Fanfic: Quando A Chuva Passar | Tema: Cavaleiros do Zodíaco
Seu olhar mirava o céu tempestuoso de forma fixa.
As brumas que dele caíam inundavam o solo o encharcando. A expressão que carregava em seu semblante era de descontentamento; sentia-se mal por tudo o que estava acontecendo, e também pelo rumo que as coisas tomavam.
De repente, um Relâmpago. O Clarão de luz intenso acompanhando do grande estrondo o trouxe de volta à realidade. Estava tão absorto em devaneios e tão mergulhado dentro de sua própria dor que era como se não estivesse realmente ali. Seu olhar, que por tantas vezes brilhava resplandecente de alegrias e sentimentos bons, agora só refletia a dor e a tristeza.
Tristeza era pouco, era uma palavra muito vaga para descrever a sensação de vazio que o consumia. O Ar melancólico que aquele dia de chuva lhe trazia apenas conseguia intensificar as lembranças dolorosas da discussão que tivera com seu amado.
Sim, era por isso... Por isso ele estava naquele estado quase depressivo. Havia entrado em atrito com aquele à quem amava mais cedo naquele mesmo dia.
Lembrava-se de cada palavra proferida por ele e como aquilo o fazia mal. Sentia no peito o pulsar apertado e doloroso; era como se seu coração também denunciasse a sua culpa naquela questão; ao mesmo tempo em que ansiava novamente pelo causador de toda aquela amargura.
"Pra quê falar
Se você não quer me ouvir?
Fugir agora não resolve nada
Mas não vou chorar
Se você quiser partir
Às vezes a distância ajuda"
Fútil. Havia sido Fútil. E isso não deixava que ele pudesse analisar os erros do outro. Quando a briga ocorrera; ele o atacou com veemência; o acusando de todas as formas possíveis, e pelos motivos dele, sobre a questão em discussão. Entretanto, agora era diferente, bem diferente; não conseguia pensar em nada que pudesse atribuir à ele um pouco da culpa esmagadora que ele tomara por completa para si.
Havia agido como o outro o descrevera, de maneira fútil e egoísta; sempre pensando apenas naquilo que queria, naquilo que lhe era conveniente, e é claro, sempre ignorando os sentimentos alheios. Essas foram as palavras dele; e essas eram as mesmas palavras que ecoavam torturantes por sua mente.
"E essa tempestade um dia vai acabar
Só quero te lembrar
De quando a gente andava nas estrelas
Nas horas lindas que passamos juntos
A gente só queria amar e amar e hoje eu tenho certeza..."
O Tempo passava; e o céu não mudara. O Cinza permanecia evidente ali, e a chuva continuava a cair, de uma forma que aparentava que não iria se findar tão brevemente.
O Vento estava forte; soprava imponente vindo das nuvens e varrendo todo aquele ambiente com sua presença. Os cabelos loiros dele levitavam com o tocar da ventania gélida.
Frio... Sim, naquele momento ele sentiu frio. E os olhos azulados se estreitaram com tal reação. O Frio nunca fora algo que lhe incomodava, não, não a ele, ele gostava do Frio; tinha que gostar. O Amor o fazia superar isso. E por amor à ele, aprendeu a gostar do frio, que por muitas vezes o incomodava tanto.
Ele era grego, gostava do calor, da luz e da força que o Sol trazia; mas havia também aprendido a gostar do Frio, pois era no frio que encontrava o calor nos braços dele.
Entretanto, a sensação agora era saudosista; da época em que não gostava do Frio; pois naquele tempo, o frio remetia a dor, ao sofrimento, ao vazio e a solidão; e curiosamente, era assim que ele se sentia ali. Sentia-se perdido, pois ele não estava ao seu lado.
Os olhos deixaram os céus; e fixaram-se no chão. Poças de água se formavam e ondas finas e constantes causadas pelas gotas que ainda caíam com imponência borravam a todo momento o reflexo de seu rosto refletido ali.
Seu semblante escancarava a dor que sua voz não transmitia em forma de sons. Era normal não era? Casais que se amam terem as suas desavenças? Sim, era normal. Mas o "normal" não era algo que se aplicava a eles. Eles não eram um casal normal, tão logo o sentimentos entre eles também não.
E quanto maior o sentimento, maior a dor que ele pode nos causar. E ele estava aprendendo isso da pior maneira. O Amor dentro de si era tão grande que até a mais besta das brigas o deixava extremamente desgostoso da vida.
Todavia, aquela não havia sido uma briga para ser chamada de "besta", muita coisa foi dita; foi coisa veio a tona; e pesares calados por muito tempo finalmente se mostravam impiedosos.
