Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

Quando acordei, estava em minha cama. Não faço ideia de como cheguei em casa. Já era de manhã, e as meninas dormiam na mesma cama que eu, que por sinal era enorme. Me sentei na cama e vi uma de cada lado, não conseguiria sair sem acordá-las então voltei a deitar, e fiquei olhando o teto. Com certeza havia alguma coisa no suco que Pablo me dera no hospital.

Me ecolhi e soltei um gemido de dor baixo. Meu corpo estava dolorido.

Dulce? - Ivalú me chamou com a voz baixa. - Está tudo bem? - Me virei pra ela e me aconcheguei em seus braços.

O que aconteceu? Eu me lembro de ver meu pai sair correndo.

Ele teve uma parada cardíaca Dulce, mas já está estável de novo.

Vocês me doparam não foi?

Não tivemos escolha, você precisava sair dali e descansar. - Ela passou a mão pelo meu cabelo e beijou minha testa. - Sei que está preocupada, e que quer ficar lá, mas pensa na saúde do bebê. Hospital não é lugar para grávidas, é arriscado.

Eu sei. A única coisa que quero, é que ele acorde logo. Eu preciso que ele acorde.

Ele vai acordar, você vai ver. Ele está sendo forte e está lutando para sobreviver. - Ela passou a mão pelo meu rosto. - Você parece estar febril, está se sentindo bem?

A ultima coisa que eu estou, é me sentindo bem. - Me encolhi.

Porque não levantta e toma um banho. Eu vou lá em baixo preparar alguma coisa pra você comer. Mas por favor, não fuja.

Olha, eu nem tinha pensado nisso mas eu não sei dirigir Iva, e já tentei fazer esse trajeto à pé, mas é horrível, eu não chegaria na metade do caminho no estado que eu estou.

Você é louca? É muito longe.

Você não sabe metade da história. - Neguei e me sentei na cama. - Fuzz está apagada.

Ela dorme feito uma pedra, sabe disso. - Sentou-se e arrumou o cabelo.

É. Sei sim.

Posso fazer uma pergunta?

Claro.

Como vai ficar você e o Pablo?

Eu não sei. Ele gosta realmente de mim, não é?

Sim. Ele está muito triste com essa história toda.

Eu percebi. Eu senti tanto a falta dele, porque de todos, ele é o que mais me entendia, o que mais me conhecia. Parece que eu tenho o dom de magoar as pessoas que gostam de mim.

Você não tem culpa de se apaixonar por outro Dulce. E bom, agora não é apenas você e ele, também tem o bebê.

Eu sei. Não sei se algum dia seria capaz de dar outro pai a esse bebê caso acontecer alguma coisa com o Christopher.

Tenta pensar que vai ficar tudo bem, que ele vai acordar logo e quando menos esperarem estarão com o bebê de vocês nos braços.

Deus te ouça Iva. - Olhei para o lado de vi que Fuzz se quer se mecheu, então a empurrei fazendo-a cair da cama, e fazendo-a se assustar. - Acorda bicho-preguiça.

Dulce Maria! - Ela gritou brava.

Você nem se meche, se eu tivesse que morrer, eu já teria morrido. - Dei de ombros e me levantei.

Você continua louca, sério. - Ela se levantou com a mão na coluna. - Quer me matar, é isso?

E você continua acordando mal humorada. - Entrei no banheiro e fechei a porta.

Quase dois meses se passaram e Christopher continuava na mesma situação. Não havia melhora, nem piora.

Tive minha última consulta fazem dois dias. Minha barriga estava crescendo cada vez mais. Antes eu ainda conseguia esconder, mas agora já não. Era estranho olhar no espelho e ver minha barriga. Ainda não me acostumei com isso. Pablo me acompanhou nessa consulta, e lá encontramos meus pai. Ele passa a maior parte do tempo na cidade por causa de Christopher, o que eu acho injusto porque eu raramente posso ir vê-lo, principalmente agora que há horários de visitas.

Fiz também a amniocentese depois de fazer uma ultrassom. Demorou quase meia hora para meu pai parar de chorar quando ele descobriu que era menina. O que eu sinto com isso? Estou feliz, claro que estou. Nunca tive preferêncio por sexo, mas as mulheres da minha família não tiveram sorte alguma. Tenho medo que minha filha possa herdar algum problema. Quero que ela seja completamente saudável.

Estou com 17 semanas e meia agora, e estou contando os dias para tê-la em meus braços. Espero que Christopher também esteja ao meu lado nessa hora.

Estou deitada na minha cama com meus amigos, com Annie e Poncho. Pablo está atencioso comigo, está me mimando tanto, e isso me incomoda. Estamos olhando na internet alguns nomes para bebês. Eu não tive tempo para pensar nisso, mas quando eu disse o sexo do bebê, todos resolveram dar paplpites, então aqui estamos nós.

