Fanfic: Quentes Como o Desejo (DyC) | Tema: Vondy

Dulce voltou a descer as escadas...
A mamadeira quentinha ainda estava em sua mão.
A levou de encontro ao coração, deixando que um sorriso emocionado novamente tomasse seus lábios.
Seu coração materno se enchia de ternura e felicidade.
Seu coração materno trasbordava de amor, de orgulho.
Apesar de tudo, ela havia feito um bom trabalho.
Concordou com si mesma, emocionando-se ao lembrar-se das horas que parecia que nada daria certo. Das madrugadas em claro quando Isabella era tão pequenina, das cólicas, da forte inexperiência em ser mãe de sua parte, nos primeiros meses de vida de sua menina.

Tinha vezes que pensava que poderia quebrar Isabella.

Era tão pequenina, tão miúda, frágil...
Voltou a sorrir lembrando-se da festa que ambas fizeram quando Isabella disse Mama pela primeira vez, quando lhe sorriu com a boca toda banguela, quando deu seu primeiro passo, quando chorou para valer, sua primeira gripe, o primeiro dia na escolinha, o primeiro dente.
Sem sombra de dúvidas haviam existido maus momentos, momentos em que Dulce se encontrava tão perdida e com tanto medo, que segurava Isabella de encontro seu corpo durante toda noite, murmurando orações para que alguém viesse ao seu socorro. Ninguém vinha, mas no dia seguinte ela encontrava forças e lutava, lutava para manter sua filha vestida, alimentada e saudável, e no final do dia, quando Isabella novamente adormecia a espera de um novo dia, Dulce agradecia, porque de uma maneira ou de outra, alguém lá em cima havia lhe escutado.
A verdade era que os maus momentos desapareciam em vista dos bons.
Desapareciam em vista do que havia aprendido com um ser tão menor e tão mais dependente do que ela.

Entrou na cozinha, deixando a mamadeira em cima da extensa bancada.
Uma bancada que lembrava uma das várias que tinha na faculdade.
Sorriu, tendo uma idéia.
Limpou as lágrimas com seu casaco, sem deixar de segurar o mesmo contra seu rosto, sentindo o cheiro de Christopher lhe invadir as narinas, lhe penetrar no sangue e então correr por seu corpo em poucos segundos.
Abriu os olhos mais uma vez molhados, piscou, tentando ocultar aquelas lágrimas. Então sua cintura ardeu, exatamente no lugar por onde ele havia a segurado. Então seus lábios arderam, exatamente no lugar por onde ele havia os beijado.
Balançou a cabeça e decidiu que manteria a mesma ocupada.
Olhou os armários da cozinha, perguntando se neles havia algumas panelas.
Mirou o relógio, dava tempo de preparar um gostoso jantar.

Com as panelas no fogo, as panquecas prontas e o molho fervendo junto com os recheios, Dulce limpou suas mãos no pano de prato aproximando-se do fogão, abrindo uma panela, e com a colher de pau mexeu o molho cheiroso e apetitoso, colocando uma pequena quantia na palma da mão, apreciando o sabor leve sem deixar de ter um toque apimentado ao fundo, exatamente como sua professora havia ensinado.
Mexeu os dois recheios.
Com um sorriso no rosto ao sentir os cheiros se misturando, lhe causando aquela maravilhosa sensação de que a comida realmente estava apetitosa. Deixou o arroz secar, e no forno viu se os bolinhos de chocolate estavam crescendo.
Sorriu. Perfeito!
Murmurou para si mesma, estaria tudo pronto em poucos minutos. Olhou o relógio e viu que já haviam se passado mais de 1 hora e meia que ali se encontrava, franziu a testa com ganas de subir até o quarto, de saber se estava tudo bem.
Preferiu esperar mais um pouco.

Fuçou nos armários e encontrou as louças que pareciam jamais terem sido usadas. Conforme foi ensinada, preparou uma simples e aconchegante mesa para três pessoas.
Tirou os bolinhos do forno os cobrindo com outro pano de prato.
Recheou as panquecas as levando no forno.
Desligou o arroz e pronto.
Olhou o relógio mais uma vez, e antes que pudesse pensar em ir até o quarto, o som da gargalhada de Isabella lhe chegou aos ouvidos.

