Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

Duas semanas se passaram após Christopher ter acordado e Pablo ter ido embora. Eu tentei fazer com que ele ficasse, tudo fora completamente em vão. É estranho tudo isso. Tentei ligar para ele algumas vezes, mas o número era inexistente. Tenho certeza que ele trocou o número assim que chegou em Nova York. Perdi o meu melhor amigo. Ivalú, Fuzz e Pedro continuam aqui, embora tenho a certeza de que estejam entediados. Não tenho ânimo de sair do meu quarto hora alguma. Se pudesse ficava apenas deitada. Minhas costas doem, minhas pernas estão inxadas, quero ir ao banheiro toda hora, estou engordando horrores por causa da gravidêz, Luna tem dado chutes tão fortes que chega a doer às vezes e pra ajudar estou com os hormônios à flor da pele.

Christopher continua no hospital. Fiquei sabendo pelo meu pai, embora não me interessasse saber – ou fingisse não estar interessada – que ele começaria a fazer fisioterapia em alguns dias. Houve uma sequela, mas o médico disse que se ele fizer os exercícios conforme o necessário, logo ele estará completamente recuperado.

Não sei o que será quando ele entrar pela porta. É mais fácil aceitar quando eu não tenho que vê-lo, mas será que aguentarei quando ele estiver por perto?

Conversei com meu pai sobre ir morar em outra cidade, apenas nós três e ele ficou de pensar no assunto. Não me disse mais nada até hoje, mas, acredito que um pouco mais de chantagem eu consigo convencê-lo, caso contrário, eu irei embora sem dar satisfações a ninguém.

Tenho dinheiro suficiente para sustentar a mim e minha filha até conseguir arrumar um emprego.

Tive uma consulta no dia anterior e levei uma bronca do meu médico. Minha diabetes não melhora em nada, embora tenho feito o possível para que ela melhore.

Luna parece estar desenvolvendo bem, mas parece que ainda está um pouco abaixo do peso ideal e isso me assusta um pouco. Em algumas semanas ela estará em meus braços e espero estar bem longe desse lugar.

Estava deitada em minha cama lendo um livro quando meu pai entrou em meu quarto sem se quer bater na porta. - Dulce, você não pode ficar o tempo todo no quarto.

Hum.. Sim, eu posso. - Dei de ombros.

Seus amigos estão aí, porque é que não saem um pouco?

Papai. - Me sentei e deixei o livro de lado. - Olha só pra mim, eu estou horrível. Estou inchada, cheia de dores pelo corpo, a última coisa que quero é sair de casa.

Você não está horrível, está grávida. As pessoas mudam na gravidêz Dulce. - Ele se sentou ao meu lado. - Você passou maior parte da sua gravidêz enfiada aqui, porque é que não vai comprar as coisas da Luna com suas amigas? Aposto que seria muito divertido.

Tenho uma ideia melhor. - Suspirei. - Por que é que não vão vocês? Eu não quero e não vou sair. Eu sei que eles estão entediados, e sinceramente, eu não posso fazer nada.

Sim, você pode. - Ele apoiou a mão sobre meu joelho. - Eles disseram que não importa o que acontecer, vão ficar aqui até dezembro Dulce. Deveria aproveitá-los.

Talvêz eu volte com eles. Eu deveria ter aceitado a ideia de ser emancipada e voltado pra Nova York. Teria evitado muita coisa. - Voltei a me deitar acariciando a barriga.

Você vai tirar a Luna de perto de mim?

Não se você não arrumar um jeito de nós dois, apenas nós dois irmos embora daqui. Eu já disse o que eu quero, e você não me deu nanhum retorno.

Eu olhei alguns apartamentos. Não consigo me acostumar à ideia de morar em um. Estou acostumada com liberdade, ar puro, natureza.

Então olhe uma casa, sei lá. Eu não posso viver aqui, não dessa forma. - Senti meus olhos marearem. - Pelo menos uma vez na vida, faça alguma coisa para me ajudar.

Filha... - Ele fechou os olhos. - Se eu fizer isso, você ficará melhor? Realmente melhor?

Talvêz, eu preciso tentar.

E o Poncho?

Não. - Falei decidida.

Mas é você quem vivia dizendo que ele era seu irmão, que também tinha os mesmo direitos que você.

E ele tem, mas não quero que ele fique conosco. Não nessas condições. Se ele vier com a gente, exigirá que a Alexandra e o Christopher estejam conosco e eu não quero isso. Eu quero somente você e a Luna comigo, mais ninguém. O Christopher não quer saber da minha existência e a Alexandra me odeia.

Dê um tempo a eles meu amor.

Um tempo? Um tempo? Christopher acordou fazem quinze dias. Quinze! - Alterei a voz. - E ele se quer quis me ver. Se quer fala em mim. Ele não quer saber se eu estou bem, se preciso de alguma coisa. O máximo que ele quer saber é se estou cuidando bem da gravidêz por causa da Luna. E a Alexandra, ela me odeia por quase ter matado o Christopher. Ela me olha como se eu fosse um monstro, e tenho certeza que ela preferiria mil vezes que eu estivesse no lugar do Christopher. Ela se quer pergunta sobre a filha do Christopher, como se ela também tivesse culpa de alguma coisa. Eu estou cansada de tar tempo ao tempo. Cansada. E se você não der um jeito de nós dois sairmos daqui logo, você irá acordar qualquer dia e não estarei aqui. E não duvidaria disso se eu fosse você.

