Fanfic: Belo Desastre || Vondy (Concluída) | Tema: Vondy

Refizemos nossos passos. Fiquei feliz por finalmente encontrarmos o hotel, porque, para falar a verdade, eu também não sabia exatamente como voltar para lá. Não era difícil andar pela Strip, mas havia muita distração no meio do caminho, e Alfonso estava definitivamente no modo “férias”.

Procurei pela Dulce nas mesas de pôquer, sabendo que era lá que ela estaria. Captei um vislumbre de seus cabelos ruivos — ela estava sentada, ereta e confiante, a uma mesa cheia de velhos, com Anahi ao lado. As meninas faziam um contraste nítido com o restante das pessoas acampadas na área do pôquer.

Alfonso me chamou de uma mesa de blackjack, e ficamos jogando para fazer hora. Meia hora depois, ele cutucou meu braço. Dulce estava de pé, conversando com um moreno de cabelos escuros, terno e gravata. Ele a segurava pelo braço, e me levantei de imediato.

Alfonso agarrou minha camiseta.

— Se segura, Christopher. Ele trabalha aqui. Dá um tempo. Você pode fazer nós quatro sermos chutados pra fora daqui se não se controlar.

Fiquei observando-os. Ele sorria, mas Dulce parecia estar focada nos negócios. Então ele cumprimentou Anahi.

— Elas conhecem o cara — falei, tentando ler os lábios para adivinhar a conversa. A única coisa que consegui discernir foi “jantar comigo” vindo do babaca de terno e Dulce dizendo “estou acompanhada”.

Alfonso não conseguiu me segurar dessa vez, mas parei a alguns metros deles quando vi o cara beijar a bochecha da Dulce.

— Foi bom te ver de novo. Até amanhã... às cinco, ok? Preciso estar aqui embaixo às oito — disse ele.

Meu estômago deu um nó e meu rosto parecia em chamas. Ao notar minha presença, Anahi cutucou o braço da Dulce.

— Quem era aquele cara? — perguntei.

Dulce fez um sinal de cabeça na direção dele.

— Jesse Viveros. A gente se conhece há muito tempo.

— Quanto tempo?

Ela olhou de relance para sua cadeira vazia na mesa de pôquer.

— Christopher, depois a gente conversa.

— Acho que ele desistiu da ideia de ser ministro batista — disse Anahi, olhando para Jesse com um sorriso safado.

— É seu ex-namorado? — perguntei, instantaneamente com raiva. — Achei que você tinha dito que ele era do Kansas.

Dulce desferiu à amiga um olhar impaciente e colocou a mão no meu queixo.

— Ele sabe que não tenho idade para estar aqui, Ucker. Ele me deu até a meia-noite. Eu te explico tudo depois, mas agora tenho que voltar para o jogo, tudo bem?

Cerrei os dentes e fechei os olhos. Minha namorada tinha acabado de concordar em sair com o ex-namorado dela. Tudo dentro de mim queria ter um surto típico de Christopher Uckermann, mas Dulce precisava que eu agisse como adulto naquele momento. Indo contra meus instintos, decidi deixar pra lá e me curvei para beijá-la.

— Tudo bem. Te vejo à meia-noite. Boa sorte.

Eu me virei, abrindo caminho em meio à multidão, e ouvi a voz de Dulce aumentar pelo menos duas oitavas.

— Cavalheiros?

Isso me fez lembrar daquelas garotas que falavam como crianças para tentar atrair minha atenção, na esperança de soar inocentes.

— Não entendo por que ela teve que fazer um acordo com aquele Jesse — grunhi.

— Pra poder ficar aqui, não? — disse Alfonso, novamente com o olhar fixo no teto.

— Existem vários outros cassinos. A gente podia simplesmente ir a um outro qualquer.

— Ela conhece as pessoas aqui, Christopher. Provavelmente ela veio nesse aqui por saber que, se fosse pega, não seria entregue aos tiras. Ela tem uma carteira de identidade falsa, mas aposto que não ia demorar para ser reconhecida pelos seguranças. Esses cassinos pagam uma grana alta pra quem entrega golpistas, não é?

— Acho que sim — respondi, franzindo a testa.

Fomos encontrar as meninas na mesa, observando enquanto Anahi coletava os ganhos da amiga.

Dulce olhou para o relógio.

— Preciso de mais tempo.

— Quer ir tentar as mesas de blackjack?

— Não posso perder dinheiro, Ucker.

Sorri.

— Você não consegue perder, Dul.

Anahi balançou a cabeça.

— Blackjack não é o jogo dela.

— Ganhei um pouco — eu disse, afundando a mão no bolso. — Tenho seiscentos dólares. Pode ficar com o dinheiro.

Alfonso também entregou suas fichas a Dulce.

— Só consegui trezentos. São seus.

Ela suspirou.

— Valeu, pessoal. Mas ainda faltam cinco mil.

Ela olhou para o relógio de novo, depois ergueu a cabeça e viu Jesse se aproximando.

— Como se saiu? — ele perguntou, sorrindo.

— Ainda faltam cinco mil, Jess. Preciso de mais tempo.

— Fiz tudo que eu podia, Dulce.

— Obrigada por me deixar ficar.

Ele abriu um sorriso desconfortável. Obviamente ele tinha tanto medo daquelas pessoas quanto a Dulce.

— Talvez eu consiga fazer meu pai conversar com o Benny por você...

— Esse é um problema do Fernando. Vou pedir a ele uma extensão do prazo.