Fanfic: Quentes Como o Desejo (DyC) | Tema: Vondy

Quando Daves levantou-se da mesa, caminhando até a janela do cômodo continuando a calorosa discussão sobre algo no telefone, Dulce voltou a desviar os olhos de uma Sophie animada, que amigavelmente e dita por ela mesma se sentindo lisonjeada, indicava alguns truques de maquiagem para Dulce.
Sophie não era uma má pessoa.
Na realidade, era muito bela e muito doce...
Seus olhos fuzilaram os olhos de Christopher...

Você não precisava ter feito isso ela o dizia.

Para logo depois voltar a atenção para Sophie que dessa vez lhe pedia o nome de seu estilista e as lojas das quais comprava terninhos tão femininos como o que vestia.
A conversa amena e o som baixo da música que transportava Christopher ao infinito, foi interrompido por um alto grito de Daves, seguido por um palavrão nada sutil!

Daves: Segure esses filhos da mãe, não há o que fazer, estou pegando o primeiro vôo para Paris!

Na mesma hora os olhos de Dulce e Christopher encontram-se.
Mexeram-se inquietos na cadeira, atentos a próxima explosão de Daves que não aconteceu, ele desligou o celular com fúria para depois mirar Sophie, que assustada e surpresa mirada o anfitrião da casa como a esposa e o filho do mesmo...

Daves: Peço que me desculpe Sophie... – Tentava ser gentil, mais por suas trêmulas mãos e o rosto vermelho de raiva, Dulce sabia que algo grave havia acontecido. – Acabo de ter um problema com dimensões inimagináveis! – Exclamou gesticulando com as mãos – Preciso ir a Paris com urgência...

Chris: Algo com a empresa?
Daves: Mas é claro que sim Christopher, por qual outra coisa seria? Christopher assentiu, não se importando com o tom grosseiro que Daves havia lhe respondido. Viu um Daves parado, em silêncio, na realidade todo mundo estava em silêncio, Will que entrara na sala a menos de 1 minuto esperava as ordens para tirar a mesa. – Will, necessito que prepare duas passagens com urgência para Paris, embarco ainda hoje...
Will: Sim senhor...
Dulce: O que quer dizer com duas passagens? – Levantou-se, caminhando até Daves.
Daves: Quero dizer que você vai comigo... – Dulce segurou o grito de fúria o palavrão que iria sair de seus lábios, cerrou o maxilar engolindo a seco, fechando os punhos até que suas unhas lhe fizessem dano a palma da mão.
Dulce: Só pode estar maluco, não vou Paris agora!
Daves: Isso não está em discussão Dulce.
O bom senso de Christopher falou mais alto, levantou-se, estendendo amigavelmente as mãos para Sophie...
Chris: Acho que podemos ficar na sala, querida...

Sophie o agradeceu por sair do meio da discussão, saíram ambos para a sala ao lado, deixando Dulce e Daves sozinhos na sala de jantar.

Daves: Não vou deixa-la aqui...
Dulce: Sempre me deixou aqui Daves, qual é o problema de não o fazer agora? Jamais vou contigo em suas viagens de negócios...
Daves:  MAS AGORA VAI... – o tom dele foi alto e forte para que todos da casa escutassem.
Dulce: Escute Daves, não estou arrumada para ir a Paris, malas, utensílios, nada !
Daves: Tenho certeza que com a ajuda de Joan fará uma boa mala e te organizara em pouco tempo...

Dulce cerrou os olhos...
Por Deus, queria o socar!

Dulce: Não te esqueça dos 4 jantares beneficentes que tem em seu nome para ir, convites irrecusáveis, e só eu como sua boa mulher poderia lhe representar, sabe como é bom para os negócios...Tenho compromissos com esposas de importantes sócios seus, não me faça decepciona-las Daves!

Daves murmurou uma praga, cerrando o punho, passou as mãos nos cabelos os bagunçando de certa forma, bufou...

Dulce: Sabe o quanto é importante que eu fique já que tens que partir...

Por um momento Daves viu que ela se encontrava realmente preocupada com a imagem da qual ficaria se faltasse a todos os compromissos da qual havia confirmado sua presença, ela realmente se importava em causar uma boa impressão?
Seus olhos se fecharam, e mais uma vez murmurou uma praga.

Daves: Escute aqui Dulce, mas escute bem o que vou lhe falar... – Aproximou-se ameaçadoramente da esposa. – Ficará aqui, te deixarei que fique, mais saiba, saiba que estou te observando, e nada do que acontece na minha casa, nada do que acontece com o que meu, fica sem que meus olhos ou ouvidos saibam...Lembre-te disso quando pensar em fazer algo errado.
Dulce: Tem tanta pouca confiança em ti Daves? – perguntou ela sarcástica – Não sabes que é meu marido e é a ti que amo?

Ao ver os olhos de Daves crescerem em raiva Dulce se amaldiçoou.
Não deveria ter cutucado a fera.

Dulce: Não faço nada de errado Daves...

Daves – É bom que não o faça Dulce, é muito bom que não o faça...

O telefone de Daves voltou a tocar e saindo como uma ventania da sala de jantar ele se pôs atender, subindo com pressa até o quarto onde certamente Joan lhe arrumava as malas.
Dulce saiu da sala de jantar e si viu sozinha na saleta ao lado...
Eles já haviam ido embora?
Fechou os olhos levando as mãos ao coração que cismava em bater acelerado quando pensava na hipótese daquele maldito homem estar fazendo o que fazia com ela com Sophie.
Sacudiu a cabeça e sentou-se na poltrona, cruzou as pernas deixando que o som calmo da música ambiente lhe chegasse até o fundo da alma.
Há quanto tempo não ouvia uma música romântica e calma?
Há quanto tempo não se lembrava das palavras romântica e calma?
A verdade era que não tinha vida, pois aquilo que vivia era um teatro, uma encenação que lhe daria um Oscar dourado de valor inestimável no final...
Na realidade ela agora encontrara uma realidade, uma realidade breve, de encontros proibidos, beijos e caricias roubadas...
Uma realidade que poderia lhe esfolar tanto quanto o teatro o fazia...
Porque quando estava prestes a perder o pouco de alma que lhe sobrava ele havia aparecido, com a proposta indecente de lhe fazer mais Humana...
Ela ainda tinha coração para ser Humana?
Após tantos pecados, tantas mentiras ela ainda poderia ser Humana?
Daves não era Humano.
Seria Christopher o mais humano deles?