Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

Não. Não se você se cuidar. - Ele olhou alguns exames em sua mão. - Houve um pequeno descolamento de placenta, por tanto você terá que ficar em repouso absoluto por algumas semanas, tomando ultrogeston. E bom, terá que fazer um ultrassom toda semana para acompanharmos e ter a certeza de que ficará tudo bem. Enquanto isso repouso, muita calma e paciência viu mamãe? - Suspirei sentindo um alívio. Minha princesinha ainda estava bem. - E bom, estou analisando seus exames. Sua diabete está muito alta, precisa cuidar melhor disso. Vou receitar outro tipo de insulina pra você, para ver se há uma melhora nisso.

É por causa da diabete? - Perguntei com medo. Até que ponto isso prejudicaria meu bebê?

Não exatamente, mas ela ajudou. Você anda muito estressada, precisa relaxar um pouco. Estresse na gravidêz não é bom.

Ela chegará até os nove mese não é? Eu tenho tanto medo.

Eu não posso te informar isso, mas é provável que sim. Prestemais atenção para ver se não há nada errado, e se sentir que algo vai mal, procure um médico, entendido?

Hurrum. - Me encolhi. Meu pai acariciou as costas de minha mão e me deu um sorriso terno.

Vai ficar tudo bem filha. - Ele depositou um beijo em minha testa.

Agora tente descansar um pouco, quando o efeito do medicamento que mandei aplicarem no soro passar, você já poderá ir pra casa, mas como disse, repouso absoluto até que o seu obstetra te libere.

E foi exatamente assim que passei semana pós semana. Não poder ir ver Christopher no hospital me corroía por dentro. Eu queria vê-lo todos os dias, mas eu se quer podia ir ao banheiro sozinha.

No dia em que meu obstetra finalmente me liberou a poder caminhar a primeira coisa que fiz foi ir ver Christopher. Ele estava tão magro, tão pálido. Fiquei mais de uma hora conversando com ele, na esperança de que ele ouvisse as coisas que eu dizia. - A nossa filha está sendo bastante forte sabia? - Segurei uma de suas mãos e depositei um beijo ali. Em seguida a coloquei sobre minha barriga. - Está cresendo tão rápido, queria muito que você visse. O medico disse que ela está um pouco abaixo do peso, mas não tenho tido muito apetite pra comer nada. Não é nada grave, apenas tenho que me alimentar melhor e tomar algumas vitaminas. Queria que você estivesse acordado para me dar uma bronca por isso. - Senti uma fisgada no lado direito da barriga. - Ah... Ah meu Deus, você está sentindo Chris? - Senti meus olhos marejarem quando senti outra fisgada um pouco mais forte. - Ela nuna tinha chutado antes. Ela está feliz de estar aqui perto de você. - Suspirei frustrada ao ver que ele não dera nenhum sinal. - Eu não sei se você está me ouvindo, mas se tiver, por favor, acorda logo. Eu preciso de você comigo. Nós duas precisamos. - Me sentei na poltrona ao lado da maca já que minhas pernas começavam a doer. - Eu quero que você esteja aqui quando chegar o momento. Quero que você esteja lá comigo. - Minhas falas foram interrompidas com três batidas na porta. Olhei em direção a ela e vi uma enfermeira.

Desculpa, mas o horário de visita terminou.

Tudo bem. - Passei as costas das mãos enxugando as lágrimas que escorreram. - Eu já estou indo. - Me levantei com a mão na coluna. Estava ficando pesada. - Eu volto logo, prometo. - Depositei um beijo em sua bochecha bem próximo à sua boca. Se não fosse o tubo de oxigênio teria lhe dado um selinho. - Eu te amo muito, nunca se esqueça disso.

Alguns segundos depois eu me retirei. A enfermeira me acompanhou até a sala de espera onde Alfonso me esperava.

E aí? Como foi?

O de sempre. Ele nunca se move, nunca muda nada.

Isso vai mudar logo, você vai ver. - Ele passou o braço pela minha cintura e juntos fomos até o carro.

Aconteceu algo hoje. - Apoiei a cabeça no ombro dele.

O quê? - Ambos mantinhamos os olhos no caminho em que passávamos até que por fim chegamos perto do carro.

Eu senti a Luna chutar. - Mordi o lábio inferior.

Jura? - Seus olhos brilharam. - A gente nunca conseguiu sentir, já estava ficando preocupado. - Ele pôs a mão sob minha barriga. - Oh minha princesa, chuta para o titio sentir. - Ele se ajoelhou.

Aqui. - Peguei a mão dele e coloquei exatamente onde eu havia sentido e ambos sentimos um chute de leve.

Ah meu Deus, é de verdade. Tem uma vida dentro de você. - Ele gritou.

Obvio que tem. Achou que eram travesseiros? - Me deixei rir. Era engraçada a reação dele ao sentir os chutes.

E como ter um bebê dentro de você? - Ele tirou a mão e se levantou.

