loucos? Isso...Isso não pode acontecer. Nunca. - Ela colocou a bandeija que trazia em mãos no criado mudo. Seu rosto estava pálido. - Vai lá pra baixo Alfonso. Por que não está fazendo compania pra sua namorada?

Talvêz porque os pais dela não queiram me ver perto dela? - Ele saiu e bateu a porta.

Francamente. Vocês dois. Essa é a última coisa que deveria acontecer. Estão ficando loucos?

Humm. Tia Alê, do que é que você está falando? - Mais um pouco meus olhos iriam saltar para fora.

Do que estou falando? Da cena que acabei de presenciar agora. Já.., já pensou se Annie visse isso? O que ela iria pensar?

Ei, ei, ei. Vamos parar por aí. Seu filho e eu somos apenas amigos e Annie sabe muito bem disso. E se tivesse acontecendo algo entre nós, jamais deixaríamos ela ser enganada ok? Poncho ama a Annie, apesar de toda a dificuldade que tem pra estar com ela. E eu... eu tenho namorado! - Bufei e ela se sentou na beirada da cama passando a mão pelo rosto.

Eu não sei o que fazer. - Agora sua voz, ao invés de brava, parecia chorosa. - Eu juro que não sei o que fazer. Ele trabalha tanto, batalha tanto pra tratarem ele assim. Eu queria por um ponto final nisso. Queria que ele fosse feliz.

Ponto final? Não quer que eles fiquem juntos? Eles se amam, e se estão juntos até hoje com esse obstáculo entre os dois, não acho que ninguém mais conseguirá separá-los.

Eu não quero que se separem. Eu quero que sejam felizes. - Ela fitava o chão.

E quanto a mim?

O que tem você minha querida?

Se fosse para ficarmos juntos, você apoiaria?

Jamais. - Ela disse rápido.

E por quê? Eu sou uma garota como qualquer outra. O que há de errado comigo?

Não há nada de errado com você. É só que... vocês dois simplesmente não podem. - Ela abaixou a cabeça. - Eu preciso lhe contar uma coisa, mas você tem que me prometer que nunca contará isso a ninguém. - Ela segurou minhas mãos e eu me arrumei na cama. A coisa era bem séria.

“Há muitos anos atrás, eu trabalhava com sua mãe. Bom, no mesmo local. Eu e seu pai tivemos algumas noites juntos. Não foi nada sério, e nunca chegamos a nos gostar. Ele me conheceu antes da sua mãe, então nem havia se apaixonado por ela ainda.” Fiz menção de falar algo mas ela logo me interrompeu. Não consigo imaginar meu pai com outra pessoa além da minha mãe. “Nessas nossas ficadas, por acidente,eu acabei engravidando. Fui mandada embora, porque eu não quis tirar o bebê. O dono do estabelecimento queria que eu tirasse e eu me recusei. Era apenas um bebê, e não tinha culpa nenhuma. Eu fiquei sem saber o que fazer. Então eu conheci o Victor. Ele soube desde o princípio que eu estava grávida, mas se apaixonou por mim. Disse que se comprometeria a cuidar do bebê se eu me casasse com ele e promtesse, que jamais contaria a ele quem era o pai. Ele não queria saber. Ele dizia que somente ele era o pai, e que o bebê jamais poderia saber também. A promessa eu trouxe comigo até hoje. Você e eu somos a única que sabemos agora quem é o pai.”

Vi algumas lágrimas rolarem por seu rosto. Céus. Alfonso era filho do meu pai... Era meu... meu irmão. Tentei falar algo mas nada saiu da minha boca.

Por favor. Promete pra mim que jamais contará isso Dulce. Eu só estou falando isso, porque não quero que vocês se quer pensem em ficar juntos um dia.

Mas... meu pai. Ele..

Ele não sabe.

Ele tem o direito de saber. Ele jamais teria lhe dado as costas, assim como ele não deu as costas pra minha mãe. E droga, eu tenho um irmão. - Eu ri histericamente. Em anos, essa fora a melhor coisa que eu tinha ouvido.

Dulce, por favor. Prometa para mim.

Não Ale, eu sinto muito, mas eu não posso fazer isso. - Seu rosto estava com uma aparência assustadora. - É a chance que ele tem de ser feliz. Ele tem o direito de saber disso. Ele é herdeiro de metade de tudo isso. Tantos tempo tentando um amor proibido por que não tinha dinheiro, quando na verdade é herdeiro de tudo o que meu pai, ou melhor, nosso pai tem.

Dulce, por favor. - Ela implorou.

Eu não posso e não vou prometer isso. Eles dois têm o direito. - Mordi meu lábio inferior. - O Christopher... ele também é...

Não. - Ela respondeu rápido e eu suspirei aliviada. A última notícia que eu poderia receber agora é que Christopher era meu irmão. - Ele não é. Ele é filho do Victor.

Olha Alê, eu prometo que nçao conto nada, porém com uma condição.

Qual?

Que você mesmo conte a eles. Eles merecem saber disso.

Dulce, eu não sei. Eu estaria quebrando a promessa que fiz. Eu sei que o Victor não está mais aqui, mas eu me sentiria muito mal por isso.

Não está mais aqui?

É, você não sabe?

Seus filhos nunca falaram do pai.

Ele falceceu faz quase 14 anos Dulce. Foi um acidente. Ele se chocou com o carro dos pais do Rodrigo. Somente o pai dele sobreviveu. Nunca soubemos ao certo o que aconteceu, porque ele ficou naquele estado. Os dois carros exploridram e não houve como sobreviver.

Ah meu Deus. - Tapei a boca. Rodrigo disse que era culpa de Victor. - Por que Victor sobreviveu?

Ele não estava no carro mais.

Eu... eu sinto muito.

É muito difícil para eles Dulce. Principalmente para Christopher que era muito mais apegado ao pai.

Ele sabe como eu me sinto então.

É, ele sabe sim. Eu não sei como ele não se irritou com você ainda, acho que ele ainda gosta muito de você.

Eu sei. - Suspirei e me encolhi. Christopher sabia exatamente como eu me sentia em relação à minha mãe e minha avó. Sinto vergonha só de pensar que por tantas vezes eu disse que ninguém poderia me entender e ninguém se impostava comigo.

Me dê um tempo tá bom? Não é fácil.

Eu sei que não é fácil. Mas pensa na felicidade dos dois. Tenho certeza que meu pai ficará feliz, e que o Poncho também ficará.

Eu vou pensar numa maneira menos ruim de dizer a ele. Agora você precisa comer. A comida já deve estar gelada.

Eu não me importo. - Sorri. Eu tenho um irmão.