Fanfics Brasil - Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada

Fanfic: Dona Any e Seus Dois Maridos - Adaptada


Capítulo: 13? Capítulo

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Em meio a tanta discussão, a elegia fez sua carreira, lida e decorada, dita nas mesas dos bares pela madrugada, quando a cachaça desatava os sentimentos mais nobres. Os declamadores mudavam-lhe adjetivos e verbos, por vezes baralhavam ou engoliam estrofes. Mas, correta ou deturpada, molhada de cachaça, caída no chão dos cabarés, lá ia ela fazendo o elogio de Poncho, sua louvação.


Quem quer a houvesse composto refletia um sentimento geral naquele submundo onde Poncho se movimentava desde a adolescência e do qual terminou sendo uma espécie de símbolo.  A elegia foi ponto mais alto no desparrame de louvores ao moço jogador. Se lhe fosse dado ouvir tanta palavra de elogio e de saudade, Poncho na acreditaria. Em vida jamais fora alvo de encômios e loas, muito ao contrario: viviam a lhe martelar os ouvidos com repreensões e conselhos, sermões a propósito de sua ma vida e de seus maus sentimentos.


Aliás, a indulgencia para com seus malfeitos, para com essa exibição publica de suas pretendidas qualidades, a transformarem-no em herói de poema e em figura quase lendária, durou puco tempo. Uma semana após sua morte já as coisas começavam a ser repostas em seus lugares, a opinião das classes conservadoras, responsáveis pela moral e  pela decência, passou a manifestar-se pela boca das comadres e das vizinhas, tentando sobrepor-se ao anárquico e dissolvente panegírico estabelecido pela subversiva ralé dos catelo e cassino, na criminosa tentativa de solopar os costumes e o regime


Criava-se assim novo e apaixonante problema,  como se já não bastasse o da lavra dos versos. De referencias a este ultimo, provas foram prometidas da verdadeira identidade do autor, por fim agora revelada e para sempre inscrita no livro de ouro das letras pátrias.


 Quando, anos depois da morte Poncho, o poeta Odorico recebeu seu exemplar das Elegias Impuras –um dos três únicos oferecidos de graça pelo poeta - , magnífica edição de luxo, tiragem reduzida a cem volumes autografados, ilustrada com xilogravuras de Calasans Neto, voltou-se para Carlos Eduardo, estendendo-lhe o livro precioso.


Estavam os dois amigos sentados na mesma sala de redação na qual, num dia distante, juntos haviam lido e discutido a elegia. Apenas agora eram senhores gordos e respeitáveis – e ricos, muito ricos, proprietários de coleções e de imóveis.


Odorico recordou:


- eu não te disse naquela ocasião? Era dele. – e concluiu com o mesmo sorriso e com as mesmas palavras outrora: - Velho sem-vergonha...


Também Carlos Eduardo riu seu riso cordial, de homem realizado e tranqüilo, e admirou a edição primorosa. Na capa, em letras cavadas na madeira, o nome do poeta: Godofredo Filho. Devagar, foi passando as paginas, a interrogar-se (com certa inveja):Que ruas e ladeiras esconsas, que obscuras sendas de crepúsculo, que negras olorosas grutas, haviam juntos descoberto e amando poeta ilustre e o pobre vagabundo, a ponto de entre eles desabrochar a rara flor da amizade? Devagar, a refletir nesses enigmas, Carlos Eduardo tocava o papel como se acariciasse suave epiderme de mulher, quem sabe pele negra, noturno veludo? A quarta elegia, das cinco a comporem o volume, é dedicada à morte de Poncho, a ficha azul esquecida no tapete.


Resolveu-se assim um problema, como prometido fora. Outro, porém surge e se impõe, e quem sabe será possível encontrar-lhe solução? À vossa perspicácia fica ele entregue, esse mistério de Poncho.


Quem era Poncho? Qual sua verdadeira fisionomia? Quais suas proporções?  Era banhada de sol ou coberta de sombra sua face de homem? Quem era ele, o jogral da elegia, o porreta da frase de Paranaguá  Ventura, ou o desprezível malandro, o mordedor incorrigível, o mau marido na voz da vizinhança, das amizades de dona Any? Que melhor o conhecera e melhor agora o definia: as piedosas freqüentadoras da missa das seis na Igreja de Santa Tereza ou os irrecuperáveis habitués do Tabaris, a bola girando na roleta, o baralho e os dados, a última parada?



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Autor(a): Bela

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



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  • bela Postado em 08/09/2009 - 11:57:21

    Postei em Dona Any e Seus Dois Maridos ....
    comentem por favor sim....
    bjinhoss

  • anacarolinaa Postado em 30/08/2009 - 20:53:01

    oii! será que você pode conferir minha mini web De Repente ?
    Ah! Adorei sua web!
    Obg!
    Bjooo

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 20:26:27

    ADOREIIIIIIIIIIIIII... POSTA MAIS...., PLIS....

  • marcos00 Postado em 26/08/2009 - 20:24:41

    2 leitorr

    kkk

  • bela Postado em 26/08/2009 - 19:54:13

    eba !!!! primera leitora... q bom q gostou ... espere q goste do resto...rsrsrs

  • millarbd Postado em 26/08/2009 - 17:00:25

    1 leitora... ja gostei.. posta logo!


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