Fanfic: Belo Desastre || Vondy (Concluída) | Tema: Vondy

— Achei! — disse Anahi, saindo do quarto do Alfonso.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei.

A expressão dela se transformou de surpresa em raiva.

— Que bom ver que você voltou a ser você mesmo, Ucker.

— A gente já estava de saída — Anahi rosnou, então agarrou Dulce pela mão e elas passaram por mim e por Maite.

Demorei um instante para reagir, mas desci as escadas, notando pela primeira vez o Honda da Anahi. Uma sequência de xingamentos passou pela minha cabeça.

Sem pensar, segurei o casaco da Dulce.

— Aonde você está indo?

— Pra casa — ela retrucou, endireitando o casaco com raiva.

— O que você está fazendo aqui?

A neve acumulada era esmagada sob os pés da Anahi enquanto ela caminhava atrás da Dulce, e de repente Alfonso estava ao meu lado, com os olhos cautelosos fixos na namorada.

Dulce ergueu o queixo.

— Foi mal. Se eu soubesse que você estaria aqui, não teria vindo.

Enfiei as mãos nos bolsos do casaco.

— Você pode vir aqui quando quiser, Dul. Eu nunca quis que você ficasse longe.

— Não quero interromper. — Ela olhou para o alto da escada, onde Maite, é claro, estava parada, observando o show. — Curta sua noite — disse Dulce, se virando.

Segurei-a pelo braço.

— Espera aí. Você está brava?

Ela se soltou com força da minha pegada.

— Sabe de uma coisa... — deu uma risada. — Eu nem sei por que estou surpresa.

Ela pode até ter rido, mas havia ódio em seus olhos. Não importava o que eu fizesse — seguisse em frente sem ela ou ficasse deitado na cama, agonizando por causa dela —, ela teria me odiado do mesmo jeito.

— Não consigo acertar uma com você. Não consigo acertar uma com você! Você diz que não quer mais nada comigo... Eu estou aqui, triste pra c/acete! Tive que quebrar meu celular em um milhão de pedacinhos pra não te ligar a cada minuto de cada maldito dia! Tenho que fingir que está tudo bem na faculdade, pra você poder ser feliz... E você está brava comigo?! Você partiu a por/ra do meu coração! — gritei.

— Christopher, você está bêbado. Deixa a Dulce ir pra casa — disse Alfonso.

Agarrei os ombros dela e a puxei para perto de mim, olhando em seus olhos.

— Você me quer ou não? Você não pode continuar fazendo isso comigo, Dul!

— Eu não vim aqui pra te ver.

— Eu não quero a Maite — falei, com o olhar fixo nos lábios da Dulce. — Eu só estou na merda de tão infeliz, Beija-Flor. — Eu me inclinei para beijá-la, mas ela segurou meu queixou e me afastou.

— Tem batom dela na sua boca, Christopher — falou com nojo.

Dei um passo para trás e levantei a camiseta para limpar a boca. As faixas vermelhas que ficaram no tecido tornavam impossível negar o que tinha acontecido.

— Eu só queria esquecer. Só por uma droga de uma noite.

Uma lágrima escapou e rolou pela bochecha da Dulce, mas ela rapidamente a limpou.

— E não sou eu quem vai te impedir.

Ela se virou para ir embora, mas a agarrei pelo braço de novo. De repente um borrão loiro estava na minha cara, gritando e me batendo com seus pequenos, porém ferozes punhos.

— Deixa a Dulce em paz, seu canalha!

Alfonso segurou Anahi, mas ela o afastou, se virando para estapear meu rosto. O som da mão dela na minha bochecha foi rápido e alto. Todo mundo ficou paralisado por um instante, chocado com a fúria repentina da Anahi.

Alfonso agarrou sua namorada novamente, segurando-a pelos pulsos e puxando-a em direção ao Honda, enquanto ela se debatia.

Ela lutava violentamente para se soltar, e seus cabelos loiros o chicoteavam enquanto ela tentava escapar.

— Como você pôde fazer isso? Ela merecia mais de você, Christopher!

— Anahi, para! — Alfonso gritou, mais alto do que eu jamais o ouvira gritar.

Os braços dela caíram ao lado do corpo enquanto ela olhava com ódio e indignação para o namorado.

— Você está defendendo o Christopher?

Embora ele estivesse assustado pra ca/ralho, se manteve firme.

— Foi a Dulce quem terminou o namoro. Ele só está tentando seguir em frente.

Ela estreitou os olhos e puxou o braço da pegada dele.

— Bom, então por que você não vai pegar uma pu/ta qualquer — ela olhou para Maite — no Red e traz ela pra casa pra trepar, e depois me diz se isso te ajuda a me esquecer?

— Annie — Alfonso tentou segurá-la, mas ela se esquivou, batendo com tudo a porta do carro enquanto se sentava atrás do volante.

Dulce abriu a porta do passageiro e se sentou ao lado da amiga.

— Baby, não vai embora — Alfonso implorou, se abaixando na altura da janela.

Anahi deu partida no carro.

— Tem um lado certo e um errado, Poncho. E você está do lado errado.

— Eu estou do seu lado — ele disse, com desespero nos olhos.

— Não está mais — ela retrucou, dando ré.

— Anahi? Anahi! — ele gritou.

Quando o Honda já estava longe, Alfonso se virou, respirando com dificuldade.

— Alfonso, eu...

Antes que eu pudesse dizer uma palavra a mais, ele recuou e lançou o punho cerrado no meu maxilar.

Aguentei o soco, toquei meu rosto e então assenti. Eu merecia aquilo.

— Christopher? — Maite chamou da escada.

— Eu levo ela pra casa — disse Alfonso.

Fiquei observando as lanternas traseiras do Honda cada vez menores enquanto o carro levava Dulce para longe de mim, sentindo um nó se formar na minha garganta.

— Obrigado.