Fanfic: Fora de Controle (Vondy) | Tema: Vondy

— Você está bem? Veio calada a viagem inteira. — Poncho disse tirando-me de meus pensamentos.
Estávamos entrando em meu apartamento. Havíamos acabado de chegar da casa de campo de seus pais.
— Estou. Desculpe. — respondi jogando minhas coisas no sofá e indo direto para o quarto com Poncho em meu encalço.

Joguei-me na cama afundando a cabeça no travesseiro e fechei os olhos. Logo senti Poncho girar meu corpo para cima e se colocar em cima dele. Abri os olhos e o vi olhando-me com preocupação. Eu não conseguia disfarçar! Eu me sentia culpada e com nojo de mim mesma, como eu pude?!

— O que está acontecendo? Você não é assim. — fechei os olhos e em uma atitude de desespero e culpa, enlacei meus braços em volta de seu pescoço e o beijei.

E não senti nada. E me senti ainda mais culpada por aquele beijo não fazer minhas pernas tremerem, por não causar um frio em minha barriga, por não deixar-me embriagada como os de Christopher fizeram. Soltei-me dele e empurrei-o para o lado saindo da cama.
— Está chorando? — perguntou ele franzindo o cenho.
— Não sei como te dizer isso em parecer uma vagabunda. Que, de repente, é mesmo o que eu sou por ter...
— Hei... Eu sei. — ele interrompeu se levantado da cama e me abraçando. Eu o abracei de volta sem entender nada. Ele sabia... O que ele sabia? — Desculpe por te pressionar com essa história de casamento, ok? Não tem problema nenhum você não aceitar, só não quero que se sinta mal com isso.

Fechei os olhos respirando fundo e balancei a cabeça afastando-me dele.
— Não estou pronta para isso. Eu não quero me casar e...
— Já disse que tudo bem. Vamos esperar até que você esteja pronta. Não vou te obrigar a nada. Tudo bem

Eu era a pessoa mais idiota do mundo. Como eu poderia jogar aquele homem fora? Poncho era carinhoso, se preocupava comigo, e eu sabia que ele não me abandonaria na manhã seguinte. Christopher era um risco e eu não sabia se estava preparada para me arriscar novamente. Eu conhecia os tipos como ele e sabia que não eram confiáveis. Pois foram por homens como Christopher que eu sempre me apaixonei e sempre acabei com o meu coração destroçado no final. Eu, definitivamente, não precisava correr aquele risco. Definitivamente não deixaria Poncho. Uma pagina virada. Um erro que eu faria questão de esquecer mesmo parecendo a maior hipócrita do mundo.

Eu sabia que não deveria ter me apaixonado. Eu sabia que eu deveria ter evitado ao máximo que isso acontecesse e agora não havia volta. Estava feito. Eu havia seguido meus sentimentos como esses babacas românticos vivem dizendo que se deve fazer... E o que foi que eu ganhei? Um belo chute! O que eles sabem sobre amor afinal? O que ele tem de lindo? Não tem nada de lindo!
Fechei o sobre tudo sentindo o vento cortante bater em meu corpo e me sentei um banco no Central Park.

E o chute é tão forte, que quebra os seus ossos . Corta tão profundamente, que atinge a tua alma;
Rasga a sua pele, e faz o seu sangue fluir. É melhor que você saiba, o amor é difícil...

Vários casais passavam por mim enquanto eu estava sentado. Alguns de mãos dadas, alguns abraçados e trocando beijos e caricias. Idiotas, pensei.
— Dêem um mês para que ela chute a sua bunda! — murmurei irritado.
— Sintomas de um coração partido. — escutei alguém dizer ao meu lado.

Levantei a cabeça para cima dando de cara com uma mulher em pé, agarrada ao casaco pelo frio. Ela tinha um sorriso bonito e graças a Deus nada que pudesse me lembrar Dulce. Pois seus cabelos eram enrolados e sua pele era morena, com exceção da baixa estatura era completamente diferente. Talvez Deus tivesse sentido alguma piedade de meu sofrimento.

— Posso me sentar? Os outros bancos estão ocupados. — ela perguntou arqueando as sobrancelhas. Assenti voltando a chutar os pombos que pousavam no chão em minha frente.
— O que quis dizer com “sintomas de um coração partido”? — perguntei franzindo o cenho e me encostando no banco.
— Está praguejando para os casais que vê, sinal de revolta e de que alguém fez isso com você recentemente. Seus olhos estão cansados e meio vermelhos, sinal de que provavelmente ela o fez chorar.

— É... — respondi sorrindo e olhando para ela — O amor é um saco.
— Bom, isso depende. Se você por acaso é correspondido ele não é tão ruim assim. Basta você encontrar a pessoa certa. É tudo uma questão de tempo. E, bom, acho que sorte também. Ou destino, se você preferir. — ri estendendo minha mão em sua direção.
— Christopher.
— Priscila. — ela respondeu sorrindo e estendeu sua mão coberta por uma luva de lã.
— Foi realmente um prazer te conhecer Priscila. Podemos continuar nossa conversa em uma cafeteria aqui perto?