Fanfic: Belo Desastre || Vondy (Concluída) | Tema: Vondy

Derrick se concentrou em meus lábios. Pegou cada lado do meu rosto e me beijou com um pouco mais de firmeza que de costume. Não tínhamos muito espaço dentro do carro, mas nos viramos como pudemos. Ele se curvou sobre mim, e dobrei os joelhos enquanto apoiava as costas na janela. Sua língua deslizou na minha boca, e sua mão segurou meu tornozelo e subiu até a minha coxa. As janelas ficaram embaçadas em poucos minutos, por causa de nossa respiração ofegante. Ele passou os lábios em minha clavícula, então ergueu rápido a cabeça quando a janela vibrou com pancadas ocas e altas.

Derrick se sentou e eu me endireitei, arrumando o vestido. Dei um pulo quando a porta se abriu. Christopher e Anahi estavam parados ao lado do carro. Anahi estava com a testa franzida, mas solidária à minha situação, já Christopher... parecia faltar muito pouco para que ele tivesse um acesso de fúria.

— Que é isso, Christopher?! — Derrick gritou.

De repente, senti a situação ficar perigosa. Nunca tinha ouvido Derrick erguer a voz, e os nós dos dedos de Christopher estavam brancos enquanto ele os cerrava nas laterais do corpo — e eu estava entre os dois. A mão de Anahi parecia minúscula quando ela a colocou no braço musculoso de Christopher, balançando a cabeça para Derrick em um aviso silencioso.

— Vem, Dulce. Preciso conversar com você — disse ela.

— Sobre o quê?

— Vem logo! — ela exclamou.

Olhei para Derrick e vi irritação em seus olhos.

— Desculpe, tenho que ir.

— Não, tudo bem. Vai em frente.

Christopher me ajudou a sair do Porsche e fechou a porta com um chute. Eu me virei e fiquei entre ele e o carro, empurrando-o pelo ombro.

— Qual é o problema com você? Para com isso!

Anahi parecia nervosa. Não levei muito tempo para descobrir o motivo. Christopher fedia a uísque; ela havia insistido em acompanhá-lo até ali, ou ele tinha pedido que ela fosse com ele. De uma forma ou de outra, ela era um obstáculo para a violência.

As rodas do Porsche reluzente de Derrick guincharam quando ele saiu do estacionamento, e Christopher acendeu um cigarro.

— Pode entrar agora, Annie.

Ela deu um puxão na minha saia.

— Vamos, Dulce.

— Por que você não fica, Dulcita? — ele falou, borbulhando de raiva.

Fiz um sinal com a cabeça para que Anahi seguisse em frente e, relutante, ela se foi. Cruzei os braços pronta para brigar, me preparando para explodir depois do inevitável sermão. Christopher deu várias tragadas no cigarro, e, quando ficou claro que ele não explicaria nada, minha paciência se esgotou.

— Por que você fez isso? — perguntei.

— Por quê? Porque ele estava atacando você na frente do meu prédio! — ele gritou.

Seus olhos não tinham foco, e pude ver que ele não estava em condições de ter uma conversa racional.

Mantive a voz calma.

— Posso estar ficando no seu apartamento, mas o que eu faço, e com quem, é da minha conta.

Ele jogou o cigarro no chão.

— Você é tão melhor que isso, Dulce. Não deixe o cara te comer no carro como se você fosse uma dessas minas fáceis.

— Eu não ia transar com ele.

Ele fez um gesto indicando o espaço onde antes estava o carro do Derrick.

— Então, o que vocês estavam fazendo?

— Você nunca ficou de amasso com alguém, Christopher? Nunca ficou só brincando, sem deixar as coisas chegarem a esse ponto?

Ele franziu a testa e balançou a cabeça, como se eu estivesse falando bobagem.

— Qual o propósito disso?

— Para um monte de gente, existe esse conceito... especialmente para aqueles que namoram.

— As janelas estavam embaçadas, o carro estava balançando... Como eu ia adivinhar? — ele disse, movendo os braços na direção da vaga vazia no estacionamento.