Fanfic: Fora de Controle (Vondy) | Tema: Vondy

Duas semanas depois de tudo teríamos o aniversario de casamento de meus pais, que era sempre celebrado em uma grande e luxuosa casa de campo onde todos os parentes estavam presentes. Era algo grandioso, com as mulheres vestidas em vestidos longos e homens em smokings de seiscentos dólares. Nós sempre íamos uns dois dias antes para preparar tudo e aproveitávamos para acampar na trilha.
Há duas semanas eu via Dulce muito pouco, e dessa vez ambos nos evitávamos. Ela dava oi e se trancava com Poncho no quarto. Eu sabia que algo estava acontecendo e aquele algo estava causando uma coisa estranha dentro de mim... Eu estava sofrendo. Por uma mulher. Eu! Sofrendo por uma MULHER!

Quando chegamos ao campo mamãe arrastou Dulce para falar com os empregados e começar a ajustar tudo para a festa. Poncho, eu e meu pai fomos dar uma volta pela fazenda, olhar os cavalos, dar uma checada na trilha e começamos a arrumar as coisas para acampar naquela noite.

— E então filho, como vai o namoro? — papai perguntou a Poncho enquanto colocava algumas coisas dentro da mochila de camping.
— Ótimo... — ele respondeu meio cabisbaixo. O que aquilo queria dizer? — Eu a pedi em noivado ontem a noite em um restaurante. Mas, Dulce não quer se prender... No entanto eu ainda tenho a esperança de que ela mude de idéia ou algo assim. Ela ficou feliz com o pedido e prometeu pensar. — papai sorriu orgulhoso dando uns tapas no ombro de Poncho.
— E você Christopher? Quando vai tomar um jeito? Faz tempo que você não sai com ninguém... — assenti meio distraído.
— Eu vou dar uma volta. — respondi largando a mochila na dispensa e saindo da casa.

Então eles iriam se casar. E daí? O que eu tinha haver com aquilo? Nada. Eu não tinha nada. Eu era apenas o cunhado. Eu deveria apoiar meu irmão, apoiar a minha... Cunhada. Então por que aquilo que era o certo parecia tão errado? Por que doía tanto criar a imagem de Dulce vestida de noiva e indo até o altar casar-se com Poncho?

Bom, a resposta veio imediatamente quando a vi encostada, de bruços, na cerca vendo um cavalo correr em círculos ali.
Doía porque na imagem ela se casava com Poncho e não comigo.
Aproximei-me ficando ao seu lado e apoiei meus braços ali da mesma maneira que ela.

— Pensando? — perguntei observando o cavalo parar e começar a relinchar.
— É. — Dulce respondeu soltando um longo suspirou a seguir.
— Você tem evitado transitar pelo resto da casa nesses últimos dias... — falei franzindo o cenho e a olhando de perfil pela primeira vez. Ela sorriu de canto e mordeu o lábio — O que está acontecendo?
— Nada. É só que eu não sei o que fazer. Seu irmão me pediu em casamento. Não é a primeira vez, ele queria que nos casássemos duas semanas depois de nos conhecermos. — ela contou soltando uma risadinha sem graça — Mas dessa vez havia uma aliança... E... Eu não sei.

— Você o ama? — perguntei sem pensar. E quando ela se virou para me olhar percebi que havia apertado o gatilho no momento certo e acertado bem no peito.

— Que tipo de pergunta é essa? — murmurou ela com indignação.
— Uma pergunta fácil. — respondi dando de ombros e voltando a mirar o cavalo — Com uma resposta que exige apenas três letras. Sim ou Não. — ela não respondeu. Apenas bufou e começou a se afastar. — Você não o ama. — falei um pouco mais alto sem me virar para ela, mas tinha certeza de que ela havia parado no meio do caminho — Talvez não o suficiente para se casar com ele. Talvez ele não seja exatamente quem você procura Dulce...

Virei-me finalmente enfiando as mãos no bolso. Ela estava parada como eu imaginei que estivesse. Com o vento gelado chicoteando seus cabelos e fazendo-a encolher-se dentro do casaco de lã.

— Está vendo essa égua? — perguntei apontando com a cabeça para a égua no cercado— Ela odeia ficar presa aí dentro. Ela gosta de correr pelo campo, livre. Você é assim Dulce... Se você se prender a algo que não tem certeza de que quer vai viver presa, infeliz e duvidosa para o resto da vida. Meu irmão é uma boa pessoa e não vê-lo se machucando... — falei desviando meu olhar do seu para logo em seguida levantar a cabeça e encará-la novamente — E não a quero ver machucada também.

Tive a impressão de ver seus olhos cristalinos quando ela abraçou-se ao próprio corpo e saiu dali. Mas não tinha certeza. Eu não tinha certeza de nada.