"A nossa história não termina agora
Pois essa tempestade um dia vai acabar"
Era temporário. Tinha que ser; não suportaria viver sem ele; sem aqueles toques; sem o sabor daqueles lábios; sem aquele olhar frio e ao mesmo tempo terno; sem o calor daquele corpo, sempre colado ao seu; sem aquele cheiro, tão característico; tão dele.
Tinha que ser temporário; já haviam brigado feio antes, e dessa vez não seria diferente. Mas algo dentro de si, algo profundo, algo em seu íntimo não o deixaria em paz até que tivesse aquele ruivo novamente junto a si.
Poderia se esforçar ao máximo para fazer a sua mente entender, para fazer seu coração se acalmar, mas nada disso adiantaria. Ele só ficaria bem quando as coisas entre eles estivessem bem.
Um novo Relâmpago emergiu da tempestade; a luz era forte, e o som era como o rugido de um Leão. Mas aquilo não o impressionava; não o assustava e tão pouco o encantava. Nada faria sentido, ou teria a mesma beleza ou deslumbre se ele não estivesse consigo.
Pensou em ir até a casa dele; ficava apenas duas acima da sua; mas aquela tempestade o havia ilhado ali, naquele templo; onde todas as formas e construções se mostravam tão sombrias e solitárias quanto ele próprio naquele dia.
Mas sabia o que tinha que fazer, pois o orgulho era inimigo do Amor, e os danos causados pelo amor eram mais terríveis e insuportáveis que qualquer coisa que o Orgulho poderia fazer.
Assim que a tempestade passasse, iria subir até ele; iria vê-lo; olhar em seus olhos e implorar por perdão; iria dizer que estava errado e que não poderia viver sem ele; diria tudo, e assim acalmaria a sua mente, seu coração e sua alma.
Seria como receber um banho gélido de frescor em seu interior, que queimava em uma dor lacerante naquele instante.
Sim, faria isso, assim que a chuva passasse.
"Quando a chuva passar
Quando o tempo abrir
Abra a janela e veja eu sou o sol
Eu sou céu e mar
Eu sou céu e fim
E o meu amor é imensidão"
Um tímido raio de sol rasgava o cinzento manto de nuvens que pairavam por sobre os céus. As últimas e já enfraquecidas gostas caíam por terra naquele momento.
Um leve, porém ainda triste sorriso brotou em seus lábios. Era agora, aquele era o momento.
Ele não tinha motivos para sorrir ali, teria daqui à pouco, pois sabia que apesar de frio como o Gelo, o seu amor nutria por ele o mesmo incontrolável e avassalador sentimento que ele possuía.
Sabia que não seria fácil; que mais lágrimas rolariam, mas sabia que estaria com ele em instantes, e poderia jogar-se em seus braços e provar se seu gosto mais uma vez.
Logo ele parou; ainda próximo à saída da sua casa. As lágrimas começaram a correr de forma inconsciente por todo seu rosto. Ele não as percebia.
Um sorriso mais largo e surpreso nasceu em seu semblante; mesclando aquela aparência triste e desolada com uma felicidade notável. Era uma oposição de reações interessante de se observar.
Ele mantinha-se estático, observando a saída de sua casa, de onde um homem alto e de longos cabelos avermelhados adentrava sorridente e majestoso.
Seu corpo estava um pouco molhado, o que dava à entender que ele havia ainda levado um pouco de chuva.
Os olhos do loiro não acreditam no viam; ele havia vindo, havia vindo até ele; e o sorriso estampado em seu rosto, apesar de ser algo raro, era a confirmação que ele tanto queria de que estava tudo bem.
Correu até ele sem ao menos se dar conta de seus movimentos; seu corpo movia-se involuntariamente diante da figura a sua frente.
"Só quero te lembrar
De quando a gente andava nas estrelas
Nas horas lindas que passamos juntos
A gente só queria amar e amar
E hoje eu tenho certeza
A nossa história não termina agora
Pois essa tempestade um dia vai acabar
Quando a chuva passar
Quando o tempo abrir
Abra a janela e veja eu sou o sol
Eu sou céu e mar
Eu sou céu e fim
E o meu amor é imensidão"
Não foram necessárias as palavras; pois nenhuma delas foi dita. Tudo que se podia ver ali eram os dois corpos, já tão íntimos um do outro se tocando de forma necessitada, enquanto um caloroso e saudoso beijo era vivenciado por ambos.
As nuvens escuras agora já se dissipavam no céu; o azul celeste se fazia presente novamente, enquanto o brilho dourado do sol iluminava todos aqueles templos.
E foi ali, naquele momento, que um pequeno facho de luz iluminou aquela casa, contemplando o amor que ali jazia, e que se mostrava inabalável e indestrutível apesar de tudo.
FIM
Autor(a): archer_beafowl
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