Fanfic: Quentes Como o Desejo (DyC) | Tema: Vondy

Como iria atender uma visita que não era sua toda melecada daquela maneira?
Deixou a massa pronta, limpou as mãos com um guardanapo e foi chupando os dedos para tirar o restante da massa, gostando do doce sabor.
Atendeu a porta com um sorriso no rosto tipo “Desculpe os modos”.

E o mesmo sorriso se perdeu em seus lábios ao se deparar com ninguém mais do que, Daves.

Meu Deus, quase murmurou, ao ver o semblante daquele homem.
O que havia acontecido com o arrogante e imponente, Daves?
Os olhos avermelhados, baixos, opacos e cansados.
O rosto envelhecido, marcado pelo tempo, pela tristeza.
Engoliu a saliva vendo a incredulidade com qual ele a mirava, como se não pudesse acreditar no que via.
O olhou nos olhos e viu que se encontrava forrado pelas lágrimas, o queixo trêmulo, o rosto pálido.

Daves: Veja se não é a mocinha que encontrou o caminho de casa.

Dulce não respondeu, o viu sorrir tristemente, assentindo com a cabeça como quem dizia que sim, aquele era realmente o lugar que ela deveria estar.
Dulce: Olá Daves. – ela disse rapidamente, seriamente.

Bella: Mama, quem é?

A porta se abriu ainda mais, e na altura das pernas de Dulce surgiu o rostinho curioso e úmido de Isabella, mirando o homem parado á frente de sua Mama.
O semblante de Daves tornou-se ainda mais pálido e emocionado, mirando Dulce, lhe perguntando se aquilo era realmente real.
Daves: Deus do céu! – murmurou com a voz trêmula – É Christopher em pessoa!
Chris: Dulce, quem está aí?

Christopher pegou Isabella em seus braços se deparando com Daves.
Dulce deixou a porta livre, saindo dali.
Sentando-se na poltrona apreensiva.
Se algo poderia arruinar aquele momento, esse algo era Daves...e as lembranças que ele trazia.
Chris: O que faz aqui? – Perguntou rapidamente, com a voz desprovida de qualquer emoção, acolhendo Isabella em seus braços como se Daves pudesse fazer mal a sua filha.

Daves: A menina é sua, Christopher! È tão parecida contigo, é tão...
Chris: Daves, o que faz aqui? – Tornou a perguntar, roubando o sorriso de Daves.
Daves: Vim falar contigo. Saber como estava, se...
Chris: Está brincando comigo não está? – Tentou ao máximo não elevar sua voz. – Eu não... – respirou com força, controlando-se, sabendo que não poderia assustar sua filha. – Entre Daves. – murmurou, e Daves entrou, reparando na casa, na bagunça da cozinha, no estado dos três ali presentes.

Dulce: Vem filha, vamos terminar os Waffles! – Isabella assentiu, erguendo os bracinhos para Dulce, que mirou bem o rosto de Daves, antes de sair da sala.
Daves: Eu sinto muito se...
Chris: Não comece com isso Daves...Pelo amor de Deus, não comece com isso!
O olhar dolorido que Daves lhe lançou foi o suficiente para que Christopher se acalmasse, se sentasse ao sofá reparando mais uma vez que aquele sem dúvidas não era o Daves Danyclifes que um dia conhecera. – Desculpe...

Daves assentiu, mexendo com os dedos com a cabeça baixa, sentando-se na poltrona de frente para Christopher.

Chris: Aconteceu alguma coisa?
Daves: Estou morrendo... – Disse diretamente. Causando um forte impacto em Christopher que o mirou no mesmo momento, vendo como Daves se emocionava com o som da voz de Dulce e Isabella na cozinha. – Quando as encontrou?
Chris: Isso não importa agora...O que você tem?
Daves: Isso não importa agora... – repetiu – Saber o que tenho não mudará o fato de que estou morrendo.
Chris: Há algo que se possa fazer? Está indo ao médico está...
Daves: Não, não há...Só vim me despedir de meu filho.
Se Daves queria o atingir conseguiu em cheio, pois Christopher perdeu todas as armas de defesa contra aquele velho e cansado lobo.
Daves: Não espero seu afeto nem sua hospitalidade, quando vim sabia o modo como seria tratado.
Chris: Desculpe... – murmurou novamente.
Daves: Ter dó de mim a essas alturas? Deixe disso, moleque! O que carrego não me alivia pelo fato de estar partindo.

Chris: Tem algo que possa fazer por ti? - Cerrou o maxilar e os punhos.
A verdade era que jamais pudera imaginar que o grande Daves, lhe bateria a porta naquele estado, lhe informando que estava a morrer.

Daves: Perdoa?

Christopher levantou a cabeça o mirando, emocionado, fragilizado.
Daves: Vim para, que... – Perdeu a fala, somente com seus olhos mirando os olhos de Christopher – Gosto de suas pinturas...gosto do seu cabelo.
Chris: Obrigado, Daves.
Christopher o viu ficar sem fala e seu coração recém revivido se encheu de algo que ele não soube dizer...

Na verdade soube sim...pena.

Sentia pena de Daves por o ver naquele estado, sentia pena de Daves por um homem como ele que sempre teve tudo a dizer, não saber conversar com seu próprio “filho”.

Daves: Não quero os incomodar, além do mais, Dulce...
Chris: Quer tomar café da manha?
Daves se pôs surpreso.

Chris: Estávamos fazendo Waffles antes que chegasse.

O que acontecia naquele momento nem um dos dois puderam explicar.
Cediam?
Compartilhavam ?
Deixam os jogos, as mágoas e os fantasmas para trás?
Daves: Eu adoraria.
Christopher assentiu levantando-se, notando a dificuldade que Daves tinha para levantar, o ajudou. Notando o olhar não mais orgulhoso, mas sim agradecido que ele lhe lançava.
Entram os dois na cozinha com os olhos atentos de Dulce e Isabella.
Chris: Filha, esse é... – Mirou Dulce, que mesmo sem perceber, mantinha-se próxima a Isabella, como se Daves pudesse machucar sua filhinha como havia a machucado. – Esse é meu...
Dulce: Esse é o vovô... – Por fim completou, encarando os olhos emocionados e fragilizado de Daves. – Diga Olá e o cumprimente com um beijo, querida.