O que você acha de Emilia? - Perguntou Ivalú e eu fiz uma careta negando, depois voltei meus olhos à tela do computador.

Eu acho Sofia bonito. - Annie disse pesquisando alguma coisa em seu celular. - Significa sabedoria Dul.

É lindo Annie, mas ainda não é isso que quero. - Tirei o computador do colo, isso não faz bem a minha bebe. - Poncho, o Chris... ele nunca pensou em nada? Tenho medo de escolher e ele não gostar.

Não. Na verdade ele sempre pensou em nome pra menino. Como Pietro, Juan, algo mais latino sabe.

Entendi. - Suspirei.

Clara também é lindo. - Pablo disse por fim. Foi bom ouvir um palpite dele. - “A origem do nome Clara é Latim e significa brilhante e ilustre. Revela uma pessoa com forte senso critico e muita racionalidade. Tem autocontrole e um perfeccionismo invejável, que são ferramentas essenciais na luta pelo sucesso, geralmente progride muito na vida” - Ele terminou de le e me encarou.

Eu teria inveja da minha própria filha. - Brinquei e ele sorriu. Por um momento eu olhei em direção à janela. A noite parecia bem clara. Era isso. Lua, eu amava a Lua. - Eu acho que já sei qual nome vai ser. - Dei um sorriso e eles me olharam.

Qual? - Perguntou Fuzz deitada em meu pufe. - Dulce Maria filha?

Ai, claro que não. - Tive que rir, uma Dulce já é o suficiente desastrada. - Luna.

É um nome bonito.- Indagou Alfonso.

Acha que ele vai gostar? - Ele assentiu. - O que acham de eu colocar Luna Clara? - Olhei para Pablo e ele desviou os olhos com um sorriso quase imperceptível nos lábios.

É estranho. - Fuzz franziu o cenho.

Diferente. - Concluiu Pedro. - Mas a filha é sua, você é quem sabe, o importante é você gostar do nome Dul.

É... - Suspirei. - Eu estou cansada.

Porque não dorme? Você tem dormido tão mal desde o ocorrido.

Eu sei. Queria dormir e só acordar com a notícia de que Christopher despertou. - Acariciei a barriga. - E com isso eu estou comendo feito uma vaca, eu vou virar uma baleia.

Ih, começou. - Fuzz revirou os olhos.

Você está ficando linda. - Disse Pablo e todos ficaram em silêncio. - Humm, eu acho que vou tomar um banho.

E eu acho que vou dormir. - Dei de ombros.

Você ainda não jantou.

Eu não quero comida.

E o que quer comer? - Alfonso perguntou.

Não sei. Mas não é comida.

Eu vou lá em baixo ver o que tem pra gente comer. - Ele veio até mim, depositou um beijo na minha testa.

Eu vou junto. - Anahi se levantou e saiu atrás dele.

Eu acho que vou lá, estou faminta. - Ivalú saiu puxando Pedro.

E eu também. - Fuzz falou meio sem graça. - Juízo vocês dois. - Revirei os olhos e ela saiu fechando a porta em seguida.

Qual o problema deles? - Perguntei. - Digo,não tem mais nada a ver sabe, e mesmo se quiséssemos, não ia rolar.

Posso fazer uma pergunta? - Ele se sentou ao meu lado.

Sim.

Mas não vá ficar brava, e nem chorar por favor.

Não vou chorar. - Revirei os olhos. - Vai, manda.

Se por um acaso acontecer o pior, não que eu quero que isso acontecça, juro. Mas se acontecer, algum dia, você deixaria eu cuidar de você e da sua filha.

Pablo... - Me arrumei.

Dulce, querendo ou não, eu ainda gosto de você. E sei lá, apesar de esse bebê não ser meu, eu tenho um carinho imenso por ele. Sinto vontade de cuidar, de proteger.

Eu não sei se seria capaz de dar outro pai a minha filha. Não seria justo com ela, nem com o Christopher.

Eu não disse que seria o pai dela, apenas cuidaria como se fosse minha. Ela teria todo o direito de saber quem é o pai dela.

Eu realmente não sei responder sua pergunta. Desculpa.

Tudo bem, mas saiba que, se precisar eu sempre estarei aqui.

Você vai ficar por quanto tempo aqui? Vocês não falaram.

O tempo que quisermos, desde que estejamos em Nova York de volta para o natal. Tecnicamente, você deveria voltar com a gente, mas parece que isso não vai acontecer não é?

Pablo, as coisas não são mais como antes. Eu sinto muito.

Tudo bem, eu entendo. -Ele suspirou. - Eu vou lá em baixo com o pessoal, você não vem?

Quero tomar um banho primeiro, depois como algo antes de ir dormir.

Ok, não demora. - Ele depositou um beijo em minha cabeça e depois se retirou.