Fanfic: Belo Desastre || Vondy (Concluída) | Tema: Vondy

Alfonso usou a chave de fenda para fazer um cumprimento desajeitado ao meu irmão e então a jogou na caixa de ferramentas.

— Meninos, parece que a noite de vocês foi longa — disse meu pai.

Um lado da minha boca se contorceu.

— E foi mesmo.

— Como vai a sua namorada? A Anahi?

Alfonso assentiu com um largo sorriso no rosto.

— Ela está bem, Vitor. Está dormindo ainda.

Meu pai deu risada e assentiu.

— E a sua?

Dei de ombros.

— Ela tem um encontro com o Derrick James hoje à noite. Ela não é exatamente minha, pai.

Ele deu uma piscadela.

— Ainda.

Alfonso ficou sério, lutando para não franzir a testa.

— Que foi, Poncho? Você não aprova a beija-flor do Christopher?

O uso tão casual do apelido da Dulce pelo meu pai pegou Alfonso desprevenido, e ele torceu a boca, ameaçando abrir um sorriso.

— Não, eu gosto da Dulce. É só que ela é como uma irmã para a Anahi. Eu fico nervoso com isso.

Meu pai assentiu, empático.

— Dá pra entender. Mas acho que essa é diferente, você não acha?

Alfonso deu de ombros.

— Mas esse é meio que o ponto. Não quero que o primeiro coração partido do Christopher seja por causa da melhor amiga da Anahi. Sem querer ofender, Christopher.

Franzi a testa.

— Você não confia em mim de jeito nenhum, não é?

— Não é isso. Bom, é mais ou menos isso.

Meu pai pôs a mão no ombro dele.

— Você está com medo porque essa é a primeira tentativa do Christopher de ter um relacionamento. Se ele estragar tudo, isso vai fer/rar as coisas para o seu lado.

Alfonso apanhou um pano sujo e limpou as mãos.

— Eu me sinto mal por admitir, mas é isso mesmo. Mas estou torcendo por você, cara, de verdade.

Trenton bateu a porta de tela quando saiu apressado da casa. Ele me deu um soco no braço antes mesmo que eu visse que ele tinha erguido o punho.

— Até mais, otários! — Ele deu uma parada e se virou. — Eu não estava me referindo a você, pai.

Meu pai abriu um meio sorriso e balançou a cabeça.

— Não achei que estivesse, filho.

Trent sorriu e entrou em seu carro, um Dodge Intrepid vermelho-escuro detonado. Aquele carro não era legal nem quando estávamos na escola, mas Trent o adorava. Principalmente por estar totalmente quitado.

Um cachorrinho preto latiu, chamando minha atenção para a casa.

Meu pai sorriu, batendo na coxa.

— Vem cá, seu medroso.

O cachorro deu alguns passos para frente e então voltou latindo para dentro de casa.

— Como ele está? — perguntei.

— Ele fez xixi no banheiro duas vezes.

Fiz uma careta.

— Foi mal.

Alfonso deu risada.

— Pelo menos ele tem uma noção do lugar certo.

Meu pai assentiu e acenou com a mão, como se dando um desconto.

— É só até amanhã — falei.

— Tudo bem, filho. Ele diverte a gente. O Trent gosta dele.

— Que bom — sorri.

— Onde estávamos? — quis saber meu pai.

Esfreguei o braço latejante por causa do soco do Trent.

— O Alfonso estava me lembrando do fracasso que ele acha que eu sou quando se trata de mulheres.

Alfonso deu risada.

— Você é um monte de coisas, Ucker. E um fracasso não é uma delas. Eu só acho que o caminho vai ser longo. E, com o seu gênio e o da Dulce, a sorte não está a seu favor.

Meu corpo ficou tenso e me endireitei.

— A Dulce não tem um gênio ruim.

Meu pai tentou acalmar os ânimos.

— Calma, criatura. Ele não está falando mal da Dulce.

— Mas ela não é assim.

— Tá bom — ele disse com um sorrisinho.

Ele sempre soube lidar com a gente quando as coisas ficavam tensas, e geralmente tentava apaziguar a situação antes que fôssemos longe demais.

Alfonso jogou o pano em cima da caixa de ferramentas.

— Vamos lá pegar a peça.

— Depois me fala quanto é.

Balancei a cabeça.

— Deixa comigo, pai. Fica pelo cachorro.

Meu pai sorriu e começou a recolher a bagunça que o Trenton tinha feito na caixa de ferramentas.

— Tudo bem, então. Até daqui a pouco.