Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

Você ter mentido pra mim? - Ele voltou a sorrir. - Eu acho que já te perdoei por isso, mas não consigo aceitar o fato de que você não confiou em mim, e isso doeu mais do que ter levado dois tiros e quase morrer. - Senti náuseas por ele falar isso. 

Mas você sabia de tudo, eu sei que sabia.

Pelo meu irmão. - Ele molhou os lábios com língua. - Eu queria ouvir de você que estava grávida de um filho meu. Queria que você confiasse em mim para proteger nós três.

Eu tive medo Christopher, você não estava lá o dia em que ele te ameaçou. Havia ódio no olhar e nas palavras dele. Eu tive tanto medo que me recusei que ele me trouxesse para casa, então eu vim a pé. Eu fui até ele para por um ponto final em tudo, mas não deu certo. E é por isso que sempre eu estava chorando, pedindo pra você se afastar. Eu estava sempre com a imagem do Rodrigo fazendo algo com você. Eu não ia suportar perder mais ninguem, não ia suportar perder você Christopher, e quando a Annie falou que eu deveria estar grávida, eu fiquei em pânico. O que eu iria dizer a ele? Então eu me abri para o Poncho. E tive que prometer que diria ao meu pai. Ele estava pensando em algo pra dar fim aquela historia mas foi tarde de mais. - Eu o olhei, seu rosto estava sem semblante algum. - Você não precisa esquecer isso, até porquê sei que é impossível, e por mais que eu diga que o que eu fiz foi pra tentar poupar sua vida, sei que você não vai entender e sei que tem o direito de me odiar o quanto quiser e por quanto tempo quiser. - Me virei de costas pra ele tentando não chorar. - Mas sei também, que se fosse o contrário você teria feito o mesmo.

Eu não te odeio Dulce. - Ele falou depois de algum tempo em silêncio. 

Você hesitou. -  Ri sem vontate. 

Eu apenas não consigo digerir isso. Parecia uma noite mas foram meses. Eu perdi todo o desenvolvimento da minha filha, eu não estive presente quando descobriram o sexo, eu não pude realizar se quer um desejo seu, nem sequer pude ver sua barriga crescer, e isso é o que mais me revolta. Quando me falaram que você estava em trabalho de parto, eu fiz questão de estar lá. Eu não me permitiria estar ausente. Eu queria estar lá pra te dar força.

E mesmo assim você saiu sem falar nada.

Eu não sabia o que dizer. Fiquei paralisado ao vê-la tão frágil e pequena. Você me pediu pra ficar com ela, então eu fui. Tentei, mas não me deixaram. Nem mesmo me deixaram voltar pra ver você. Soube que você estava fraca de mais, e só acordou no outro dia. Queria muito ver você então eu disse que se não me dessem alta eu fugiria e não apareceria mais. Quando consegui ver você, você se quer me deixou falar. Não precisa acreditar se não quiser.

Pra onde você vai? -Perguntei com a voz falha. Não queria que ele se afastasse de mim. Não queria que ele fosse embora, mas o que eu iria fazer? Ele estava com raiva de mim, e nem se eu quisesse conseguiria fazê-lo ficar.

Por aí. Preciso dar um jeito na minha vida. Estudar, trabalhar fora. Não posso permitir que minha filha seja criada pelo avô enquanto não faço nada da vida. 

E como você vai vê-la crescer estando longe Chris...topher? - Senti um aperto no peito e me virei novamente para olhá-lo. - Não poderei forçá-la a querer você quando ela mal te conhecer. E céus... e quando você arrumar alguém? Eu não quero que tenha contato com a minha filha.

Eu não vou arrumar ninguém Dulce. Eu vou para estudar, trabalhar.Mas não vai ser agora. Primeiro vou esperá-la sair do hospital e ter a certeza de que está tudo bem e de que ela ficará bem.

Você quem sabe. - Falei tentando parecer indiferente.

Eu já conversei com a Mai, e ela não vai chegar perto da Luna sem minha permissão. Na verdade nem de mim. Ela ficou furiosa por eu atender o seu pedido. Disse que você é uma garota mimada e que se eu não cuidasse, logo você estaria mandando em mim.

Essa garota é maluca. Aparece do nada pra tentar piorar o que já está ruim o suficiente. Eu já estrago as coisas sem precisas da ajuda de ninguém, não preciso da ajuda dela.

Não a chame de maluca Dulce.

Vai defendê-la?

Se for preciso sim. Você nem se quer a conhece.

Pelo menos não foi eu quem dei pra um professor pedófilo enquanto estava com você. - Dei de ombros.

Dulce. - Ele me repreendeu. - Você também não foi o melhor exemplo, digamos.

Ah, cala a boca. - Peguei o travesseiro e joguei nele,mas ele o agarrou sorrindo. - Foi graças ao meu mal exemplo que a sua filha existe Uckermann.

Não estou reclamando, eu amo minha filha.