Não dá pra explicar, mas é uma sensação muito boa. - Mordi o lábio inferior. - Eu quero dunuts.

Dunuts? Você?

Sim. Me deu vontade agora.

Seu primeiro desejo? - Ele sorriu. - Então vamos comprar dunuts pra você, porque se o Christopher acordar e souber que deixamos você passar vontade de alguma coisa, ele vai matar um por um. - Ele me abraçou e beijou minha cabeça. - Eu vou cuidar de você, maninha.

Não é estranho pra você?

O quê?

Sei lá, é estranho. Eu estou grávida do irmão do meu irmão, isso é meio estranho.

É engraçado.

Posso fazer uma pergunta?

Claro.

Há alguma probabilidade de você chamar o Fernando de pai algum dia?

Eu não sei. Por mais que eu tente, eu não consigo vê-lo como meu pai. - Ele abriu a porta pra mim e eu entrei. - Eu sei que ele não tem culpa sabe, mas não é algo que vai fazer eu me acostumar da noite para o dia.

Dê uma chance a ele, ele ama você e o Chris como filhos dele, independende de ter ou não o sangue dele.

Eu sei. - Ele suspirou e depois de uns segundos fechou a porta.

Passamos numa lanchonete, compramos uma caixa de rosquinha dunuts de vários sabores e fomos pra casa. Meus amigos e eu passamos o resto do dia tentando sentir Luna chutar, mas sem êxito. Meu pai havia viajado há tres dias e voltaria somente na madrugada de hoje. Eu odiei o fato de ele ter viajado. Queria que estivesse comigo o tempo todo.

Passei horas no quarto dele esperando-o chegar. Quando ele chegou eu já estava dormindo. Eu até que o vi chegar, mas depois de ficar horas rolando na cama de um lado para o outro sem dormir, finalmente o sono me pegou de jeito. Percebi que ele ficou algum tempo conversando com minha filha, mas não consegui me manter acordada. Depois dormimos abraçados. Agora mais do que nunca percebo o quanto eu quero estar com ele e o quanto eu o amo.

Dois dias depois, acordei com um telefone tocando. Eu estava dormindo a maioria das vezes no quarto do meu pai, então o telefone só poderia ser dele. Abri com dificuldade os olhos e pude notar que ainda estava tudo escuro. Eu estava zonza de sono e apenas prestei atenção quando meu pai saltou da cama.

O quê? - Ele perguntou algo, e mesmo com a pouca luz no quarto pude notar que ele me olhou, tirou o celular do ouvido e depois saiu do quarto fechando a porta. Me sentei na cama na esperança de ouvir mais alguma coisa, mas tudo que ouvi é “já estou indo”

Antes mesmo que eu criasse coragem para levantar a porta reabriu. Era meu pai e Pablo.

Filha, eu preciso dar uma saída. - Ele suspirou. - Chamei seu amigo pra ficar aqui com você, qualquer coisa me liga.

O que houve? - Perguntei com medo. Senti um aperto no peito. - É o Christopher? - Ele não respondeu, apenas foi até o guarda roupas dele, e pegou uma roupa. - Me responde. - Gritei.

Calma Dulce. - Pablo se sentou ao meu lado enquanto meu pai saía e fechava a porta.

Aconteceu alguma coisa com ele?

Eu não sei, seu pai apenas disse pra eu vir ficar com você.

Eu vou junto, eu preciso saber o que é. - Tentei me levantar, mas Pablo me segurou. - Me solta, eu quero saber o que houve com ele. = Senti meu rosto se molhar.

Ei, você nem sabe o que é, não se desespere. - Ele me abaçou.

Eu estou com tanto medo.

Vai ficar tudo bem. - Ele me fez deitar novamente e ficou ali até eu conseguir pegar no sono novamente, quando já estava clareando.

Acordei com ele acariciando meu rosto. Os raios solares entravam pela fresta da cortina e clareava um pouco o quarto. A primeira coisa que vi foram seus olhos cor de café me encarando. Estavam em um tom intenso. - Bom dia. - Ele sorriu.

Bom dia. - Me limitei e ele continuou me encarando. Eu tive a leve impressão de que ele iria começar a chorar a qualquer instante. - O que foi? Aconteceu alguma coisa? - Acariciei-lhe o rosto e ele suspirou colocando uma de suas mãos sob a minha. Ele fechou os olhos e uma lágrima traçou seu rosto. - Pablo o que foi? - Me sentei o olhando preocupada e ele se sentou logo em seguida.

Me beija. - Ele segurou meu rosto e colou a testa à minha.

Pablo eu não.

Por favor. - Ele implorou. - O último beijo.

Por quê está me pedindo isso? - Fechei meu olhos sentindo um calafrios. Fiquei esperando ele responder, mas ele não disse nada. Apenas colocou os lábios nos meus e eu não tive escolha além de deixá-lo me beijar. Foi um beijo calmo e rápido. Ele saiu logo depois sem falar nada.