Fanfic: Belo Desastre || Vondy (Concluída) | Tema: Vondy

— Por que não? Medo? — ele quis saber, jogando na minha cara o pano de prato, que caiu no chão. Eu me abaixei para pegá-lo e fiquei torcendo-o para frente e para trás.

— Ela é diferente, Alfonso. Ela é boa.

— Então o que você está esperando?

Dei de ombros.

— Acho que apenas mais um motivo.

Ele fez uma careta de desaprovação e se curvou para ligar a lava-louça. Uma mistura de sons mecânicos e fluidos preencheu a cozinha, e Alfonso seguiu para o quarto dele.

— O aniversário dela está chegando, sabia? A Annie quer preparar alguma coisa legal.

— O aniversário da Dulce?

— É, em pouco mais de uma semana.

— Bom, a gente precisa fazer alguma coisa. Você sabe do que ela gosta? A Anahi já pensou em alguma coisa? Acho melhor comprar um presente. Que merda eu compro pra ela?

Alfonso sorriu enquanto entrava no quarto.

— Você vai pensar em algo. A aula começa às cinco. Vai no Charger?

— Nem. Vou ver se consigo fazer a Dulce subir na garupa da minha moto de novo. É o mais próximo que consigo chegar da parte interna das coxas dela.

Ele riu e fechou a porta atrás de si.

Fui para o meu quarto e vesti uma calça jeans e uma camiseta. Carteira, celular, chaves. Não conseguia imaginar ser mulher. A rotina absurda pela qual elas passavam só para sair pela porta consumia metade da vida delas.

A aula levou uma eternidade para terminar, depois cruzei o campus correndo até o Morgan Hall. Dulce estava parada na frente do dormitório com um cara, e instantaneamente meu sangue ferveu. Alguns segundos depois, reconheci Eddy e suspirei aliviado. Ela estava esperando que ele terminasse de fumar e ria do que ele estava dizendo. Eddy estava mexendo os braços para todos os lados, claramente no meio de uma história grandiosa, e as únicas pausas que fazia eram para dar tragadas no cigarro.

Quando me aproximei, ele piscou para Dulce. Tomei aquilo como um bom sinal.

— Ei, Christopher — disse ele, em tom cantado.

— Eddy — assenti e rapidamente voltei a atenção para Dulce. — Estou indo pra casa, Dul. Precisa de carona?

— Eu ia entrar no dormitório — ela respondeu, abrindo um sorriso para mim.

Senti meu estômago se contorcer e falei sem pensar:

— Você não vai ficar comigo hoje à noite?

— Não, vou sim. Só tenho que pegar umas coisas que esqueci.

— Tipo o quê?

— Bem, meu aparelho de depilação, por exemplo. O que você tem com isso?

Meu Deus, como eu gostava dela.

— Já estava na hora de você raspar as pernas. Elas ficam ralando nas minhas, é o maior inferno.

Os olhos de Eddy quase saltaram das órbitas.

Dulce franziu a testa.

— É assim que os rumores começam! — Então olhou para Eddy. — Estou dormindo na cama dele... só dormindo.

— Certo — ele respondeu com um sorriso irônico.

Antes que eu soubesse o que tinha acontecido, ela já estava lá dentro, subindo as escadas para o quarto dela, pisando duro. Subi dois degraus de cada vez para alcançá-la.

— Ah, não fique brava. Eu só estava brincando.

— Todo mundo acha que estamos transando. Você está piorando as coisas.

Parecia que, para ela, transar comigo era algo ruim. Se eu tinha dúvidas sobre se Dulce estava na minha ou não, ela havia acabado de me dar a resposta: não apenas não, mas nem ferrando.

— Quem se importa com o que as pessoas pensam?

— Eu me importo, Christopher! Eu me importo!

Ela empurrou a porta do quarto e começou a andar de um lado para o outro, abrindo e fechando gavetas e enfiando coisas em uma sacola. De repente, eu me senti afogado em um intenso sentimento de perda, do tipo em que ou você ri ou chora. Uma risadinha escapou da minha garganta.

Seus olhos amendoados escureceram e me fitaram.

— Não é engraçado. Você quer que a faculdade inteira ache que sou uma de suas vadias?

Minhas vadias? Elas não eram minhas. Daí serem vadias.

Tirei a sacola das mãos dela. Aquilo não estava indo bem. Para ela, estar associada a mim, sem mencionar estar em um relacionamento comigo, era sinônimo de afundar sua reputação. Por que ela ainda queria ser minha amiga se era assim que se sentia?

— Ninguém acha isso. E, se acharem, é melhor torcerem para que não chegue aos meus ouvidos.

Segurei a porta aberta e ela passou como um raio. Assim que comecei a segui-la, ela parou, me forçando a me equilibrar na ponta dos pés para não trombar com ela. A porta se fechou atrás de mim, me empurrando para frente.

— Eita! — falei, topando com ela.

Dulce se virou.

— Ah, meu Deus!