Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

Voltamos para a casa em um clima um tanto estranho. Quando chegamos em casa, ele se quer olhou para mim. Foi diretamente para a casa dele sem falar nada. Ele sabia que tudo iria voltar ao que era antes. Sabia que eu não iria por um fim em tudo isso e que logo Rodrigo iria vir e ele não poderia fazer nada, pelo menos não até achar uma forma segura de acabar com isso.

Fui para o meu quarto e tomei um banho relaxado. Apesar do cansaço da viagem eu não consegui dormir. E se o que Annie havia dito no cruzeiro fosse verdade? Grávida? Seria isso possível? Eu apenas tenho 17 anos e não queria ser mãe. Muito menos nessa idade. E Christopher, como reagiria ao saber que eu estava grávida dele? E meu pai? E o pior... E Rodrigo?

Me peguei chorando na frente do espelho. O desespero tomara

conta de mim. Eu estava pálida por ter voltado todo o meu café da manhã. Minha cabeça doía.

Se eu estivesse mesmo grávida, eu já teria um mês ou mais de gestação. “Droga Dulce, porquê logo você?” Gritei em pensamento.

Toquei meus seios desnudos, assim pude perceber um pouco de inchasso. Mais um sintoma. Eu queria morrer. Evaporar desse mundo.

Ainda em prantos me vesti, arrumei meu cabelo e fui até o balanço na parte de trás de casa. Gostava de ficar ali. Aquele lugar me trazia, de alguma forma leves lembranças de minha mãe. Talvêz ela ficasse ali comigo quando era bebê. Não sei explicar, mas é como se ela estivesse ali comigo.

Posso saber porque está chorando? - Ouvi a voz de Alfonso atrás de mim interrompendo meus vagos.

Não estou chorado! - Enxuguei o rosto virando meu rosto.

Vai dizer que um cisco caiu em seus olhos. - Ele deu a volta e se sentou ao meu lado. - Brigou com meu irmão?

Brigar? Porque brigaria com ele? - Me fiz de desentendida, acho que sou um péssima atriz.

Vocês estavam tão bem na viagem e agora nem se falam. Dulce... - Ele molhou os lábios com a língua. - Eu sei tudo o que aconteceu entre vocês dois. Sei que não ficaram apenas no cruzeiro.

Sabe? - Me encolhi no balanço.

Sim. Desde o primeiro beijo lá no café bar.

Quem te contou isso Alfonso? - O olhei assustada. Anahí me prometeu que não contaria nada a ninguém. Claro! Provavelmente Christopher havia dito.

Christopher é meu irmão mais novo e meu melhor amigo, mas isso não vem ao caso. - Ele suspirou. - Dulce o que está acontecendo hein? Porque você está fazendo tudo isso? Não vê que está machucando não só o meu irmão, mas você também?

Do que está falando? - Encolhi minhas pernas rodeando meus braços em volta e encostando o queixo sob meus joelhos.

Dulce, acorda. O Christopher te ama e não merece nada disso. E pelo que vejo, sei que você não quer que ele sofra. - Abaixei minha cabeça. Eu queria por um ponto final nisso, mas eu tinha uma vida pra zelar. - Por que está fazendo isso?

Eu... eu não posso falar. -Me levantei e tentei sair, mas logo ele me seguou. Abaixei a cabeça.

Dulce. - Ele evantou minha cabeça e voltei a chorar, voltei a me sentar. - Diz pra mim. Eu quero ajudar vocês dois.

Eu não queria isso, eu juro. - Um soluço desesperado escapou da minha garganta.

Então porque continua nisso? Serão três pessoas machucadas no final. Você gosta do Rodrigo? Porque, eu sei que ele não se bate com nossa família, mas isso não quer dizer que ele não tenha sentimento por você.

Não. Claro que não. Eu o odeio Poncho. O odeio com todas as minhas forças e sei que ele não me ama. - Alterei descontroladamente a voz.

Então me explica. Porque sinceramente não consigo entender isso. Porque continua com ele? - Ele perguntava paciente, porém com dúvidas.

Eu tenho que ir embora daqui. Eu preciso. - Escondi o rosto entre os joelhos.

Por quê Dulce? - Me encolhi, eu precisava dizer. Sabia que precisava confiar em alguém. Já havia carregado peso de mais sob minhas costas, e agora mais do que nunca eu precisava de ajuda. - Me diz. Deixa eu te ajudar. Você confia em mim? - Levantei o rosto e assenti. - Então me fala o que está acontecendo, por favor.

Eu... Eu acho que estou grávida. - Escondi meu rosto em minhas mãos e chorei desesperadamente. Nunca imaginei que seria tão doloroso pronunciar essa frase. E o pior é que ele continuou em silêncio. Talvez tentando raciocinar, ou tentando não me assustar com sua reação.

Gravida? - Ele perguntou calmo após um longo suspiro. - Tem certeza?

Não. Eu não tenho certeza de nada, e isso me apavora ainda mais. E se eu realmente estiver, eu não posso ter essa criança. Não posso. Vão me matar. Eu estou com medo.

Ei, ei, ei, calma. - Ele me puxou e me abraçou tentando me dar um pouco de conforto. - Ninguém vai te matar. Fica calma.

Calma? Não é você que está grávido aos 17 anos Alfonso. - Alterei a voz. Eu estava apavorada.