Eu vou ver isso, eu prometo, mas por favor não vá embora assim. Você é minha filha e quero você por perto. E eu amo você e a Luna mais que tudo nessa vida. Bom, e seu irmão também, embora ele ainda não me aceite exatamente como pai. Vocês três são minha vida, e farei o que for preciso para vê-los feliz. - Ele depositou um beijo em minha testa. - Vou dar uma saída agora e mais tarde eu volto.

Não respondi. Deixei que ele saísse sem eu falar nada. Se algum deles tivessem na minha pele saberiam o que eu sinto. Talvez eu devesse ir até o hospital tentar falar com Christopher, mas como? Não tive coragem para aprender a dirigir e ninguém iria querer me levar até lá dada as circunstâncias. Será que Christopher realmente me odeia agora? Não queria que minha filha crescesse sem uma familia de verdade. Não queria que ela crescesse como eu. Sem um pai presente. O que vai ser quando ele voltar pra casa? Ele vai me ignorar? Não vou suportar nada disso.

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Semana pós semana se passou e tudo que sabia sobre ele é que continuava fazendo fisioterapia. Houve um dia, mais precisamente há seis dias atrás Christopher teve uma convulção. Até hoje não sabem o motivo. Sei que ele tem dado febre quase todos os dias, mas não alta e também não há motivos lícitos para isso. Tenho medo que por minha causa ele tenha alguma sequela permanente. Meu pai me disse que ele já consegue caminhar sem muletas, mas que se cansa muito rápido. O tiro que pegou perto do peito passou bem perto do coração e perfurou o pulmão, e o que pegou na lateral, atravessaram rim, figado e alojou-se bem próximo a sua coluna. Pensar nisso me dá náuseas.
Meu pai prometeu que, se eu saísse com minhas amigas para comprar as coisas da bebê, ele tentaria convencer Christopher de me deixar visitá-lo. Motivo pelo qual estou voltando para a casa com minhas amigas com a caminhonete do meu pai lotada de coisas, incluindo roupas, banheira, carrinho, bebê conforto, mamadeiras, e mais um montão de coisas para bebê, uma mais fofa que a outra. Meu pai vai adorar.
Quando cheguei em casa Pedro, com a ajuda de Alfonso ajudou a descarregar o carro e levar as coisas para o meu quarto.

Poncho, onde está o papai? - Perguntei carregando a menor sacola possível enquanto meus amigos reclamavam. - Eu já disse, não posso carregar peso. - Dei de ombros.
Acho que lá em cima, vai lá. - Ele deu um sorriso sapeca, cara de quem estava aprontando alguma. Semicerrei os olhos e saí logo em seguida. Subi as escadas e fui procurar por ele. A porta de um dos quartos estava aberta. Um quarto que eu nunca havia entrado. E lá estava meu pai, sentado no chão lendo alguma coisa que parecia um manual de instruções e ao lado dele um berço bramco com acabamentos arredondados. Em baixo da janela havia um sofá cama semelhante ao que tinha em meu quarto, porém com acabamento igual ao do berço. Havia um guarda roupas branco, e uma cômoda, ambos pareciam ser parte do mesmo jogo. Na porta da cômoda e na porta esquerda do guarda roupas, haviam três corações de vidro pequenos permitindo ver o interior vazio dos mesmos. Havia também uma poltrona de balanço com apoio para os pés branca de corações rosa bebê. E a parede estava branca com uma fita de papel de parede cheia de corações igual aos da poltrona, porêm a faixa era rosa bebê e os corações era um tom mais forte.

Papai. - Meu queixo caiu.
Oi filha. - ele tinha um olhar brilhante. - Desculpa não ter falado, mas é que eu queria fazer surpresa. Não foi nada fácil tirar você de casa então tive que pintar de madrugada. Sorte a tinta ser sem cheiro, achei melhor assim. E bom, o Poncho me ajudou com os móveis que estavam escondidos e desarmados. Espero que goste.
Eu... eu nem sei o que dizer. - Cheguei até a esquecer que estava querendo ir embora dali. Estava tudo tão lindo.
Falta agora colocar no lugar e limpar. E bom, colocar as coisas em seus lugares. Você comprou alguma coisa para o berço? - Neguei, não era minha intenção comprar nada para montar um quarto ali. - Tudo bem, eu tenho uns dois guardados. - Ergui minha sobrancelha. - Desculpa, eu estou muito empolgado. Tem um monte de coisa guardada lá no porta malas do carro do Poncho. Acho que já posso pegar.
Não acha que está exagerando?
Exagerando? Eu? Claro que não. Ela vai ter tudo do bom e do melhor no que depender de mim.
Ela vai crescer insuportável com você a mimando dessa forma.
Eu só quero fazer pra ela que eu não pude fazer por você e seu irmão.
Tudo bem. - Suspirei tentando controlar as lágrimas. - Não quer ver o que compramos?
Claro que quero, só queria saber onde encaixo isso. - Ele tirou apontou uma coisa que parecia um suporte para cortina de berço que mais parecia uma coroa gigante - Não consegui achar onde encaixa.
Eu já vi desses. É de teto. - Sorri. - Tem que pendurar no teto em cima do berço.
E não vai cair? Pode acabar machucando ela, se cair.
Nunca ouvi falar que algum ja tenha caído. - Dei uma risada.
Tudo bem, amanha eu dou um jeito. Preciso ver alguém pra limpar isso. - Ele jogou o manual dentro do berço. - E como ela se comportou hoje?
Um pouco agitada mas bem. Ela tem mexido muito, mas disseram que é normal. - Acariciei a barriga. Estava crescendo tão rápido. - Papai, você vai estar comigo? Não quero ficar sozinha.
Espero conseguir. Eu não consegui ficar perto quando você nasceu.
Depois nós somos o sexo frágil. - Ri da cara que ele fez.