Fanfic: Quentes Como o Desejo (DyC) | Tema: Vondy

E Christopher fechou os olhos.
Molhando sua camisa com lágrimas tão grossas.
Seus dedos se apertaram, notando a ausência daquele corpo quente para segurar...Quando tempo permaneceu assim não soube dizer.
Com as palavras dela lhe repetindo, uma vez atrás da outra, em gritos, sussurros.

“Foi o único a me fazer mulher, a me fazer mãe. Agora é hora de você ser pai”

Automaticamente se levantou, limpando as lágrimas, respirando fundo, com seu coração e algo ainda mais profundo dentro de si o guiando pelas escadas, pelo corredor, até em fim parar frente uma porta levemente encostada.
Seus dedos tocaram a maçaneta, e mais uma vez obrigou-se a fechar os olhos, rindo do quão trêmulo se encontrava.
Por fim entrou no quarto.
E colado à porta, parou.
Sorrindo como um tolo apaixonado ao se deparar com aquela anjinha adormecida em sua própria cama.

A touca havia caído em cima do travesseiro, deixando a mostra os cabelos da mesma cor que os seus com a diferença, que eram lisos como os de Dulce.
A boquinha vermelhinha, pequenina, fechadinha em um bico que indicava que mesmo dormindo ela continuava zangada.
Os olhos fechados, tranqüilos, com longos cílios.
A maça do rosto elevada e rosada como as de Dulce.
A mãozinha que servia de apoio para o rosto que como seu corpinho, encontrava-se de lado.

E naquele momento ele apaixonou-se.

Apaixonou-se completamente por aquele ser tão perfeito e inocente, tão puro e indefeso. Em passos lentos, com o coração na boca, caminhou até a cama onde se sentou, não se lembrando de sentir-se tão emocionado como somente Dulce o conseguia fazer sentir-se.

Sim, ela era sua filha.
Sua filha junto com Dulce.

Levantou as mãos.
E sentia medo de a tocar, de a acordar, de assusta-la.
Limpou mais uma vez os olhos sem poder deixar de sorrir, de venerar um pedaço seu que nessas alturas, jamais pensara ter.
Seus dedos trêmulos a tocaram nos cabelos.
Os alisando, em quanto tombava levemente a cabeça em uma expressão de ternura.

“– Deixe Isabella entrar em sua vida, e peço que me perdoe por tê-lo privado da benção que é nossa filha. Ela aquecerá seu coração...”

Como um tolo se viu chorando novamente, mais dessa vez um sorriso grande escapava por seus lábios...

Chris: É tão bela como sua mãe... – Murmurou a tocando nas sobrancelhas, nas bochechas. - Eu costumava a tocar assim depois que fazíamos você. E ela ficava assim, quietinha... – segurou um soluço – Ficava assim em silêncio, em quanto eu tentava desvendar o que lhe passava pela mente...Não me entenda mal filha, sua mãe nunca foi fácil de se entender. – Fez uma careta, seguida de outro sorriso emocionado. – Eu também nunca fui. – Tornou-se mais uma vez sério, permanecendo com a terna carícia nos cabelos de Isabella, mirando a janela que refletia um Domingo vivo em sua vida. – Éramos novos de mais para ter você...Entendo do que a mamãe fala, talvez eu não estivesse preparado para ser pai, da forma que ela se preparou para ser mãe...Talvez você tivesse que ficar com ela. Tenho certeza que sua “mama” fez um bom trabalho... – Fechou os olhos com força, com a respiração entrecortada. – Terá que me ajudar filha, é tudo tão novo para mim! –Mordeu os lábios trêmulos, com o silêncio profundo da habitação lhe chegando aos ouvidos. Virou-se novamente para observar Isabella, e encontrou um par de olhos grandes, na mesma cor que os seus olhos, lhe mirando com curiosidade.
A mãozinha dela cobriu a sua lentamente.
E sem estar assustada, ela lhe sorriu...

Daquela forma graciosa como quem acabava de acordar.
Daquela forma que o fez chorar sem reservas.

Não havia sentimento como aquele, não havia palavras que ele pudesse
expressar...Soluçou e Isabella lhe apertou a mão com sua mãozinha quente.

Bella: Mama disse que Bella tem que cuidar do papai...
Christopher assentiu, sorrindo, adquirindo calma para poder dizer:
Chris: Sim, Bella tem que cuidar do papai...Papai está machucado.
Isabella apertou os olhinhos e a boca como quem pensava.
Bella: Fez dodói? – Ela perguntou, então daquela forma desajeitada de criança sentou-se na cama, recolhendo a calça para mostrar uma pequena cicatriz para Christopher. – Olha...

Ela disse, com os dedinhos gordinhos apontando um pequeno arranhão.

Bella: Bella também fez dodói, mama passou remedinho e passou. – Ergueu a sobrancelha novamente pensando, erguendo o dedinho como quem havia tido uma idéia. – Se quiser, Bella pode pedir para a mama trazer remedinho. – Christopher sorriu, limpando as lágrimas que logo causariam preocupação em sua filha. – Ou Bella pode dar beijinhos... – Sorriu para Christopher batendo as mãozinhas em expectativa. - Mama diz que beijinhos saram dodóis. – Christopher engoliu a saliva, tirando o sapato, sentando-se na cama de frente para Isabella. Com o abajur iluminando seus rostos tão parecidos.

Chris: É? E o que mais a Mama disse?
Bella: Mama disse que você é o papai, e que vai cuidar de Bella.

Christopher assentiu, usando de toda a força que lhe restava para não continuar a chorar.

Chris: Mama está certa, papai vai cuidar de você. E por mais que ela ainda não saiba, vai cuidar dela também.
Bella: Bella não tem medo de papai... – Chamou com o dedinho Christopher, como quem queria lhe contar um segredo. Ele foi, tomado pela ternura, e a pequena lhe sussurrou no ouvido: – Mama disse que não era para ter medo do papai. – Arregalou bem os olhos, assentindo com a cabeça, confirmando com veemência o que acabara de dizer para seu pai. – Mas é segredo... – Continuou em tom baixo, juntando as mãozinhas ao lado da boca, com quem contava aquele segredo somente para ele e ninguém mais escutar. – Só contei para você, porque é o papai.

Christopher assentiu e quando percebeu que não daria para conter as lágrimas a pegou em seu colo, abraçando e sendo abraçado, fechando os olhos com força, murmurando um agradecimento a Deus por ter lhe ouvido uma salvação.

Seus olhos voltaram a se abrir e na porta mirou Dulce.

Ela estava encostada no batente da porta, com uma mamadeira na mão, emocionada como ele por presenciar aquele momento único e indolor.
Fechou os olhos como que a agradecia.
Ela assentiu, fazendo o mesmo, fechando a porta silenciosamente, não querendo interferir o memento entre...

Pai e filha.