Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

Quando chegamos no estacionamento vi Christopher parado perto do carro. Ele me olhou com uma cara não muito agradável e assim que meu pai destrancou a porta ele entrou na parte de trás do carro.

Sério que ele está com você? - Perguntei baixo. Era bom de mais pra ser verdade.

Sim, ele veio ver a Luna. Aproveitou carona.

Veio levar aquela garota para vê-la, isso sim. - Bufei. - Se ele tivesse um pingo de amor próprio ele não voltava a fazer isso. - Grunhi, entrei no carro no banco da frente do passageiro e bati a porta.

Está com ciúmes. - Christopher falou atrás de mim.

O quê? - Arregalei meus olhos.

Eu ouvi. - Meu pai entrou no carro e ficou olhando para o volante em silêncio.

Ah, que bom que ouviu. Não ouse levar aquela menina para perto da minha filha novamente Christopher.

Nossa filha, até onde sei você não usou o dedo pra fazer. - O encarei pelo retrovisor enquanto meu pai arrancava com o carro fingindo ignorar nós dois.

Infelizmente não, mas mesmo assim não precisamos de você. - Dei de ombros. - Mas é o seguinte, ou você afasta aquela garota da minha filha ou eu não respondo por mim.

Isso é uma ameaça?

Não. É só um aviso. Você escolhe. Ou ela, ou sua filha. - Falei por fim. Se Christopher não se afastasse daquela garota por bem, seria por mal.

Ela é só minha amiga.

Amiga? - Soltei uma gargalhada sacarstica. - Sua ex namorada. Você disse que não tinha ninguém.

A gente apenas ficou. Cresce Dulce, se não fosse ela eu nem estaria vivo. Ela salvou a minha vida, deveria agradecê-la por isto.

E agradesço, desde que ela fique bem longe de você.

Isso é apenas uma crise de ciúmes. - Vi pelo retrovisor que ele deu um sorriso.

Eu estou falando sério Uckermann. Eu só preciso de um motivo pra ir embora de vez desse lugar, e isso é um bom motivo.

Você não pode tirar minha filha de perto de mim, eu não vou deixar.

Será? - Perguntei mas ele não respondeu. Vi que meu pai me olhou de lado, mas que se dane. - Eu já sou maior de idade, Luna é minha filha e eu decido onde vivo com ela.

Você não sabe cuidar nem do próprio nariz Dulce.

Isso é o que nós veremos Christopher.

Ai, já chega vocês dois. - Meu pai explodiu. - Os dois acabaram de sair do hospital. Christopher eu sei que está revoltado, ou melhor, irado pelo que houve, por ter perdido meses da sua vida naquele hospital, mas já está na hora de agradecer à vida pela segunda chance. Você poderia estar a sete palmos abaixo da terra agora mas está aqui. E Dulce, eu sei tudo pelo que você passou esses ultimos meses, mas caramba, será que dá pra crescer? Você mesma disse que já é maior, será que dá pra agir como adulta? Vocês dois têm um filha agora. Uma filha que está lá naquele hospital precisando do apoio dos pais enquanto os dois estão aqui de birra. Ninguém aguenta mais vocês dois. Ou ficam juntos logo ou aprendam a viver um sem o outro aceitando o que o outro faz. Eu não vou permitir que minha neta cresça nesse bombardeio entre vocês dois, estão me entendendo? E eu não quero mais ouvir um A da boca de vocês se não for em uma conversa decente. - O rosto dele estava feito um pimentão de tão vermelhor quando ele terminou. Christopher e eu não abrimos a boca durante o resto do caminho. A viagem parecera bem longa até em casa. - Direto pro quarto Dulce. - Meu pai falou antes mesmo de desligar o carro que havia estadionado.

Mas...

Mas nada, você precisa ficar de repouso, não pode ficar andando por aí.

Aff.. - Bufei, abri a porta do carro e saí batendo os pés. Meus amigos estavam na sala quando entrei. Parei para olhá-los.

Bem vinda de volta. - Fuzz sorriu. - Como está?

Bem. - Dei de ombros.

Está de mau humor. O que houve? - Ivalú veio até mim e me abraçou. Vocês não conseguiram ver minha filha, não é mesmo?

Não. Mas a gente vai poder vê-la em breve, você vai ver.

É só que, não achei justo que vocês não puderam ver e aquela garota pôde. - Cruzei os braços sob a barriga. - Amanhã quero que vocês a vejam, e não me importa o que os medicos digam. Se aquela idiota conseguiu vocês também vão conseguir.

Eu disse direto para o quarto Dulce. - Meu pai falou enquanto entrava.

Ah, me deixa. - Saí emburrada escada a cima e fui para o meu quarto. Bati a porta com força e me joguei na cama.

Somente quando anoiteceu alguém bateu na porta e mesmo sem eu responder a porta se abriu. - Será que a gente pode conversar? - Christopher perguntou com a cabeça entre a fresta da porta.

Não temos nada pra conversar. - Me encolhi em baixo do edredom abraçando meu travesseiro.

A gente precisa. - O vi entrar e fechar a porta, depois vir com dificuldade até mim.

Não deveria estar andando assim Alexander. Onde está sua... - Fui interrompida.

Eu estou bem. Não preciso daquilo o tempo todo, e logo já não vou precisar mais. - Ele se sentou na beira da minha cama. Ele não conseguia me encarar.

Mantenha distância, por favor. - Pedi, embora quisesse abraçá-lo forte e nunca mais soltá-lo.

Eu não vou te atacar, não se preocupe. - Ele se manteve em silêncio observando algum ponto fixo no chão, depois deu um sorriso fraco. - Eu só queria dizer que eu não vou mais morar aqui.

Prefere ir embora a se afastar daquela tal Maitê? E a sua filha? - Perguntei incrédula.

Me escuta. - Ele passou a mão pelo rosto. - Eu não estou com ela, e se você não acredita não é mais problema meu. Ela é apenas uma amiga.

Vocês namoraram Christopher, e nunca me disse isso. Pensei ter sido o único amor da sua vida.

Foi uma coisa sem compromisso, eu se quer me importei quando descobri o que ela havia feito, mas isso não é importante. Eu vou embora, e vou querer ver minha filha sempre que eu puder.

Pra onde você vai? Ela é só um bebê, não permitirei que ela fique de um lado para o outro assim como se fosse um brinquedo.

Eu sei. Eu também não quero isso pra ela, mas também não podemos fingir que nada aconteceu.

Você nunca vai me perdoar, não é?