Fechou os olhos...levando a mão ao coração sempre como fazia quando pensava em sua menina, sorrindo do som alto e delicioso das gargalhadas que agora se misturavam com a gargalhada de Christopher.
Abriu os olhos, não se recordava da última vez que havia o escutado sorrir daquela maneira. Então a cozinha foi invadida por aquelas duas presenças.
Bella estava em cima dos ombros do pai, o segurando pelas mãos, dando risada quando Christopher ameaçava deixa-la cair. Estavam ambos sem o grosso casaco, ambos suados e avermelhados pela farra que certamente faziam a um longo tempo. Dulce sorriu aos dois.
Chris: Entrega especial para: Mama Monterio. - Disse Christopher em uma voz engraçada, causando ainda mais risada em Isabella.
Dulce: Acho que houve algum engano senhor, não espero nenhuma entrega especial! – Dulce também forçou a voz, entrando na brincadeira.
Chris: Oh, então ocorreu algum engano! Essa encomenda especial deve ser imediatamente entregue para outra Mama!
Bella: Não, papai! – Gritou Isabella sorrindo, erguendo os bracinhos para que Dulce a segurasse, em quanto Christopher continuava a ameaçar deixar cair.

Por fim, Dulce a segurou nos braços, a girando, sorrindo conforme a gargalhada de Isabella se tornava mais alta.
Christopher negou com a cabeça sorrindo, mirando a forma como Isabella se agarrava a sua Mama, lhe beijando o rosto, sorrindo com a mãe que lhe sorria de volta em uma cena única e inesquecível.
Dulce o mirou, com seu sorriso ficando tímido.
Bella: Hum... – Murmurou, levantando o dedinho, cheirando o ar. – Eu acho que a Mama fez...
Bella e Dulce: Panquecas!
A festa se deu novamente, panqueca era o prato preferido de Isabella.
Dulce: Espero que não se incomode por eu ter usado sua cozinha!
Christopher negou com a cabeça, ainda bobo pela situação que lhe envolvia.
Chris: Acredito que a primeira vez que é usada. Não costumo comer em casa. – Dulce assentiu, com o silêncio pela primeira vez tomando o ambiente. Com uma ligação de olhares profunda, intensa...
Dulce: Bem, porque não lavam os dois as mãos e se sentem à mesa? – Bella assentiu, erguendo os bracinhos para que Christopher a pegasse, e ele o fez, com o coração a saltar de emoção por sentir que Isabella já lhe confiava.

Foram os dois tagarelando lavar as mãos, deixando Dulce com um sorriso emocionado nos lábios, servindo a comida, botando para Isabella a quantidade que a mesma estava acostumada a comer, e quando chegou em Christopher parou...

Não sabia o quanto ele comia.
Se...gostava de panquecas.
Se...gostava de molho.

Baixou os olhos, suspirando.

Chris: Coloque o mesmo que colocou para você... – O ouviu dizer, como se pudesse ler seus pensamentos. Dulce assentiu silenciosamente servindo a comida, sorrindo para Isabella que havia lhe piscado.

O jantar se seguiu animado, com Isabella bem acordada e falante contando ao pai que por sinal muito interessado, como era sua escolinha, o trabalho de sua Mama, suas cores e desenhos preferidos.
Bella: Mama gosta de hamburburdger...
Dulce sorriu.
Dulce: É hambúrguer, querida.
Bella: Sim, Mama gosta de hamburburdger. Quando tia Mai deixa, comemos hamburdger antes de ir para a casa. – Christopher também sorriu, cruzando o talher no prato vazio em sinal de que estava satisfeito.
Chris: Quem é a tia Mai? – Isabella que mastigava demoradamente a panqueca deixou que sua mãe respondesse.
Dulce: Maite é minha chefe, trabalho em sua lanchonete no horário da manha até ás 4 da tarde. È muito minha amiga e de Isabella, não é filha?
Isabella assentiu, ainda mastigando.
Chris: Trabalha em uma lanchonete?
Dulce: Sim, trabalho nessa lanchonete até as 4, depois trabalho em um restaurante onde faço estágio, e pela noite faço faculdade de culinária.

