Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

Engasguei com o suco e comecei a tossir tentando tirar o suco de meus pulmões. - Ai meu Deus, Dulce. - Tossi até começar a ficar sem ar. Grávida? Eu? Uma vontade de rir tomou conta de mim, mas por outro lado eu já não conseguia respirar. Senti as mãos dela sob minhas costas. - Alguém me ajuda aqui. - Ela gritou enquanto eu abanava com as mãos a frente do meu rosto. Ar, eu preciso de ar. Vi Christopher se aproximar preocupado e levantar os meus braços. Me senti uma criança agora.

Calma Dulce. - Calma? Tive vontade de gritar. Alguém que nem conheço trouxe um copo de água. Mas eu não queria água, queria ar. Uma mão mais forte bateu sob minhas costas e finalmente meus pulmões encheram-se de ar. Aspira, respira. Aspira, respira.

Está melhor? - Anahi perguntou preocupada e com seus olhos azuis arregalados. Assenti, olhei Christopher que estava ainda com a mão sob minhas costas e saí. - Dulce, espera.

O que você disse pra ela Anahí?

Nada que interesse a você Christopher. - Ouvi os dois falarem enquanto eu saía.

Segui para o exterior do restaurante em passos largos. Anahi só pode estar ficando louca.

Dulce, me espera. - Anahí me puxou pelo braço.

O que foi?

Desculpa. Eu não queria te assustar. É só que, você já está estranha faz algum tempo. E aquele dia que você desmaiou na educação física.

Minha pressão caiu, só isso. - Me alterei.

Não Dulce. Você foi embora, e eu conversei com a enfermeira. Ela mesma me disse que era pra falar com você pra procurar um medico.

Ela não me disse nada ok.

Porque seu pai estava lá Dulce.

Não Annie. Para com isso, não tem nada a ver.

Olha, esse seu enjoo já deveria ter passado. Você já deveria ter se acostumado. E outra, você nem ficou enjoada de dia. Começou a noite.

Para. Eu já disse ok.

Dulce. - Ele suspirou. - Quando foi sua ultima menstruação? - Parei e pensei um pouco.

10 de maio. - Mordi o lábio inferior e ela arregalou os olhos. - Mas é normal, já atrasou outras vezes Annie.

Ok, mas hoje é 28 de junho Dulce.

Não importa, logo ela vai chegar e aí você vai ver que isso na sua cabeça não passa de uma ideia maluca. - Dei de ombros olhando em volta.

Olha, eu não queria te assustar tá bom. Desculpa. Mas, e se por um acaso do destino você estivesse.

Eu não estou, e isso que importa.

E se? - Ela insistiu.

E se eu estivesse, não poderia fazer nada.

Ok, mas sabemos bem de quem poderia ser o bebê, e sabemos mais ainda que o grandalhão lá nunca tocou em você.

Eu sei ok. - Olhei Christopher sair com a mesma garota de minutos atrás. - Isso não vai acontecer. Não tem o porque de isso acontecer.

Ah não? - Ela ergueu a sobrancelha. - De onde você acha que vem os bebês Dulce?

Do pé de alface Anahí.

É sério. Vocês deixaram de se proteger alguma vez? - A olhei. Não. Alguma vez não.

Todas as vezes. - Mordi o lábio inferior começando a ficar preocupada.

Se protegeram todas as vezes?

Não. Não nos protegemos.

Você só pode estar brincando né. - Ela deu uma risada sarcástica.

Não!

Não sei se bato em você, ou nele. Na boa. - Ela negou.

Aquilo incomoda Annie. - Cruzei os braços.

Você vai ver o que incomoda em alguns meses Dulce. - Ela negou e saiu de perto. Senti um frio na barriga quando Christopher me encarou. E se fosse verdade? E se eu estivesse grávida? Mas não, eu não estou, eu não me sinto grávida. Não há um ser crescendo dentro de mim, e muito menos um filho de Christopher. Anahí é sempre cheia de ideias malucas, essa era apenas mais uma delas.

Passei o resto do dia perambulando pelo navio à procura de algo que me distraísse. Se eu não queria estar ali antes, agora muito menos.

Debrussei-me sob o guardacorpo de um dos corredores do navio enquanto observava o por do sol. Era ainda mais lindo visto dali que de uma praia. Fechei meus olhos e senti a brisa tocar meu rosto. Ar puro. Uma das coisas que nunca iria encontrar em Nova York.

Uma onda de calor percorreu meu corpo e um perfume conhecido adentrou por minhas narinas. Christopher. De duas uma, ou ele estaria perto de mim, ou eu estaria ficando completamente louca. Mantive meus olhos fechados, mas a presença dele ao mesmo tempo que me fazia forte, me fazia fraca. Perdi o equilibrio em minhas pernas. Tremulas. Apenas abri meus olhos quando duas mãos me envolveram pela cintura. Olhei para as mãos em minha cintura e depois para trás. Agora minhas costas estavam coladas ao peito dele e minha boca com poucos centímetros de distância da dele. O que me fez estremecer.

Nossos olhares se cruzaram.

Christopher... - Sussurrei por fim. Agora meu coração e respiração estavam desengonçadamente acelerados.

Não fala nada baixinha. - Ele aproximou sua boca à minha e fez com que nossos lábios se roçassem.

Virei-me de frente pra ele e deixei com que ele me beijasse. Senti meu corpo ser pressionado contra a grade e uma de suas mãos ir até minha nuca fazendo-me aprofundar o beijo. Aquele beijo. O beijo dele. Ceus. Uma explosão de sensações percorreu meu corpo. Por um instante havia me esquecido de tudo. Onde estávamos, quem poderia estar por perto, o que Anahí havia insinuado, e com quem Christopher estava algumas horas antes. Segundos depois tudo veio à tona como um flash. O empurrei e abaixei a cabeça.

O que foi?

Fica longe de mim. - Virei-me para sair porém ele me segurou.

Ei, o que está acontecendo?

Não quero você por perto Christopher. Será que não entende?

Não. Eu não entendo.

Vai lá com sua amiguinha e vê se me esquece ok.