Fanfic: Quentes Como o Desejo (DyC) | Tema: Vondy

Bruno sorriu assentindo, notando que a moça encontrava-se tão assustada e trêmula que nem ao menos conseguia falar. Os jornais não haviam mentido, era realmente muito bela. Os cabelos antes vermelhos agora eram do mais intenso preto, longos, lisos e levemente enrolados na ponta. A pequena não saia do rumo, por mais que fosse a cara de Christopher, tinha traços em perfeição de sua mãe.

Bruno: Quer se sentar, comer algo?
Dulce mirou Isabella.
Dulce: Quer algo, querida? – Isabella negou com a cabeça, mirando curiosa os dois homens a sua frente. – Não, obrigada.
Christian: E você, quer tomar algo? – Dulce novamente negou, abrindo levemente um sorriso, estava tão acostumada a por Isabella a sua frente em tudo.
Bruno: Sentem-se...Deve ter feito uma longa viagem.
Dulce: Na verdade moro a duas horas e meia daqui.

Christian arregalou os olhos.
Christian e Bruno: Mora á duas horas e meia daqui?

Dulce voltou a assentir, abaixou-se na altura de Isabella, lhe ajeitando a touca e a jaquetinha.
Dulce: Porque não te senta ali no sofá e espera a mamãe? Folheie seu livrinho. – Isabella assentiu, caminhando com o livro até o sofá, onde que com dificuldade pelo seu tamanho se sentou.

Dulce: Christopher está?
Bruno: Christopher?
Christian: Christopher?
Christian e Bruno: Não, não está!
Dulce fechou os olhos com pesar, então tudo havia sido em vão.
Fora melhor assim, o destino mais uma vez lhe dizia que não era para voltar a o ver.
Christian: Ele não veio trabalhar nesse domingo...

Dulce: Entendo... – murmurou Dulce, com a voz fraca pelas lágrimas.
Bruno: Mas se quiser...Podemos a levar até o apartamento.
Dulce ergueu a mão limpando rapidamente as lágrimas, para depois limpar os dedos na calça jeans que levava vestida.
Dulce: Não, não é necessário, nós já vamos embora. Se puder por favor, não diga a ele que estivemos aqui...
Christian: Por favor, Dulce. – Murmurou Christian em um tom mais sério – Não faça isso...Sabe que Christopher não sabe da menina não sabe? – Dulce franziu a testa cobrindo os lábios trêmulos pelas lágrimas, mirou Isabella que conversa sozinha apontando e rabiscando o livro.
Dulce: Não, não sabe. E talvez seja melhor assim...
Bruno: Não faça isso, Dulce. – Repetiu Bruno, também mais sério. – Não sou eu o que vai lhe contar, mas talvez Christopher tenha algumas coisas a lhe dizer.

Os olhos de Dulce caíram sobre o tal quadro que continuava exposto no centro da galeria. Em passos inseguros caminhou até a tela, com seu dedo tocando a assinatura de Christopher.
Bruno: Sabe que é você, não sabe? – Dulce novamente cobriu os lábios com as mãos, assentindo com veemência.
Dulce: Sei... – Disse com a voz baixa e trêmula. Voltou a mirar os amigos de Christopher que ainda espantados quase se emocionavam com o semblante que Dulce carregava.
Christian: Podemos a levar até o apartamento. Desconfiamos que ele tenha ido para a capital, mas pode esperar ele chegar lá, a pequena está com cara de cansada. – Dulce mirou Isabella e assentiu, ela realmente estava cansada.
Bruno: Nós temos a chave. – Dulce voltou a assentir, as palavras estavam engasgadas em sua garganta.

Christian abriu a porta da casa de Christopher e confirmou que ali não tinha ninguém. Colocou a pequena mala de Dulce para dentro ao lado das escadas, e Bruno que segurava Isabella adormecida a colocou no confortável sofá.

Dulce havia tomado um tapa na cara.

Sentir o cheiro de Christopher em todos os cantos era como se lhe enfiassem uma faca ao peito. Fechou os olhos e pôde ouvir seus gemidos, seus gritos, suas risadas quando loucos e quentes de desejos eles se amavam por cima de todos os lugares, por cima de várias camas.
Voltou a abrir os olhos e estremeceu.

E se ele estivesse casado? Se lá em cima uma bela mulher o esperasse?
Teria espaço para Isabella em sua vida?

Christian: Está tudo bem Dulce, não precisa ficar tão nervosa. - Christian tocou seu ombro. – Quer tomar alguma coisa?
Ela voltou a negar com a cabeça, sentando-se ao lado de sua filha, para que a mesma não caísse caso se virasse. Apoiou os cotovelos nos joelhos.
Dulce: Eu agradeço a ajuda, mas não sei se posso fazer isso... – Ergueu as sobrancelhas – Não posso invadir assim a casa de Christopher e...
Bruno: Não está invadindo querida...A verdade é que eu acho que Christopher espera por ti.
Dulce negou com a cabeça.
Dulce: Não espera não, Bruno...Eu e Christopher nos perdemos em um caminho sem volta, e pode ser loucura o que estou fazendo, mas não posso deixar que minha filha... – Emocionou-se novamente, alisando os cabelos de Isabella. – Não posso deixar minha filha triste.
Christian assentiu, mirando Bruno que emocionado analisava o carinho que aquela mulher possuía com aquela criança.

Era impossível de não se emocionar!

Christian: Iremos deixa-las sozinhas...
Bruno: É melhor que estejam apenas vocês aqui quando Christopher chegar, nos viramos com ele depois, além do mais tenho uma venda em 5 minutos!
Christian sorriu e concordou com o amigo, notando o receio que Dulce sentia ao ficar ali sozinha.
Dulce sem muita coragem assentiu, aceitando aquela maluquice que lhe traria sérias conseqüências.

Bem, pior não poderia ficar, com ela ali ou na porta o reencontro aconteceria de qualquer maneira. Pelos menos ali Isabella estava confortável e aquecida.
Dulce: Obrigada... – Murmurou, recebendo o sorriso de pena que Christian e Bruno lhe lançavam.
Queria dizer a eles que era não era e nem nunca fora nenhuma santa.
Preferiu se calar.
Seus pecados e medos estavam guardados, enterrados no mais profundo buraco de sua alma.
Bruno e Christian saíram do apartamento, e certamente comentaram o quão coitada era a pobre Dulce. Dulce suspirou observando a sala tão moderna, escura, fria...Olhou as diversas telas na parede, e fora como se estivesse se olhando em um pequeno espelho...Os olhos desenhados nas telas eram os seus olhos...A cor intensa vermelhada das pinturas, era o vermelho dos seus cabelos.
Baixou a cabeça e mais uma vez chorou.
Chorou por algo que jamais seria real...
Chorou pela dor que lhe abatia todas as noites.
Chorou de cansaço pela luta constante...
Cobriu seu rosto com as mãos e tratou de se controlar.
Idiota, murmurou para si mesma, Isabella acordaria assustada se a visse chorando daquela forma.
Balançou o joelho de forma impaciente, tremendo da cabeça aos pés com o sangue fervendo em suas veias, com seu estômago dando voltas e voltas, as mãos suando, os lábios secos.