Fanfic: Quentes Como o Desejo (DyC) | Tema: Vondy

Will desligou o telefone e foi receber a encomenda que acabara de chegar em nome de Dulce. Era um envelope pesado que na certa deveria conter várias e várias folhas de papel. Não havia nome, apenas uma assinatura e um bilhete em grandes letras que diziam para que aquele envelope fosse entregue em mãos.

Subiu as escadas para deixar o envelope no quarto de Dulce.
Um quarto que levava os lençóis revirados, como prova viva do que havia acontecido naquela cama antes que Christopher desse o próximo passo em seu plano.

Um quarto que lhe trazia tantas lembranças...

Caminhou até a penteadeira e por alguns instantes jurou ter visto o belo rosto de Ruanda refletido no espelho.
Pois era daquela forma que ele sempre lembrava-se dela em seus sonhos.
Nas grandes festas quando Will recebia o convite de honra por ser o eterno empresário rico e melhor amigo de Daves, e o mesmo arranjava uma forma de sair silenciosamente das festas, deixando com ele seu confidente a missão que de que sua ausência não fosse notada por Ruanda, que quando ele subia as escadas na procura dela, a encontrava em seu quarto diante da penteadeira, com os olhos turvos pelas lágrimas do desespero por saber que seu marido havia ido ao encontro da amante.
Ruanda, que através do espelho o mirava na porta e esperava umas das infinitas desculpas que a cada festa e reunião o melhor amigo de seu marido lhe dizia. Ruanda, que logo depois corria até seus braços, lhe perguntando a verdade, o batendo para então depois o abraçar e tão frágil se entregar a Will que desde sempre havia a amado.

Porque ele não se recordava de ter amado outra mulher sem ser Ruanda.
E não se recordava de Daves ter amado outra mulher sem ser...

Lola Monterio.

Como se aquele quarto pudesse o esfolar vivo saiu de lá rapidamente, fechando a porta e os olhos na tentativa de esquecer-se daquelas cenas que agora vinham
de forma tão perfeita em sua mente. Podia até escutar as músicas, o burburinho dos convidados, o barulho das taças se chocando nos brindes, as risadas, o barulho dos saltos...
Voltou a abrir os olhos respirando fundo, caminhando o mais depressa que pode para as escadas na tentativa alucinante de apagar o que restava de Ruanda em sua mente.

Ele já não a tinha mais, se é que alguma vez Ruanda havia sido toda dele, Daves já não tinha mais Lola, e esse fora o preço que ambos pagaram por suas traições...

Daves a Ruanda
E ele, Willian, a Daves...

E ele, Willian, não seria o responsável por trazer o restante da história à tona, quando o melhor a se fazer de uma vez por todas é enterrar o mortos.

Mesmo que para ambos, os mortos tenham deixado seus pedaços.

 ~-~

Seus olhos se baixaram e sua testa se franziu, com seu peito sofrendo uma fisgada violenta que lhe tomou o ar...
Suas mãos desceram até os quadris de Dulce e apoiou sua testa contra os seios da mesma, sentindo as mãos dela lhe alisarem os cabelos já mais cumpridos, lhe acariciarem as orelhas de forma lenta e sensual.

Como dizer a ela, que não poderia, jamais lhe dar amor ?
Como dizer a ela que estar ali, daquela forma tão intima a ele fazia parte de um plano que ele cuidadosamente elaborara para fazer vingança contra ela e seu pai por terem matado sua mãe de tristeza?
Como dizer a ela, que se a olhava nos olhos e escutava algo saindo daqueles lábios avermelhados e perfeitos...Qualquer coisa, um murmúrio, um sussurro, um gemido alto ou baixo, ele se esquecia de qualquer motivo de estar ali?

Levantou os olhos e a mirou no fundo dos mesmos, a trazendo mais para frente, contra sua cintura...
Chris: Não posso lhe prometer algo que não tenho...- Seu maxilar se cerrou, assim como seus dedos que a apertaram ainda mais nos quadris. – Não tenho amor Dulce...Não o qual você precisa. – Ela suspirou pesadamente indicando que o choro subia por todo seu corpo e logo explodiria em sua garganta. Christopher preparou-se para sair dali, correr dali o mais rápido que podia...

Estava preparado para tudo, menos para a hipótese de que estivesse tão envolvido que não suportasse a idéia de escutar que ela também não tinha amor a lhe oferecer...

Então Dulce lhe segurou pelos ombros, respirando de forma ofegante pela confusão de sentimentos que se encontrava seu interior...

Dulce: Então não me dê amor... – ela sussurrou, com a voz trêmula e falhada – Não é só de amor que preciso, me dê o que tiver...Tudo o que tiver Christopher! Porque necessito de qualquer coisa que venha de você...
Chris: Não me diga isso...- ele negou com a cabeça com pesar, fechando os olhos com força, colocando delicadamente seus dedos sobre os lábios trêmulos de Dulce. – Não diga isso, não para mim... – Voltou a abrir os olhos, engolindo o nó gigantesco que se formava em sua garganta.
Dulce: Digo...- Elevou a voz – Digo sim, porque não me recordo jamais de sentir por alguém o que eu sinto...
Chris: NÃO... – ele lhe gritou a segurando com as mãos pelos dois lados do rosto, colando suas testas, respirando o mesmo ar que ela respirava, ambos emocionados, com os olhos cristalinos, ofegantes, trêmulos... – Não quero ouvir-te! - negou com veemência. – Eu apenas quero...

Ele não precisou completar, com fúria e paixão os lábios de Dulce cobriram os dele em um beijo avassalador onde o termo devorar não chegaria nem perto do que suas bocas e línguas faziam. Christopher voltou a segurar com força pelos quadris, lhe apertando as pernas, as coxas, com a mão que agora levava livre a segurou pelos cabelos afastando suas bocas avermelhadas e molhadas somente pelos preciosos segundos que a viu sem o total controle que estava acostumado...

E nesse momento, concluiu que Dulce estava em suas mãos.