Fanfics Brasil - Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada

Fanfic: Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada


Capítulo: 11? Capítulo

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NÃO, NÃO SE TRANSFOMARIA CERTAMENTE, COM O PASSAR DO TEMPO, EM indecifrável mistério de letras, em mais um obscuro enigma da cultura universal, desafiando, séculos depois, universidades e sábios, estudiosos e biógrafos, filósofos e críticos, e conversando-se em matérias de pesquisas, comunicações, teses a ocupar bolsistas, institutos, catedráticos, historiadores e velhacos  variados em busca de existência fácil e regalada. Não seria um novo caso Shakespeare, não passaria de dúvida tão insignificante quanto o pequeno acontecimento a servi-lhe de tema e inspiração: a morte de Poncho.


Nos meios literários de Salvador, no entanto, elevou-se a interrogação em torno dela nasceu a polemica: qual dos poetas da cidade compusera – e fizer circular – a Elegi à definitiva morte de Alfonso Herrera Rodriguez, Poncho para as putas e amigos? Cresceu rápida a discussão, não tardou a azedar-se, a ser motivo de inimizades, retaliações, epigramas, e até uns tapas. Circunscritos, porém, debates e rancores, duvidas e certezas, afirmações e negações, xingamentos e tabefes às mesas dos bares, onde, em torno de geladas bramotas, reuniam-se noite adentro os incompreendidos talentos jovens (a demolirem e a arrasarem toda a literatura e toda e toda a arte anteriores ao feliz aparecimento dessa nova e definitiva geração) e os subliteratos tenazes, empedernidos, resistindo a todas as inovações, com seus trocadilhos, seu epigramas, suas frases retumbantes; empunhando uns e outros – gênios imberbes e beletristas de barba por fazer -, com a mesma violenta disposição de leitura, suas ultimas produções em prosa e verso, cada uma delas e todas elas destinadas a revolucionar as letras brasileiras, se Deus quiser.


Nem por se limitar ao âmbito do Estado da Bahia (do Estado e não somente da Capital, pois repercutiu o de bate em municípios da região cacaueira. Nos anais da Academia de Letras de Ilhéus encontram-se seguras referencias a um sarau dedicado ao estudo do problema); nem por não ter obtido espaço nos suplementos e revistas, desvanecendo-se em discussões orais; nem por tudo isso o curioso e por vezes acido debate pode deixar de merecer atenção e interesse, quando se narra a história de dona Any e de seus dois maridos, na qual Poncho é personagem importante, herói situado em primeiro plano.


Herói? Ou será ele o vilão, o bandido responsável pelos sofrimentos da mocinha, no caso dona Any, esposa dedicada e fiel? Esse já é outro problema, desligado da questão literária a preocupar poetas e prosadores; talvez até mais difícil e grave, e ficara a vosso cargo dar-lhe resposta, se obstinada paciência vos conduzir até o destas modestas páginas.


De elegia, sim, não havia dúvidas, era Poncho herói indiscutível, jamais outro virá tão intimo das estrelas, dos dados e das putas, mágico jogral, badalavam os versos, numa louvação sem tamanho. E se o poema – a exemplo da polemica – não obteve espaço nas folhas literárias, não foi por falta de merecimento. Um certo Odorico Tavares, poeta federal pairando acima dos disse-que-disse dos vates estaduais – ademais todos eles comendo em sua mão, de rédea curta, pois o déspota controlava dois jornais e uma estação de radio -, ao ler copia datilografada de elegia lastimou


- Pena não se poder publicar...


- Se não fosse anônimo... - considerou outro poeta, Carlos Eduardo.


