Fanfic: Belo Desastre || Vondy (Concluída) | Tema: Vondy

Mas ela estava.

Augustus estava sentado na frente dela, conversando com Alfonso. Um sorriso irônico tomou meu rosto e eu suspirei, aliviado e resignado com o fato de ser um idiota.

A moça do refeitório encheu minha badeja com sabe-se-lá-o-quê e então fui caminhando até a mesa, parando na frente da Dulce, do outro lado.

— Você está sentado na minha cadeira, Augustus.

— Ah, ela é uma das suas minas, Ucker?

Dulce balançou a cabeça.

— Definitivamente não.

Esperei e Augustus cedeu, levando sua bandeja até um lugar vazio na ponta da mesa comprida.

— E aí, Dulce? — perguntei, esperando que ela cuspisse veneno na minha direção. Para minha grande surpresa, ela não demonstrou nenhum sinal de raiva.

— O que é isso? — ela ficou encarando minha bandeja.

Olhei para a mistureba fumegante. Ela estava jogando conversa fora. Outro bom sinal.

— A moça do refeitório me dá medo. Não vou criticar as habilidades culinárias dela.

Dulce ficou me observando cutucar a comida com o garfo em busca de algo comível, depois pareceu distraída com os murmúrios à nossa volta. A verdade é que era novidade para meus colegas me verem criar caso para sentar perto de alguém. Nem eu mesmo sabia por que tinha feito aquilo.

— Ai... a prova de biologia é depois do almoço — Anahi gemeu.

— Você estudou? — perguntou Dulce.

Anahi torceu o nariz.

— Ah, não. Passei a noite jurando para o meu namorado que você não vai dormir com o Christopher.

Alfonso ficou imediatamente ranzinza com a menção da conversa da noite anterior. Os jogadores de futebol americano sentados na ponta da mesa pararam de falar para ouvir nossa conversa, e Dulce afundou no assento, olhando furiosa para Anahi.

Ela estava com vergonha. Por algum motivo, Dulce ficava constrangida com qualquer atenção que fosse.

Anahi a ignorou e cutucou Alfonso com o ombro, mas a cara fechada dele não se desfez.

— Meu Deus, Poncho. Você está mal, hein?

Joguei um sachê de ketchup nele, tentando amenizar o clima. Então os alunos que nos cercavam voltaram a atenção para Alfonso e Anahi, na esperança de ter algo de que falar.

Ele não respondeu, mas os olhos castanhos de Dulce se ergueram para mim, acompanhados de um sorrisinho. Eu estava com tudo hoje. Ela não conseguiria me odiar nem se tentasse. Não sei por que eu estava tão preocupado. Eu não queria namorá-la ou algo do gênero. Ela só me parecia o experimento platônico perfeito. Basicamente era uma boa moça, ainda que levemente raivosa, e não precisava que eu ferrasse seus planos para o futuro. Se é que ela tinha planos.

Anahi esfregou as costas de Alfonso.

— Ele vai ficar bem. Só vai levar um tempinho para ele acreditar que a Dulce consegue resistir ao seu poder de sedução.

— Eu não tentei seduzir a Dulce — eu disse. Eu estava começando a progredir, e Anahi estava tentando me afundar. — Ela é minha amiga.

Dulce olhou para Alfonso.

— Eu disse que você não tinha nada com que se preocupar.

Os olhos dele encontraram os dela e a expressão dele se suavizou. Crise evitada. Dulce salvou o dia.

Esperei um pouco, tentando pensar em algo a dizer. Queria convidá-la para ir até o apê mais tarde, mas seria idiotice depois do comentário de Anahi. Uma ideia genial surgiu na minha mente e não hesitei em colocá-la em prática:

— E você, estudou?

Dulce fez uma careta.

— Não importa quanto eu estude. Biologia simplesmente não entra na minha cabeça.

Eu me levantei, acenando com a cabeça em direção à porta.

— Vem comigo.

— O quê?

— Vamos pegar o seu caderno. Vou te ajudar a estudar.

— Christopher...

— Levante a bun/da daí, Dulce. Você vai gabaritar essa prova.