Fanfic: Belo Desastre || Vondy (Concluída) | Tema: Vondy

Ela esfregou o rosto na minha pele e eu a abracei apertado. Os eventos daquela noite pareciam um sonho. Era a primeira vez que eu levava uma garota para casa, e não apenas ela era filha de um famoso jogador de pôquer como conseguira levar todos nós à falência de uma vez. Sendo a ovelha negra da família, eu finalmente sentia que havia ganhado um pouco de respeito dos meus irmãos. E tudo isso por causa da Dulce.

Fiquei deitado na cama, acordado, sem conseguir fazer minha mente parar por tempo suficiente para cochilar. A respiração da Dulce tinha ficado regular fazia uma meia hora.

Meu celular vibrou uma vez, indicando uma mensagem de texto. Eu o peguei e franzi a testa de imediato. O nome do remetente estava na tela: Augustus Lima.

“Cara, o Derrick tá falando merda.”

Com muito cuidado, puxei o braço de sob a cabeça da Dulce e usei ambas as mãos para digitar uma mensagem em resposta.

“Eu: Quem disse?”

“Augustus: Eu, ele tá aqui do meu lado.”

“Eu: Ah, é? O q ele tá dizendo?”

“Augustus: É da Dulce. Quer mesmo saber?

“Eu: Para de ser cuzão.”

“Augustus: Ele falou q ela ainda liga pra ele.”

“Eu: Negativo.”

“Augustus: Disse q tá esperando vc fer/rar tudo, e q ela só tá esperando um bom momento pra t chutar.”

“Eu: É mesmo?”

“Augustus: Disse q ela falou q estava super infeliz mas q vc era meio louco e ela estava esperando a melhor hora de t largar.”

“Eu: Se ela ñ estivesse deitada do meu lado, eu passaria aí pra acabar com a merda da cara dele.”

“Augustus: Ñ vale a pena. Td mundo sabe q ele tá mentindo.

“Eu: Ainda fico puto.”

“Augustus: Eu sei. Ñ liga pro babaca. Vc tá com a mina do seu lado.”

Se a Dulce não estivesse dormindo ao meu lado, eu teria pulado na minha moto, seguido direto até a casa da Sig Tau e destruído a churrasqueira de cinco mil dólares do Derrick. Talvez levasse um taco para detonar o Porsche dele.

Meia hora se passou antes que a raiva finalmente começasse a ceder. Dulce não tinha se mexido. O ruído sutil que ela fazia quando estava dormindo ajudou a desacelerar meu coração, e não tardou para que eu conseguisse voltar a abraçá-la e relaxar.

A Dulce não estava ligando para o Derrick. Se ela estivesse infeliz, teria me falado. Inspirei fundo e fiquei observando a sombra da árvore lá fora dançar na parede.

— Ele não fez isso — disse Alfonso, parando no meio do caminho.

As meninas tinham saído para comprar roupa para a festa de casais, então convenci o Alfonso a ir comigo até a loja de móveis.

— Pior que fez. — Virei meu celular para ele ver. — O Augustus dedurou o babaca ontem à noite via mensagem.

Alfonso suspirou e balançou a cabeça.

— Ele devia saber que ia chegar ao seu ouvido. Tipo... como não chegaria? Aqueles caras são mais fofoqueiros que as mulheres.

Parei ao ver um sofá que chamou minha atenção.

— Aposto que ele fez por querer. Esperando que chegasse ao meu ouvido.

Alfonso concordou.

— Vamos falar a verdade. Seu antigo eu teria tido um acesso de fúria e assustado tanto a Dulce que ela sairia correndo para os braços do Derrick.

— Cretino — falei, enquanto um vendedor se aproximava.

— Bom dia, senhores. Posso ajudar?

Alfonso se jogou no sofá e pulou algumas vezes antes de concordar com um aceno de cabeça.

— Aprovado.

— Tá. Vou levar esse — falei.

— Vai levar esse? — meu primo disse, um pouco surpreso.

— Vou — respondi, também levemente surpreendido com a reação dele. — Vocês entregam?

— Sim, senhor. Gostaria de saber o preço?

— É este que está escrito aqui, não é?

— É sim.

— Então vou levar. Onde pago?

— Por aqui, senhor.

O vendedor tentou, em vão, me convencer a levar outros itens para combinar com o sofá, mas eu tinha mais coisas para comprar naquele dia.

Alfonso deu nosso endereço e o vendedor me agradeceu pela venda mais fácil do ano.

— Aonde vamos agora? — Alfonso perguntou, tentando acompanhar meu ritmo até o Charger.

— Ao Calvin.

— Vai fazer outra tatuagem?

— Vou.

Ele ficou me observando, desconfiado.

— O que você está fazendo, Ucker?

— O que eu sempre disse que faria se encontrasse a mulher certa.

Ele parou diante da porta do passageiro.

— Não sei se é uma boa ideia. Você não acha que devia falar sobre isso com a Dulce primeiro... para ela não ter um treco?

Franzi a testa.

— Ela pode dizer não.

— É melhor ela dizer não do que você fazer isso e ela sair correndo apavorada do apartamento. Vocês estão tão bem. Por que você não deixa rolar por um tempo?

Coloquei as mãos nos ombros dele.

— Isso não soa de jeito nenhum como algo que eu faria — respondi e o movi para o lado.

Ele deu a volta no carro e se sentou no banco do motorista.

— Ainda acho que não é uma boa ideia.

— Anotado.

— E depois vamos pra onde?

— Pra Steiner’s.

— A joalheria?

— É.

— Por quê, Christopher? — disse Alfonso, com a voz mais dura que antes.

— Você vai ver.

Ele balançou a cabeça.

— Você está tentando fazer a Dulce sair correndo?

— Vai acontecer uma hora, Poncho. Só quero estar preparado. Para quando chegar o momento certo.

— Nenhum momento no futuro próximo é certo. Eu estou tão apaixonado pela Anahi que fico maluco às vezes, mas a gente ainda não tem idade pra essa merda, Christopher. E... e se ela disser não?

Cerrei os dentes só de pensar nisso.

— Não vou fazer o pedido até saber que ela está pronta.

Ele entortou a boca.

— Quando eu penso que você não pode ficar mais louco, você faz alguma coisa para me lembrar que já passou há muito tempo da categoria de doido de pedra.

— Você vai ver a pedra que eu vou comprar.

Alfonso entortou o pescoço lentamente na minha direção.

— Você já foi lá escolher, não foi?

Sorri.