Fanfic: Belo Desastre || Vondy (Concluída) | Tema: Vondy

Os olhos de Christopher perfuraram os meus.

— Eu posso me cuidar sozinho, Dulce.

— Desculpa, eu...

— Não quero que você peça desculpas. Não quero que você faça nada — ele retrucou, se afastando bruscamente da mesa e saindo como um raio pela porta.

Eddy olhou para mim com as sobrancelhas arqueadas.

— Nossa! O que foi aquilo?

Enfiei o garfo na batata e bufei.

— Não sei.

Alfonso deu um tapinha nas minhas costas.

— Não foi nada que você fez, Dulce.

— Tem umas coisas acontecendo com ele — acrescentou Anahi.

— Que tipo de coisas? — perguntei.

Alfonso deu de ombros e voltou à atenção para o próprio prato.

— Você já devia saber que é preciso ter paciência e saber perdoar para ser amigo do Christopher. Ele tem um mundo próprio.

Balancei a cabeça em negativa.

— Esse é o Christopher que todo mundo vê... não o Christopher que eu conheço.

Alfonso se inclinou para frente.

— Não tem diferença entre um e outro. Você só tem que seguir a onda.

Depois da aula, fui com Anahi até o apartamento e vi que a moto do Christopher não estava lá. Entrei no quarto e me encolhi como uma bola na cama dele, apoiando a cabeça no braço. Ele estava bem aquela manhã. Tínhamos passado tanto tempo juntos, e eu não conseguia acreditar que não havia notado que algo o chateara. E não era só isso — me perturbava o fato de que parecia que Anahi sabia o que estava acontecendo, e eu não.

Minha respiração se acalmou e senti os olhos pesados; não demorou muito para que eu caísse no sono. Quando acordei, o céu noturno já tinha escurecido a janela. Ouvi vozes abafadas vindo da sala pelo corredor, entre elas o tom grave do Christopher. Fui sorrateiramente até o corredor e parei quando ouvi meu nome.

— A Dulce entende, Ucker. Não fique se martirizando — disse Alfonso.

— Vocês já vão juntos na festa de casais. Qual o problema em chamá-la pra sair? — Anahi quis saber.

Meu corpo ficou tenso, e esperei para ouvir a resposta.

— Não quero namorar a Dulce... só quero ficar por perto. Ela é... diferente.

— Diferente como? — perguntou Anahi, parecendo irritada.

— Ela não atura as minhas merdas, e isso é reconfortante. Você mesma disse, Annie. Eu não faço o tipo dela. Só não é... assim com a gente.

— Você está mais próximo do tipo dela do que imagina — Anahi disse.

Recuei fazendo o mínimo de barulho possível e, quando as tábuas do assoalho rangeram sob meus pés descalços, estiquei a mão e fechei a porta do quarto de Christopher. Então voltei pelo corredor.

— Oi, Dulce — disse Anahi, com um largo sorriso. — Como foi o cochilo?

— Desmaiei durante cinco horas. Isso está mais próximo de um coma que de um cochilo.

Christopher ficou me encarando por um instante e, quando sorri para ele, veio direto na minha direção e me puxou pelo corredor até o quarto. Fechou a porta, e senti meu coração bater forte no peito, esperando que ele dissesse algo para esmagar meu ego.

Ele juntou as sobrancelhas e disse:

— Desculpa, Dul. Fui um babaca com você hoje.

Relaxei um pouco ao ver o remorso nos olhos dele.

— Eu não sabia que você estava bravo comigo.

— Eu não estava bravo com você. Eu só tenho o péssimo hábito de atacar verbalmente aqueles com quem me importo. É uma desculpa tosca, eu sei, mas eu sinto muito — ele disse e me envolveu em seus braços.