Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

Fugindo? – Perguntou Pablo me olhando, e eu apenas sorri sem graça. – Por que saiu sem falar nada?

Estavam me deixando louca. Não param de falar, e eu odeio bagunça, especialmente aquela. – Abaixei a cabeça.

Entendi. – Ele abriu um sorriso terno. Fechei meus olhos ao sentir uma de suas mãos acariciarem meu rosto.

Pablo. – Sussurrei seu nome e abri meus olhos, me deparando com os dele. – Eu não quero ir.

Eu sei minha flor. – Ele passou meu cabelo para trás da orelha. – E eu não quero que você vá, mas o que podemos fazer?

Ajude-me, por favor. – Deixei escapar uma lágrima que fora enxugada pelo dedo dele. – Por favor. – Implorei colando meus lábios aos dele. – Eu não vou conseguir viver sem vocês, sem você Pablo.

Sem mim? – Ele se afastou me olhando e logo senti minhas bochechas corarem. – O que quer dizer com isso?

Na... Nada. – Gaguejei me afastando mais dele e me virei indo rumo à geladeira.

Dulce. – Ele foi até mim e me virou novamente para ele fechando a geladeira.

Somos amigos Pablo, não quero ficar longe de você. Você tem me feito tão bem. – Falei sem graça olhando para o lado, mas mesmo assim pude ver um sorriso estampado em seu rosto. – O que foi? – Cruzei meus braços fazendo um bico. Em um impulso ele me puxou pela cintura fazendo nossos corpos se colarem. – Pa.. Pablo, me solta. – Tentei me afastar dele, mas fora impossível, ainda mais com aqueles olhos brilhantes fixados a mim.

Eu vou te esperar. – Ele sussurrou e me roubou um selinho.

Não vai não. – Busquei um pouco de força e o empurrei fazendo-o me soltar e dar dois paços para trás.

Você quer que eu te espere? – Ele sorriu achando graça já que eu estava mais vermelha que um pimentão.

Com tantas garotas lindas por aí, isso seria impossível. – Falei tentando ser um pouco engraçada, mas sem êxito.

Olha, não posso negar que eu iria aguentar ficar sem ninguém, mas acho que não existe ninguém como você.

Dei uma gargalhada. – Isso não é hora pra piada senhor Lyle.

Não me chame assim Saviñon. – Ele cruzou os braços ficando sério e eu ri.

Então para de falar isso. Pablo, eu sou apenas mais uma garota de muitas que você já ficou, e ainda vai ficar. Sou apenas mais uma na lista das garotas que já foram para a cama contigo.

Não repita mais isso Dulce Maria. – Ele falou sério. – Você não é como outras garotas.

Ah não é? – Forcei um riso irônico. – Por favor, Pablo, não invente. Você fica com garotas quando não está comigo. – Cruzei meus braços bufando.

E você fica com outros garotos, e isso nós dois sabemos.

Não fico. – Arregalei os olhos.

Fica sim, você mesma disse.

Eu fiquei no início. E isso já faz meses. – Abaixei a cabeça.

Mas não fica por que não quer. – Ele descruzou os braços e se escorou no armário me olhando.

Tanto faz. – Dei de ombros. – Já era né. – Dei três passos em direção à saída da cozinha, mas ele me segurou pelo braço. – Me solta.

Se for pra você ir embora, espero que não fiquemos brigados.

E fará diferença? – Virei o rosto ao sentir outra lágrima traçar meu rosto. Apesar de ele ser apenas meu amigo colorido e ele não fazer exatamente meu tipo, eu gostava dele. E nos últimos dias ele tinha me ajudado muito, me fazendo ficar ainda mais próxima a ele.

Dulce. – Ele virou meu rosto pra ele. – Desculpa.

Eu não queria que isso tivesse acontecendo. – Abaixei a cabeça.

Vem aqui. – Ele me pegou pela mão e puxou uma cadeira para eu me sentar, em seguida ele puxou outra e se sentou na minha frente. – Eu pensava que não gostava, mas aí ontem, quando aquele senhor disse que iria me levar embora, a primeira coisa que pensei foi em ter que ficar longe de você.

