Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

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Assim que ele saiu e Alfonso entrou. Eu o encarei furiosa. Ele trazia uma bandeija com comida.

Estava chorando? - Ela a pôs sob minha cama.

Não. - Respondi irônica.

Brigaram? - Ele se sentou na beirada da minha cama.

Não importa. - Dei de ombros.

Trouxe algo pra você comer.

Era o mínimo já que estão me mantendo prisioneira nesse quarto.

Não estamos mantendo você prisioneira, pode sair quando quiser mas terá de responder por seus atos caso aconteça alguma coisa lhe aconteça. Toda mulher deve ficar de repouso após a gravidez e digamos que você principalmente depois de ter tido um parto prematuro.

Falou o médico.

Não é preciso ser médico pra saber disso. - Ele apontou a bandeija. - Agora come e para de birra que a vossa senhoria não é mais criança.

Eu queria minha filha aqui comigo.

Todos queríamos, mas querer não é poder.

Não é justo, todo mundo leva o filho pra casa quando vai embora.

Eu sei, mas pensa pelo lado bom. Poderia ter sido pior.

Ela não poderia esperar só mais um pouco? Apressada. Ela é tão linda. - Sorri boba. - O cheirinho dela, o calor do corpo dela.

Você pegou nela?

Peguei sim. Me deixaram porque eu sou a mãe.

Que inveja de você.

Ela é muito linda, sério. Nem parece minha filha.

Ah mas é. Você quem fez e muito bem feito. Na boa, ainda não consigo acreditar que foram tão irresponsáveis a esse ponto.

Ah não começa, seu irmão fez de propósito, ele mesmo disse. - Poncho arregalou os olhos. - que foi?

E você era uma mulher ou um saco de batatas?

Depende do ponto de vista. - Meu ai irrompeu pela porta, parecia eufórico. - O que foi que eu fiz desta vez.

Vista-se. - Ele falou.

Papai, o que houve?

O que foi Fernando?

Ligaram do hospital. Querem que a gente vá pra lá.

Ah meu Deus. - Senti meu estômago revirar. - O que houve com minha filha?

Eu não sei Dulce. Só falaram pra eu levar você lá. - Ele disse impaciente.

Eu... Ah meu Deus. - Meu corpo tremeu dos pés à cabeça.

Se arruma Dulce. - Meu pai gritou me fazendo pular da cama.

Ela nem comeu Fernando.

Ela come no caminho ok? Dulce, por favor. - Me levantei da cama ainda em transe, peguei a primeira roupa que encontrei em meu guarda roupas e me vesti.

Onde está o Chris? - Perguntei prendendo meu cabelo em um coque.

Ele que atendeu o telefone, foi vestir alguma roupa mais quente. Está muito frio lá fora. - Peguei minha bolsa e saí escada a baixo procurando por ele. Meus amigos estavam todos espantados me olhando de um lado para o outro.

Cadê ele? - Ouvi o som do motor do carro e saí correndo para fora.

Dulce espera. - Ouvi meu pai atrás de mim.

Christopher. - O chamei com a voz falha e ele me olhou. Estava esperando por nós. O rosto pálido. Então ele saiu do carro e ele veio a meu encontro.

Eu não posso dirigir. - Ele segurou meu rosto.

O que eles disseram?

Apenas pra irmos para o hospital. - Seus olhos estavam marejados e suas mãos tremiam tanto que mal podiam segurar meu rosto.

Não deixa nada acontecer com ela, por favor. - Fechei meus olhos. - Eu morro, juro que eu morro.

Meu pai passou por nós. - Vocês vêm ou vão ficar aí? - Não respondemos. Apenas entramos no carro e fomos para o hospital. Não tive apetite para comer, embora Christopher tivesse tentado me fazer comer um lanche que Alfonso o entregara antes de nos deixar partir. Minha filinha. Eu não conseguia pensar nada de bom.

Quando chegamos no hospital demos entrada e fomos direto para a UTINeonatal. Ouvi um chorinho fino antes mesmo de entrar na sala. Fino e desesperador.

Minha filha. - Falei baixo. - Olhei pela parede de vidro e vi um monte de enfermeiros ao redor da encubadora que ela estava mais cedo.