E você bem que adorou quando eu comecei a dar mal exemplo não foi?

Prefiro não comentar sobre isso.

Posso fazer uma pergunta?

Poder pode, só não sei se irei responder.

Porque é que você nunca usou camisinha? - Ele olhou com o sorriso mais safado do mundo.

E você? Porque nunca usou?

Eu não sei. Não me lembrei disso, nem me lembrava de que poderia engravidar.

Mas eu sim. - Arregalei meus olhos.

Christopher Luis Alexander Casillas Von Uckermann, você não usou de propósito? - Gritei encabulada.

Ah que lindo, você gravou meu nome completo. - Mostrei o dedo do meio pra ele. - Olha que mal exemplo pra minha Luna.

É sério Christopher, você esteve ciente o tempo todo de que poderia acontecer?

Sim.

Então não foi um “acidente”? - Fiz aspas com os dedos.

Não me culpe Maria. Você também não lembrou. Não me pediu.

Você tem noção de como eu fiquei desesperada quando eu descobri Uckermann? Eu só tinha dezessete anos. Eu ainda tenho uma vida inteira pela frente.

Você não precisa abandonar sua vida.

Mas agora eu tenho uma filha pra criar. - Alterei a voz e ele me olhou espantado. - Eu não posso simplesmente deixá-la a Deus dará e seguir minha vida, porque ela faz parte da minha vida agora. Eu posso ser tudo, mas a última coisa que eu faria na vida é deixar minha filha largada por aí.

Ei, calma. - Ele me entregou novamente o travesseiro. - Não estou dizendo isso, só estou dizendo que você pode continuar a estudar, ter uma profissão. Você ainda é nova Dulce, tem muito o que viver, e isso não quer dizer que você irá abandoná-la. Tenho certeza de que será a melhor mãe desse mundo ok? - Ele suspirou e olhou no relógio. - Eu preciso ir.

Onde vai?

Tem um bolo assando. - Ele sorriu. - Se eu não for, ele vai queimar. - Se levantou se espreguiçando.

E a sua mãe?

Adivinha?

Ela foi ver a Luna?

Foi sim. Ela está encantada com ela, você precisa ver.

Posso fazer outra pergunta?

Pode.

Ela ainda me odeia?

Posso ser sincero?

Deve.

Ela não fala em você. Nunca. - Senti um nó na garganta. - Apesar de estar babando pela nossa pequena, ela ainda não aceita, entende?

Entendo. - Me encolhi. - É um direito dela.

Você também hein? Ela já estava grilada, e ainda vai abrir a boca para o que não lhe dizia respeito.

Para. - Falei com a voz falha. - Eu explodi, tá bom? Meus hormônios estavam a mil por hora e ainda estava perdendo você. - Abaixei a cabeça.

Também não precisa chorar né?

Experimenta estar no meu lugar. - Sussurrei. - quer saber, é melhor você ir lá em baixo ver o seu bolo, deve estar queimando. - Virei-me de costas pra ele e abracei o travesseiro novamente. Christopher deu a volta ao redor da cama e se abaixou ao lado dela me olhando.

Se fosse a Luna, no meu lugar, e você no lugar da minha mãe, como você reagiria?

Eu não sei. Eu mataria se alguém fizesse algo que machucasse minha filha.

Exatamente. Ela é minha mãe, só está tentando me proteger. -Ele acaricou meus cabelos.

Eu não fiz por mal, eu juro. - Soltei um soluço forte. - Eu nunca quis magoar o filho dela, eu nunca quis que nada o machucasse. Eu queria apenas protegê-lo.

Não chora, por favor. - Ele passou as costas da mão pela minha bochecha. Como não consegui parar de chorar, ele se levantou do chão, se sentou na beirada da cama e me puxou para seus braços.

Eu fiquei com tanto medo de você morrer, mas parece que ninguém se importa com isso. Ninguém se importou com o meu estado, com como eu estava me sentindo.

Ei, para com isso. Sabe que não é verdade. - Ele levantou meu rosto e me fez encará-lo. - Todos ficaram preocupados com você. Ouvi por semanas depois que eu acordei, todos dizeram que se acontecesse algo você não iria aguentar. Sabiam o quão frágil você estava. - Mesmo com minha visão turva devido às lágrimas pude ver que seus olhos atravessavam os meus com tanta intensidade que eu quase podia sentir seu olhar penetrar minha pele. Ele fechou os olhos e aproximou seu rosto do meu. Pude sentir o calor de sua respiração cotra meu rosto e até pude sentir seus lábios roçarem os meus, mas nesse exato momento bateram na porta e ele se afastou. - Eu preciso ir, depois a gente conversa. - Ele abriu os olhos e eu desviei o olhar. Me soltei dele e voltei para meu travesseiro. - Descansa. Vou ver se alguém tras um pedaço de bolo pra você.- Ele se levantou. - Se é que ele não queimou. - Dei meio sorriso e depois ele saiu.