Fanfic: Belo Desastre || Vondy (Concluída) | Tema: Vondy

Peguei-a pela mão, conduzindo-a até o Charger do Alfonso. Ela não puxou a mão, e não a soltei até entrarmos no carro. Parecia errado soltá-la. Quando chegamos ao restaurante de sushi, entrelacei os dedos aos dela ao entrarmos.

Pedi uma rodada de saquê, depois outra. A garçonete não solicitou nossa carteira de identidade até que pedi cerveja. Eu sabia que Anahi tinha uma identidade falsa, e fiquei impressionado quando Dulce sacou a dela sem pestanejar. Assim que a garçonete olhou a identidade e saiu andando, peguei-a na mão. A foto dela estava no canto, e tudo me pareceu legítimo. Eu nunca tinha visto uma carteira de identidade do Kansas antes, mas aquela era impecável. O nome que estava escrito era Jessica James, e por algum motivo aquilo me deixou excitado. Demais.

Dulce deu um peteleco na identidade, que saiu voando e quase caiu no chão, mas ela a pegou no meio do caminho e, em questão de segundos, já a tinha escondido na carteira.

Ela sorriu e retribuí o sorriso, me apoiando nos cotovelos.

— Jessica James?

Ela imitou minha posição, apoiando-se nos cotovelos e me encarando de volta. Dulce era tão confiante. Aquilo era incrivelmente sexy.

— É. E daí?

— Escolha interessante.

— Assim como o seu sushi de abacate. Bem gay.

Alfonso irrompeu numa gargalhada, mas parou abruptamente quando Anahi virou a cerveja num gole só.

— Devagar, baby. O saquê demora pra fazer efeito.

Anahi limpou a boca e abriu um largo sorriso.

— Já tomei saquê antes, Poncho. Pare de se preocupar.

Quanto mais bebíamos, mais alto falávamos. Os garçons não pareciam se importar, provavelmente porque era tarde e havia poucos outros clientes no lado oposto do restaurante, e quase tão bêbados quanto a gente. Menos o Alfonso. Ele era protetor demais em relação ao carro para beber além da conta quando precisaria dirigir, e amava Anahi mais que o carro. Quando ela saía com a gente, ele não apenas prestava atenção na quantidade de bebida que ingeria como seguia todas as leis de trânsito e ligava o piscapisca.

Capacho.

A garçonete trouxe a conta e joguei o dinheiro na mesa, cutucando Dulce até que ela se levantasse. Ela me deu uma cotovelada de brincadeira, e eu joguei casualmente o braço em volta dela enquanto cruzávamos o estacionamento.

Anahi deslizou no banco da frente ao lado do namorado e começou a lamber a orelha dele. Dulce olhou para mim e revirou os olhos, mas, apesar de ser obrigada a assistir ao showzinho dos dois, ela estava se divertindo.

Alfonso entrou no estacionamento do Red e passou duas ou três vezes pelas fileiras de carros.

— Até a noite acabar a gente arruma uma vaga, Poncho — Anahi murmurou.

— Ei, tenho que achar uma vaga grande! Não quero que nenhum bêbado imbecil estrague a pintura do meu carro.

Talvez. Ou ele estava apenas prolongando o banho de língua que seu tímpano estava ganhando. Doentio.

Alfonso parou no fim do estacionamento e ajudei Dulce a sair do carro. Ela puxou e arrumou o vestido, depois balançou os quadris um pouquinho antes de pegar minha mão.

— Eu queria perguntar sobre a carteira de identidade de vocês — falei. — Elas são perfeitas. Não se consegue dessas por aqui. — Eu saberia. Já tinha comprado várias.

— É, já faz um tempinho que a gente tem. Era necessário... — Por que raios seria necessário que ela tivesse uma carteira de identidade falsa? — ... em Wichita.

O cascalho fazia barulho sob nossos pés, e a mão de Dulce apertava a minha enquanto ela fazia a jornada sobre as pedras em sapatos de salto.

Anahi tropeçou. Minha reação foi soltar a mão de Dulce, mas Alfonso segurou a namorada antes que ela caísse.

— Que bom que você conhece as pessoas certas — disse Anahi, dando risadinhas.

— Santo Deus, mulher! — disse Alfonso, segurando o braço dela. — Acho que você já bebeu o suficiente.

Franzi as sobrancelhas, me perguntando que diabos aquilo tudo significava.

— Do que você está falando, Annie? Que pessoas certas são essas?

— A Dulce tem uns antigos amigos que...

— São identidades falsas, Ucker — disse Dulce, interrompendo a amiga antes que ela pudesse terminar. — É preciso conhecer as pessoas certas se quiser que sejam feitas do jeito certo... Certo?

Olhei para Anahi, sabendo que algo não se encaixava, mas ela olhava para todos os lados, menos para mim. Forçar o assunto não me parecia inteligente, especialmente quando Dulce tinha acabado de me chamar de Ucker. Eu poderia me acostumar com isso, vindo dela.

Estendi a mão.

— Certo.

Ela segurou minha mão, sorrindo com a expressão de uma golpista, crente que tinha acabado de me enganar. Eu definitivamente teria que revisitar o assunto mais para frente.

— Preciso de outro drinque! — disse Dulce, me puxando em direção à grande porta vermelha da casa noturna.

— Mais uma dose! — gritou Anahi.

Alfonso suspirou.

— Ah, é. É disso que você precisa, mais uma dose.

Todas as cabeças na balada se voltaram quando Dulce entrou, e até uns caras acompanhados ficaram descaradamente virando o pescoço ou se inclinando para trás na cadeira para olhar melhor para ela.

Ah, merda. Essa vai ser uma noite daquelas, pensei, apertando a mão dela.

Fomos até o bar mais próximo da pista de dança. Maite estava parada ao lado das mesas de bilhar, em meio às sombras enfumaçadas. Seu local costumeiro de caça. Seus grandes olhos pretos se travaram nos meus antes mesmo que eu a reconhecesse. Ela não ficou me olhando por muito tempo. A mão de Dulce ainda estava na minha, e a expressão de Maite mudou no momento em que ela viu isso. Assenti para ela, que deu um sorriso forçado.

Meu lugar de costume estava vago, mas era o único vazio no bar. Cami me viu conforme eu me aproximava com Dulce atrás, então deu uma risada e comunicou minha chegada às pessoas sentadas nas banquetas ao lado, avisando-as de sua iminente expulsão. Elas saíram sem reclamar.

Diga o que quiser. Ser um babaca psicótico tem lá suas vantagens.