Fanfic: Quentes Como o Desejo (DyC) | Tema: Vondy

Sua boca secou e seus olhos imediatamente desviaram da figura que podia ver.
Que Deus o ajudasse!
Que Deus o ajudasse a lutar contra aquele mar de sentimentos que lhe invadiam.
Dulce vestia uma calça larga, preta, dessas de tecido bem leve, uma blusa regata, dessas de pijamas bem colada ao corpo que certamente depois do nascimento de Isabella, estava ainda mais formoso. Nos pés, meias brancas e por cima da regata, um suéter aberto, um suéter velho...que tinha cara de ser confortável e muito querido por ela.

E os cabelos...
Ahh aqueles longos e negros cabelos...

Soltos, longos, quase todo liso tirando as ondas e inícios de grossos cachos que se formavam nas pontas.
Voltou a mirar e permaneceu assim, com as mãos novamente trêmulas segurando o corrimão na outra ponta da escada.
Os olhos dela lhe penetraram nos seus, e pela primeira vez ela o olhou como antes, deixando escapar que ainda o queria, que ainda sentia em seu corpo aquelas sensações alucinantes.
Chris: Desculpe... – ele murmurou, virando-se de costas. – É que ás vezes... – negou com a cabeça, pedindo silenciosamente por um controle que não lhe seria concedido. Tentou sorrir. – Quer vinho? Tinto ou branco?
Ela desceu as escadas, também levemente constrangida.
Dulce: Tinto, sempre prefiro o tinto. – Ele assentiu e o mais rápido e desajeitado que pode lhe serviu o vinho, entregando a taça para Dulce, ligando o rádio bem baixinho, sentando-se na poltrona de frente para o sofá, como Dulce sentando-se ao sofá, com as pernas de lado, procurando se aquecer.
Dulce: Eu gostei da casa... – Começou a dizer observando mais uma vez o local.

Christopher se perguntou em que momento ela havia se tornado tão mais bela e charmosa do que era antes.
O rosto com pouquíssima maquiagem se tornava ainda mais iluminado do que quando ela se maquiava para valer. Tomou um grande gole de vinho.

Chris: Na verdade é muito prática... – Tentou outro sorriso nervoso, sentando-se mais à vontade na poltrona. – Não preciso de muita coisa. Fico grande parte do tempo na galeria, na faculdade ou no ateliê...A cozinha agradece sua presença hoje.

Ela sorriu, charmosamente, sem perceber sensualmente, afastando os cabelos dos olhos, bebendo outro gole de vinho.

Dulce: Tem uma boa cozinha.
Chris: Veja se não é uma chef que fala!
Dulce: Ainda não sou uma chef... – Sorriu novamente, sentindo-se relaxar. – Falta pouco. Está tudo tão corrido!
Chris: Nunca pensei que tivesse gosto por cozinhar!
Dulce: Nunca pensei que tivesse gosto por pintar!

Ambos sorriram, bebendo no mesmo momento o vinho, com seus olhos por cima da taça envolvendo-se sem nenhuma permissão de seus donos. O ambiente se tornava sedutor, mágico, envolvente.. não tinha o se que fazer, como evitar.
Era ele, era ela.
Era a intensidade que caia sobre aqueles dois corpos, almas e corações.

Chris: O jantar estava maravilhoso! – Dulce ergueu a taça, em sinal de agradecimento.
Dulce: Todos os quadros são seus? – Ele viu que ela mirava os quadros da sala.
Chris: Sim, a maioria, só o do corredor que é do Christian, e o do meu quarto foi Bruno quem pintou.
Dulce: São muito bons. Especialmente você.
Chris: Reconheceu? – Ele perguntou, com o sorriso tornando-se triste. Com a taça na mão apontou para um quadro no centro da sala. – São seus olhos.
Dulce: Eu sei que são... – ela também sorriu tristemente. – Gosto das cores, do efeito de paisagem, como se estivéssemos vendo algo a longa distância.

Foi a vez dele erguer a taça em sinal de agradecimento.

Dulce: Terminou a faculdade?
Chris: Sim, faço cursos agora, aperfeiçoamentos, tenho muito que aprender, a melhorar!
Dulce: Acho suas obras maravilhosas!
Chris: São dramáticas e tristes! – sorriu.
Dulce: Porque diz isso?
Chris: Por que são partes de mim.

O silêncio mais uma vez reinou.
Christopher encheu novamente as taças.
Dulce: Porque me pintou naquele quadro Christopher?
Perguntou com a voz baixa.
Chris: Porque eu não podia dormir...De noite, de dia, de tarde...Você não me deixava dormir. Então eu pintava, e jogava as telas fora, porque não conseguia me concentrar em nada além do seu rosto...do seu corpo, suas curvas, marcas.
Dulce fechou os olhos, como se a voz dele pudesse lhe recordar o toque das mãos firmes e apaixonadas sobre sua pele.
Chris: Então eu comecei a pintar você...Pelo menos assim, talvez eu conseguiria dormir...conseguiria desenhar.
Dulce: Não pude deixar de mirar aquele quadro.
Chris: Depois que o pintei, pensei em botar fogo... – Disse com sinceridade, a fazendo abrir os olhos e o mirar.- Botar fogo no maldito espelho...Botar fogo em mim.
Dulce: Na tela, você é o espelho... – Ele assentiu. Bebendo outro gole de vinho.
Chris: Se quisesse eu detalharia cada curva do seu corpo... – Ele murmurou a olhando nos olhos, com a voz afogada pela intensidade da paixão. – Mas você...Quem é você é um espaço vago, sem pistas ou reflexos.
Ela molhou os lábios, com seus olhos imediatamente emocionando-se, com os dedos circulou a borda do copo.
Dulce: A verdade era que talvez, nem eu mesma soubesse quem eu era. Estava assustada, apaixonada, com raiva, tentando fazer com que tudo e todos pagassem...Sentia-me culpada, havia feito coisas das quais não me orgulhava.
Chris: Havia vezes, no silêncio... – Engoliu a saliva, vendo como Dulce contraia o corpo, ciente de que o assunto ameno tornava-se mais profundo. – Esqueça...
Dulce: Havia vezes, no silêncio... – ela continuou com a voz profunda, com os olhos diretamente nos olhos dele. – Que eu pensava em lhe contar...que eu pensava em lhe dizer que era melhor que parássemos...que parássemos de nos envolver daquela forma...Mas bastava um olhar...um sussurro...E eu me colocava entregue a ti em uma bandeja. Eu lutei, juro que lutei...