Ela notou o leve “uál” que Christopher havia feito, certamente se perguntando com quem Isabella ficava durante todo o dia.

Isabella: Quando Mama trabalha e estuda, Bella fica na escolinha, ou com a tia Diana. Ahhhh! – Ela gritou, levando a mão a testa como se seu esquecimento fosse imperdoável. - Tem a tia Clis também!
Dulce: Cris é a outra garçonete de onde trabalhamos. – Logo respondeu.
Bella: Tem o tiu Ded!
Dulce: Tio Ted, querida. – Sorriu, limpando com seu guardanapo a sujeira de molho no narizinho de Isabella. - Ted é o cozinheiro da lanchonete, e faz os melhores Waffles do mundo.

Christopher continuou assentindo, prestando atenção em tudo o que mãe e filha diziam. Logo Isabella começou a lhe falar sobre as histórias que sua mama contava ao dormir, ou dos passeios ao parque de domingo, que era o único dia do qual Dulce não trabalhava.
A sobremesa foi servida, e a conversa entre pai e filha se seguiu, com Dulce apenas completando algumas informações, com pai e mãe não contendo a risada da graciosidade e perfeição que era Isabella.
Bella: Fiz uns desenhos no caminho, quer ver papai? – Christopher de pronto assentiu, ajudando a menina descer da cadeira.
Dulce: Vá devagar, tome cuidado para não escorregar nos tapetes... – Bella assentiu, e obedecendo a sua mãe caminhava com extremo cuidado, gerando ainda mais risadas a Christopher.

Pela primeira vez a mesa ficou silenciosa.

Apreensiva, Dulce colocou por trás da orelha uma mexa de cabelo que lhe caia aos olhos e com o garfo continuou a mexer com a calda de chocolate que escorria pelo bolinho.

Sabia que Christopher estava a mirando.
Sabia que ele esperava pacientemente que ela tivesse coragem se erguer os olhos e o mirar.
E ela o fez.
O encontrando machucado, porém não triste.

Dulce: Sinto muito... – Voltou a murmurar, sabendo que ele se emocionava a cada momento por saber das diversas coisas que havia perdido na vida de sua filha.
Ele negou com a cabeça lhe sorrindo.
Chris: Fez um excelente trabalho com ela, Dulce...è uma princesinha. – Dulce assentiu, com seus olhos mais uma vez enchendo-se de lágrimas.
Dulce: Sim, ela é...è a razão da minha vida.

Bella: Bella voltou!

Ela gritava, correndo pela sala até entrar na cozinha.
Dulce se preparou para lhe dizer para que tomasse cuidado com o tapete, então era tarde. Isabella escorregou no mesmo caindo de bunda ao chão.
Na mesma hora Christopher levantou-se preocupado, correu até a filha que esfregava o bumbum com um bico de quem logo iria chorar.
Dulce deu a volta na mesa aproximando-se de Christopher, que ao agachado checava cada parte do corpinho de Isabella, lhe perguntando se algo doía, onde doía.

Mas Isabella naquela hora não queria falar com ninguém, só queria o lugar mais seguro, mais quente, mais carinhoso...O colo de sua Mama.
Dulce a pegou nos braços vendo como Christopher, mesmo involuntariamente magoado, continuava questionando se havia se machucado sério.
Dulce: Te tranqüilize...- Dulce murmurou, lhe lançando um terno olhar. – Foi só um tombo, não é, querida? – Isabella assentiu, e ainda segurando o desenho, agora amassado, o entregou para Christopher.
Bella: Bella, Mama e Papa... – ela murmurou com a voz baixinha e ainda um tanto chorosa, informando a Christopher que eram os pauzinhos e bolinhas rabiscados no desenho.
Dulce lhe sorriu, ele retribuiu emocionado.
Chris: É para mim? – Bella assentiu, estendendo os bracinhos para que fosse ao colo do pai que a recebeu com um abraço. – Obrigada, querida, irei guardar para sempre!
Dulce: O que falamos sobre não correr?
Bella: Diculpa...
Dulce: Aceito suas desculpas... – murmurou Dulce séria. – Mas Mama, não quer que volte a correr sobre os tapetes, escorrega e faz dodói. – Bella assentiu, bocejando pela terceira vez desde o tombo até aquele momento.