Calma bebê, vai ficar tudo bem. Sua mamãe já está chegando. - Ouvi um enfermeiro dizer. Entrei na sala e fui até eles.

O que vocês fizeram com a minha filha? - Perguntei assustada. Eles todos me olharam. Christopher chegou atrás de mim, ainda parecia atônito. Seu rosto ficou ainda mais pálido, e o meu não deve ter ficado diferente. Seu rosto estava cheio de manchas rosadas, e parecia estar um pouco inchado. Ela chorava tanto que meu coração se partia a cada vez que ela tentava recuperar o fôlego. - Luna. - Senti meu rosto se molhar. - O que está acontecendo? Porque ela está assim? - Os enfermeiros me deram espaço e eu me aproximei.

Ainda estamos esperando o resultado dos exames. Não sabemos dizer.

Ainda não sabem dizer? Estão esperando o quê? Ela morrer pra descobrirem? Ela é só um bebê, e vocês não puderam cuidar dela por algumas horas? - Gritei os encarando.- Vocês são uns imprestáveis, eu que não tenho um pingo de experiência teria cuidado melhor que vocês. - Eu a peguei em meu colo. Seu corpinho estava quente, mais que o normal. - Oh meu amor, o que fizeram com você? - Deitei a cabeça dela sob meu peito e a acolhi em meus braços.

A senhora não pode pegar nela assim.

Ela é minha filha. - Me alterei ainda mais. - Fui até uma cadeira e me sente. - Diz pra mamãe, o que você está sentindo? - Christopher veio até mim e se sentou na cadeira ao lado.

É alergia.

O quê?

Alergia Dulce. Está com alergia a alguma coisa.

Shh, a mamãe está aqui meu amor, não chora, por favor.

O que vocês estão dando pra ela se alimentar?

Uma formula própria para recém-nascidos nas condições dela. - Uma enfermeira falou.

Onde está a enfermeira que estava aqui mais cedo?

O horário dela acabou no meio da tarde.

E quem deu a sonda pela última vez? - Christopher parecia impaciente.

Eu. - Uma enfermeira jovem respondeu. Jovem até de mais.

Tire essa sonda dela, agora. - Ele ordenou.

Mas ela precisa.

Eu não estou perguntando, estou mandando você tirar a sonda.

Christopher. - Meu pai o repreendeu.

Eu tive alergia da sonda quando nasci.

Você nasceu prematuro?

Tive alguns problemas, mas isso não vem ao caso agora. - Ele acariciou a bochecha de Luna. - Andem logo.

A enfermeira veio até mim, e retirou com cuidado a sonda que ligava no nariz dela. Agora a única coisa que ela tinha era a pulseira de identificação. Provavelmente tiraram todos os medicamentos que poderiam estar causando isso. Eu voltei a acolhê-la em meus braços. - Vai passar meu amor, vai passar, eu prometo. - Beijei a cabecinha dela. - Mamãe está aqui, não vou deixar fazerem mal a você mais, eu prometo.

Ela não vai calar, está com fome. - A enfermeira insistiu. - Não deveríamos ter tirado a sonda.

Dulce, você precisa amamentá-la.

Meu leite não está descendo Christopher, e ela ainda não sabe sugar. - Resmunguei.

Ela vai saber, está com fome. Mas você precisa tentar, e só vai descobrir tentando ok? Não gosto de vê-la chorando.

Tudo bem, mas eu não faço ideia de como fazer isso. - A arrumei em meu colo.

Eu ajudo você. - Uma enfermeira mais de idade se pronunciou vindo até mim. - Você só precisa deitá-la assim. - Ela me ajudou a deitar Luna que estava chorando e esperneando em meus braços. - Agora precisa por o seio na boca dela. - Olhei em volta.

Com todo mundo me olhando?

Ora menina, ninguém aqui está interessado em seus seios, somos todos profissionais. - Ela disse brava.

Tudo bem. - Bufei. Christopher me ajudou a tirar meu casaco e depois eu fiz exatamente o que ela fez.

Agora tenta fazer ela pegar o bico do seu seio. - Eu tentei. Houve um minuto de silêncio quando Luna conseguiu abocanhar meu seio. E ela puxou com tanta força que meus olhos lacrimejaram. Mas então quando não saiu nada ela voltou a chorar desesperadamente. 

te.