Fanfic: Trezentos e Sessenta e Cinco Dias (FINALIZADA) | Tema: Vondy

Eu falei que não ia sair nada.

Precisa continuar tentando.

Mas que droga de hospital é esse que não tem um banco de leite para os bebês? - Meu pai perguntou irado.

Está em falta senhor. Não temos tido muitos nascimentos ultimamente e poucas as mães doam o leite. - Ela explicou.

Eu pago caro e nem pra isso vocês servem. -Ele se abaixou na minha frente e oôs as mãos sob meus joelhos. - Continua tentando filha, lembra que ela está com fome e precisa de você agora.

Eu voltei a tentar, ela tentou várias vezes e enquanto tentava ela se calava. Chegava a ficar sem ar puxando o leite que nunca saía e isso fazia meu coração pulsar de dor. Vê-la tão nova e tão desesperada. Comecei a massagear ao redor do meu seio como a médica havia me ensinado pela manhã. Demorou quase uma hora até que por fim senti algo diferente. Luna recuperou o ar sem se quer soltar meu seio e então ela começou a puxar, puxar, puxar e puxar. A sensação que tive é que ela estava tomando a coisa mais gostosa do mundo pela primeira vez. Seu rostinho estava molhado de lágrimas, então passei minha mão sobre ele para secá-lo. Olhei em volta e vi que todos estavam mais que aliviados com isso. Dei um sorriso quando ela soltou meu seio e começou a respirar rápido para recuperar o fôlego fazendo um biquinho. Christopher começou a rir feito um bobo ao meu lado enquanto não tirava os olhos dela. Depois de recuperar o fôlego ela voltou a procurar meu seio e então o abocanhou novamente. Mamou, mamou, mamou como se isso fosse a última coisa que ela faria na vida. Nem a dor de amamentar importava mais. Minha filha estava se alimentando, e isso é o que mais importava. Com uma de suas mãozinhas ela agarrou meu dedo tão forte que eu cheguei a me arrepiar.

Um enfermeiro me trouxe uma manta e jogou sobre ela. Todos ficaram olhando nós duas como se fôssemos algo muito valioso. Meu pai tinha os olhos mareados, eu nunca o vi assim. Só faltava babar olhando a neta.

Ela está com sono. - Meu pai susurrou ao vê-la fehcar e abrir os olhinhos numa tentativa de se manter acordada.

Mamãe, eu estou com soninho, mas eu não quero nanar. - Falei com voz de bebê. - Ela soltou meu seio e deu um sorrisinho com os olhos meio fechados que fez eu me derreter toda. Ela me ouviu. - É mamãe, eu não quero dormir, prefiro ficar aqui ouvindo você.

Ela já pode ver a gente? - Christopher perguntou.

Não. Apenas vê alguns borrões, mas ela reconhece a voz da mãe. - A enfermeira falou. Eu não conseguia tirar os olhos da minha filha. - Geralmente eles reconhece a dos pais também.

O que não será o meu caso. Não pude acompanhar o desenvolvimento dele. - O olhei de lado e me senti mal ao ouvi-lo dizer isso, mas logo voltei minha atenção à minha filha que voltou a mamar.

Que nenem gulosa meu Deus. Não encheu não? - Passeu meu dedo indicador pelo narizinho mínimo que ela tinha. Senti que ela ainda estava um pouco quente. - Essa febre não vai passar? Estou preocupada.

Vamos só esperar ligarem do laboratório para medicá-la.

Eu quero levá-la pra casa.

Ainda não é possível.

É possível sim. Eu vou cuidar bem dela, vou amamentá-la bem. Eu sou a melhor pessoa pra cuidar dela. Ela precisa ficar perto de mim. Eu a deixei aqui por algumas horas e olha a situação dela. Eu não teria deixado isso acontecer. - Passei as costas da mão na bochecha dela. Ela estava quase dormindo. Já quase não sugava mais meu seio, mas mantinha a boca no mesmo. Olhei para a porta e vi uma médica entrar. Eu a havia visto na sala de parto, mas nem falou comigo.

Olá Dulce. - Eu a encarei. - Sou a obstetra da sua filha. - Ela disse gentilmente. - Como ela está?

Melhor agora que eu tive que vir pr acuidar dela. - Grunhi e voltei o olhar à minha pequena que ainda relutava contra o sono.

Recebi o resultado dos exames. - Notei que ela tinha um envelope em mãos. - Eu os analisei, e bom, não é nada grave. Parece que houve uma troca da formula e ela tem intolerância a essa. - Olhei para a enfermeira que estava responsável por isso e ela se encolheu.

Você trocou a formula da minha filha? - Perguntei entredentes. - O que deu em você? Queria matá-la, é isso? - Meu rosto ferveu. - Minha filha não ficará mais nem uma noite nesse hospital, não vou permitir isso. - Arrumei minha roupa tapando meu seio já que Luna não estava mais mamando.