Meu anjo, você está assim porque estamos “juntos” – Ele fez um sinal de aspas com os dedos. – Somos amigos, e prometemos que não iríamos nos apaixonar.

Mas eu não tenho culpa Pablo.

Eu sei que não.

Eu não quero ir.

Eu não quero que você vá.

Vai sentir a minha falta?

Claro que vou. – Ele sorriu.

Eu também sentirei a sua, e muita. Vou sentir falta das nossas conversas, das brincadeiras, das discussões bobas, de te ver sorrir assim como você está sorrindo agora.

De mais o quê? – Enxuguei meu rosto.

Axo melhor eu não dizer. – Ele sorriu com uma cara safada e eu dei um leve tapa no ombro dele.

Idiota.

Mas estou falando sério. – Ele corou junto comigo. – Você não me respondeu.

O olhei sem entender. – O quê?

Você quer que eu te espere?

Suspirei e fiquei em silêncio por um tempo. Não seria justo fazer isso com ele, e nem comigo. Isso machucaria a mim e prejucaria ele. – Não! – Me limitei.

Certeza? – Assenti. – Absoluta?

Sim Pablo. – Me alterei.

Não me parece.

Nada é o que parece ser. – Dei de ombros.

Dulce, em algumas horas você não estará mais aqui. Acho melhor se decidir.

Você vai encontrar uma garota legal, e tem mais, você nem gosta de mim, não tem por que me esperar voltar. Não sabemos o que irá acontecer a partir de agora. Hoje você pode me prometer que ficará me esperando, amanhã pode aparecer uma garota loira de olhos verdes, que você vai se apaixonar, vai querer casar e ter filhos.

Ai que exagerada você. – Ele fez uma careta. – Não gosto de loiras, prefiro morenas como você.

Está falando isso agora. – Dei d ombros.

Você também pode encontrar um garoto lá.

Naquele fim de mundo? Duvido. – Gargalhei.

Você vai encontrar um caipira por lá, aposto. – Ele pincelou meu nariz e se levantou. – Vamos voltar pro quarto agora ok? Pra terminarmos aquilo logo, e aí aproveitarmos as ultimas horas juntos.

Gostei da parte de ficarmos juntos, mas sozinhos? – Sorri sapeca.

Meus pais saíram. Acho que só voltam amanhã, podemos ir lá pra casa. Seu pai me dá medo. – o mirei séria. – Aquele senhor. – Ele sorriu sem graça coçando a nuca.

Vamos logo arrumar aquilo, porque não quero mais ver aquela bagunça. – Me levantei sorrindo e seguimos para o quarto. Ajudei meus amigos a terminarem de arrumar minhas coisas, e depois cada um seguiu para sua casa, e eu fui com Pablo para a casa dele. Passamos o resto da tarde juntos e o cair da noite. Eu estava deitada sobre ele, com a cabeça em seu peito. Bom, ele estava meio sentado, escorado em uns travesseiros, e em silêncio ficou acariciando meus cabelos. Eu olhava o relógio sobre o criado mudo ao lado da cama trabalhar em seu tic tac contínuo. Cada movimento fazia meu estômago revirar, e em questão de pouquíssimos minutos me vi no banheiro vomitando tudo o que havia no me estômago. Assustado e preocupado, Pablo veio atrás de mim e me segurou pela cintura. Depois de um tempo vomitando sem parar eu dei descarga e fui até a pia lavar meu rosto e minha boca. O olhei através do espelho e vi o semblante preocupado do mesmo.

O que você tem? Está sentindo alguma dor?

Devo ter comido algo estragado, ou algo que não me caiu bem. – Me virei para ele e o abracei.

Só isso? – Assenti. – Apenas isso? – Assenti mais uma vez pensativa.

É melhor a gente tomar um banho, temos menos de uma hora pra estar no restaurante. – Me soltei dele e voltei para o quarto me jogando na cama. Olhei para a porta e vi o mesmo parado me olhando. – O que foi?

Tem certeza? – Ele perguntou cruzando os braços.