Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

Sim. Ele queria acabar com a raça dele, mas quando falei que ele poderia fazer algo contra você e o bebê, eu o convenci de que era perigoso. - O encarei furiosa. - Desculpa Dulce, ele estava desesperado querendo saber o que você tinha. Você o conhece.

É... ele nunca vai me perdoar por isso. - Me sentei no capô de um carro. - E nem eu.

Ainda não acredito que você é minha irmã Dulce. Há quanto tempo sabe disso? Por que é que não me contou?

Desculpa, acho que quem tinha que resolver isso era sua mãe.

O que não adiantou em nada não é.

Eu explodi tá bom. Ela deve estar me odiando em dobro agora.

Por favor, não a odeia por isso Poncho. Não se tem uma mãe duas vezes.

Eu não a odeio Dulce, mas ela vai ter que me explicar essa história direito.

E quanto ao nosso pai?

Ele não é meu pai.

Ele não tem culpa. - Indaguei. - Ele também não sabia.

Meu pai foi, é e sempre será o Victor.

Mas o meu pai é seu pai biológico, ele tem o direito de te reconhecer como filho. Ele adora você e seu irmão Poncho. E outra, não vê que isso é uma chance que você tem de mudar sua vida com a Annie.

Eu não ligo pra dinheiro Dulce.

Eu não estou dizendo que liga. Mas agora você poderá fazer a faculdade que tanto quer, pode ter o que quiser. Você querendo ou não é herdeiro de metade das coisas que vou herdar um dia, e bom, acho que você, mais do que eu, sabe que não é pouca coisa.

Eu sei, é só que, eu não posso simplesmente de um dia para o outro virar um herdeiro de um milhonário.

Deixa de ser orgulhoso, isso é seu por direito. Dê uma chance a ele. Aposto que o Christopher o invejaria por descobrir que tem um pai.

Christopher nunca aceitaria isso. Ele idolatra o nosso pai. Eles eram muito mais próximo que eu e meu pai, agora tudo parece fazer sentido.

E você o invejava por isso?

Não. Eu achava normal, porque ele era mais novo.

Poncho? - Ouvi uma voz feminia, porêm desconhecida bem próxima da gente.

Ma.. Mai? - Ele arregalou os olhos acinzentados e eu me virei para ver quem era. Era morena, cabelos medios.

Eu fiquei sabendo. - Ela tinha os olhos avermelhados.

Como soube?

Os pais da Annie me contaram.

Eles sabiam onde você estava?

Sim. Depois a gente conversa sobre isso. - Ela mordeu o lábio inferior. - Eu posso vê-lo?

Quem é você?

Eu quem pergunto. - Ela se virou para mim.

Humm.. Mai, essa é a Dulce, filha do Fernando.

Sou a irmã dele, por quê? - Cruzei meus braços.

Irmã? Ele não tem irmã. - Ela riu sínica

É, agora tem.- Revirei os olhos e desci do carro. - E não, você não pode vê-lo, ninguém pode.

De onde ela saiu? - Ela perguntou curiosa direcionando a pergunta a meu irmão. - E quem ela pensa que é pra impedir alguém de vê-lo?

Bom, tecnicamente é a mãe do filho dele. - Ele coçou a nuca e ela deixou o queixo cair. - Muita coisa mudou depois que você foi embora Mai.

É, eu sei que mudou. - Ela me olhou dos pés à cabeça me analisando. - Ele tinha esse direito.

O que você era dele? - Perguntei um tanto brava.

Namorada.

Que? - Senti meu estômago revirar.

Vocês não eram namorados Mai. - Alfonso a corrigiu e ela o fitou. - O que foi? Vocês ficaram algumas vezes, até você... bom, você sabe. Sabe que ele nunca sentiu nada por você.

É, sei sim. Sei que ele ficava esperando por uma menina que ele se quer sabia se tinha namorado. - Ela deu de ombros, sabia que estava se referindo a mim.