Mas ela precisa ficar em observação.

Ah claro. Só que eu que não tenho um pingo de experiência com bebês sei cuidar mais dela do que vocês. Vocês são uns incopetentes.

Não somos incopetentes, simplesmente não poderíamos adivinhar que a sua filha teria alergia a essa formula. Isso pode acontecer.

Mas não deveria acontecer. Ela é só um bebê e vocês não souberam cuidar dela.

Filha, ela precisa ficar em observação. - Meu pai se levantou.

Eu não vou mudar de ideia. Eu posso muito bem cuidar da minha filha, e cara, se o Christopher não tivesse dito que era alergia à sonda ela estaria tomando aquilo até agora. Eu vou levar minha filha pra casa, me responsabilizo por tudo, mas aqui ela não fica. - A arrumei em meus braços deixando-a em pé com a cabeça sob meu peito e Christopher pegou uma das mãos dela.

Eu concordo com a Dulce. É melhor tê-la perto da gente. Saberemos cuidar dela, e com certeza não faltará pessoas pra ajudar nisso. - Ele beijou a mãozinha dela.

Filha, ela pre...

Eu já disse que não. A doutora pode passar um antialergico e a gente consegue cuidar dela. Não vou deixar minha filha aqui.

Tudo bem. - A doutora falou. - Deixe-me apenas examiná-la mais uma vez e eu passo uma receita para você, mas terá que fazer tudo corretamente. - Entreguei Luna a ela e olhando-a examinar minha pequena.

Eu vou lá no carro pegar a bolsa dela. - Meu pai se prontificou.

Queria poder segurá-la. - Christopher sussurrou. Desviei meu olhar de Luna até ele.

Você ainda não a pegou?

Não, não me deixaram. Na verdade eu quero, mas ao mesmo tempo eu morro de medo sabe?

De deixá-la cair? - Dei um sorriso de lado.

Eu nunca peguei num bebê desse tamanho. Ela parece muito frágil, e se eu apertá-la com medo dela cair e acabar machucando-a? - Arregalei meus olhos.

Ela não é um sabonete para escapar das suas mãos assim Christopher.

Sei lá, como eu disse eu nunca peguei em um bebê desse tamanho, não faço ideia de como é.

Opa. - Ouvi a medica falar e voltei minha atenção a ela. Ela estava levantando Luna. - Ela gorfou.

Mas isso é normal, não é?

É sim. Não a colocamos para arrotar. - Ela sorriu enquanto usava uma toalha para limpar o gorfo. - Eu vou indo assinar a alta dela e passar uma receita, enquanto isso vocês fiquem aqui. - Ela voltou a me entregar Luna. - Eu volto logo.

Tá. - Dei de ombros arrumando-a em meus braços.

Ela está morrendo de sono. - Christopher falou a olhando. Seus olhos brilhavam muito ao olhá-la.

Quer segurá-la agora?

Não. Melhor depois que vestirem ela, vou me sentir mais seguro.

Como você é bobo. Espero que saiba trocar fraudas e dar banho?

Que? - Ele arregalou os olhos e eu sorri maleficamente.

Quer eu eu a mate?

Até parece. - Dei uma gargalhada que a fez se assustar e começar a chorar. - Ah não. Não chora meu amor, desculpa. Mamãe não queria te assustar, é culpa do seu papai medroso.

Minha culpa? - Ele se auto apontou.

É. - Dei de ombros. - Shhh meu amor, já passou.

Porque é que ela está chorando? - Meu pai entrou já perguntando.

Dulce assustou ela.

Dulce. - Ele me repreendeu.

Não foi por querer papai, é culpa dele. - Dei de ombros. - E ai, já podemos vestí-la? Ela está com frio.

Podemos sim. - Ele pôs a bolsa sob uma cadeira e a abriu. Um enfermeiro me ajudou a vestir a roupinha nela. Colocamos tanta roupa que ela quase desapareceu dentro dela. Ela estava linda de branco e lilás, parecia uma bonequinha.

Agora quer pegá-la Christopher?

Quero. - Ele deu uns dois passos até mim. Eu a peguei do trocador e a coloquei nos braços trêmulos dele.

Relaxa, você não vai deixá-la cair.

Ela podia parar quieta. - Falou entredentes, Parecia desesperado.

Ela vai parar já, já, apenas relaxe. - Depositei um beijo na bochecha dela. - Se comporta no colo do seu papai medroso meu amor. E para de tremer Christopher, se não você vai perder a força do braço e aí sim vai deixá-la cair, e se isso acontecer eu etripo você. - Bufei impaciente, mas na verdade eu queria era rir da cena.