Esse Carlos Eduardo, moço tirado a bonito, entendido em antiguidades, era sócio do Tavares num negocio, um tanto escuso, de santos antigos. Os subliteratos mais frustrados e os gênios juvenis mais veementes, aqueles sem nenhuma esperança de estampar seus nomes no suplemento dominical de Odorico, acusavam-no e a Carlos Eduardo de receptadores de velhas imagens de santos, afanadas nas igrejas por um grupo de gatunos especializados, sob a chefia de um tipo de reputação duvidosa, um cochichado Mario Cravo, alias amigo e companheiro de Poncho. Magro e bigodudo, vivia o astucioso Cravo ás voltas com peças de automóveis, chapas de ferro, maquinas avariadas, a entortar e a remendar toda aquela tralha, atribuindo valor artístico ao resultado, sob aplausos dos dois poetas e de outros entendidos, unânimes em rotularem aquele ferro velho de escultura moderna e em apontarem o biltre como revelação de artista notável e revolucionário. Eis outro problema cuja discussão não cabe nestas paginas, o do valor real de mestre Cravo, não vamos aqui analisar-lh a obra. Adiantemos apenas, como matéria de informação, o fato de ter a critica posteriormente consagrado seu trabalho, objeto, inclusive, de estudos de foliculários estrangeiros. Naquele tempo, no entanto, não era ele ainda artista conceituado, apenas começava, e se já possuía certa notoriedade, devia-a, sobretudo a sua discutível atuação nas sacristias e altares.


O próprio Poncho, segundo consta, participara, em ocasião de extrema penúria, de sigilosa peregrinação noturna à vetusta igreja do Recôncavo, romaria organizada pelo herético Mário Cravo. O saque da igreja deu o que falar, pois uma das peças surrupiadas, um São Benedito, era atribuída a Frei Agostinho da Piedade, e os frades botaram a boca no mundo. Hoje a imagem valiosa encontra-se num museu do Sul, a acreditar-se nos maldizentes subliteratos, por obra e graça dos dois então magros sócios de musa lírica e devoto comercio.


Naquela manhã, antes do almoço, conversavam na redação, falando de santos e quadros, quando Carlos Eduardo tirou do bolso copia da elegia e deu a ler ao poeta Odorico.


Lastimando não poder publicá-la – não por causa do anonimato, meteriamos um pseudônimo qualquer..., mas por causa dos palavrões -, Tavares repetiu: uma pena..., e releu em voz alta mais um verso:


Estão de luto os jogadores e as negras da Bahia


Perguntou ao amigo:


- Descobriste logo o autor, não?


- Tu pensas que seja dele? Pareceu-me, porém...


-Está na cara... Ouve: Um momento de silencio em todas as roletas, bandeiras a meio pau nos mastros dos castelos, bundas em desespero, a soluçar.


- É capaz...


- É capaz, não. É, certeza – riu: - Velho sem-vergonha...


Aquela certeza não a possuía os meios literários. A elegia foi atribuída a diversos poetas, vates conhecidos ou jovens estreantes. Deram-na como de Sosígenes Costa, de Carvalho Filho, de Alves Ribeiro, de Hélio Simões, de Eurico Alves. Muitos indicaram Robato como o mais provável autor. Não a declamava ele, entusiasmado, rolando a voz rica de modulações?


Como ele partiu a madrugada cavalgando a lua


Não podia entender como Robato recitaria versos de outro, gesto pouco habitual naqueles meios; esqueciam-se da natureza generosa do sonetista, de sua capacidade de admirar e aplaudir obra alheia.



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Autor(a): Bela

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Pode-se inclusive marcar o inicio do sucesso da elegia e da polemica por ela suscitada a partir da alegre noite no castelo de Carla, a gorda Carla, competente profissional aportada da Itália, cuja cultura extra limitava do metier (no qual, aliás, excelia, segundo Nestor Duarte, cidadão de renomada inteligência e viajado, um conhecedor), lida em D&r ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



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  • bela Postado em 08/09/2009 - 11:57:21

    Postei em Dona Any e Seus Dois Maridos ....
    comentem por favor sim....
    bjinhoss

  • anacarolinaa Postado em 30/08/2009 - 20:53:01

    oii! será que você pode conferir minha mini web De Repente ?
    Ah! Adorei sua web!
    Obg!
    Bjooo

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 20:26:27

    ADOREIIIIIIIIIIIIII... POSTA MAIS...., PLIS....

  • marcos00 Postado em 26/08/2009 - 20:24:41

    2 leitorr

    kkk

  • bela Postado em 26/08/2009 - 19:54:13

    eba !!!! primera leitora... q bom q gostou ... espere q goste do resto...rsrsrs

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 17:00:25

    1 leitora... ja gostei.. posta logo!


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