Dulce o primeiro passo é você ter certeza disso. - Ele disse com calma. - Tenta não pensar no que vai acontecer, porque se estiver mesmo grávida, o bebê não tem culpa de nada.

Eu não o culpo. Jamais o culparia por uma irresponsabilidade minha.

Sua e do pai dela. - ele me distanciou e me olhou. - Quem é o pai dessa criança? É o Rodrigo?- Abaixei a cabeça. - Espera. Ah não! O Christopher me disse que você nunca o deixou te tocar, então a não ser que ele tenha abusado de você, isso seria impossível. - Ele arregalou os olhos.

Isso mesmo, se eu tiver grávida o Christopher é o pai dessa criança. - Enxuguei o rosto.

O meu irmão vai ser pai? - Abaixei a cabeça.- Oh meu Deus. - Ele se levantou com um sorriso bobo no rosto. Não sei se batia nele ou se ficava feliz com a reação dele. - Ele vai ficar feliz Dulce. Ele vai ter um filho com você.

Alfonso. - Me levantei. - Ele não pode nem sonhar na existência dessa criança. - O segurei pelo braço o mirando.

E porque não?

Não. Ele não pode saber. Nem ele e muito menos o Rodrigo.

Ok! E o que você vai dizer pro grandalhão? Que você engravidou do vento? Porque até onde sei ele acredita feito um retardado que você ainda é virgem e só vai abrir as perninhas pra ele quando se casarem. - Ele revirou os olhos. Ele e o Christopher têm um jeito tão parecido.

Será que você não enxerga a gravidade do problema? O Rodrigo vai matar o Christopher quando ele souber disso. Matar Poncho. Literalmente matar. Eu não estou com ele porque eu quero. O dia que fui dar um fim nesse lance ele me ameaçou, e o pior, ameaçou matar o Christopher se ele sonhasse que ele se aproximava de mim. Imagina o que ele não vai fazer quando souber que o inimigo número um dele me engravidou?

Isso é sério? - Ele perguntou com o semblante apavorado e assenti.

Eu não queria acreditar, mas aí ele me machucou. Por um instante pensei que ele ia me bater.

Dulce, você tem que denunciar esse cara. Por agressão e ameaça.

Não! Eu tenho medo Poncho. Muito medo de que ele faça algo com o Chris. Eu já perdi pessoas de mais nessa vida, não quero perder mais ninguém, principalmente o Christopher. - Me sentei novamente.

Gosta muito dele não é? - Ele se abaixou na minha frente segurando minhas mãos.

Sim, mas de que adianta se eu só conseguir fazer besteira até agora?

Eu vou te ajudar.

Vai?

Sim. Mas com uma condição.

Qual?

Assim que tivermos a certeza que você está grávida, você vai dizer ao seu pai tudo o que está acontecendo.

Meu pai? Não! Isso não. Ele vai me matar.

Ele não vai te matar Dulce. Você e eu sabemos que ele odeia o seu relacionamento com o Rodrigo. Acho que ele vai dar graças a Deus.

Ele vai matar o Rodrigo, depois o Christopher e depois a mim.

Não vai não Dul. - Ele enxugou meu rosto. - Nós três. Você, eu e seu pai vamos dar um jeito nisso.

O Chris vai me odiar pelo resto da vida. E o bebê. Eu nem sei se ele vai querer assumir.

Eu tenho certeza que vai. Primeiro que ele ama crianças e segundo que só o fato da mãe ser você ele já vai ficar doido. - ele sorriu. - Vou te levar no centro da cidade amanhã pra você fazer um exame de laboratório. Costuma ficar pronto em umas duas horas.

Eu estou com medo.

Não precisa. Se quiser podemos chamar a Annie pra ir junto.

Ela sabe. - Mordi o lábio inferior.

Sabe?

Sim. Na verdade ela quem me alertou que eu poderia estar grávida. Desde o desmaio na escola, até os enjoos no navio.

E me diz porque diabos vocês não se protegeram?

Não sei. Nenhuma das vezes nos protegemos.

Santa irresponsabilidade vocês dois. Dona Alexandra vai ter um ataque.

Nem me fale. Ela é totalmente contra isso.

Como assim?

Ela disse uma vez que isso seria impossível pelo fato de eu ser filha do patrão de vocês. Juro que fiquei super irritada, porque isso não tem nada a ver. Eu nem sabia que ele era rico, não cresci com mordomias nem nada.

Estranho.

Mas tudo bem. - Suspirei. - Ela é o menor dos meus problemas agora.

Isso mesmo. Depois a gente se vira com a dona Alexandra. - Ele pincelou meu nariz. - Aliás, duvido que ela não vai amar saber que vai ser avó.

Fiz uma careta e ele riu. - Será?

Não sei. Quem sabe. Mas acho que seu pai sim vai amar. Principalmente se puder ter o neto ou neta crescendo com ele. Obvio que ele pode dar um mini ataque, como qualquer outro pai daria. Mas nada que va assustar. - Apenas sorri e ele me abraçou novamente. Ele estava sendo tão legal comigo. Por um momento pensei em contar toda a conversa que ouvi entre Alexandra e meu pai. Ele não merecia isso. Ele merecia saber a verdade. Saber que era meu meio irmão. Me pergunto se deveria contar a ele. Ele me ajudou agora, me ajudou quando o Christopher me destratou daquela forma.