Fanfic: Quentes Como o Desejo (DyC) | Tema: Vondy

Analisando o silêncio...
Analisando os movéis, a grande televisão, analisando as diversas obras espalhadas pela parede.
A verdade era que precisava de um cão.
Desses bem fofinho que virava um companheiro inseparável de seu dono.
Franziu a testa fazendo uma careta. Que cão o caramba!
Curvou as costas e debruçou os cotovelos contra os joelhos, passando as mãos ainda manchadas pela tinta nos cabelos mais cumpridos, na barba por fazer...
Era certo que teria que ir ao barbeiro, alguma coisa havia aprendido com Daves, serviço era algo sério. Ele não estava brincando de mostrar pinturas, era uma exposição ainda mais importante por ele ser tão jovem no ramo da arte. Respirou fundo e levantou-se, subindo as longas escadas que davam para o longo corredor onde havia dois banheiros e 3 quartos.
Separou a roupa de banho a deixando por cima da tampa da privada.
Caminhou para o quarto de pinturas e observou as telas que iriam para exposição já lacradas, preparadas com o mais puro cuidado para chegarem em perfeito estado na galeria no sábado à noite.
Mirou seus dedos manchados de tinta, suas unhas ressecadas pelos produtos.
E não pode deixar de sorrir, era inacreditável que houvesse se tornado um pintor quando seu destino estava certo para um grande empresário herdeiro do trono Danyclifes.
Daves que cuidasse de seu trono.
Daves que...
Rapidamente bloqueou aqueles pensamentos de sua cabeça, perguntando-se se Daves havia recebido o convite que ele havia enviado para assistir a exposição.
Que se ferrasse, a verdade era que Christopher não esperava a presença dele em uma fase de extrema importância em sua vida.

A verdade era que Christopher não esperava mais nada de ninguém.
O que acontecia era que o Wiske havia lhe subido a cabeça!
Com as mãos apoiou-se contra a parede, deixando que o jato quente e forte de água lhe caísse na cabeça, lhe jogando os cabelos contra os olhos e nuca.
Precisava dormir...
Enxugou-se rapidamente vestindo o quente agasalho, apagando as luzes e deitando-se direto em sua cama.

Fechou os olhos com força, e implorou para que naquela noite...somente naquela noite, Dulce lhe deixasse dormir.

Mas então ele lembrou-se que parecia não ter ninguém o escutando.
Mas então, ele percebeu que a simples menção ao nome dela, a trazia ali, de pé ao seu quarto, lhe tocando carinhosamente o rosto com os lábios, dizendo que sentia muito...

Mas então ele levantou-se.

Descalço caminhou até o ateliê, ascendendo à luz...
Com a respiração ofegante e trêmula como sempre acontecia durante todas as malditas noites. Foi até a prateleira de tintas, as abrindo, as colocando na bancada da janela em quanto que com fúria abria outra tela limpa.
Pegou os pincéis e o banquinho.
Sentou-se de frente para a tela, com o pincel pingando a tinta vermelha em que acabara de ser mergulhado.
Sua perna se balançou sem parara em um gesto nervoso.
Seu maxilar se cerrou assim como o punho que levava livre.

Franziu a testa com força.
Controlando ao máximo aquele sentimento que começava por mais uma noite lhe invadir o corpo para o machucar, o ferir, lhe arrancar o sangue...
Respirava com força, negando com a cabeça, apertando o pincel contra seus dedos até que mais uma vez a dor tornou-se insuportável.

Levantou-se jogando o pincel contra algo que se partiu ao chão, a tela quebrou com o joelho a jogando contra o cavalete que também caiu ao chão, as tintas foram ao chão, misturando-se ente elas, manchando o piso, manchando-lhe o pijama, as mãos...

Então parou...

Respirando com força, puxando o ar em uma tentativa alucinante de se conter, de não chorar como um maldito idiota.
Mirou suas mãos trêmulas e novamente manchadas.

Fechou os olhos com força...
Rogando, para que somente essa noite, que somente durante as poucas horas de sono que lhe restavam, a ausência daquela mulher em sua vida...não o deixasse maluco.

Rogando, para que somente essa noite, que somente durante as poucas horas de sono que lhe restavam, a ausência daquela mulher em sua vida...não o deixasse maluco.