Pois é, eu estou aqui agora. - Cruzei os braços. - E fique longe dele.

Vai me obrigar? Você não ousaria.

Meninas, por favor, isso não é hora. - Ele se pôs entre nós duas.

Fiquei sabendo que ele precisa de sangue. - Ela se virou de costas pra mim. - Eu tenho o mesmo tipo sanguineo que ele.

É sério Mai?

Sim.

Ah meu Deus. - Ele a abraçou, e isso me deixou enciumada.. Quem essa garota pensa que é? Aparece do nada apenas para chamar atenção - Vamos lá ver se você pode doar. - Ele saiu puxando-a pela mão e me deixou sozinha.

Fui até a calçada e me sentei no meio fio e voltei a chorar. Eu se quer podia doar sangue a ele. Alguns minutos depois Pablo chegou, se sentou ao meu lado e ficou olhando o outro lado da rua.

A gente precisa conversar Pablo. - Enxuguei o rosto.

Não precisa se explicar. Você tinha o direito de ficar com quem quiser. - Ele me abraçou.

O que vai ser de mim agora?

Eu não sei, é complicado. Gostaria de dizer que vai ficar tudo bem, de verdade, mas eu não sei.

Você sabia de nós dois da outra vez, não agiu como agiu dessa vez.

Agir como?

Você estava com raiva dele.

Deve ser porque ele me prometeu algo e não cumpriu. - Ele deu de ombros.

Do que está falando? - Me soltei dele e o encarei.

Deixa pra lá. - Ele passou meu cabelo pra trás. - Você precisa ir pra casa. Aliás, as meninas estão cansadas.

Eu não vou pra casa, será que é difícil entender?

Não pode ficar aqui Dulce, não faz bem pra você.

Parem de ficar dizendo o que é melhor pra mim, eu não tenho mais 13 anos de idade.

Dulce, eu sei que você quer ficar aqui, que está preocupada.

Preocupada não. - O interrompi. - Apavorada. Acho que vocês não entenderam né? Ele está la dentro por minha culpa.

Sua culpa?

Sim, minha culpa. Se eu não tivesse aceitado sair com o Rodrigo, nada disso teria acontecido.... - Expliquei-lhe tudo o que havia acontecido.

É complicado.

É isso que você me fala? Complicado. - Ri forçadamente. Uma viatura de polícia passou perto da gente nesse instante e entrou no estacionamento do hospital. Vi o policial entrar, me levantei e fui atrás. Pablo permaneceu na calçada. Cheguei no corredor e vi o policial conversando com meu pai e Alexandra.

Filha. - Ele me olhou.

E aí? Alguma novidade? - Cruzei os braços e me encostei na parede.

Bom, a amiga deles vai doar o sangue.

Não estou perguntando dela, você sabe disso. - Me virei para o policial.

Ele se entregou.

O quê? - Arregalei meus olhos.

Isso mesmo, ele apareceu lá e se entregou.

Quando isso?

Já fazem umas duas horas.

Ah meu Deus, e só agora vocês vieram falar? - Suspirei aliviada e comecei a sair e costas.

Onde vai? - Meu pai perguntou um tanto alto de mais para um hospital.

Atrás dele. Eu quero matar aquele desgraçado. - Gritei, me virei e sai correndo.

Dulce, não! - Meu pai gritou e eu o ignorei. Corri pelos corredores e fui até o lado de fora. Escola à esquerda, delegacia à direita, quatro quarterões, viro à esquerda.

Onde vai Dulce? - Pablo me viu chegar correndo.

Vem comigo. - Puxei Pablo pela mão e fomos em direção à delegacia pelas ruas escuras. Ao contrário da noite anterior, essa não tinha a lua para iluminá-la, e as luzes dos postes não clareavam o bastante. Eu andava o mais rápido que conseguia, pensando no que eu iria dizer a ele. Chegamos na delegacia e vi um homem sair de cadeira de rodas. Eu o conhecia de algum lugar. Claro. Era o pai dele.